domingo, fevereiro 29
E já que o Peixe tem sido alvo de polémica aqui vai + uma. Apesar da crítica, não-unânime, quanto ao novo filme de Tim Burton - Big Fish - é uma grande fábula! E na qual a imaginação do realizador está ao serviço de uma história "feliz", num registo mais pessoal do que o habitual (ou daquilo a que nos habituou). Conta com os desempenhos de - Steve Buscemi, Helena Bonham Carter, Albert Finney, Billy Crudup, Danny de Vito, Jessica Lange e Ewan McGregor. O site não deixa ninguém indiferente. Uma decepção para uns (não para outros - ver Actual/Expresso)... a verdade é que não há nada como um tira-teimas e uma ida ao cinema na véspera dos Óscares. O Solmar, mesmo em obras, aposta numa programação "alternativa"...e ainda bem!!!
sábado, fevereiro 28
Sou separatista?
O Nuno, aquele poço de malícia, anda há algum tempo a provocar-me, a ver se eu me descoso e me posiciono em relação à independência dos Açores. Recentemente, e de uma maneira menos acusatória, mais simpática e directa, perguntava-me se eu deixara de ser separatista, pergunta que implica, à partida, duas coisas. Que, pelo menos, sabe que já fui separatista e outra que, o Nuno, tem uma definição comum do que é ser separatista.
Uma pergunta posta assim não pode ser respondida, por várias razões. Primeira, porque, o Nuno não sabe se fui separatista pois nunca lho disse pessoalmente, nem publicamente. Segundo, porque, para uma pessoa que diz que existe lógica em ser-se monárquico e ateu, ao mesmo tempo, um separatista pode ser um absolutista que acredita na separação do Estado e da Igreja. É necessário, pois, definir.
Sou separatista porque acredito na separação do estado e da igreja.
Em relação ao que liga os Açores a Portugal não sou separatista, e por várias razões. Hoje acho que é uma forma depreciativa de denominar quem pretende e sonha uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios. A nossa comunhão de língua, cultura, de tradições e mesmo até de religião não nos permite separatismos, seríamos um aborto cultural.
Existe para além desta comunhão cultural um vínculo político e jurídico, em relação ao Estado, ao qual somos obrigados. Este vínculo, sim, é que não é natural, pois não existe, nem nunca existiu, a meu ver, uma consciência nacional comum, com interesses, necessidades e aspirações comuns. Este vínculo tem como pilar um Estado colonialista e resultou num aborto autonómico.
Não sou nacionalista porque não faço da nação, Açores ou Portugal, um absoluto, nem acredito que hoje exista um Estado não sujeito.
Se ser independentista em relação a uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios, é o oposto de ser dependente, subordinado, domínio, pertença, anexo ou colónia, e é defender interesses, necessidades e aspirações específicas, então, sim, sou independentista, mesmo correndo o risco de isso ser uma forma de cidadania ilegal.
Nunca percebi quem tem medo ou não vê a naturalidade de quem pretende e sonha uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios, com interesses, necessidades e aspirações específicas. Estou-me marimbando se para isso temos de ser baptizados de “pátria”, “nação”, “estado” ou outro título qualquer, desde que o sejamos, por querer próprio, independentes e Açores.
Uma pergunta posta assim não pode ser respondida, por várias razões. Primeira, porque, o Nuno não sabe se fui separatista pois nunca lho disse pessoalmente, nem publicamente. Segundo, porque, para uma pessoa que diz que existe lógica em ser-se monárquico e ateu, ao mesmo tempo, um separatista pode ser um absolutista que acredita na separação do Estado e da Igreja. É necessário, pois, definir.
Sou separatista porque acredito na separação do estado e da igreja.
Em relação ao que liga os Açores a Portugal não sou separatista, e por várias razões. Hoje acho que é uma forma depreciativa de denominar quem pretende e sonha uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios. A nossa comunhão de língua, cultura, de tradições e mesmo até de religião não nos permite separatismos, seríamos um aborto cultural.
Existe para além desta comunhão cultural um vínculo político e jurídico, em relação ao Estado, ao qual somos obrigados. Este vínculo, sim, é que não é natural, pois não existe, nem nunca existiu, a meu ver, uma consciência nacional comum, com interesses, necessidades e aspirações comuns. Este vínculo tem como pilar um Estado colonialista e resultou num aborto autonómico.
Não sou nacionalista porque não faço da nação, Açores ou Portugal, um absoluto, nem acredito que hoje exista um Estado não sujeito.
Se ser independentista em relação a uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios, é o oposto de ser dependente, subordinado, domínio, pertença, anexo ou colónia, e é defender interesses, necessidades e aspirações específicas, então, sim, sou independentista, mesmo correndo o risco de isso ser uma forma de cidadania ilegal.
Nunca percebi quem tem medo ou não vê a naturalidade de quem pretende e sonha uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios, com interesses, necessidades e aspirações específicas. Estou-me marimbando se para isso temos de ser baptizados de “pátria”, “nação”, “estado” ou outro título qualquer, desde que o sejamos, por querer próprio, independentes e Açores.
às "portas" da Fiscalização da ZEE dos Açores
Ali está a fiscalização dos mares dos Açores. Embora o Ministro diga que está satisfeito... o facto é que os meios de fiscalização são escassos. Seja por causa ou não das eleições a polémica está para durar. O que chateia é que aos mais directamente implicados e/ou prejudicados quase ninguém se refere. Os Pescadores são pouco ou nada referenciados - "perdidos", que estão, no meio desta Guerra de acusações e de interesses... A Única Corveta da Marinha Portuguesa continuava, esta tarde, serenamente "estacionada" no porto de Ponta Delgada. Com fiscalização, assim, não há espanhol que consiga resistir... a tanto Peixe!!!
Sr. secretário-geral...sou eu, aqui, a descer uma onda na linda baía de Rabo de Peixe...aquele ponto, ali + atrás, é o meu amigo - socialista, poeta, agricultor (mas que se diz cultivador de ananazes), e surfista-body border - Pedro... Ah! Ele, agora, também aderiu, embora "contrariado", à moda dos blogs - o :ILHAS !? - Esse mesmo! Ao qual a :2 copiou os :
sexta-feira, fevereiro 27
Não existem minas inteligentes contra presidentes estúpidos?
Segundo a tsf.sapo, não é que o filho da p_ta do Bush, agora, diz que os US já não se vão associar aos mais de 150 países que querem acabar com as minas pessoais que todos os anos matam mais de 15 mil pessoas, 80% civis. Ele diz que as minas americanas vão ser "inteligentes" e que as outras são "estúpidas". É que o Pentágono quer manter este tipo de armamento e tem mais de 18 milhões de minas armazenados nas bases americanas. Agora façam as contas, se cada mina, destes filhos da p_ta, matar uma pessoa (mata mais! e mutila muitos mais!), a 80 % de civis, dá mais de 14 milhões de civis. Filhos da p_ta. Não existem minas inteligentes contra presidentes estúpidos???
quinta-feira, fevereiro 26
NY(PD)
A minha "honestidade" leva-me a denunciar alguns atentados cometidos a olho nu mas aos quais fazemos "vista grossa". Este é + 1. A Nova Iorque. Rua Machado dos Santos. Ponta Delgada. Por morte do proprietário a loja (uma retrosaria e ex-pastelaria) encerrou. Este é um dos últimos exemplares de uma "golden era". O programa urbcom arrasou muitos espaços comerciais do centro de Ponta Delgada... Um Centro, infelizmente, cada vez + incaracterístico. Este caso, em particular, tem projecto (espera-se!?) aprovado pela Câmara. Mais um. Nos próximos dias faço anunciar mais "crimes" (ou "esquecimentos") ao Património. Esta é uma luta inglória e desleal. Resta-nos a Memória. Mas, mesmo, essa, é fraca, escassa e dada ao esquecimento...
desenganos, blogs e media (cont.)
Só mais duas ou três questões, em nome da honestidade.
Como muitos dos leitores deste blog sabem e como vem expresso no início do mesmo, este projecto está associado a uma revista. A :ILHAS, ao contrário do :ILHAS, tem condicionalismos editoriais e por mais independentes que tentemos ser na revista existem limites que estamos obrigados a respeitar, limites maiores do que os do bom senso e do bom gosto que, no blog, são os únicos que estão impostos, tanto para quem posta como para quem comenta. Na revista há uma questão de sobrevivência que é ditada pela nossa vontade de levar a revista o mais longe possível em termos de longevidade e de qualidade. Há temas e abordagens que não podemos usar na revista e que aqui não só estamos como temos o direito e a liberdade de expor e abordar. Mas no que toca à responsabilidade que ponho quer num quer noutro é absolutamente a mesma. Ou seja, existem formas e meios diferentes para exercermos determinados direitos e deveres que temos enquanto cidadãos empenhados. Pelo que tenho lido julgo que quem anda nesta coisa dos blogs está muito para lá dos media tradicionais, há na blogoesfera uma acutilancia e um vanguardismo nas opiniões que não encontro noutros lados. Acho que passada que está uma certa fase umbiguista de muitos dos textos que apareceram nos blogs iniciais vivemos hoje um momento de reflexão participativa que considero extremamente válida e benéfica, mesmo quando as posições se aproximam perigosamente do insulto. Acredito sinceramente que nada do que é expresso nos blogs é imposto pelos media, tudo o que aqui é dito é por ser importante para quem o diz, essa é aliás a razão pela qual eu participo em outro blog para além deste e é também a razão pela qual há muito de mim que pura e simplesmente não ponho no blog, não faria sentido ser de outra maneira. Tenho também a certeza de que é por as coisas serem assim que os media tradicionais tanto temem os blogs.
Como muitos dos leitores deste blog sabem e como vem expresso no início do mesmo, este projecto está associado a uma revista. A :ILHAS, ao contrário do :ILHAS, tem condicionalismos editoriais e por mais independentes que tentemos ser na revista existem limites que estamos obrigados a respeitar, limites maiores do que os do bom senso e do bom gosto que, no blog, são os únicos que estão impostos, tanto para quem posta como para quem comenta. Na revista há uma questão de sobrevivência que é ditada pela nossa vontade de levar a revista o mais longe possível em termos de longevidade e de qualidade. Há temas e abordagens que não podemos usar na revista e que aqui não só estamos como temos o direito e a liberdade de expor e abordar. Mas no que toca à responsabilidade que ponho quer num quer noutro é absolutamente a mesma. Ou seja, existem formas e meios diferentes para exercermos determinados direitos e deveres que temos enquanto cidadãos empenhados. Pelo que tenho lido julgo que quem anda nesta coisa dos blogs está muito para lá dos media tradicionais, há na blogoesfera uma acutilancia e um vanguardismo nas opiniões que não encontro noutros lados. Acho que passada que está uma certa fase umbiguista de muitos dos textos que apareceram nos blogs iniciais vivemos hoje um momento de reflexão participativa que considero extremamente válida e benéfica, mesmo quando as posições se aproximam perigosamente do insulto. Acredito sinceramente que nada do que é expresso nos blogs é imposto pelos media, tudo o que aqui é dito é por ser importante para quem o diz, essa é aliás a razão pela qual eu participo em outro blog para além deste e é também a razão pela qual há muito de mim que pura e simplesmente não ponho no blog, não faria sentido ser de outra maneira. Tenho também a certeza de que é por as coisas serem assim que os media tradicionais tanto temem os blogs.
...e desenganos
O primeiro aspecto que quero esclarecer é que eu não concordo que os blogs sejam escravos da agenda ditada pelos órgãos de comunicação social institucionais. Passam pelos blogs assuntos que nunca teriam repercussão nos media e vice-versa. Exemplos: a representação e a representatividade dos Açores na Europa, discussão que o TóZé tem fomentado e bem, não teve qualquer eco nos jornais locais; a forma como nos blogs discutimos aspectos concretos da política regional, nacional ou internacional vai muito para lá das opiniões dos media.
Segundo aspecto passa pela noção, que tenho, de não ser possível hoje pensar o mundo sem recurso aos órgãos de comunicação social.
Posto isto julgo que a única questão que podemos de facto criticar é a qualidade da reflexão que é feita tanto nos media como nos blogs, mas isso é uma questão de gosto pessoal. Podemos concordar ou discordar. A realidade é que numa sociedade essencialmente mediática, como a nossa, ou para usar a expressão da Ver – cheia de fogo de artifício – é impossível pensar os acontecimentos sem estar permanentemente ligado à emissão dos mesmos. Só é possível pensar o nosso tempo através dos recursos próprios desse tempo. Não sei se me faço entender; mas como pensar o século XXI sem pensar com e no imediatismo noticioso deste tempo?
Agora se há coisa que me fascina nos blogs é exactamente a independência dos mesmos face às simplificações e aos dogmatismos, por vezes perniciosos, dos media. Na blogoesfera respira-se uma saudável libertinagem do espírito. Não há uma mentalidade una, nem uma opinião una, nem mesmo uma explicação una para as coisas. Há posições várias, opiniões múltiplas, mentalidades n. Na blogoesfera há essencialmente hipótese de escolha. Cada um de nós escolhe o que quer ler. Voltando um pouco atrás, os únicos aspectos que acho criticáveis serão, eventualmente, a qualidade da escrita (mea culpa) ou o radicalismo das posições (idem), mas mesmo isso é mais um aspecto positivo do que negativo dos blogs. Nem sempre temos razão, muitas vezes erramos no alvo ou no estilo das nossas posições, mas acima de tudo estamos aqui de uma forma participativa e apaixonada porque queremos fazer ouvir uma voz, a nossa voz. Em todo lado há coisas boas e más, nos media, nos blogs, em tudo. Importa é saber filtrar e ver para lá da superficialidade dos imediatismos, tanto dos media como dos blogs.
A verdade é como o azeite, acaba sempre por vir á superfície. Determinados assuntos, pela sua importância nas nossas vidas, serão sempre matéria de reflexão tanto nos blogs como nos media. É impossível fugir a isso. Devo confessar que independentemente de gostar mais ou menos, de concordar mais ou menos, a verdade é que leio com a mesma atenção e regularidade as opiniões do Vasco Pulido Valente e do Ivan Nunes, do Pedro Mexia e do José Mario Silva, do Eduardo Prado Coelho e do Pedro Adão e Silva, do maradona e do Daniel Oliveira,do Nuno Barata e do masson, do Luis Delgado e da Carla Quevedo, da Mariana e do André Bradford e deste e deste e deste, e deste, a lista é interminável e está quase toda nas caixas aqui do lado esquerdo.
Quer queiramos ou não, nos media e os blogs são hoje uma parte dos media está a quase totalidade do nosso tempo, há que pensar com eles e para lá deles, mas sem eles pouco se conseguirá.
Segundo aspecto passa pela noção, que tenho, de não ser possível hoje pensar o mundo sem recurso aos órgãos de comunicação social.
Posto isto julgo que a única questão que podemos de facto criticar é a qualidade da reflexão que é feita tanto nos media como nos blogs, mas isso é uma questão de gosto pessoal. Podemos concordar ou discordar. A realidade é que numa sociedade essencialmente mediática, como a nossa, ou para usar a expressão da Ver – cheia de fogo de artifício – é impossível pensar os acontecimentos sem estar permanentemente ligado à emissão dos mesmos. Só é possível pensar o nosso tempo através dos recursos próprios desse tempo. Não sei se me faço entender; mas como pensar o século XXI sem pensar com e no imediatismo noticioso deste tempo?
Agora se há coisa que me fascina nos blogs é exactamente a independência dos mesmos face às simplificações e aos dogmatismos, por vezes perniciosos, dos media. Na blogoesfera respira-se uma saudável libertinagem do espírito. Não há uma mentalidade una, nem uma opinião una, nem mesmo uma explicação una para as coisas. Há posições várias, opiniões múltiplas, mentalidades n. Na blogoesfera há essencialmente hipótese de escolha. Cada um de nós escolhe o que quer ler. Voltando um pouco atrás, os únicos aspectos que acho criticáveis serão, eventualmente, a qualidade da escrita (mea culpa) ou o radicalismo das posições (idem), mas mesmo isso é mais um aspecto positivo do que negativo dos blogs. Nem sempre temos razão, muitas vezes erramos no alvo ou no estilo das nossas posições, mas acima de tudo estamos aqui de uma forma participativa e apaixonada porque queremos fazer ouvir uma voz, a nossa voz. Em todo lado há coisas boas e más, nos media, nos blogs, em tudo. Importa é saber filtrar e ver para lá da superficialidade dos imediatismos, tanto dos media como dos blogs.
A verdade é como o azeite, acaba sempre por vir á superfície. Determinados assuntos, pela sua importância nas nossas vidas, serão sempre matéria de reflexão tanto nos blogs como nos media. É impossível fugir a isso. Devo confessar que independentemente de gostar mais ou menos, de concordar mais ou menos, a verdade é que leio com a mesma atenção e regularidade as opiniões do Vasco Pulido Valente e do Ivan Nunes, do Pedro Mexia e do José Mario Silva, do Eduardo Prado Coelho e do Pedro Adão e Silva, do maradona e do Daniel Oliveira,do Nuno Barata e do masson, do Luis Delgado e da Carla Quevedo, da Mariana e do André Bradford e deste e deste e deste, e deste, a lista é interminável e está quase toda nas caixas aqui do lado esquerdo.
Quer queiramos ou não, nos media e os blogs são hoje uma parte dos media está a quase totalidade do nosso tempo, há que pensar com eles e para lá deles, mas sem eles pouco se conseguirá.
Enganos II
Por forma a engrandecer o debate e porque achei que daria um contributo interessante para o mesmo, tomei a liberdade de resgatar mais um comentário de um nosso leitor sobre o tema que eu apelidei de Enganos. Aqui fica o texto da Ver, que traz uma nova luz a esta discussão. Não quero tornar isto uma cópia do Abrupto, género o :ILHAS feito pelos leitores, mas creio que não só se prova que não é só de jornais que se alimentam os blog’s como, também, damos mais qualidade ao :ILHAS. Aqui defendesse a liberdade de opinião e de expressão.
“Pedro, se possível diz-me quem te enviou este comentário que tu consideras um “engano” e eu considero uma preciosidade!
