O Nuno, aquele poço de malícia, anda há algum tempo a provocar-me, a ver se eu me descoso e me posiciono em relação à independência dos Açores. Recentemente, e de uma maneira menos acusatória, mais simpática e directa, perguntava-me se eu deixara de ser separatista, pergunta que implica, à partida, duas coisas. Que, pelo menos, sabe que já fui separatista e outra que, o Nuno, tem uma definição comum do que é ser separatista.
Uma pergunta posta assim não pode ser respondida, por várias razões. Primeira, porque, o Nuno não sabe se fui separatista pois nunca lho disse pessoalmente, nem publicamente. Segundo, porque, para uma pessoa que diz que existe lógica em ser-se monárquico e ateu, ao mesmo tempo, um separatista pode ser um absolutista que acredita na separação do Estado e da Igreja. É necessário, pois, definir.
Sou separatista porque acredito na separação do estado e da igreja.
Em relação ao que liga os Açores a Portugal não sou separatista, e por várias razões. Hoje acho que é uma forma depreciativa de denominar quem pretende e sonha uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios. A nossa comunhão de língua, cultura, de tradições e mesmo até de religião não nos permite separatismos, seríamos um aborto cultural.
Existe para além desta comunhão cultural um vínculo político e jurídico, em relação ao Estado, ao qual somos obrigados. Este vínculo, sim, é que não é natural, pois não existe, nem nunca existiu, a meu ver, uma consciência nacional comum, com interesses, necessidades e aspirações comuns. Este vínculo tem como pilar um Estado colonialista e resultou num aborto autonómico.
Não sou nacionalista porque não faço da nação, Açores ou Portugal, um absoluto, nem acredito que hoje exista um Estado não sujeito.
Se ser independentista em relação a uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios, é o oposto de ser dependente, subordinado, domínio, pertença, anexo ou colónia, e é defender interesses, necessidades e aspirações específicas, então, sim, sou independentista, mesmo correndo o risco de isso ser uma forma de cidadania ilegal.
Nunca percebi quem tem medo ou não vê a naturalidade de quem pretende e sonha uns Açores livres, que se governem por leis e estatutos próprios, com interesses, necessidades e aspirações específicas. Estou-me marimbando se para isso temos de ser baptizados de “pátria”, “nação”, “estado” ou outro título qualquer, desde que o sejamos, por querer próprio, independentes e Açores.
1 comentário:
Meu Deus ! Graças a Deus que conheço tantos Açoreanos, e nenhum pensa como o senhor ! Amanhã teríamos o Alentejo o Algarve o Minho e tudo o mais a querer o mesmo ?!? Claro que vc alegaria logo que "é completamente diferente" ! Conheço muito bem os Açores e os Açoreanos ! São Grande Patriotas Portugueses, com uma enorme consciência Nacional e de Pertença ao "Devir" e ao "Porvir" Português ! Os Açores são aliás provavelmente a parcela de Portugal onde encontrei maior e mais genuíno Nacionalismo/Patriotismo ! Encontro nos um sentido quase Espiritual de Pertença a Portugal ! Como se os Açores fossem um último reduto do Império do Universalismo Português ... que se exprime na forma de culto ao Espírito Santo, e que será a partir dos Açores que se iniciará a "Ultima grande Missão Portuguesa", Profetizada por Fernando Pessoa e Padre António Vieira ... " O QUINTO IMPÉRIO " !!! Por isso tenha juizo Antonio José ... porque os Açoreanos a pnsar com vc nem 1% são !
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