(o comentário foi escrito por um leitor que assina José.)
Estou inteiramente de acordo com o(a) autor(a) deste comentário. É bom descobrir alguém que, pelo menos em parte, partilha este desconforto que sinto em relação à temática e conteúdo da maioria dos blogues que li.
A maioria dos blogues limitam-se a comentar os comentários dos comentadores e a divagar sobre a agenda insalubre e tosca imposta pela comunicação social. Há certamente bons jornalistas, bons jornais, óptimas estações de rádio, razoáveis canais televisivos. Mas não tenho a menor dúvida que mais de metade dos meios de comunicação social são de uma pobreza incomensurável de ideias e ideais. A maioria das notícias e a forma como são abordadas e discutidas reflecte o vazio, a frustração e o narcisismo de grande parte dos jornalistas actuais.
Reflecte a vitória do ego sobre o ser criativo e livre.
Depois há também essa necessidade diária, por vezes horária de blogar, de comentar, de opinar, de palrar. Comentários e contra-comentários. Críticas irreflectidas e fáceis. Ruído, muito ruído. “Much ado about nothing”. No dia seguinte tudo está esquecido, arrumado, encerrado. Capitalismo cultural. Culto do esquecimento. Muito ego e pouca substância. Assim são a maioria dos blogues. Como um filme de Hollywood cheio de distracções, acção, barulho, movimento, cor, gritos e apitos.
Felizmente também há filmes como “Dogville” que se desenrolam dando-nos tempo e espaço para pensar e reflectir. Filmes que se distinguem não pelos biliões de dólares do orçamento, mas pela excelência da interpretação. Filmes onde ouvimos o movimento das roldanas dos nossos próprios cérebros.
Blogues há muitos mas muito poucos activam os neurónios, menos ainda chegam a aquecer o coração.
Acima fiz uma tentativa falhada de enviar um comentário grande dividido em quatro partes. A última parte saiu mais cedo do que devia. É por isso que a leitura cronológica acima parecerá confusa. Em vez de se ler 1, 2, 3 e 4 será mais fácil se se ler 1, 3, 4 e 2. (eu próprio fiz a montagem) Ok, ok “adesculpem-me okupar” tanto espaço. Prometo que não envio mais comentários!”
Cara Veronica podes enviar todos os comentários que achares por bem fazer, nós agradecemos. Eu prometo dentro de momentos voltar ao assunto...
“Pedro, se possível diz-me quem te enviou este comentário que tu consideras um “engano” e eu considero uma preciosidade!
(o comentário foi escrito por um leitor que assina José.)
Estou inteiramente de acordo com o(a) autor(a) deste comentário. É bom descobrir alguém que, pelo menos em parte, partilha este desconforto que sinto em relação à temática e conteúdo da maioria dos blogues que li.
A maioria dos blogues limitam-se a comentar os comentários dos comentadores e a divagar sobre a agenda insalubre e tosca imposta pela comunicação social. Há certamente bons jornalistas, bons jornais, óptimas estações de rádio, razoáveis canais televisivos. Mas não tenho a menor dúvida que mais de metade dos meios de comunicação social são de uma pobreza incomensurável de ideias e ideais. A maioria das notícias e a forma como são abordadas e discutidas reflecte o vazio, a frustração e o narcisismo de grande parte dos jornalistas actuais.
Reflecte a vitória do ego sobre o ser criativo e livre.
Depois há também essa necessidade diária, por vezes horária de blogar, de comentar, de opinar, de palrar. Comentários e contra-comentários. Críticas irreflectidas e fáceis. Ruído, muito ruído. “Much ado about nothing”. No dia seguinte tudo está esquecido, arrumado, encerrado. Capitalismo cultural. Culto do esquecimento. Muito ego e pouca substância. Assim são a maioria dos blogues. Como um filme de Hollywood cheio de distracções, acção, barulho, movimento, cor, gritos e apitos.
Felizmente também há filmes como “Dogville” que se desenrolam dando-nos tempo e espaço para pensar e reflectir. Filmes que se distinguem não pelos biliões de dólares do orçamento, mas pela excelência da interpretação. Filmes onde ouvimos o movimento das roldanas dos nossos próprios cérebros.
Blogues há muitos mas muito poucos activam os neurónios, menos ainda chegam a aquecer o coração.
Acima fiz uma tentativa falhada de enviar um comentário grande dividido em quatro partes. A última parte saiu mais cedo do que devia. É por isso que a leitura cronológica acima parecerá confusa. Em vez de se ler 1, 2, 3 e 4 será mais fácil se se ler 1, 3, 4 e 2. (eu próprio fiz a montagem) Ok, ok “adesculpem-me okupar” tanto espaço. Prometo que não envio mais comentários!”
Cara Veronica podes enviar todos os comentários que achares por bem fazer, nós agradecemos. Eu prometo dentro de momentos voltar ao assunto...
quarta-feira, fevereiro 25
uma decisão certa numa ilha "torta"
É o que acontece quando a política se apropria de um bem comum - da "cultura". Mas que Cultura!? Eles querem é toiros e "bailinhos"... Um abraço Mário!
Enganos
Resgato da secção de comentários este desabafo de um nosso leitor. A questão é importante e está, de momento, na ordem do dia da blogoesfera.
“Não será possível blogar sobre assuntos que não façam parte da agenda estabelecida pela comunicação social institucional? O mundo não existirá para além do que diz a comunicação social? É que se blogamos sobre aquilo de que toda a gente fala estamos apenas a aumentar o lixo dentro do saco. Por este andar, os blogues acabarão por passar de moda, mais cedo ou mais tarde. Por nada trazerem de novo. Por não serem uma alternativa, mas apenas mais do mesmo.”
Estou totalmente em desacordo com este comentário. É obvio e perfeitamente lógico e, até, justificável que os blog’s tratem dos assuntos que os jornais, também, tratam. Engana-se o leitor por pensar que nisso há um seguidismo dos blog’s em relação a uma suposta agenda imposta pela comunicação social institucional. É que também os assuntos sugeridos pelos media são importantes para quem pretende pensar a comunidade em que está inserido. Por um assunto vir falado num determinado meio de comunicação social não se transforma automaticamente em matéria de post, ou não. Tudo o que ao mundo diz respeito diz também ao blog. Se reparar bem, nos blog’s pensa-se com e para lá dos jornais.
Faz-me lembrar uma pequena altercação que tive com o João Nuno por causa da bruma. Eu também me farto da propensão nevoenta dos açorianos e, apesar do respeito que tenho pelo Zeca Medeiros, estou igualmente farto da história das ilhas de bruma, agora isso não me impede de pensar, falar, ou escrever sobre isso. Só quando pensamos nas coisas que nos desagradam é que as podemos transformar. É, um pouco, como aquele gajo que por não gostar dos políticos se recusa a ir votar. Desenganem-se, os blog’s estão aqui para pensar e questionar tudo, mesmo o que vem nos jornais.
“Não será possível blogar sobre assuntos que não façam parte da agenda estabelecida pela comunicação social institucional? O mundo não existirá para além do que diz a comunicação social? É que se blogamos sobre aquilo de que toda a gente fala estamos apenas a aumentar o lixo dentro do saco. Por este andar, os blogues acabarão por passar de moda, mais cedo ou mais tarde. Por nada trazerem de novo. Por não serem uma alternativa, mas apenas mais do mesmo.”
Estou totalmente em desacordo com este comentário. É obvio e perfeitamente lógico e, até, justificável que os blog’s tratem dos assuntos que os jornais, também, tratam. Engana-se o leitor por pensar que nisso há um seguidismo dos blog’s em relação a uma suposta agenda imposta pela comunicação social institucional. É que também os assuntos sugeridos pelos media são importantes para quem pretende pensar a comunidade em que está inserido. Por um assunto vir falado num determinado meio de comunicação social não se transforma automaticamente em matéria de post, ou não. Tudo o que ao mundo diz respeito diz também ao blog. Se reparar bem, nos blog’s pensa-se com e para lá dos jornais.
Faz-me lembrar uma pequena altercação que tive com o João Nuno por causa da bruma. Eu também me farto da propensão nevoenta dos açorianos e, apesar do respeito que tenho pelo Zeca Medeiros, estou igualmente farto da história das ilhas de bruma, agora isso não me impede de pensar, falar, ou escrever sobre isso. Só quando pensamos nas coisas que nos desagradam é que as podemos transformar. É, um pouco, como aquele gajo que por não gostar dos políticos se recusa a ir votar. Desenganem-se, os blog’s estão aqui para pensar e questionar tudo, mesmo o que vem nos jornais.
Portugal... uma república viciada nas noções de estado centralista, colonizador, com capital de império
Porque existem velhos do Restelo que teimam que só temos direito ao que os outros (por mérito próprio já conquistaram), portanto se x,y ou z não têm ou não reinvidicaram, nós também não temos esse direito, porque não acredito, sendo um cidadão do mundo absolutamente medíocre, que uma ideia pensada por mim e assimilada como verdade, justa e óbvia, não tenha sido já pensada e aceite como tal por cidadãos superiores, decidi procurar saber mais sobre os diferentes sistemas nacionais para eleições ao parlamento europeu.
Resumindo, existem várias diferenças no processo eleitoral para o parlamento europeu de país para país. Umas mais e outras menos significantes. Desde o tipo de lista, idade mínima de eleitor e candidato e formas de alocação de votos, mas a questão que me interessa discutir de momento é a diferença que existe na forma de apresentação de círculos eleitorais.
No sistema eleitoral para o parlamento europeu existem os dois tipos antípodas de círculos eleitorais, o círculo eleitoral nacional (tipo português), e que não permite uma representação directa dos Açores, e o “círculo de distribuição regional” (tipo Reino Unido). Este último divide a representação parlamentar do Reino Unido em 9 regiões da Inglaterra com representação directa (com entre 4 a 11 deputados cada), mais uma representação directa de Gales (com 5 deputados), mais uma representação directa da Escócia (com 8 deputados), compondo assim o total da Grã-Bretanha, e ainda uma representação directa da Irlanda do Norte (com 3 deputados), completando assim a representação no parlamento europeu do Reino Unido.
Para além do parlamento europeu existem outros canais de influência regional através de ligações directas entre “governos sub-nacionais” e a comissão europeia. Esta segunda via de representação poderá ser discutida noutro post para não tornar a discussão muito técnica e pesada.
Em ambos os casos existe a possibilidade e os precedentes para Portugal permitir aos Açores uma representação directa no parlamento e na comissão europeia. Para isso seria necessário que, de uma vez por todas, Portugal admitisse que continua (e terminasse de ser) uma república viciada nas noções de estado centralista, colonizador, com capital de império. E, sim, seria necessário que os Açorianos reivindicassem o seu direito, e querer, dessa representação directa.
Resumindo, existem várias diferenças no processo eleitoral para o parlamento europeu de país para país. Umas mais e outras menos significantes. Desde o tipo de lista, idade mínima de eleitor e candidato e formas de alocação de votos, mas a questão que me interessa discutir de momento é a diferença que existe na forma de apresentação de círculos eleitorais.
No sistema eleitoral para o parlamento europeu existem os dois tipos antípodas de círculos eleitorais, o círculo eleitoral nacional (tipo português), e que não permite uma representação directa dos Açores, e o “círculo de distribuição regional” (tipo Reino Unido). Este último divide a representação parlamentar do Reino Unido em 9 regiões da Inglaterra com representação directa (com entre 4 a 11 deputados cada), mais uma representação directa de Gales (com 5 deputados), mais uma representação directa da Escócia (com 8 deputados), compondo assim o total da Grã-Bretanha, e ainda uma representação directa da Irlanda do Norte (com 3 deputados), completando assim a representação no parlamento europeu do Reino Unido.
Para além do parlamento europeu existem outros canais de influência regional através de ligações directas entre “governos sub-nacionais” e a comissão europeia. Esta segunda via de representação poderá ser discutida noutro post para não tornar a discussão muito técnica e pesada.
Em ambos os casos existe a possibilidade e os precedentes para Portugal permitir aos Açores uma representação directa no parlamento e na comissão europeia. Para isso seria necessário que, de uma vez por todas, Portugal admitisse que continua (e terminasse de ser) uma república viciada nas noções de estado centralista, colonizador, com capital de império. E, sim, seria necessário que os Açorianos reivindicassem o seu direito, e querer, dessa representação directa.
Eu sei que tu sabes…
Como estamos sem “comentários” tenho que ter esta conversa com o espectacular André Bradford, directamente, de blog para blog.
Eu sei que tu sabes que… se pode fazer Açores e política ao mesmo tempo. Também sabemos que em ano de eleições isto se torna muito mais difícil. Fazermos Açores é bonito, fazermos política e Açores é positivo, fazermos política sem os Açores no coração é triste.
No teu post Grande TóZé respondes-me com nomes e (in)acções de políticos (Victor Cruz e Ministro da Agricultura e Pescas) e quase ignoras a questão que a "mensagem redonda e cheia de coisa nenhuma" levantou para além da política. Eu sei que tu sabes…
Eu sei que tu sabes que… se pode fazer Açores e política ao mesmo tempo. Também sabemos que em ano de eleições isto se torna muito mais difícil. Fazermos Açores é bonito, fazermos política e Açores é positivo, fazermos política sem os Açores no coração é triste.
No teu post Grande TóZé respondes-me com nomes e (in)acções de políticos (Victor Cruz e Ministro da Agricultura e Pescas) e quase ignoras a questão que a "mensagem redonda e cheia de coisa nenhuma" levantou para além da política. Eu sei que tu sabes…
terça-feira, fevereiro 24
Lá estás tu, André, a fazer política e não a fazer Açores
Lá vou eu comentar um comentário do grande André Bradford e lá estás tu, André, a fazer política e não a fazer Açores.
Eu concordo contigo, naquilo que eu considero não ter importância nenhuma. Os actores da peça e o palco são tristes. Mas o texto da peça de teatro tem pontos muito importantes.
Ser-mos vistos e ser-mos tratados de uma forma limitada como ultra periferia e “iguais” às outras ultra periferias (todos agarradinhos em volta do saquinho do dinheiro das ultra periferias) é redutor e é uma visão minimalista da nossa razão de ser europeus. É portanto extremamente importante proceder a uma “necessária reequação da atitude política dos Açores quanto à Europa” e, sim, “temos que dinamizar uma política de aproximação a outras regiões que possam, pela sua natureza, constituir bons parceiros”.
Enquanto nos mantivermos agarradinhos ao saquinho do dinheiro da ultra periferia acompanhados pelos nossos “gémeos” (iguaizinhos) ultraperiféricos, “eles” é que continuarão a decidir o que é ser Açores na Europa, o que é ser ultraperiférico e como é que nós, ultraperiféricos, podemos participar no projecto Europa.
Claro que podíamos discutir se o Victor Cruz discutiu este problema numa segunda ou numa terça-feira, com um casaco azul ou preto, na China ou no Jardim Zoológico, com o Manel ou com o João. Perante a importância da questão isto não me interessa.
Eu concordo contigo, naquilo que eu considero não ter importância nenhuma. Os actores da peça e o palco são tristes. Mas o texto da peça de teatro tem pontos muito importantes.
Ser-mos vistos e ser-mos tratados de uma forma limitada como ultra periferia e “iguais” às outras ultra periferias (todos agarradinhos em volta do saquinho do dinheiro das ultra periferias) é redutor e é uma visão minimalista da nossa razão de ser europeus. É portanto extremamente importante proceder a uma “necessária reequação da atitude política dos Açores quanto à Europa” e, sim, “temos que dinamizar uma política de aproximação a outras regiões que possam, pela sua natureza, constituir bons parceiros”.
Enquanto nos mantivermos agarradinhos ao saquinho do dinheiro da ultra periferia acompanhados pelos nossos “gémeos” (iguaizinhos) ultraperiféricos, “eles” é que continuarão a decidir o que é ser Açores na Europa, o que é ser ultraperiférico e como é que nós, ultraperiféricos, podemos participar no projecto Europa.
Claro que podíamos discutir se o Victor Cruz discutiu este problema numa segunda ou numa terça-feira, com um casaco azul ou preto, na China ou no Jardim Zoológico, com o Manel ou com o João. Perante a importância da questão isto não me interessa.
segunda-feira, fevereiro 23
O independente
Ou de como a democracia por vezes é perversa.
Ralph Nader anunciou a sua candidatura à presidência do USA, como o candidato dos independentes. Só espero que pelo menos na Florida Nader tenha menos votos do que em 2000...
Ralph Nader anunciou a sua candidatura à presidência do USA, como o candidato dos independentes. Só espero que pelo menos na Florida Nader tenha menos votos do que em 2000...
Carnavais II
Ainda a propósito da quadra, por favor leiam este post da Ana que explica, com distância e afecto, duas coisas que são difíceis de conjugar, o que eu, também, sinto e que quis deixar dito no meu post anterior, que agora está um pouco mais abaixo.
A identidade não é uma coisa leviana, não é uma mercadoria que se possa tirar e pôr em stock, conforme a vontade dos políticos. A identidade é o que nos faz. Defender determinadas tradições não é ser conservador, é ser não destruidor.
A identidade não é uma coisa leviana, não é uma mercadoria que se possa tirar e pôr em stock, conforme a vontade dos políticos. A identidade é o que nos faz. Defender determinadas tradições não é ser conservador, é ser não destruidor.
sábado, fevereiro 21
...FIM DE EMISSÃO
«Dizem?
Esquecem.
Não dizem?
Disseram.
Fazem?
Fatal.
Não fazem?
Igual.
Por quê
Esperar
Tudo é
Sonhar.»
- Fernando Pessoa – In, Cancioneiro -
Por hoje chega! Boa Noite.
Esquecem.
Não dizem?
Disseram.
Fazem?
Fatal.
Não fazem?
Igual.
Por quê
Esperar
Tudo é
Sonhar.»
- Fernando Pessoa – In, Cancioneiro -
Por hoje chega! Boa Noite.
...OUTRA VEZ A MONARQUIA !
Não sendo Monárquico dá que pensar que a Social Democracia mais evoluída do Mundo - e a Nação no Top da OCDE - é efectivamente uma Monarquia...Constitucional!!!
MYSTIC RIVER
O Alexandre Pascoal bem avisou e quem te avisa teu amigo é!
Efectivamente, «Mystic River» não é apenas uma fita. É uma obra prima e, como thrillermovie, uma jóia irrepreensivelmente burilada!
Todo o Grande Ecrã está condensado num filme que se entranha na nossa pele, sem pontos de fuga, e do qual não nos livramos facilmente. Nele, de forma magistral, estão plasmados os medos subliminares, as culpas ambivalentes, a libertação iníqua e o mal de vivre típico da América de classe média baixa (a maioria silenciosa que engorda o PIB da maior potência do Mundo!).
Absolutamente a não perder e a rever.
Esta masterpiece de Clint EastWood apenas deixa uma questão menor por esclarecer: qual a melhor interpretação? Sean Penn ou Tim Robbins?
Pessoalmente voto a milhas em Tim Robbins.
Efectivamente, «Mystic River» não é apenas uma fita. É uma obra prima e, como thrillermovie, uma jóia irrepreensivelmente burilada!
Todo o Grande Ecrã está condensado num filme que se entranha na nossa pele, sem pontos de fuga, e do qual não nos livramos facilmente. Nele, de forma magistral, estão plasmados os medos subliminares, as culpas ambivalentes, a libertação iníqua e o mal de vivre típico da América de classe média baixa (a maioria silenciosa que engorda o PIB da maior potência do Mundo!).
Absolutamente a não perder e a rever.
Esta masterpiece de Clint EastWood apenas deixa uma questão menor por esclarecer: qual a melhor interpretação? Sean Penn ou Tim Robbins?
Pessoalmente voto a milhas em Tim Robbins.
FACTOS SÃO FACTOS
«Factos são Factos: Hoje vive-se melhor nos Açores»!!!
...pois pudera! Apesar de tudo é essa a lei natural da evolução/globalização, também vigente noutras latitudes, desde os U.S.A. ao Burkina Faso! A ambivalência, contudo, está no nível de consolo comunitário como em tempos sublinhou Aristóteles avisando que «Para viver só, há que ser um animal ou um Deus»! Ao que se julga «... não sabia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca», mas tinha uma luzes de Ciência Política.
...na Política concreta e insular o grau de consolo é de trazer por casa via RTP-A. Na verdade, nada de novo a assinalar... a não ser a imagem de mais uma primeira pedra, desta feita acomodada por César na Ilha do Pico!
...pois pudera! Apesar de tudo é essa a lei natural da evolução/globalização, também vigente noutras latitudes, desde os U.S.A. ao Burkina Faso! A ambivalência, contudo, está no nível de consolo comunitário como em tempos sublinhou Aristóteles avisando que «Para viver só, há que ser um animal ou um Deus»! Ao que se julga «... não sabia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca», mas tinha uma luzes de Ciência Política.
...na Política concreta e insular o grau de consolo é de trazer por casa via RTP-A. Na verdade, nada de novo a assinalar... a não ser a imagem de mais uma primeira pedra, desta feita acomodada por César na Ilha do Pico!
MOMENTO ZEN
«O presente é a única coisa que não tem fim»
(Erwin Schrödinger)
...à margem, em ordem aleatória, para quem quiser buscar alternativas ao lixo ocidental que nos cerca:
«Siddhartha» - Hermann Hesse – Ed. Notícias.
«Mandala» - Pearl S. Buck – Ed. Livros do Brasil.
«O Espírito da Índia» - Richard Waterstone – Ed. Evergreen.
«Civilizações e Especiarias – Goa, Damão e Diu, O passado e o Presente» - Óscar Gomes da Silva - Editorial Estampa.
...e claro está uma sátira Ocidental: «S» - John Updike - Ed. Livros do Brasil.
(Erwin Schrödinger)
...à margem, em ordem aleatória, para quem quiser buscar alternativas ao lixo ocidental que nos cerca:
«Siddhartha» - Hermann Hesse – Ed. Notícias.
«Mandala» - Pearl S. Buck – Ed. Livros do Brasil.
«O Espírito da Índia» - Richard Waterstone – Ed. Evergreen.
«Civilizações e Especiarias – Goa, Damão e Diu, O passado e o Presente» - Óscar Gomes da Silva - Editorial Estampa.
...e claro está uma sátira Ocidental: «S» - John Updike - Ed. Livros do Brasil.
sexta-feira, fevereiro 20
Carnavais
Ou de como a ditadura do pimba vai arruinar este país.
Esta sexta-feira o funcionalismo público esfrega as mãos de contentamento pelos quatro dias de doce fazer nenhum que se avizinham e, como este é ano de muitas eleições, parece que podem mesmo ser 5 dias pois na quarta-feira também há tolerância de ponto. Se eu fosse trabalhador dependente do estado metia-me num avião e fugia de São Miguel, principalmente para fugir do 1º Carnaval Brasileiro de Ponta Delgada. A pimbalhização crescente dos eventos patrocinados pela Câmara de Berta Cabral está a atingir patamares extraordinários. Começou com os Scorpions, no verão, teve ponto alto no final de ano e no espectáculo de Samantha Fox, Lili Caneças e companhia limitada, para chegar agora a bundas, batucadas, sambices e outras brasileiradas. Para que conste eu não tenho nada contra a cultura brasileira e as suas manifestações populares, pelo contrário. Mas sou frontalmente crítico de que esse modelo seja importado por nós. Ter sambistas na Avenida Marginal de Ponta Delgada é uma palhaçada que nem no carnaval se engole. É a globalização no seu pior. Temos que seguir as tradições dos outros apenas porque não queremos criar ou defender as nossas. Eu chamo a isto um impingir criminoso à população de um festival desbocado e estúpido que não faz, nem nunca fez, parte da sua forma de estar. É a desfaçatez total dos governantes que se arrogam do direito de ditar o gosto da população, ainda pra mais regidos pela ditadura do mínimo dominador comum. Quem é que disse á Drª Berta que a maioria dos habitantes de Ponta Delgada gosta de samba, ou de trios eléctricos, ou de batucadas? E, já agora, porque é que é a Câmara Municipal a pagar e promover estes eventos? Que se incentive e dê condições para a Batalha das Limas, acho óptimo. Que se apoiem os Bailes e os Corsos e todas as outras manifestações populares próprias da época, acho ainda melhor. Agora esta ditadura do samba é “o fim da picada”. Diz o povo que é carnaval, ninguém leva a mal. Eu levo e espero que a piada acabe. Se queriam importar um carnaval qualquer para animar a tristeza perene dos micaelenses por que não o de Veneza, ou o de New Orleans, sempre eram mais estéticos e mais agradáveis de ver e ouvir, apesar da bunda brasileira também ter o seu quê de estética e de agradável...
Esta sexta-feira o funcionalismo público esfrega as mãos de contentamento pelos quatro dias de doce fazer nenhum que se avizinham e, como este é ano de muitas eleições, parece que podem mesmo ser 5 dias pois na quarta-feira também há tolerância de ponto. Se eu fosse trabalhador dependente do estado metia-me num avião e fugia de São Miguel, principalmente para fugir do 1º Carnaval Brasileiro de Ponta Delgada. A pimbalhização crescente dos eventos patrocinados pela Câmara de Berta Cabral está a atingir patamares extraordinários. Começou com os Scorpions, no verão, teve ponto alto no final de ano e no espectáculo de Samantha Fox, Lili Caneças e companhia limitada, para chegar agora a bundas, batucadas, sambices e outras brasileiradas. Para que conste eu não tenho nada contra a cultura brasileira e as suas manifestações populares, pelo contrário. Mas sou frontalmente crítico de que esse modelo seja importado por nós. Ter sambistas na Avenida Marginal de Ponta Delgada é uma palhaçada que nem no carnaval se engole. É a globalização no seu pior. Temos que seguir as tradições dos outros apenas porque não queremos criar ou defender as nossas. Eu chamo a isto um impingir criminoso à população de um festival desbocado e estúpido que não faz, nem nunca fez, parte da sua forma de estar. É a desfaçatez total dos governantes que se arrogam do direito de ditar o gosto da população, ainda pra mais regidos pela ditadura do mínimo dominador comum. Quem é que disse á Drª Berta que a maioria dos habitantes de Ponta Delgada gosta de samba, ou de trios eléctricos, ou de batucadas? E, já agora, porque é que é a Câmara Municipal a pagar e promover estes eventos? Que se incentive e dê condições para a Batalha das Limas, acho óptimo. Que se apoiem os Bailes e os Corsos e todas as outras manifestações populares próprias da época, acho ainda melhor. Agora esta ditadura do samba é “o fim da picada”. Diz o povo que é carnaval, ninguém leva a mal. Eu levo e espero que a piada acabe. Se queriam importar um carnaval qualquer para animar a tristeza perene dos micaelenses por que não o de Veneza, ou o de New Orleans, sempre eram mais estéticos e mais agradáveis de ver e ouvir, apesar da bunda brasileira também ter o seu quê de estética e de agradável...
A electricidade e a monarquia
Em comentário a uma interessante troca de ideias, que tive ontem com o Nuno, no Não m´Acredito do André, sobre monarquias, etcetera e tal, ele, brilhante como sempre, apresentou, a meu ver, a melhor solução para as monarquias europeias e os governantes que lhe fazem vénias:
"Eu quero é que o Blair e Sua Majestade a Rainha de Inglaterra tenham um encontro com um post de electricidade."
A meu ver, o dito "post" não deveria estar ligado. Detesto violência.
"Off with their heads"
"Eu quero é que o Blair e Sua Majestade a Rainha de Inglaterra tenham um encontro com um post de electricidade."
A meu ver, o dito "post" não deveria estar ligado. Detesto violência.
"Off with their heads"
Deus, Pátria, Rei.
Não sou monárquico, nem percebo a lógica actual de uma monarquia. Não percebo que um homem aclamado rei hoje, garante o direito do seu bisneto a ser rei do meu trineto. Casando com quem quer, perdendo eu o controlo genético sobre os seus descendentes (ao contrário das vacas). Ainda por cima, hoje em dia, é gente que só começa a trabalhar com a idade com que me vou reformar.
Mas, de todo o ridículo que, a meu ver, envolve, hoje, a questão monárquica, a questão que mais me ultrapassa, é a noção do direito divino de uma linhagem genética que reina. Valha-me Deus. Claro que este não é um assunto tão eticamente importante como o aborto e a clonagem, mas é tão actual como a alteração genética de alimentos.
Peço aos monárquicos, de áquem e além-mar, súbitos do brilhante D. Duarte, ou da rainha Isabel de Inglaterra, “papesa” da igreja da Inglaterra e progenitora de imaculada descendência, ou súbitos de qualquer outra casa real europeia, quer sejam eles “amantizados”, casados, uma ou mais vezes, com divorciadas, mães solteiras ou filhas de “nazis”, ou de escolhas alternativas de comportamento sexual, que me ajudem a perceber se a noção do direito divino ainda se aplica. Se não, quando é que deixou de se aplicar e aonde é que isso está escrito.
Que DEUS me ajude a livrar esta PÁTRIA da possibilidade de voltar a ter REI.
Mas, de todo o ridículo que, a meu ver, envolve, hoje, a questão monárquica, a questão que mais me ultrapassa, é a noção do direito divino de uma linhagem genética que reina. Valha-me Deus. Claro que este não é um assunto tão eticamente importante como o aborto e a clonagem, mas é tão actual como a alteração genética de alimentos.
Peço aos monárquicos, de áquem e além-mar, súbitos do brilhante D. Duarte, ou da rainha Isabel de Inglaterra, “papesa” da igreja da Inglaterra e progenitora de imaculada descendência, ou súbitos de qualquer outra casa real europeia, quer sejam eles “amantizados”, casados, uma ou mais vezes, com divorciadas, mães solteiras ou filhas de “nazis”, ou de escolhas alternativas de comportamento sexual, que me ajudem a perceber se a noção do direito divino ainda se aplica. Se não, quando é que deixou de se aplicar e aonde é que isso está escrito.
Que DEUS me ajude a livrar esta PÁTRIA da possibilidade de voltar a ter REI.
ÓSCARES 2004 (nomeações)
Melhor Filme (Robert Lorenz, Judie G. Hoyt and Clint Eastwood)
Actor Principal (Sean Penn)
Realização (Clint Eastwood)
Argumento Adaptado (Brian Helgeland)
Actor Secundário (Tim Robbins)
Actriz Secundária (Marcia Gay Harden)
A não perder. Um filme poderoso. Continua em exibição nas salas Castelo Lopes - Sala 3 - 21h30. Depois não digam que não avisamos. Para quem ainda não viu tem aqui a crítica na Rolling Stone.
quinta-feira, fevereiro 19
Phil, por uma unhanegra de um matamouros
Parece que o Pedro nos proibiu de escrever sobre "a bola". Na esperança que a proibição não inclua a referenciação aqui vai um artigo sobre o Phil, que eu consegui por uma unhanegra de um matamouros.
A PROPÓSITO DA MORTE DE UM POETA
Em sepulcro de concreto ou mármore depositamos a carne. O que sobra de imaterial e espiritual, porventura, tem a sua « eternidade » assegurada em vidas alheias. Esta visceral certeza emerge a propósito da morte do poeta Emanuel Félix ( 1936 – 2004 ). Da diversa necrologia retive que o seu maior legado foi o do introduzir a poesia concreta em Portugal ! Ora, numa Pátria de Poetas nada mais natural do que no luto pelo decesso de mais um se evoquem e correlacionem outros tantos cujas palavras estão mais próximas da banda sonora das nossas vidas.
Nos antípodas evoco António Maria Lisboa, precursor do surrealismo e da poesia colectiva em Portugal, que em tempos disse que da viagem possível, que cada um de nós trilha, ficaria sempre este suspiro :
« Se eu o soubesse diria...
O quê ?.
Que vida seria um dia.
Para quê ?»
À margem dos estilos perfilhados os poetas nunca serão demais para contrariar os « (...) insignificantes que sempre afirmam ser preferível viver como suíno farto a viver como Homem » . Quem o disse foi António Maria Lisboa. Poeta que, na antecâmara do seu obituário, previu que o caminho da Poesia correspondia à deserção social ! Efectivamente, nesta Pátria de Poetas a memória que deles se guarda é tantas e recorrentes vezes vil e torpe. Assim o pensou e melhor o disse António Maria Lisboa : « ... por fim nesta caminhada de deserção resta-nos o substantivo : aristocrata, poeta, egocêntrico, dado aos prazeres – adora as viagens ! ».
Se houver viagem para o outro Mundo que Deus acompanhe os Poetas ! A nós simples mortais resta-nos a sua recorrente ressuscitação literária. Além disso, o que fica é a realidade comezinha da nossa existência e, quanto a esta, aqui fica esta pérola da sabedoria popular condensada num Universal provérbio popular Mexicano ( ! ) :
« Habitue-se a morrer
antes que a morte chegue
porque os mortos apenas podem viver
e os vivos apenas podem morrer »
Nos antípodas evoco António Maria Lisboa, precursor do surrealismo e da poesia colectiva em Portugal, que em tempos disse que da viagem possível, que cada um de nós trilha, ficaria sempre este suspiro :
« Se eu o soubesse diria...
O quê ?.
Que vida seria um dia.
Para quê ?»
À margem dos estilos perfilhados os poetas nunca serão demais para contrariar os « (...) insignificantes que sempre afirmam ser preferível viver como suíno farto a viver como Homem » . Quem o disse foi António Maria Lisboa. Poeta que, na antecâmara do seu obituário, previu que o caminho da Poesia correspondia à deserção social ! Efectivamente, nesta Pátria de Poetas a memória que deles se guarda é tantas e recorrentes vezes vil e torpe. Assim o pensou e melhor o disse António Maria Lisboa : « ... por fim nesta caminhada de deserção resta-nos o substantivo : aristocrata, poeta, egocêntrico, dado aos prazeres – adora as viagens ! ».
Se houver viagem para o outro Mundo que Deus acompanhe os Poetas ! A nós simples mortais resta-nos a sua recorrente ressuscitação literária. Além disso, o que fica é a realidade comezinha da nossa existência e, quanto a esta, aqui fica esta pérola da sabedoria popular condensada num Universal provérbio popular Mexicano ( ! ) :
« Habitue-se a morrer
antes que a morte chegue
porque os mortos apenas podem viver
e os vivos apenas podem morrer »
LAERTE VERSUS ANGELI
A propósito da Filosofia Barata postada pelo Tózé Almeida inevitavelmente recordei em flashback os idos e insepultos anos oitenta ! Vivendo numa Coimbra que era a antítese da projecção romântica que dela fizera, em parte à conta de Eça de Queiroz, restavam-me as cumplicidades e amizades que, felizmente, não se esboroaram posteriormente.
Entre elas evoco aqui um amigo cuja identidade é para o caso irrelevante. O que importa é que, entre as nossas divergências mais veementes era frequente o debate acerca de saber quem seria o melhor cartunista da contra cultura e da « cena » underground ! O meu amigo Pedro Cardo sustentava, com uma retórica feroz, que Angeli e as suas personagens da revista « Chiclete com Banana » eram de uma causticidade superior e imbatível . Eu já então me mantinha fiel à convicção de que o humor sublime e o traço genial de Laerte eram e serão sempre imbatíveis.
Como naqueles famélicos anos oitenta os escudos não eram euros o resultado prático de tão pueril divergência « literária » foi o seguinte : O Pedro Cardo comprava a « Chiclete com Banana » ( Angeli ) e eu investia na « Piratas do Tietê » ( Laerte ). Depois tinha lugar um contrato de comodato com prazo de devolução escrupulosamente cumprido.
Laerte tem actualmente uma página excelente na net cfr. podem ver na respectiva linkagem. Quanto a Angeli talvez o Pedro Cardo esteja a navegar por aí e, se encalhar neste blog, dê notícias frescas do Angeli e suas inolvidáveis personagens Rê Bordosa, Bob Cuspe, Wood & Stock e Os Skrotinhos.
Quanto a Laerte este continua a alimentar uma vasta galeria de personagens-tipo. Entre elas figura Fagundes o Puxa Saco ! Personagem verosímil e caricatura de tantos bajuladores arrivistas que por ai andam. Tem por divisa : « quem não vive para servir não serve para viver » !
Humor no seu melhor num link perto de si !
Entre elas evoco aqui um amigo cuja identidade é para o caso irrelevante. O que importa é que, entre as nossas divergências mais veementes era frequente o debate acerca de saber quem seria o melhor cartunista da contra cultura e da « cena » underground ! O meu amigo Pedro Cardo sustentava, com uma retórica feroz, que Angeli e as suas personagens da revista « Chiclete com Banana » eram de uma causticidade superior e imbatível . Eu já então me mantinha fiel à convicção de que o humor sublime e o traço genial de Laerte eram e serão sempre imbatíveis.
Como naqueles famélicos anos oitenta os escudos não eram euros o resultado prático de tão pueril divergência « literária » foi o seguinte : O Pedro Cardo comprava a « Chiclete com Banana » ( Angeli ) e eu investia na « Piratas do Tietê » ( Laerte ). Depois tinha lugar um contrato de comodato com prazo de devolução escrupulosamente cumprido.
Laerte tem actualmente uma página excelente na net cfr. podem ver na respectiva linkagem. Quanto a Angeli talvez o Pedro Cardo esteja a navegar por aí e, se encalhar neste blog, dê notícias frescas do Angeli e suas inolvidáveis personagens Rê Bordosa, Bob Cuspe, Wood & Stock e Os Skrotinhos.
Quanto a Laerte este continua a alimentar uma vasta galeria de personagens-tipo. Entre elas figura Fagundes o Puxa Saco ! Personagem verosímil e caricatura de tantos bajuladores arrivistas que por ai andam. Tem por divisa : « quem não vive para servir não serve para viver » !
Humor no seu melhor num link perto de si !
ISCAS II
Embora com algum atraso não queria deixar de responder ao amigo Pedro Arruda que na sequência de um jantar de bloguistas teve o ímpeto de me dedicar uma prosa gastronómica ! Dúvidas não tenho que a minha receita de Iscas de Fígado, extraída e adaptada do Livro de Pantagruel, é bem superior às que por aí pululam.
O meu gosto por estas vísceras é inquestionavelmente atávico ! A propósito confesso que não resisti ao teste « Which Imfamous criminal are you ? » e o resultado indiciava-me como acólito de Vlad o Empalador que, como se sabe, tinha um apetite sanguinolento ! Ora, nas iscas é essencial que se preserve o sangue para o molho !
Como os segredos culinários são sinais de soberba e vã vaidade aqui vai a receita para quem quiser :
1. Iscas de Fígado de Vaca q.b. – note-se que imperiosamente devem ser finíssimas.
2. Marinhada com elas em muito alho, louro, pimenta preta ( moída na hora ) , piri-piri, cominhos, limão, vinagre, vinho tinto e uma lágrima de vinho do Porto. Tudo isto em espessa banha de porco temperada proveniente da Salsicharia do amigo Manuel Rosa... o sal é acessório.
3. Deixar repousar as Iscas no frio, pelo menos, durante 3 dias. Ao invés não são suculentas por força do inevitável rigor mortis.
Finalmente, fritam-se na molhanga e servem-se acompanhadas de corpulento e robusto tinto com graduação nunca inferior a 14 graus. ( Pessoalmente : recomendo Quinta das Hidrângeas do Douro ou um Shyraz Australiano ).
Bom Apetite !
O meu gosto por estas vísceras é inquestionavelmente atávico ! A propósito confesso que não resisti ao teste « Which Imfamous criminal are you ? » e o resultado indiciava-me como acólito de Vlad o Empalador que, como se sabe, tinha um apetite sanguinolento ! Ora, nas iscas é essencial que se preserve o sangue para o molho !
Como os segredos culinários são sinais de soberba e vã vaidade aqui vai a receita para quem quiser :
1. Iscas de Fígado de Vaca q.b. – note-se que imperiosamente devem ser finíssimas.
2. Marinhada com elas em muito alho, louro, pimenta preta ( moída na hora ) , piri-piri, cominhos, limão, vinagre, vinho tinto e uma lágrima de vinho do Porto. Tudo isto em espessa banha de porco temperada proveniente da Salsicharia do amigo Manuel Rosa... o sal é acessório.
3. Deixar repousar as Iscas no frio, pelo menos, durante 3 dias. Ao invés não são suculentas por força do inevitável rigor mortis.
Finalmente, fritam-se na molhanga e servem-se acompanhadas de corpulento e robusto tinto com graduação nunca inferior a 14 graus. ( Pessoalmente : recomendo Quinta das Hidrângeas do Douro ou um Shyraz Australiano ).
Bom Apetite !
A VIA DA SUAVIDADE
Sem querer concorrer com o excelente post do Tózé « Milhafre » a propósito da insigne efeméride dos 30 anos do Judo Clube de Ponta Delgada não queria deixar de marcar a minha profunda admiração por um desporto que, etimológicamente, significa a via da suavidade !
O Judo está entre nós há 30 anos por via do esforço continuado do Sensei Masatoshi Ohi e do Sensei Jorge Baptista que têm contribuído para uma educação que passa por um são equilíbrio corporal e espiritual. Formou e continua a formar Jovens de todas as idades num ambiente desportivo de escrupuloso respeito pelos nossos limites e pelo nosso adversário. Tem um notável e regular ranking a nível nacional sendo raros os anos em que não temos, pelo menos, um campeão nacional numa determinada categoria !
E tudo isto sem o alarido escandaloso de algumas luminárias do desporto que, como já o disse noutro post, prestam dolosamente um serviço de deformação cívica.
O desporto não é só competição é também a capacidade de evoluirmos social e individualmente superando os nossos limites possíveis. O desporto também é cultura sem ser necessariamente culturista !
Para quem tiver interesse em saber mais sobre Judo :
www.judoinfo.com
www.kodokan.org
www.zenjudo.com
www.britishjudo.org.uk
O Judo está entre nós há 30 anos por via do esforço continuado do Sensei Masatoshi Ohi e do Sensei Jorge Baptista que têm contribuído para uma educação que passa por um são equilíbrio corporal e espiritual. Formou e continua a formar Jovens de todas as idades num ambiente desportivo de escrupuloso respeito pelos nossos limites e pelo nosso adversário. Tem um notável e regular ranking a nível nacional sendo raros os anos em que não temos, pelo menos, um campeão nacional numa determinada categoria !
E tudo isto sem o alarido escandaloso de algumas luminárias do desporto que, como já o disse noutro post, prestam dolosamente um serviço de deformação cívica.
O desporto não é só competição é também a capacidade de evoluirmos social e individualmente superando os nossos limites possíveis. O desporto também é cultura sem ser necessariamente culturista !
Para quem tiver interesse em saber mais sobre Judo :
www.judoinfo.com
www.kodokan.org
www.zenjudo.com
www.britishjudo.org.uk
quarta-feira, fevereiro 18
1-1
O Pedro "baniu" a bola do blog. Eu dou-lhe razão, por muito que isso me custe, mas não resisto... Temos Estádios. Temos Público. Temos Turistas. Temos "segurança". Temos Sagres. Temos Praias (Guincho, Figueira da Foz e Espinho, incluídos). Temos brasileiros na selecção. Temos bons Jogadores. Temos sobretudo o Pauleta. Não temos, infelizmente, Equipa... e Não devíamos estar automaticamente apurados para a final do Euro...sem a "adrenalina" da (im)possibilidade matemática e à mercê de "terceiros" - não há "motivação". A "nossa" Selecção e o País, em geral, sofrem de uma crise de "identidade". Nada que a FPF não resolva com o aumento dos prize moneys... Em Junho, logo se comprovará!
existem alternativas
A Alternativa, uma associação de apoio a toxicodependentes em recuperação ou recuperados, desempenha nos Açores um extraordinário e altamente louvável duplo papel. Para além de, de uma forma abnegada, procurar auxiliar pessoas fragilizadas por uma dependência a Alternativa investe no meio em que está inserida. Ao contrário de alguns centros de recuperação que tendem a isolar as pessoas do meio a Alternativa recupera e dignifica as pessoas para o meio. O trabalho de limpeza da orla marítima e das zonas balneares da ilha de São Miguel que a Alternativa tem levado a cabo merece de todos nós um enorme aplauso. É um exemplo de como a tão apregoada, e muitas vezes mal apregoada, sociedade civil pode prestar um serviço ao todo. Seria bom se a Secretaria Regional do Ambiente em vez de se preocupar com candidaturas a património mundial investisse no património local e apoiasse a Alternativa nesta importantíssima tarefa.
Presidenciais Nacionais
Só vou dizer isto: eu sou um defensor de que seja Pedro Santana Lopes o candidato da direita às eleições presidenciais. Matam-se dois coelhos de uma assentada. A direita perde e não temos que aturar o Cavaco. Força Santana, estou contigo...
Kerry/Edwards
Apesar de qualquer consideração mais negativa a verdade é que Kerry manteve a liderança e, de facto, 40% dos votos e uma diferença de 6% para Edwards dão a John Kerry a segurança e o impulso suficiente para o resto da campanha, especialmente para o próximo dia 2 de Março. (Coincidentemente nesse dia Carlos César terá também uma primeira prova de fogo na entrevista à RTP-A.) Howard Dean rebentou, a bolha que o Governador do Vermont tinha criado uns meses atrás finalmente evaporou. De qualquer modo Dean transportou todo um novo pensamento político ao Partido Democrático e, talvez mais importante, todo um novo conjunto de participantes, jovens, irreverentes, interessados que vão de certeza dar agora um importante contributo ao partido do “burro”. Edwards surpreendeu ou talvez não. A minha leitura é que o eleitorado decidiu dar um sinal ao Partido Democrático e a Kerry no que respeita à sua escolha para vice. A simpatia dos eleitores com algumas das propostas de Edwards e a juventude deste podem vir a ser trunfos importantes no caminho até à Casa Branca. Se um cenário Kerry/Edwards se concretizar as eleições para a presidência dos USA podem vir a ter dois, em vez de um, derrotado. Primeiro George W. Bush, depois Hilary Clinton. Aguardo com expectativa as cenas dos próximos capítulos.
terça-feira, fevereiro 17
Quem procura sempre alcança! Depois de ler o André andei à procura aqui e finalmente encontrei-o no "estrangeiro". Para os amigos abroad...
segunda-feira, fevereiro 16
uma Unha atenta
Este post não podia ser mais a propósito. Hoje Santana responde a Marcelo e Marcelo responde a Santana. E andamos "nós" atrás de mais 1 "caso". Não será esta a intenção do Professor e do Partido a que pertence? Parece-me muito simples e manipulatório. A TVI não é inocente. Sabe que vende. E Marcelo é líder de audiências ao domingo à noite. O país ignorante e desinformado pára e senta-se para ver e ouvir o senhor Professor. Começou a aula. E este limita-se a dirigí-la como quer. Um homem muuito perigoso!!! Diria um grande amigo meu. Eu dou-lhe O valores. Obrigado Nuno, estava a precisar...
Uma verdadeira "conferência" de estrelas da bola! E o Figo? Estará a "pedir" que o tirem deste filme...que é a selecção nacional made in Brazil!? (foto do dia 16/2/04) na lusa.
Judo Clube de Ponta Delgada faz 30 anos
Entre 74 e 80, entre os meus 10 e 16 anos, vivi, ao mesmo tempo que a sociedade que me rodeava, os anos mais turbulentos da minha vida.
Numa altura em que os meus frágeis alicerces tremiam perante qualquer sismo e os meus sentimentos (quase todos hormonas) ferviam subcutaneamente, que nem lava de um vulcão a nascer, dividi o meu pai com a política, com um ideal e com a história e dividi o meu avô, José Maria, com uma família de muitos e com os outros, que nasceu para ajudar, todos presos a ele como farrapos de uma vela, rasgados ao vento e precariamente agarrados àquele mastro que não deixou ninguém perder-se na tempestade. Eram estes os Homens da minha vida, de quem, para além do sangue, herdei o H maiúsculo que tento, todos os dias, não minuscularizar.
Houve, também, um outro Homem que nesta altura me marcou profundamente. Era chefe de uma casa que para mim se tornou, de certa forma também, um lar, o Judo Clube de Ponta Delgada. O Homem, o Mestre Masatoshi Ohi. Não sei o que mais me marcou, se o homem em si, se a cultura que ele representava, nunca consegui distinguir os dois. Na realidade, por debaixo daquela máscara de samurai estava um homem que eu nunca conheci. No entanto, com ele aprendi tudo o que o desporto, e a vida, têm de superior. Respeito por nós próprios, pelo adversário; pela amizade, pela rivalidade; pelo indivíduo, pela equipa; pela vitória, pela derrota; pelo corpo, pelo espírito; pelo medo, pelo respeito.
Quando na “rua” (oposto de lar) todos se dividiam, ferozmente, entre esquerda e direita, entre separatistas e portugueses, entre bons e maus, no Judo Clube de Ponta Delgada éramos todos “macacos”, por igual, a aprender a fazer judo, um misto de arte e desporto, dança e luta.
Foi assim que me tornei amigo de companheiros judocas como o arquitecto Igor França, filho de “comunistas ortodoxos” (então “inimigo público”) e Pedro Caçorino, filho de um major português “colonialista” (então “inimigo público”). Foi assim que aprendi que existia sempre uma arena aonde todos nos podíamos despir, descatalogar e nos respeitar, a todos e a cada um, como seres humanos. Foi assim que aprendi que o meu maior e mais difícil adversário está dentro de mim. Foi assim que aprendi a ser Homem.
Como é que se agradece a um homem que eu não conheço e que nem conhece a influência positiva que teve em mim?
Sinto-me honrado e humildemente agradecido, curvo a minha cabeça e,
– Domo-arigatô-gozaimasu, Ohi Sensei!
Numa altura em que os meus frágeis alicerces tremiam perante qualquer sismo e os meus sentimentos (quase todos hormonas) ferviam subcutaneamente, que nem lava de um vulcão a nascer, dividi o meu pai com a política, com um ideal e com a história e dividi o meu avô, José Maria, com uma família de muitos e com os outros, que nasceu para ajudar, todos presos a ele como farrapos de uma vela, rasgados ao vento e precariamente agarrados àquele mastro que não deixou ninguém perder-se na tempestade. Eram estes os Homens da minha vida, de quem, para além do sangue, herdei o H maiúsculo que tento, todos os dias, não minuscularizar.
Houve, também, um outro Homem que nesta altura me marcou profundamente. Era chefe de uma casa que para mim se tornou, de certa forma também, um lar, o Judo Clube de Ponta Delgada. O Homem, o Mestre Masatoshi Ohi. Não sei o que mais me marcou, se o homem em si, se a cultura que ele representava, nunca consegui distinguir os dois. Na realidade, por debaixo daquela máscara de samurai estava um homem que eu nunca conheci. No entanto, com ele aprendi tudo o que o desporto, e a vida, têm de superior. Respeito por nós próprios, pelo adversário; pela amizade, pela rivalidade; pelo indivíduo, pela equipa; pela vitória, pela derrota; pelo corpo, pelo espírito; pelo medo, pelo respeito.
Quando na “rua” (oposto de lar) todos se dividiam, ferozmente, entre esquerda e direita, entre separatistas e portugueses, entre bons e maus, no Judo Clube de Ponta Delgada éramos todos “macacos”, por igual, a aprender a fazer judo, um misto de arte e desporto, dança e luta.
Foi assim que me tornei amigo de companheiros judocas como o arquitecto Igor França, filho de “comunistas ortodoxos” (então “inimigo público”) e Pedro Caçorino, filho de um major português “colonialista” (então “inimigo público”). Foi assim que aprendi que existia sempre uma arena aonde todos nos podíamos despir, descatalogar e nos respeitar, a todos e a cada um, como seres humanos. Foi assim que aprendi que o meu maior e mais difícil adversário está dentro de mim. Foi assim que aprendi a ser Homem.
Como é que se agradece a um homem que eu não conheço e que nem conhece a influência positiva que teve em mim?
Sinto-me honrado e humildemente agradecido, curvo a minha cabeça e,
– Domo-arigatô-gozaimasu, Ohi Sensei!
sábado, fevereiro 14
2 em 1
Lambchop em dose dupla...
Aw C'mon
e No, You C'mon
2 discos distintos e, simultaneamente, complementares. Valeu a pena esperar dois anos pelo novo disco, dirão uns... Outros - dirão - que ainda falta muito para o dia 8 de Maio e para o concerto na Aula Magna...em Lisboa, claro está! Mais curiosidades no site.
Aw C'mon
e No, You C'mon
2 discos distintos e, simultaneamente, complementares. Valeu a pena esperar dois anos pelo novo disco, dirão uns... Outros - dirão - que ainda falta muito para o dia 8 de Maio e para o concerto na Aula Magna...em Lisboa, claro está! Mais curiosidades no site.
Voodoo Girl de Tim Burton
Her skin is white cloth,
and she's all sewn apart
and she has many colored pins
sticking out of her heart.
She has many different zombies
who are deeply in her trance.
She even has a zombie
who was originally from France.
But she knows she has a curse on her,
a curse she cannot win.
For if someone gets
too close to her,
the pins stick farther in.
Feliz dia de S. Valentim...
sexta-feira, fevereiro 13
Cruzes e Espíritos Santos
Para nos proteger,
nesta noite de sexta feira, 13
uma montra de cruzes e espíritos santos.
nesta noite de sexta feira, 13
uma montra de cruzes e espíritos santos.
Iscas
Um texto para o meu querido amigo João Nuno Almeida e Sousa.
Os pratos são bons quando estão sujos e vazios, comidos. De roda da mesa, copos variavelmente cheios, pratos pintalgados de restos, de molhos, talheres cruzados, duas ou três garrafas abertas meias cheias, três ou quatro temas de conversa cruzando de um canto ao outro a mesa, vozes, um pin-ball de ditos, um estômago atestado e tempo, tempo para passar. Á mesa nunca se envelhece, fiquemos sempre á mesa. Depois de um muito simpático jantar, ontem, em que o Mário lamentava a nossa concentração na política, apeteceu-me falar de comida, que é, como todos sabem, a única coisa na vida depois da poesia e do amor, que realmente interessa. Vai dai, iscas. A nobre glândula, símbolo de agouros e profecias, que dá pelo nome de fígado e que passa por ser uma iguaria de nobres. As iscas supremamente finas e pouquíssimo cozinhadas, tenras, suculentas, húmidas, que se desfazem na boca, quase sem dentes, entre a língua e o palato, são mais do que um prato, são um requinte. Nos tempos de pouco mais do que boémia e juventude costumava-mos, eu e o André, rumar ao Bairro Alto, buscando santuário no Estádio. Ora ao lado do estádio havia uma tasca, de porta e janela, de corredor com balcão, bancos e parede, onde se comiam das melhores iscas à Lisboa que já tive a sorte de provar na vida. Uma tasca que tinha um fogão encostado á janela que dava para a rua e uma eternamente fervilhante frigideira com iscas em seu molho aguando a boca de quem passava. Fígado cortado em bifes, com uma faca de talhante, uma mão pressionado ligeiramente a carne, a faca num angulo de 45 graus, num corte diagonal o mais finamente que seja humanamente possível, fritando em banha e vinho, nada mais do que alho, sal e pimenta, para dar o tempero e um polvilhado de salsa por cima no fim. Iscas, senhor, iscas. Também há quem as goste em pedacinhos muito pequenos, como quem rasga uma carta em fragmentos, mínimos. Há, cá na ilha um sítio que as faz assim, pequeníssimas, a Central do Petisco, em Santa Cruz, na Lagoa, depois de um banho de inverno e com imperiais, sozinho e feliz. Vem tudo isto a propósito de hoje ao almoço o meu pai me ter abandonado a um pratinho de iscas na Cervejaria do Veríssimo, porque ia para as Furnas e não podia almoçar comigo. Pois almocei eu, a sós, as minhas iscas, deliciosas por sinal, imaginando posts entre garfadas.
Os pratos são bons quando estão sujos e vazios, comidos. De roda da mesa, copos variavelmente cheios, pratos pintalgados de restos, de molhos, talheres cruzados, duas ou três garrafas abertas meias cheias, três ou quatro temas de conversa cruzando de um canto ao outro a mesa, vozes, um pin-ball de ditos, um estômago atestado e tempo, tempo para passar. Á mesa nunca se envelhece, fiquemos sempre á mesa. Depois de um muito simpático jantar, ontem, em que o Mário lamentava a nossa concentração na política, apeteceu-me falar de comida, que é, como todos sabem, a única coisa na vida depois da poesia e do amor, que realmente interessa. Vai dai, iscas. A nobre glândula, símbolo de agouros e profecias, que dá pelo nome de fígado e que passa por ser uma iguaria de nobres. As iscas supremamente finas e pouquíssimo cozinhadas, tenras, suculentas, húmidas, que se desfazem na boca, quase sem dentes, entre a língua e o palato, são mais do que um prato, são um requinte. Nos tempos de pouco mais do que boémia e juventude costumava-mos, eu e o André, rumar ao Bairro Alto, buscando santuário no Estádio. Ora ao lado do estádio havia uma tasca, de porta e janela, de corredor com balcão, bancos e parede, onde se comiam das melhores iscas à Lisboa que já tive a sorte de provar na vida. Uma tasca que tinha um fogão encostado á janela que dava para a rua e uma eternamente fervilhante frigideira com iscas em seu molho aguando a boca de quem passava. Fígado cortado em bifes, com uma faca de talhante, uma mão pressionado ligeiramente a carne, a faca num angulo de 45 graus, num corte diagonal o mais finamente que seja humanamente possível, fritando em banha e vinho, nada mais do que alho, sal e pimenta, para dar o tempero e um polvilhado de salsa por cima no fim. Iscas, senhor, iscas. Também há quem as goste em pedacinhos muito pequenos, como quem rasga uma carta em fragmentos, mínimos. Há, cá na ilha um sítio que as faz assim, pequeníssimas, a Central do Petisco, em Santa Cruz, na Lagoa, depois de um banho de inverno e com imperiais, sozinho e feliz. Vem tudo isto a propósito de hoje ao almoço o meu pai me ter abandonado a um pratinho de iscas na Cervejaria do Veríssimo, porque ia para as Furnas e não podia almoçar comigo. Pois almocei eu, a sós, as minhas iscas, deliciosas por sinal, imaginando posts entre garfadas.
quinta-feira, fevereiro 12
Filosofia Barata
Encontrei um blog muito engraçado que se intitula,
Filosofia Barata
Esta é minha filosofia barata. Pois as baratas também pensam.
e do qual retirei esta banda desenhada:
e esta também
Espero Nuno que tenhas bom sentido de humor e não leves a mal. Aliás porque isto é comédia fácil.
Filosofia Barata
Esta é minha filosofia barata. Pois as baratas também pensam.
e do qual retirei esta banda desenhada:
e esta também
Espero Nuno que tenhas bom sentido de humor e não leves a mal. Aliás porque isto é comédia fácil.
Poema em Linha Recta
Álvaro de Campos
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondìvelmente parasita,
Indesculpàvelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapêtes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do sôco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do sôco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos êles príncipes – na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
(Ática)
Teresa Rita Lopes, Álvaro de Campos - Livro de Versos. (Edição Crítica). Lisboa, Editorial Estampa, 3ª ed., 1997.
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondìvelmente parasita,
Indesculpàvelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapêtes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do sôco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do sôco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos êles príncipes – na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
(Ática)
Teresa Rita Lopes, Álvaro de Campos - Livro de Versos. (Edição Crítica). Lisboa, Editorial Estampa, 3ª ed., 1997.
quarta-feira, fevereiro 11
Grande Reportagem
A noticia é de ontem, mas não posso deixá-la passar sem comentário, há coisas que são realmente importantes. (Já agora, alguém viu a fabulosa foto de capa do DN de ontem, João Bosco Mota Amaral vestido com roupas tradicionais Timorenses, é de antologia. Ao melhor estilo Mário Soares, eh, eh...)
Voltando às coisas sérias. Francisco José Viegas retirou-se do cargo de director da Grande Reportagem. O lado bom, para quem gosta de ler os textos sempre lúcidos e saudavelmente partidários do Francisco José Viegas, é que de certeza que o Aviz vai passar a estar mais postado do que nos últimos meses. O lado triste é ver uma revista que bem ou mal foi uma referência no panorama editorial português ser progressivamente esvaziada de conteúdo, editorial e humano. Anunciam, também, a escolha de Felicia Cabrita, sim essa mesmo, para um cargo intitulado de grande repórter, whatever that means, na nova equipe directiva da publicação o que só pode querer dizer que a nova aposta da Grande Reportagem é a revelação de casos de bígamos amorosos das estepes da Sibéria e do Deserto do Kalahari, já para não falar de outras investigações mais, digamos, infantis. Caro Joel, se por alguma razão precisares de desabafar, podes contar com as páginas da :ILHAS, por enquanto ainda não fomos comprados por nenhum Barão. É assim o mundo. O futuro é das Felicias.
Voltando às coisas sérias. Francisco José Viegas retirou-se do cargo de director da Grande Reportagem. O lado bom, para quem gosta de ler os textos sempre lúcidos e saudavelmente partidários do Francisco José Viegas, é que de certeza que o Aviz vai passar a estar mais postado do que nos últimos meses. O lado triste é ver uma revista que bem ou mal foi uma referência no panorama editorial português ser progressivamente esvaziada de conteúdo, editorial e humano. Anunciam, também, a escolha de Felicia Cabrita, sim essa mesmo, para um cargo intitulado de grande repórter, whatever that means, na nova equipe directiva da publicação o que só pode querer dizer que a nova aposta da Grande Reportagem é a revelação de casos de bígamos amorosos das estepes da Sibéria e do Deserto do Kalahari, já para não falar de outras investigações mais, digamos, infantis. Caro Joel, se por alguma razão precisares de desabafar, podes contar com as páginas da :ILHAS, por enquanto ainda não fomos comprados por nenhum Barão. É assim o mundo. O futuro é das Felicias.
Kerry
Ganhou os dois estados. Agora a questão é saber quem Kerry vai escolher para vice e se essa dupla consegue bater Bush. Daqui até à convenção é contar delegados e atacar George W.
Pontos de Vista de e sobre Vítor Cruz
A entrevista de Vítor Cruz foi como um X no Totobola. Não ganhou, nem perdeu, empatou, o que, dado o momento político, é uma quase derrota. Vítor Cruz foi igual a si próprio e por isso não perdeu, mas não ganhou porque não soube dar de si uma imagem mais afirmativa. Ao contrário de Carlos César que uns dias antes tinha imposto uma imagem muito melhor do que aquela que lhe conhecemos. Veremos o que acontece a 2 de Março. Tudo o resto foi sensaborão, o esfíngico Osvaldo Cabral, que faz perguntas como se fosse um professor numa oral, o trocista Rui Goulart, sorridente, irrequieto, talvez mais nervoso do que Cruz, sempre a tentar entalar mas com medo do que possa acontecer em Outubro e o inclinado Pedro Moreira atiçando o fogo com um atiçador furado. A minha principal crítica aos jornalistas é a de terem proposto temas em lugar de puxarem respostas. Jornalismo não é oposição e sim informação, eu sei, mas Vítor Cruz não disse nada que nós não soubéssemos de ante mão. Quanto ao líder da oposição, apesar dos solavancos lá levou a areia ao seu moinho. Criticou o actual governo o mais que pode, mesmo quando não devia. (Abro um parêntesis para dizer que este ping-pong de acusações verbais que se instalou entre PS e PSD é prejudicial para os dois. As pessoas estão cansadas de baixa política.) Nos aspectos sectoriais que eu me lembre foi mais ou menos isto: na saúde gastar uns milhões mais a pagar horas extraordinárias aos médicos para que todos sejam médicos de família, quero ver isso. Nas pescas um nim, não sei se vou, não sei se venho, quando ele sabe que não há nada a fazer. Na agricultura (não falou de agricultura mas sim de lavoura, não falou de fruticultura, nem de beterraba, nem de recursos florestais, nem de diversificação, etc.), mais uns chavões, excepto a questão de São Jorge onde Vítor Cruz marcou um ponto, mas há outras situações como aquela, ou piores, e não se falou nelas. No turismo, a mesma e velha questão da formação profissional, que passa hoje mais por uma efectiva educação e civismo do que por saber atender um cliente. Havendo boa educação o bom senso vem atrás. E a promoção, quem manda na promoção turística do arquipélago, quem manda no dinheiro da promoção é isso o que preocupa Vítor Cruz, esquecem que a melhor promoção é cada turista que cá vem sair satisfeito e falar bem dos Açores a dois amigos, não há dinheiro que pague isso e só se consegue isso com educação, cultura e serviços de qualidade. Mas o pior de tudo é que não se falou em Ambiente, quando esse é o maior problema dos Açores hoje. Todas as apostas de desenvolvimento que fazemos agora estão dependentes da salvaguarda do meio ambiente das ilhas, porque senão estamos a médio prazo atolados em betão e adubos. Pura e simplesmente não se falou de ambiente e isso foi o pior da entrevista. De resto, confirmámos que as conversações para a coligação estão a ser mais difíceis do que querem fazer ver, que só há coligação porque Vítor Cruz tem medo de arriscar tudo sozinho, que não há revisão da lei eleitoral porque o PSD quer formar governo a todo o custo, e aqui o custo pode vir a ser a vontade dos eleitores, que existem muitos independentes a apoiar a coligação mas não têm nome, que Vítor Cruz não sabe o que fazer com Paulo Gusmão e outros similares do PP, que Berta Cabral é a próxima líder do PSD e que Vítor Cruz vai exercer advocacia. Já me esquecia, os Açores mereciam políticos melhores.
Açores e Europa II
Ou de como ser açoriano no mundo e do mundo nos Açores.
Vou simplificar e dizer uma coisa que vai certamente chocar alguns, nomeadamente o TóZé, mas é aquilo que sinto e acho que vem a propósito nesta discussão já demasiado emotiva sobre os Açores e a Europa. Até porque o principal do meu argumento é que não acredito que os interesses dos Açores só possam ser defendidos e, até, que sejam melhor defendidos, apenas, por açorianos.
Adoro os Açores, mas não tenho por estas ilhas uma entrega mais ou menos profunda do que tenho por Lisboa, por Puerto Escondido, pelo Hawaii, ou por uma outra qualquer parte da Terra. Os Açores são o sitio onde escolhi viver e, também, o sitio de onde vêm as minhas raízes familiares. Mas aquilo que eu sou como pessoa é tanto dos Açores, como de Lisboa, como do México, da California e de tantos outros lugares que nunca visitei. Aquilo que sou como pessoa é tanto de Antero, como de Nemésio, como de Pessoa, de Whitman, de Shakespeare, de Dante, de Homero, de toda a literatura do mundo, a que li e a que não li. Aquilo que sou como pessoa é tanto daqui, destas pessoas que habitam nestas nove ilhas, como de todas as outras que habitam tantos outros cantos do mundo. Recuso-me a entender os Açore por antítese ao que quer que seja. Somos diferentes, somos particulares, somos distintos dos outros, mas não somos, nem podemos ser vistos, nem tomarmo-nos, como sendo mais especiais, mais necessitados ou mais aptos do que ninguém. A Europa Comunitária é uma ideia de governo ampla e utópica. É a compreensão profunda de que as diferenças são passíveis de unificação, que é possível viver em conjunto, em harmonia de vontades diferentes. Baseada no respeito pela diferença. É nessa Europa que eu acredito. Da mesma maneira que acredito num Portugal coeso e pacificado em toda a sua especificidade regional, Regiões Autónomas incluídas.
O meu argumento é que não podemos imaginar um futuro em que os nossos interesses só possam ser defendidos por outros como nós. Se eu não puder pôr o meu destino nas mãos de outros e acreditar que eles farão o melhor para me defender, então o mundo não tem futuro. Posso não concordar com o Presidente da Junta, com o Presidente da Câmara, com o Presidente do Governo, com o Primeiro Ministro, com o Presidente da República, com o Presidente da Comissão, com o Conselho de Ministros, com o George Bush, posso não concordar com as opções deles todos, mas se eu não acreditar que o objectivo de todos eles é o bem comum, então nada faz sentido. Se tudo o que reivindico para mim, não o reivindicar também para os outros, então o mundo nunca evoluirá. Somos ilhas mas não estamos isolados do mundo. Tudo isto pode parecer mais um manifesto poético do que político, mas não é. O que aqui expresso são princípios orientadores de todas as decisões, das mais pequenas ás maiores.
Mas se calhar, e para continuar na simplificação, a pergunta que seria importante fazer neste momento e que pensasse-mos todos nela é esta: o que é ser açoriano e o que é que isso tem de diferente de ser de outro ponto qualquer do mundo?
Vou simplificar e dizer uma coisa que vai certamente chocar alguns, nomeadamente o TóZé, mas é aquilo que sinto e acho que vem a propósito nesta discussão já demasiado emotiva sobre os Açores e a Europa. Até porque o principal do meu argumento é que não acredito que os interesses dos Açores só possam ser defendidos e, até, que sejam melhor defendidos, apenas, por açorianos.
Adoro os Açores, mas não tenho por estas ilhas uma entrega mais ou menos profunda do que tenho por Lisboa, por Puerto Escondido, pelo Hawaii, ou por uma outra qualquer parte da Terra. Os Açores são o sitio onde escolhi viver e, também, o sitio de onde vêm as minhas raízes familiares. Mas aquilo que eu sou como pessoa é tanto dos Açores, como de Lisboa, como do México, da California e de tantos outros lugares que nunca visitei. Aquilo que sou como pessoa é tanto de Antero, como de Nemésio, como de Pessoa, de Whitman, de Shakespeare, de Dante, de Homero, de toda a literatura do mundo, a que li e a que não li. Aquilo que sou como pessoa é tanto daqui, destas pessoas que habitam nestas nove ilhas, como de todas as outras que habitam tantos outros cantos do mundo. Recuso-me a entender os Açore por antítese ao que quer que seja. Somos diferentes, somos particulares, somos distintos dos outros, mas não somos, nem podemos ser vistos, nem tomarmo-nos, como sendo mais especiais, mais necessitados ou mais aptos do que ninguém. A Europa Comunitária é uma ideia de governo ampla e utópica. É a compreensão profunda de que as diferenças são passíveis de unificação, que é possível viver em conjunto, em harmonia de vontades diferentes. Baseada no respeito pela diferença. É nessa Europa que eu acredito. Da mesma maneira que acredito num Portugal coeso e pacificado em toda a sua especificidade regional, Regiões Autónomas incluídas.
O meu argumento é que não podemos imaginar um futuro em que os nossos interesses só possam ser defendidos por outros como nós. Se eu não puder pôr o meu destino nas mãos de outros e acreditar que eles farão o melhor para me defender, então o mundo não tem futuro. Posso não concordar com o Presidente da Junta, com o Presidente da Câmara, com o Presidente do Governo, com o Primeiro Ministro, com o Presidente da República, com o Presidente da Comissão, com o Conselho de Ministros, com o George Bush, posso não concordar com as opções deles todos, mas se eu não acreditar que o objectivo de todos eles é o bem comum, então nada faz sentido. Se tudo o que reivindico para mim, não o reivindicar também para os outros, então o mundo nunca evoluirá. Somos ilhas mas não estamos isolados do mundo. Tudo isto pode parecer mais um manifesto poético do que político, mas não é. O que aqui expresso são princípios orientadores de todas as decisões, das mais pequenas ás maiores.
Mas se calhar, e para continuar na simplificação, a pergunta que seria importante fazer neste momento e que pensasse-mos todos nela é esta: o que é ser açoriano e o que é que isso tem de diferente de ser de outro ponto qualquer do mundo?
Que estupidez tacanha e tamanha
O Pedro escreve mais abaixo que,
“A criação de um circulo eleitoral europeu para os Açores e Madeira, teria necessariamente que implicar o mesmo para Canárias, Ilhas Reunião, Guadalupe, etc., etc... O que no meu entender é uma estupidez tacanha.”
Pelo amor de Deus. Então a autonomia dos Açores e da Madeira implicou uma autonomia do Minho, Alentejo, Algarve, da Floresta Negra ou de Florianópolis. A instalação da monarquia em Espanha implicou a instalação da monarquia em Portugal ou mesmo na França. O alegado caso do príncipe Carlos de Inglaterra com um dos “butlers” implicou um alegado caso de D. Duarte de Bragança com, com, com, sei lá. Isto sim, seria uma estupidez tacanha e tamanha.
Poderia continuar a descer a escada do ridículo, degrau a degrau mas vou tentar não falar mais sobre este assunto nos próximos dias porque já me estou a enervar.
“A criação de um circulo eleitoral europeu para os Açores e Madeira, teria necessariamente que implicar o mesmo para Canárias, Ilhas Reunião, Guadalupe, etc., etc... O que no meu entender é uma estupidez tacanha.”
Pelo amor de Deus. Então a autonomia dos Açores e da Madeira implicou uma autonomia do Minho, Alentejo, Algarve, da Floresta Negra ou de Florianópolis. A instalação da monarquia em Espanha implicou a instalação da monarquia em Portugal ou mesmo na França. O alegado caso do príncipe Carlos de Inglaterra com um dos “butlers” implicou um alegado caso de D. Duarte de Bragança com, com, com, sei lá. Isto sim, seria uma estupidez tacanha e tamanha.
Poderia continuar a descer a escada do ridículo, degrau a degrau mas vou tentar não falar mais sobre este assunto nos próximos dias porque já me estou a enervar.
terça-feira, fevereiro 10
...sem comentários...
Lá fui eu, sugestionado pela Ana Teresa, responder ao questionário. Garanto, juro, que não viciei as respostas
You are the Marquis Da Sade. Even stripped of
exaggerations, Your real life was as dramatic
and as tragic as a cautionary tale. Born to an
ancient and noble house, you were married
(against your wishes) to a middle-class heiress
for money, caused scandals with prostitutes and
with your sister-in-law, thus enraging your
mother-in-law, who had you imprisoned under a
lettre de cachet for 14 years until the
Revolution freed you. Amphibian, protean,
charming, you became a Revolutionary,
miraculously escaping the guillotine during the
Terror, only to be arrested later for
publishing your erotic novels. You spent your
final 12 years in the insane asylum at
Charenton, where you caused another scandal by
directing plays using inmates and professional
actors. You died there in 1814, virtually in
the arms of your teenage mistress.
You are a revolutionary deviant. I applaud you.
não sei se fique vaidoso ou preocupado, com este resultado.
Which Imfamous criminal are you?
brought to you by Quizilla
You are the Marquis Da Sade. Even stripped of
exaggerations, Your real life was as dramatic
and as tragic as a cautionary tale. Born to an
ancient and noble house, you were married
(against your wishes) to a middle-class heiress
for money, caused scandals with prostitutes and
with your sister-in-law, thus enraging your
mother-in-law, who had you imprisoned under a
lettre de cachet for 14 years until the
Revolution freed you. Amphibian, protean,
charming, you became a Revolutionary,
miraculously escaping the guillotine during the
Terror, only to be arrested later for
publishing your erotic novels. You spent your
final 12 years in the insane asylum at
Charenton, where you caused another scandal by
directing plays using inmates and professional
actors. You died there in 1814, virtually in
the arms of your teenage mistress.
You are a revolutionary deviant. I applaud you.
não sei se fique vaidoso ou preocupado, com este resultado.
Which Imfamous criminal are you?
brought to you by Quizilla
Um património esquecido e maltratado por todos - o ambiente e as árvores que o compõem. O mau tempo, do passado fim-de-semana, "arrancou" parte do Metrosidero centenário do Campo de São Francisco, em Ponta Delgada. Será que alguém se deu conta do sucedido (para além, obviamente, dos serviços camarários que no sábado à tarde limparam o "sucedido")? Amigos, com ou sem autonomia não há "ambiente" que resista...
Sobre os Açores e a Europa
Permitam, amigos do blogoarquipélago, que diga duas coisas a propósito desta discussão em torno da Autonomia e da Europa.
A criação de um circulo eleitoral europeu para os Açores e Madeira, teria necessariamente que implicar o mesmo para Canárias, Ilhas Reunião, Guadalupe, etc., etc... O que no meu entender é uma estupidez tacanha. A meu ver o importante não é pensar uma união europeia de regiões, por mais isoladas e distantes que elas sejam. O importante é pensar uma Europa de Países que, unidos nas suas diferenças, saibam respeitar os interesses e preocupações das suas regiões. Se vamos pelo caminho da especificidade regional arriscamos a ter uma Europa de mil e uma nações. Ora imaginem um circulo para a Baviera, para a Córsega, para a Sicília, para a Catalunha, para o Alentejo e por ai fora...
Meus amigos não se percam em miudezas há problemas graves para resolver, problemas que são da região, do país e da União Europeia. Recuso-me a acreditar que temos menos poder de influência e de poder de decisão, ou que os nossos interesses específicos, não são defendidos na União porque somos representados por um ou dois míseros deputados no Parlamento Europeu eleitos em listas nacionais. Não, os nossos interesses tal como os interesses do todo nacional são defendidos por todos os deputados eleitos por este país, sejam eles de esquerda ou de direita, sejam eles de Braga, de Lisboa, de Évora, ou do Pico...
Quanto à questão da Autonomia, apetece-me parafrasear um dito do melhor político do século vinte: é a pior possível mas é a melhor que já se inventou até agora. E continuando com citações de famosos: não perguntemos o que a Autonomia pode fazer por nós mas o que nós podemos fazer pela Autonomia.
A evolução dos sistemas só depende da participação dos cidadãos. Era só o que me apetecia dizer sobre este assunto, agora vou ver e ouvir o Vítor Cruz, porque como dizia o outro, conhece os teus adversários...
A criação de um circulo eleitoral europeu para os Açores e Madeira, teria necessariamente que implicar o mesmo para Canárias, Ilhas Reunião, Guadalupe, etc., etc... O que no meu entender é uma estupidez tacanha. A meu ver o importante não é pensar uma união europeia de regiões, por mais isoladas e distantes que elas sejam. O importante é pensar uma Europa de Países que, unidos nas suas diferenças, saibam respeitar os interesses e preocupações das suas regiões. Se vamos pelo caminho da especificidade regional arriscamos a ter uma Europa de mil e uma nações. Ora imaginem um circulo para a Baviera, para a Córsega, para a Sicília, para a Catalunha, para o Alentejo e por ai fora...
Meus amigos não se percam em miudezas há problemas graves para resolver, problemas que são da região, do país e da União Europeia. Recuso-me a acreditar que temos menos poder de influência e de poder de decisão, ou que os nossos interesses específicos, não são defendidos na União porque somos representados por um ou dois míseros deputados no Parlamento Europeu eleitos em listas nacionais. Não, os nossos interesses tal como os interesses do todo nacional são defendidos por todos os deputados eleitos por este país, sejam eles de esquerda ou de direita, sejam eles de Braga, de Lisboa, de Évora, ou do Pico...
Quanto à questão da Autonomia, apetece-me parafrasear um dito do melhor político do século vinte: é a pior possível mas é a melhor que já se inventou até agora. E continuando com citações de famosos: não perguntemos o que a Autonomia pode fazer por nós mas o que nós podemos fazer pela Autonomia.
A evolução dos sistemas só depende da participação dos cidadãos. Era só o que me apetecia dizer sobre este assunto, agora vou ver e ouvir o Vítor Cruz, porque como dizia o outro, conhece os teus adversários...
Resposta aos comentários do André Bradford no seu blog Não M´Acredito
O André apresenta os três seguintes pontos como resposta ao meu post. Seguem os meus comentários a cada ponto.
1º Nunca me passaria pela cabeça que o intuito do Dr. Victor Cruz fosse o de chamar a atenção para a questão do círculo eleitoral regional às Europeias por duas razões principais: desde logo, porque não é essa a razão principal; segundo, porque me faz confusão que ele queira propor uma alteração às regras do jogo quando faltam apenas 4 meses para as Eleições Europeias, e não queira alterar as "regras do jogo" em relação às Regionais, que são daqui a 8.
A questão aqui não é tanto, qual o intuito do Dr. Victor Cruz mas sim a tua capacidade, como comentador político, de ver qual a questão mais importante abordada. Dos parágrafos assinalados tu escolheste evidenciar que ele já está a admitir que o resultado das europeias, na região, não têm a mesma importância do que as regionais. Eu escolhi evidenciar que ele acha uma vitória pessoal ter conseguido colocar um candidato açoriano num lugar elegível nas listas do PSD/CDS/PP.
2º A diplomacia açoriana é, constitucional e estatutariamente, uma diplomacia a dois tempos, isto é, primeiro com Lisboa, depois com o resto do mundo. O que poderá estar mal, do teu ponto de vista, é a Constituição e o Estatuto Político-Administrativo da Região. Mas essa é toda uma outra discussão, além de que nunca nos impediu de estabelecermos contactos directos com organismos internacionais - como acontece com a União Europeia -, regiões ou Estados, como aconteceu já com a Califórnia ou com Timor Leste.
Blá, blá, blá. O que está mal, meu amigo é esta autonomia. Todo o resto é blá, blá, blá.
Não é o que esta autonomia “nunca me impediu” de fazer que me preocupa, mas sim aquilo que ela não me permite, “prontos”!
3º Não me parece que seja triste, de uma perspectiva realista, ter um candidato em lugar elegível ao Parlamento Europeu. Triste seria não ter ou então trocar um deputado europeu açoriano por uma Secretaria de Estado.
Eu não disse que era triste ter ou não ter. O que eu disse é que é triste que a semântica da questão nos seja posta de forma a parecer como uma grande conquista por parte de Victor Cruz e uma piedosa oferta por parte das hostes sociais-democratas cristãs da capital do império o facto de um açoriano estar colocado num lugar elegível.
Obrigado, André, pelos teus comentários.
1º Nunca me passaria pela cabeça que o intuito do Dr. Victor Cruz fosse o de chamar a atenção para a questão do círculo eleitoral regional às Europeias por duas razões principais: desde logo, porque não é essa a razão principal; segundo, porque me faz confusão que ele queira propor uma alteração às regras do jogo quando faltam apenas 4 meses para as Eleições Europeias, e não queira alterar as "regras do jogo" em relação às Regionais, que são daqui a 8.
A questão aqui não é tanto, qual o intuito do Dr. Victor Cruz mas sim a tua capacidade, como comentador político, de ver qual a questão mais importante abordada. Dos parágrafos assinalados tu escolheste evidenciar que ele já está a admitir que o resultado das europeias, na região, não têm a mesma importância do que as regionais. Eu escolhi evidenciar que ele acha uma vitória pessoal ter conseguido colocar um candidato açoriano num lugar elegível nas listas do PSD/CDS/PP.
2º A diplomacia açoriana é, constitucional e estatutariamente, uma diplomacia a dois tempos, isto é, primeiro com Lisboa, depois com o resto do mundo. O que poderá estar mal, do teu ponto de vista, é a Constituição e o Estatuto Político-Administrativo da Região. Mas essa é toda uma outra discussão, além de que nunca nos impediu de estabelecermos contactos directos com organismos internacionais - como acontece com a União Europeia -, regiões ou Estados, como aconteceu já com a Califórnia ou com Timor Leste.
Blá, blá, blá. O que está mal, meu amigo é esta autonomia. Todo o resto é blá, blá, blá.
Não é o que esta autonomia “nunca me impediu” de fazer que me preocupa, mas sim aquilo que ela não me permite, “prontos”!
3º Não me parece que seja triste, de uma perspectiva realista, ter um candidato em lugar elegível ao Parlamento Europeu. Triste seria não ter ou então trocar um deputado europeu açoriano por uma Secretaria de Estado.
Eu não disse que era triste ter ou não ter. O que eu disse é que é triste que a semântica da questão nos seja posta de forma a parecer como uma grande conquista por parte de Victor Cruz e uma piedosa oferta por parte das hostes sociais-democratas cristãs da capital do império o facto de um açoriano estar colocado num lugar elegível.
Obrigado, André, pelos teus comentários.
É tudo tão patético
O Correio dos Açores diz que o Dr. Victor Cruz declarou que …, as eleições de Junho são “muito importantes”, mas “não devem ser confundidas como uma espécie de ‘primárias’ para as legislativas regionais de Outubro”. “São eleições diferentes, cada qual com a sua importância específica”, disse.
Victor Cruz aproveitou ainda para reafirmar a necessidade da criação de um círculo eleitoral próprio, para os Açores e para a Madeira, nas eleições ao Parlamento Europeu, conforme consta do projecto de revisão constitucional apresentado pelo PSD/PP..
Imediatamente o André Bradford no seu blog escreveu, euforicamente, e falhando completamente o importante da questão, que ”Isto é que uma prova de força e convicção na vitória. O homem sabe muito, sabe com certeza muito mais do que deixa transparecer. Sabe, por exemplo, que vai perder as Europeias e que não lhe convém que se misturem as estações.”
Eu acho que Victor Cruz tem razão. Sem a criação de um círculo eleitoral próprio para os Açores, sem candidatos nossos a defenderem um programa de relacionamento com Europa, específico para a região, com a responsabilização dos órgãos políticos regionais perante esse programa, o resultado desta eleição não representa nada para os Açores e vai ser um merecido poço de absentismo.
Triste, triste é o líder do maior partido da oposição (acredito que o discurso do PS vai ser exactamente o mesmo) vir dizer que se reveste de “grande interesse para os Açores” o facto de ter conseguido assegurar a presença de um candidato açoriano, em lugar elegível, na lista nacional do PSD/PP para o Parlamento Europeu.
Muito obrigado Dr. Victor Cruz. Muito obrigado Dr. Durão Barroso e Dr Paulo Portas. Muito obrigado PSD e CDS/PP nacional. Muito obrigado Portugal.
Continuo a dizer que esta é uma autonomia falsa e vazia. É tudo tão patético, e não há quem lhe dê um tiro de misericórdia e acabe com ela…
Victor Cruz aproveitou ainda para reafirmar a necessidade da criação de um círculo eleitoral próprio, para os Açores e para a Madeira, nas eleições ao Parlamento Europeu, conforme consta do projecto de revisão constitucional apresentado pelo PSD/PP..
Imediatamente o André Bradford no seu blog escreveu, euforicamente, e falhando completamente o importante da questão, que ”Isto é que uma prova de força e convicção na vitória. O homem sabe muito, sabe com certeza muito mais do que deixa transparecer. Sabe, por exemplo, que vai perder as Europeias e que não lhe convém que se misturem as estações.”
Eu acho que Victor Cruz tem razão. Sem a criação de um círculo eleitoral próprio para os Açores, sem candidatos nossos a defenderem um programa de relacionamento com Europa, específico para a região, com a responsabilização dos órgãos políticos regionais perante esse programa, o resultado desta eleição não representa nada para os Açores e vai ser um merecido poço de absentismo.
Triste, triste é o líder do maior partido da oposição (acredito que o discurso do PS vai ser exactamente o mesmo) vir dizer que se reveste de “grande interesse para os Açores” o facto de ter conseguido assegurar a presença de um candidato açoriano, em lugar elegível, na lista nacional do PSD/PP para o Parlamento Europeu.
Muito obrigado Dr. Victor Cruz. Muito obrigado Dr. Durão Barroso e Dr Paulo Portas. Muito obrigado PSD e CDS/PP nacional. Muito obrigado Portugal.
Continuo a dizer que esta é uma autonomia falsa e vazia. É tudo tão patético, e não há quem lhe dê um tiro de misericórdia e acabe com ela…
segunda-feira, fevereiro 9
Eleições à porta
O PS, a Europa e os Açores.
A ser verdade, o PS e a sua actual direcção preparam-se para dar mais um valente tiro no pé. Infelizmente. A escolha do Professor Sousa Franco para cabeça de lista do PS ás eleições para o Parlamento Europeu, é a pior escolha possível. Sousa Franco é uma figura cinzenta, quase hieroglífica, críptica. Desconcertada dos anseios das pessoas. Acredito que haja dificuldade em encontrar um bom candidato, um que queira ir e que ao mesmo tempo conquiste o eleitorado. Acredito que dentro do partido haja discussão acesa sobre esta questão. Espero, honestamente, para bem do país e da esquerda que o PS arrepie caminho e consiga apresentar um nome mais atractivo, mais próximo dos eleitores, para disputar está eleição que será, para todos os efeitos, vital para a direcção de Ferro Rodrigues. Por vezes é preciso arriscar e fugir da tentação do centro, talvez fosse o momento de apostar num nome não consensual, Ana Gomes por exemplo, e fazer uma campanha forte, sem medo de chamar as coisas pelos nomes. Durão Barroso já baixou a fasquia, pondo o ónus no resultado do PS. Sousa Franco não dá a vitória ao PS.
Entretanto, Carlos César foi à SIC dar uma boa entrevista a uma mal preparada Maria João Avillez. É incrível como o Presidente do Governo Regional conseguiu, certamente contra as expectativas de muitos, talvez até das minhas próprias expectativas, transmitir uma imagem de um político seguro, calmo, ambicioso, próximo do estadista. É certo que o total desconhecimento que a entrevistadora demonstrou do Sr. César ajudou, mas mesmo assim foi um ponto conquistado por Carlos César no caminho que se avizinha difícil rumo à reeleição. Quem olhou para a coisa de forma isenta, uns ficaram surpreendidos pela positiva, outros ficaram seguramente preocupados e a fazer contas de cabeça. A ver vamos o que o arraial da campanha dirá.
A ser verdade, o PS e a sua actual direcção preparam-se para dar mais um valente tiro no pé. Infelizmente. A escolha do Professor Sousa Franco para cabeça de lista do PS ás eleições para o Parlamento Europeu, é a pior escolha possível. Sousa Franco é uma figura cinzenta, quase hieroglífica, críptica. Desconcertada dos anseios das pessoas. Acredito que haja dificuldade em encontrar um bom candidato, um que queira ir e que ao mesmo tempo conquiste o eleitorado. Acredito que dentro do partido haja discussão acesa sobre esta questão. Espero, honestamente, para bem do país e da esquerda que o PS arrepie caminho e consiga apresentar um nome mais atractivo, mais próximo dos eleitores, para disputar está eleição que será, para todos os efeitos, vital para a direcção de Ferro Rodrigues. Por vezes é preciso arriscar e fugir da tentação do centro, talvez fosse o momento de apostar num nome não consensual, Ana Gomes por exemplo, e fazer uma campanha forte, sem medo de chamar as coisas pelos nomes. Durão Barroso já baixou a fasquia, pondo o ónus no resultado do PS. Sousa Franco não dá a vitória ao PS.
Entretanto, Carlos César foi à SIC dar uma boa entrevista a uma mal preparada Maria João Avillez. É incrível como o Presidente do Governo Regional conseguiu, certamente contra as expectativas de muitos, talvez até das minhas próprias expectativas, transmitir uma imagem de um político seguro, calmo, ambicioso, próximo do estadista. É certo que o total desconhecimento que a entrevistadora demonstrou do Sr. César ajudou, mas mesmo assim foi um ponto conquistado por Carlos César no caminho que se avizinha difícil rumo à reeleição. Quem olhou para a coisa de forma isenta, uns ficaram surpreendidos pela positiva, outros ficaram seguramente preocupados e a fazer contas de cabeça. A ver vamos o que o arraial da campanha dirá.
domingo, fevereiro 8
Blogoarquipélago e duas provocações
Acabo de juntar mais uns blogs açorianos à lista aqui do lado. O blogoarquipélago açoriano está a aumentar a olhos visto, como pequenas erupções submarinas, vão aparecendo de semana a semana novos blogs feitos nos Açores. Pudessem as ilhas crescer assim. Numa região sempre tão fechada, onde a participação cívica é afinal tão reduzida dá gosto ver que ainda há pessoas interessadas em expressar opiniões e reflectir sobre o desenvolvimento das ilhas. Só é pena que ainda haja uma minoria que não quer dar a cara, mas estão no seu direito.
Agora duas pequenas provocações.
Enquanto novas ilhas surgem do Atlântico para compor este nosso blogoarquipélago, outras há que se afundam e permanecem desaparecidas debaixo do mar. Terá o Anjo caído na terra ou terá ido fazer o bem para outro mundo?
É com algum pesar que descubro que afinal o divórcio do Luís Filipe não foi provocado por uma vontade de celibato criador, pensava eu que o Luís se ia afastar dos prazeres do mundo para se dedicar à Arte, quando afinal o Luís saiu de casa mas foi para ir viver com a amante!
Agora duas pequenas provocações.
Enquanto novas ilhas surgem do Atlântico para compor este nosso blogoarquipélago, outras há que se afundam e permanecem desaparecidas debaixo do mar. Terá o Anjo caído na terra ou terá ido fazer o bem para outro mundo?
É com algum pesar que descubro que afinal o divórcio do Luís Filipe não foi provocado por uma vontade de celibato criador, pensava eu que o Luís se ia afastar dos prazeres do mundo para se dedicar à Arte, quando afinal o Luís saiu de casa mas foi para ir viver com a amante!
Escova de unhas
Folgo em saber que o Nuno já concorda comigo.
Cargo para o Paulo Gusmão...??? Vou pensar no assunto, mas assim de repente que tál adido comercial na Embaixada de Portugal no Burkina Fasso.
Cargo para o Paulo Gusmão...??? Vou pensar no assunto, mas assim de repente que tál adido comercial na Embaixada de Portugal no Burkina Fasso.
sábado, fevereiro 7
o Futuro da Pesca
...nos Açores passa pela Cana!
"São maneiras de arranjar sarilho por causa de um barco" palavras do Ministro Sevinate Pinto. Eu apenas gostaria de saber se o "sarilho" fosse na Madeira ou em àguas espanholas - o - "barco" teria outro tipo de comentários!?...
"São maneiras de arranjar sarilho por causa de um barco" palavras do Ministro Sevinate Pinto. Eu apenas gostaria de saber se o "sarilho" fosse na Madeira ou em àguas espanholas - o - "barco" teria outro tipo de comentários!?...
sexta-feira, fevereiro 6
Enganos e desenganos
Estive a pensar numa coisa que me surpreendeu. Ultimamente tenho escrito aqui sobre as eleições americanas e não escondo a minha propensão por Kerry, ao mesmo tempo que escrevo também sobre as eleições regionais e a minha desconfiança da coligação PSD/PP. Pois cai em mim e dei-me conta de uma pequena contradição (ou talvez não) pessoal. Aquilo que está a levar John Kerry até uma vitória na convenção democrata é o mesmo tipo de sentimento que dá vida à coligação, ambos se alimentam de um objectivo de destituir um poder instalado. A maneira simplificada de observar estes dois fenómenos políticos é esta. Tirar Bush da Casa Branca, tirar Cesar do Palácio de Santana.
Mas há uma diferença primordial entre eles, John Kerry é
um homem empenhado em derrotar George W. Bush pelo que isso representa para o bem da América e do mundo. Há um interesse numa substancial inversão de políticas e de atitudes na governação, é por isso que Kerry luta e é isso que uma grande parte dos americanos vê nele. Em Vitor Cruz e em Alvarino Pinheiro não vejo outro empenho que não seja tirar de lá, do poleiro do poder, Carlos Cesar pela espúria razão de se quererem instalar lá eles, se sentisse ou visse nesta falsa irmandade um objectivo de mudança para o bem dos Açores e dos açorianos, talvez acredita-se. A verdade é que desde que há uns meses atrás li um artigo na The Atlantic Monthly sobre a comissão de Kerry no Vietnam e a sua posterior luta pelo fim da guerra que passei a acreditar nele, mas na coligação da direita açoriana não ponho nenhuma fé.
Mas há uma diferença primordial entre eles, John Kerry é
um homem empenhado em derrotar George W. Bush pelo que isso representa para o bem da América e do mundo. Há um interesse numa substancial inversão de políticas e de atitudes na governação, é por isso que Kerry luta e é isso que uma grande parte dos americanos vê nele. Em Vitor Cruz e em Alvarino Pinheiro não vejo outro empenho que não seja tirar de lá, do poleiro do poder, Carlos Cesar pela espúria razão de se quererem instalar lá eles, se sentisse ou visse nesta falsa irmandade um objectivo de mudança para o bem dos Açores e dos açorianos, talvez acredita-se. A verdade é que desde que há uns meses atrás li um artigo na The Atlantic Monthly sobre a comissão de Kerry no Vietnam e a sua posterior luta pelo fim da guerra que passei a acreditar nele, mas na coligação da direita açoriana não ponho nenhuma fé.
Brincar às Guerras
A irresponsabilidade de um Presidente e a "desresponsabilização" das “agências de segurança”. Uma Guerra de surdos às custas do 3º Mundo...e de um país devastado à espera de uma Guerra pela "reconstrução" e de uma pretensa Democracia. Bush a quanto obrigas!
quinta-feira, fevereiro 5
ARDEMAR
Esta Mariana deve ser um espanto de mulher.
No melhor dos casos uma "Mátria".
No pior, canto ou encanto de sereia.
No melhor dos casos uma "Mátria".
No pior, canto ou encanto de sereia.
Janet Jackson afastada dos Grammys
"A cantora norte-americana Janet Jackson foi afastada da cerimónia de entrega dos Grammys, devido à polémica despoletada pela sua actuação com Justin Timberlake no intervalo do Super Bowl." (in COTONETE:IOL:PT).
Que cultura mais que hipócrita. Não percebo como é que o Clinton conseguiu sobreviver, honra seja feita às suas capacidades de sobrevivência política.
A cultura americana devia preocupar-se muita mais com a entrada nas suas casas de programação transbordando de violência. Desde as suas versões de algumas modalidades desportivas como por exemplo o Hóquei em gelo, como os "macaquinhos" que logo pela madrugada, ainda os pais dormem, já os pichenos se consolam a ver matar e morrer.
Que cultura mais que hipócrita. Não percebo como é que o Clinton conseguiu sobreviver, honra seja feita às suas capacidades de sobrevivência política.
A cultura americana devia preocupar-se muita mais com a entrada nas suas casas de programação transbordando de violência. Desde as suas versões de algumas modalidades desportivas como por exemplo o Hóquei em gelo, como os "macaquinhos" que logo pela madrugada, ainda os pais dormem, já os pichenos se consolam a ver matar e morrer.
Extracto de um conto
...
O Gonçalo tinha ido a procura do Luís e do Francisco. Ao Francisco, foi encontrá-lo num avançado processo de engate, todo debruçado sobre uma pequena, falando de mansinho, numa voz profunda e baça. Como se alguém pudesse ouvir alguém no meio daquela algazarra. Mas este era o Francisco, e o seu charme ultrapassava barreiras sensoriais. Numa das mãos tinha um whisky velho e envelhecido, com o gelo quase desaparecido. Como sempre, o Francisco mantinha o seu dedo dentro do copo, a fazer companhia aquela pedra de gelo que se definhava. Dedo e pedra entrelaçavam-se dentro do espaço do copo, num ritual de dança que só uma pessoa que aprecia a companhia de um bom whisky poderia perceber. No momento em que, no meio daquela barafunda, ele num profundo silêncio, aproximou o seu corpo do daquela rapariga e, lentamente, deixou que os dois corpos roçassem até conseguir sentir o quente do corpo dela, uma mão agarrou-o por detrás. Ao princípio assustou-se, pensou que seria o pai, um irmão, talvez até um namorado. Com o corpo repleto de hormonas e atestado com álcool, virou-se preparado para participar num acto de violência, aliás, uma boa festa de passagem de ano não acabaria bem sem um tal acto final. Mas era o Gonçalo – ” Vamos, está na hora!” – disse-o com um sorriso de quem diz – ” (Querias-te agarrar sozinho, não?)” –. O Francisco olhou para o Gonçalo com um ar de uma perfeita mistura de indignação e aborrecimento como que a dizer – ” (Ó meu, estás-me a foder o esquema)” – e preparou-se para lhe tornar a virar as costas. O Gonçalo tornou a agarrá-lo e berrou-lhe ao ouvido – ”Vá lá! Já são quase uma da manhã e o João já chegou!” –. O grupo estava agora completo, e ele sabia que teria que deixar este perfeito banquete para mais tarde. Podia ser que, ainda antes da luz da manhã aparecer, volta-se a encontra-la e então estaria mais bêbado e o engate seria ainda melhor. Com o Gonçalo a puxá-lo pela gola do smoking, virou-se para a rapariga e, já todo esticado, levantou-lhe a mão, beijou-a, que nem um dramático Valentino, e ficou de mão estendida, enquanto o Gonçalo o puxava, até mergulharem naquele povo que dançava no meio do formigueiro. Num último olhar, turvado por mais de seis wiskys, decidiu que a mulher que quase possuíra era linda, perfeita, e era assim que dela se lembraria no dia seguinte.
De volta passaram pela zona dos quartos de banho. Era por lá que encontrariam o Luís. Certo e sabido. Num canto do salão, não muito longe das portas que davam entrada para os quartos de banho, numa zona aonde a música já não se houve tão alto e aonde a luz já é pouca, uma zona de limbo, tipo purgatório carnavalesco, nem festa, nem funeral, lá estava o nosso Luís, num estado pré-vomitário. Com um sorriso daqueles, abandonado na sua boca há algum tempo, sem se lembrar já porquê, lá estava ele. Encostado à parede branca, já desbotada no seu smoking e com a bochecha espalmada de encontra aquela parede, aproveitando o seu frio que nem um dedo e uma pedra de gelo num copo de bom whisky. O Gonçalo e o Francisco saíram de dentro da tribo dançante, não se deram ao trabalho de lhe explicar nada, agarraram-no cada um pelo seu braço e como que sofrendo a pressão de uma força centrifuga voltaram a mergulhar naquela massa de gente e dirigiram-se para os seu espaço na selva.
...
O Gonçalo tinha ido a procura do Luís e do Francisco. Ao Francisco, foi encontrá-lo num avançado processo de engate, todo debruçado sobre uma pequena, falando de mansinho, numa voz profunda e baça. Como se alguém pudesse ouvir alguém no meio daquela algazarra. Mas este era o Francisco, e o seu charme ultrapassava barreiras sensoriais. Numa das mãos tinha um whisky velho e envelhecido, com o gelo quase desaparecido. Como sempre, o Francisco mantinha o seu dedo dentro do copo, a fazer companhia aquela pedra de gelo que se definhava. Dedo e pedra entrelaçavam-se dentro do espaço do copo, num ritual de dança que só uma pessoa que aprecia a companhia de um bom whisky poderia perceber. No momento em que, no meio daquela barafunda, ele num profundo silêncio, aproximou o seu corpo do daquela rapariga e, lentamente, deixou que os dois corpos roçassem até conseguir sentir o quente do corpo dela, uma mão agarrou-o por detrás. Ao princípio assustou-se, pensou que seria o pai, um irmão, talvez até um namorado. Com o corpo repleto de hormonas e atestado com álcool, virou-se preparado para participar num acto de violência, aliás, uma boa festa de passagem de ano não acabaria bem sem um tal acto final. Mas era o Gonçalo – ” Vamos, está na hora!” – disse-o com um sorriso de quem diz – ” (Querias-te agarrar sozinho, não?)” –. O Francisco olhou para o Gonçalo com um ar de uma perfeita mistura de indignação e aborrecimento como que a dizer – ” (Ó meu, estás-me a foder o esquema)” – e preparou-se para lhe tornar a virar as costas. O Gonçalo tornou a agarrá-lo e berrou-lhe ao ouvido – ”Vá lá! Já são quase uma da manhã e o João já chegou!” –. O grupo estava agora completo, e ele sabia que teria que deixar este perfeito banquete para mais tarde. Podia ser que, ainda antes da luz da manhã aparecer, volta-se a encontra-la e então estaria mais bêbado e o engate seria ainda melhor. Com o Gonçalo a puxá-lo pela gola do smoking, virou-se para a rapariga e, já todo esticado, levantou-lhe a mão, beijou-a, que nem um dramático Valentino, e ficou de mão estendida, enquanto o Gonçalo o puxava, até mergulharem naquele povo que dançava no meio do formigueiro. Num último olhar, turvado por mais de seis wiskys, decidiu que a mulher que quase possuíra era linda, perfeita, e era assim que dela se lembraria no dia seguinte.
De volta passaram pela zona dos quartos de banho. Era por lá que encontrariam o Luís. Certo e sabido. Num canto do salão, não muito longe das portas que davam entrada para os quartos de banho, numa zona aonde a música já não se houve tão alto e aonde a luz já é pouca, uma zona de limbo, tipo purgatório carnavalesco, nem festa, nem funeral, lá estava o nosso Luís, num estado pré-vomitário. Com um sorriso daqueles, abandonado na sua boca há algum tempo, sem se lembrar já porquê, lá estava ele. Encostado à parede branca, já desbotada no seu smoking e com a bochecha espalmada de encontra aquela parede, aproveitando o seu frio que nem um dedo e uma pedra de gelo num copo de bom whisky. O Gonçalo e o Francisco saíram de dentro da tribo dançante, não se deram ao trabalho de lhe explicar nada, agarraram-no cada um pelo seu braço e como que sofrendo a pressão de uma força centrifuga voltaram a mergulhar naquela massa de gente e dirigiram-se para os seu espaço na selva.
...
BOM TEMPO NO FOGUETABRAZE
Em plena intempérie, um post de 3 de Fevereiro do foguetabraze, prenunciava, para para hoje e amanhã, sol radioso e céu límpido. Dada a confirmação da profecia garanto que pela parte que me toca deixo de dar ouvidos ao Pedro Mata e seus acólitos. O Nuno é bem melhor como barómetro ! Só espero que tenha igual fiabilidade no barómetro...político.
NEURASTENIA PING ... PING...
Fora do catálogo dos livros do ano « Alma Ferida » de Zeca Soares é, no seu estilo, um objecto «literário» intempestivo e inolvidável. O autor de « Essência Perdida » , e figurante do filme « Party » realizado por Manoel de Oliveira, regressa ao convívio dos seus leitores entre os quais seguramente se encontra o próprio.
Enquanto se aguarda que seja dado ao prelo o « Diário de um homem esquecido – frases, pensamentos e poemas de Zeca Soares », bem como o tão aguardado romance seminal « Tão perto , tão longe... », fica-nos a degustação da mais recente colecção de poemas desta jovem promessa das Letras Micaelenses.
Mesmo a calhar neste dia de bonança, em nostalgia da telúrica borrasca que já passou, aqui fica uma indelével estrofe do soneto « Na esquina do tempo ...» :
« Ping...Ping... Lá fora a chuva cai
E só quero afogar essa dor...
Do meu coração solta-se mais um «ai»
Como esqueço esse malvado amor ?...»
Poeta não só dos humores temporais, mas também com arrojo para cotejar a angst existencial, flui nesse trilho de profunda introspecção cuja epítome é esta estrófica dúvida exposta noutro notável soneto de seu nome « Meu teatro de papel » :
« A dor então dirigiu-se a mim
E perguntou-me se gostava da sua companhia...
E apenas lhe respondi assim :
Sabes o que significa a palavra neurastenia ? »
É com insaciável frenesim que se espera o próximo título que enobrecerá os escaparates e a biografia do autor. Para breve está já anunciada a edição de « Verbus – contos e poesia » - colectânea de poesia e prosa poética de 20 escritores portugueses - a dar à estampa pela Editorial Minerva. Sendo certo que Minerva é a benfeitora romana da sabedoria e do conhecimento espera-se a sua sagaz vigília deste poeta latino .
Enquanto se aguarda que seja dado ao prelo o « Diário de um homem esquecido – frases, pensamentos e poemas de Zeca Soares », bem como o tão aguardado romance seminal « Tão perto , tão longe... », fica-nos a degustação da mais recente colecção de poemas desta jovem promessa das Letras Micaelenses.
Mesmo a calhar neste dia de bonança, em nostalgia da telúrica borrasca que já passou, aqui fica uma indelével estrofe do soneto « Na esquina do tempo ...» :
« Ping...Ping... Lá fora a chuva cai
E só quero afogar essa dor...
Do meu coração solta-se mais um «ai»
Como esqueço esse malvado amor ?...»
Poeta não só dos humores temporais, mas também com arrojo para cotejar a angst existencial, flui nesse trilho de profunda introspecção cuja epítome é esta estrófica dúvida exposta noutro notável soneto de seu nome « Meu teatro de papel » :
« A dor então dirigiu-se a mim
E perguntou-me se gostava da sua companhia...
E apenas lhe respondi assim :
Sabes o que significa a palavra neurastenia ? »
É com insaciável frenesim que se espera o próximo título que enobrecerá os escaparates e a biografia do autor. Para breve está já anunciada a edição de « Verbus – contos e poesia » - colectânea de poesia e prosa poética de 20 escritores portugueses - a dar à estampa pela Editorial Minerva. Sendo certo que Minerva é a benfeitora romana da sabedoria e do conhecimento espera-se a sua sagaz vigília deste poeta latino .
Bruma
Ao fim de três dias de borrasca, três dias que pareceram semanas, regressou o azul e o sol. São Miguel é tanto bruma como luz, é esse o paradigma que me prende aqui. No centro deste atlântico, no epicentro de meteorologias várias, envolto em mudanças súbitas e surpreendentes, o meu arquipélago é pleno, múltiplo, esplêndido, apavorante. Não faço, nem nunca quis fazer, um pérfido elogio da bruma e do acabrunhamento das ilhas, amo demasiado os elementos para os adjectivar na sua aparição. O que amo nos Açores é a sua complexidade e nunca confundiria isso com algo vagamente prejudicial. Creio nos variados aspectos que a natureza toma e não os julgo. Não é a cor de um dia que me faz mais ou menos optimista. A bruma é uma condição própia da ilha, não fujamos dela, mas tal como a bruma também o sol, que hoje nos inundou, imprime o seu calor no caracter da ilha. Tenho fé de que somos com os elementos e não pelo elementos, é como imaginar a ilha com a bruma e não pela bruma.
Mas para o raio que os parta com tudo isto, os Açores são o que são e mais nada. Não são as Marquises de Brel, nem o Hawaii de tantos baleeiros emigrados, nem outros vagos arquipélagos imaginários em oceanos mais pacíficos. Os Açores são o que são. E chega de criticar quem faz do arquipélago preto ou quem o põe branco, porque isto é o universo do cinzento, é de melancolias que somos feitos.
Mas para o raio que os parta com tudo isto, os Açores são o que são e mais nada. Não são as Marquises de Brel, nem o Hawaii de tantos baleeiros emigrados, nem outros vagos arquipélagos imaginários em oceanos mais pacíficos. Os Açores são o que são. E chega de criticar quem faz do arquipélago preto ou quem o põe branco, porque isto é o universo do cinzento, é de melancolias que somos feitos.
quarta-feira, fevereiro 4
Electability
A palavra mais lida nos últimos dias nos jornais americanos é “electability”. A capacidade ou não dos candidatos de ganharem as eleições. Devia-mos transportar o conceito para a regiãosinha e pensar na electability tanto de Cesar and his boys como de Cruz sus muchachos. Nos USA a campanha é não só personalizada como, muitas vezes fulanizada, os eleitores exigem saber tudo e mais alguma coisa sobre os candidatos e quando, após as convenções, a verdadeira campanha começar vão querer saber tudo sobre as equipas que acompanham os candidatos. A comunicação social americana cumpre este papel ao mais ínfimo pormenor, com reportagens para todos os gostos. Ora esta é mais uma característica que convinha importar para a santa terrinha. É fulcral saber até à exaustão quais são as políticas dos candidatos, os programas de governação e os putativos candidatos aos vários lugares no governo. É que mais do que eleger deputados estas eleições elegem governos. Vamos lá fulanizar. É notório o desgaste de alguns, talvez os mais importantes, secretários do governo PS. Obras Publicas, Economia, Ambiente, são apenas algumas das pastas que necessitam de renovação. Seria de extrema importância que Carlos Cesar apresenta-se ao eleitorado novos nomes e perfis para estes cargos, como forma de renovar a governação e estimular o eleitorado. Da mesma maneira é imperioso saber quem Vitor Cruz pretende pôr nas várias secretarias e direcções regionais. Para onde irá Berta Cabral e José Bolieiro e Alvarino Pinheiro e Paulo Gusmão? Quais as verdadeiras intenções dos candidatos no que respeita á dança das cadeiras é uma questão que deveria ser respondida com firmeza antes das eleições. Quanto mais não seja em nome da electability.
P.S. Hoje já apetece falar de política...
P.S. Hoje já apetece falar de política...
continuação do relato
Vão dizer que eu ando obcecado com isto, talvez. Mas se há coisas importantes nos dias que correm a mais importante delas é impedir a hegemonia da direita nos destinos do mundo. O mundo todo, desde a Junta de Freguesia de Rosto de Cão até à Presidência dos EUA.
Kerry ganhou cinco em sete possíveis, solidificou o seu avanço. Edwards, Dean e Clark terão que apostar tudo nas restantes primárias para chegarem à convenção ainda com hipóteses.
Uma vitória de John Kerry em Novembro será um extraordinário sinal que os americanos darão ao mundo. É preciso acreditar nisto.
Kerry ganhou cinco em sete possíveis, solidificou o seu avanço. Edwards, Dean e Clark terão que apostar tudo nas restantes primárias para chegarem à convenção ainda com hipóteses.
Uma vitória de John Kerry em Novembro será um extraordinário sinal que os americanos darão ao mundo. É preciso acreditar nisto.
terça-feira, fevereiro 3
O desassombro do Inverno
No inverno, por entre verdes inimitáveis, os volumes que criam os horizontes da ilha erguem-se pelo meio da difusa luz e da sombra dos dias cinzentos e chuvosos e formam um quadro romântico pleno de espíritos, sonhos, utopias e versos. No inverno, tal como ele nos toca hoje e nos últimos três dias, a ilha é impressionantemente soturna e agreste, mas, ao mesmo tempo, magnética e absoluta. Creio que já o disse aqui, gosto do inverno e da forma esmagadora como a natureza enquadra o humano.
P.S. Hoje não me apetece falar de política...
P.S. Hoje não me apetece falar de política...
O Decorador
Bom, espero que esteja do agrado de todos. Está feita a remodelação, creio que assim estamos prontos para mais três meses. Só fica a faltar o Paulo Decq, mas mais vale espera sentado pelo Decq....
Podem deixar sugestões ou insultos na caixa ai em baixo.
um abraço
Podem deixar sugestões ou insultos na caixa ai em baixo.
um abraço
crescimento
Agora que estamos a completar o nosso terceiro aniversário (dos três meses que levamos disto) decidimos fazer algumas mudanças na casa. Bom decidi eu e depois obrigo toda gente a engolir... Enfim uma nova pintura, as coisas mais arrumadas, uma espécie de lifting, ou um tratamento de Botox....
lá para o fim do dia espero ter a coisa feita... see ya!!
lá para o fim do dia espero ter a coisa feita... see ya!!
...
...as minhas desculpas pelos 3 post"s na « cáfila do Futebol »...é que o meu teclado ainda está a ressacar o Porto LBV entornado com o último post e prega-me destas fintas !
P.S. Problema resolvido pela administração. Um abraço João Nuno. Pedro
P.S. Problema resolvido pela administração. Um abraço João Nuno. Pedro
A CÁFILA DO FUTEBOL
A cáfila do futebol em Portugal tem rédea solta e não tem outro préstimo que não seja a deformação cívica. O desporto pode e deve servir nobilíssimos objectivos de formação humanista que se condensam na fórmula de Juvenal : « anima sana in corpore sano » . Projecção maior da dimensão humanista do desporto podia e devia ser o desporto Rei . Só que nestas, como noutras coisas, a tradição já não é o que era e o predicado nobiliárquico não é garantia coisa nenhuma.
Os lamentáveis « acontecimentos » Vimaranenses, em arena que ostenta o nome do fundador da Pátria, constituem um mau agoiro para o Euro 2004. É que neste país de brandos costumes é frequente contemporizar-se com estas hordas selvagens que pululam aos fins de semana pelos estádios e depois, no resto da semana, estão entre nós ! Consequentemente, é sempre impopular à classe política tomar medidas securitárias e repressivas, indispensáveis a corrigir desmandos à autoridade e ao civismo. Na verdade, ao invés de termos polícia de choque a carregar sobre as hostes das duas tribos tivemos a polícia de intervenção que depois de, timidamente, usar o bastão para dispersar os « populares » acabou recorrendo ao « diálogo » para os convencer a abandonar o perímetro do estádio !
Infelizmente o futebol tem tribalizado a sociedade Portuguesa em vez de a elevar. Para jogos deste jaez eu não estou convocado ! Só espero que o Euro 2004 não envergonhe - ainda mais - Portugal cuja imagem exterior é a de um país embrutecido...culturalmente !
Os lamentáveis « acontecimentos » Vimaranenses, em arena que ostenta o nome do fundador da Pátria, constituem um mau agoiro para o Euro 2004. É que neste país de brandos costumes é frequente contemporizar-se com estas hordas selvagens que pululam aos fins de semana pelos estádios e depois, no resto da semana, estão entre nós ! Consequentemente, é sempre impopular à classe política tomar medidas securitárias e repressivas, indispensáveis a corrigir desmandos à autoridade e ao civismo. Na verdade, ao invés de termos polícia de choque a carregar sobre as hostes das duas tribos tivemos a polícia de intervenção que depois de, timidamente, usar o bastão para dispersar os « populares » acabou recorrendo ao « diálogo » para os convencer a abandonar o perímetro do estádio !
Infelizmente o futebol tem tribalizado a sociedade Portuguesa em vez de a elevar. Para jogos deste jaez eu não estou convocado ! Só espero que o Euro 2004 não envergonhe - ainda mais - Portugal cuja imagem exterior é a de um país embrutecido...culturalmente !
segunda-feira, fevereiro 2
Pedido de ajuda
Pede o André Bradford, no seu blog Não M´acredito, que lhe arranjem as intervenções na íntegra do Dr. Gusmão na reunião popular do fim-de-semana, especialmente a sua incursão pelos meandros da homossexualidade.
Tenho pena em não o poder ajudar e agradeço a mesma informação. No entanto uma amiga minha conta-me que alegadamente o Dr. Gusmão abordou uma panóplia de temas actuais como o desemprego, a saúde, a educação, a toxicodependência, a segurança e etc.
Todos os desempregados são homossexuais.
Todos os homossexuais são doentes.
Os homossexuais são todos mal-educados.
Os homossexuais são todos uns drogados.
Os ladrões são todos homossexuais.
Todos os eteceteras são homossexuais.
Nota: Como a minha amiga é homossexual isto deve ser tudo mentira.
Tenho pena em não o poder ajudar e agradeço a mesma informação. No entanto uma amiga minha conta-me que alegadamente o Dr. Gusmão abordou uma panóplia de temas actuais como o desemprego, a saúde, a educação, a toxicodependência, a segurança e etc.
Todos os desempregados são homossexuais.
Todos os homossexuais são doentes.
Os homossexuais são todos mal-educados.
Os homossexuais são todos uns drogados.
Os ladrões são todos homossexuais.
Todos os eteceteras são homossexuais.
Nota: Como a minha amiga é homossexual isto deve ser tudo mentira.
De que morreu Féher
Médicos húngaros, numa comunicação oficial, ontem, anunciaram que, após efectuarem a sua própria autópsia ao seu querido conterrâneo Féher descobriram aquilo que nenhum médico em Portugal conseguiu detectar, a causa da morte do jogador do Benfica. Para grande surpresa dos jornalistas portugueses presentes, os médicos húngaros garantiram, inequivocamente, que a razão primária para a morte do jogador do Benfica foi uma doença até então desconhecida em Portugal, mas já por demais conhecida por esse mundo fora. Foi de vergonha de jogar em Portugal que morreu Féher. Vergonha, vergonha, vergonha, VERGONHA, VERGONHA, VERGONHA!
domingo, fevereiro 1
esqueceram-se...
de acrescentar - P**. Lembram-se das estradas no tempo do outro "senhor"? Hoje os métodos são "outros" e seguem por via electrónica...vamos a ver se por aqui não passará nenhuma dose de revivalismo!
O QUE É NACIONAL É BOM !
Li hoje no Público de ontem - ( insularidade oblige ) - que o Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência afirmou que : « É inadmissível que o Estado não dote a alcoologia de mais meios ! ». Efectivamente, presumindo que a alcoologia é uma ciência de elevado coturno, com vetustas tradições entre nós, é lamentável a escassez de meios nacionais disponíveis aos técnicos e entusiastas desta área do saber que, só em Portugal , ronda os 2 milhões de aficcionados !
Ao invés de proibir a venda de álcool a menores de 18 anos - ( Fernando Negrão dixit ) - , seria preferível dar formação e, eventualmente, colocar em período de estágio as nossas camadas jovens, trazendo-os de novo aos consumos nacionais com elevados padrões de qualidade, até porque estão saturados de mistelas importadas !
Em vez de se investir no que é Nacional ( que como se sabe nestas matérias é sempre bom ) permite-se que os nossos jovens se deixem seduzir por zurrapas de péssima qualidade e elevados níveis de açúcar o que, por exemplo, do ponto de vista da diabetes é sempre desaconselhável.
Em suma, há que investir com seriedade na alcoologia nacional recorrendo se possível aos melhores escanções nacionais para iniciar os jovens no alegre e são consumo dos nossos vinhos, arredando-os de bebidas importadas e carregadas de conservantes e açúcar.
Parafraseando Fernando Negrão o problema é que « os jovens estão longe daquilo que se pode considerar como o « saber beber ». Têm um beber descontrolado e sem sentido » . Ora, é assim nosso dever, - e devia ser um desígnio Nacional - , iniciar os mais novos no extenso catálogo enológico de Portugal imprimindo-lhes sentido de Nacionalidade e gosto naquilo que bebem.
Saúde e rogo que relevem alguma gralha. Sucede que inadvertidamente entornei meio cálice de um excelente Porto LBV no meu reles teclado Coreano mais habituado a chá verde e sucedâneos...
Ao invés de proibir a venda de álcool a menores de 18 anos - ( Fernando Negrão dixit ) - , seria preferível dar formação e, eventualmente, colocar em período de estágio as nossas camadas jovens, trazendo-os de novo aos consumos nacionais com elevados padrões de qualidade, até porque estão saturados de mistelas importadas !
Em vez de se investir no que é Nacional ( que como se sabe nestas matérias é sempre bom ) permite-se que os nossos jovens se deixem seduzir por zurrapas de péssima qualidade e elevados níveis de açúcar o que, por exemplo, do ponto de vista da diabetes é sempre desaconselhável.
Em suma, há que investir com seriedade na alcoologia nacional recorrendo se possível aos melhores escanções nacionais para iniciar os jovens no alegre e são consumo dos nossos vinhos, arredando-os de bebidas importadas e carregadas de conservantes e açúcar.
Parafraseando Fernando Negrão o problema é que « os jovens estão longe daquilo que se pode considerar como o « saber beber ». Têm um beber descontrolado e sem sentido » . Ora, é assim nosso dever, - e devia ser um desígnio Nacional - , iniciar os mais novos no extenso catálogo enológico de Portugal imprimindo-lhes sentido de Nacionalidade e gosto naquilo que bebem.
Saúde e rogo que relevem alguma gralha. Sucede que inadvertidamente entornei meio cálice de um excelente Porto LBV no meu reles teclado Coreano mais habituado a chá verde e sucedâneos...
O puto mimado
"Estou farto disto. Quero estar longe, longe, longe deste futebol. Não gosto do futebol português e o futebol português também não gosta de mim!"
"O que se passou em campo é inqualificável, é vergonhoso. Não sei, nem ninguém ainda sabe, o que tem João Pinto, mas todos viram que caiu mal, que os nossos jogadores se mostraram preocupados com o que estava a passar-se. Mesmo assim, um jogador do Sporting seguiu a jogada, o Liedson participou da festa e deu-se o penalty e... o golo. Por isto, e porque sei que as pessoas e o futebol português não gostam de mim é que peço ao meu presidente Pinto da Costa: deixe-me ir embora no final da temporada. E se ele autorizar, vou para outro lado. Por muito menos do que aconteceu aqui, em Inglaterra repetem-se jogos." Declarações de José Mourinho após o jogo.
O homem passou-se. Mourinho fez uma cena de menino mimado, teve uma birra e só não esperneou no chão aos gritos para não estragar o fatinho. As frases de Mourinho são inacreditáveis. Aliás mesmo que tivesse razão no que diz respeito ao lance que dá o segundo pénalti a favor do Sporting a verdade é que a arbitragem do Sr. Lucilio Baptista foi bastante beneficiadora do FCP. Mourinho quer ir embora, pois que vá...
"O que se passou em campo é inqualificável, é vergonhoso. Não sei, nem ninguém ainda sabe, o que tem João Pinto, mas todos viram que caiu mal, que os nossos jogadores se mostraram preocupados com o que estava a passar-se. Mesmo assim, um jogador do Sporting seguiu a jogada, o Liedson participou da festa e deu-se o penalty e... o golo. Por isto, e porque sei que as pessoas e o futebol português não gostam de mim é que peço ao meu presidente Pinto da Costa: deixe-me ir embora no final da temporada. E se ele autorizar, vou para outro lado. Por muito menos do que aconteceu aqui, em Inglaterra repetem-se jogos." Declarações de José Mourinho após o jogo.
O homem passou-se. Mourinho fez uma cena de menino mimado, teve uma birra e só não esperneou no chão aos gritos para não estragar o fatinho. As frases de Mourinho são inacreditáveis. Aliás mesmo que tivesse razão no que diz respeito ao lance que dá o segundo pénalti a favor do Sporting a verdade é que a arbitragem do Sr. Lucilio Baptista foi bastante beneficiadora do FCP. Mourinho quer ir embora, pois que vá...
Subscrever:
Mensagens (Atom)