terça-feira, julho 31

Antonioni



Não é o melhor filme de Michelangelo Antonioni, mas foi sempre para mim o mais marcante. Fala dos dois elementos mais fundamentais da existência humana - o amor e a liberdade. Zabriskie Point.

Reporter X

Ponta Delgada. Rua de Lisboa. Julho 2007. Oficina e stand automóvel com extensão inevitável para a via pública. Na sequência desta benesse urbana os moradores e restante população usufruem do acesso ilimitado ao inusitado ruído do tunning (também disponível em regime afterhours!). E para os clientes habituais está reservado o parqueamento todo o terreno e à borla. Onde se situa este arruamento? Na periferia? Na zona industrial? Não. É apenas e somente uma densa zona habitacional e uma via primordial na acessibilidade ao centro histórico da cidade.

Alqueires, palmos e varas…pequenas e grandes!

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foto fôguetabraze.
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"Em várias regiões do Continente, bem como nas Ilhas açorianas é normal e tradicional falar-se em alqueires como medida de capacidade.
Variam de região e de ilha para ilha entre os 10 a 12 litros e, é corrente vender-se o grão do feijão, do milho, do trigo, da fava etc..., e até em certas regiões o azeite, ao alqueire.

Nas Ilhas dos Açores, além de alqueire como medida de capacidade, existe um outro “alqueire”, este como medida de superfície e que é utilizado ao longo dos anos nas medições de terrenos agrícolas ou florestais, para inventário do património dos respectivos proprietários, quer na compra e venda de propriedades rústicas quer ainda para cálculos de foros, adubações, sementeiras e colheitas.
Ainda hoje se ouve em muitos concelhos dos Açores, as pessoas mais idosas dizerem – “minha terra produziu 40 alqueires de milho por alqueire de terra”. Quando se cultiva o trigo, dizia-se: “tive uma produção de 30 alqueires de trigo por alqueire”. O alqueire, como medida de superfície é reconhecido desde os primórdios até hoje. Tal como o outro, também varia em números de ilha para ilha, indo desde os 968 e 1393 metros quadrados em S. Miguel, aos 1200 metros quadrados em Santa Maria e os 1000 metros quadrados nas restantes ilhas do Grupo Ocidental e Central.
Como se calcula esta medida de superfície, como apareceu e se oficializou pelos nossos antepassados?
Tudo indica que a base histórica destas medidas venha desde o povoamento das ilhas. É natural que os primeiros povoadores dos Açores não possuíssem grandes aparelhos ou utensílios de medições e como tal utilizavam o “palmo” da mão como medida padrão (22 centímetros). Lê-se em alguns livros de escrituras antigas, que as servidões das terras tinham nove palmos de largura, que os carros de bois tinham seis palmos de largura etc. Daí que as medidas de superfície fossem também calculadas com base em “palmos”.
Adoptaram-se para medições de terrenos, utensílios que se denominaram “Varas” que não são mais do que um pau rectilíneo de um modo geral redondo e que para os medidores mais antigos e conceituados têm duas ponteiras de metal a rematar cada um dos extremos da vara. Este instrumento, ao mesmo tempo que serve de medida, serve de bordão para os auxiliar nas caminhadas, ou saltar valas e muros, sendo as ponteiras para evitar danificar as varas ou alterar a sua medida. A primeira vara convencional mede doze palmos o que equivale a 2.64 metros.
Um alqueire de terra é duzentas varas quadradas, ou seja: - 2.64 x 2.64 m x 200 = 1393 metros quadrados. Um “moio” de terra é sessenta alqueires. Ontem como hoje e em conversa corrente com os mais velhos, fala-se que a propriedade X tem dois moios e 7 alqueires, que o senhor fulano tem uma propriedade de muitos moios e assim por diante.
Após o povoamento e quando era distribuída a terra aos povoadores para desbravar e explorar, davam-se garantias de que quem mais explorasse a aumentasse o património, melhor seria para a Coroa e daí tirariam proveitos. Era com base na posse de “moio” e “alqueires” de terra que eram atribuídos aos seus proprietários alguns títulos honoríficos.
Numa determinada área da Ilha de S. Miguel, concelho da Ribeira Grande, existe ainda um alqueire mais pequeno. Há centenas ou muitas dezenas de anos, convencionou-se uma vara com apenas dez palmos, ou seja com 2,20metros. Na mesma o alqueire são duzentas varas quadradas: - ou seja 2,20 x 2,20 m x 200 = 968 metros quadrados. Eis a razão porque em S. Miguel existem dois alqueires de terra, um de “Vara Grande” que mede 1393 metros quadrados e outro de “Vara Pequena” com 968 metros quadrados. "
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O texto é do Eng. Técnico Agrário Albano Almeida e Sousa no n. 82 da Revista Imobiliária num Especial Dossier Açores. Este trabalho do meu estimado Tio Albano Salvador, pai do Nuno Barata, serviu-me para a resolução de um bicudo imbróglio jurídico no qual a vexata quaestio passava pelos trilhos nebulosos das “varas grandes” e “pequenas”. Recentemente procurou-me um curioso destas antiguidades solicitando-me cópia do texto. Como estamos na era digital aqui fica no blog a transcrição do mesmo para préstimo de quem quiser.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa

RIP

MICHELANGELO ANTONIONI (1912-2007)


segunda-feira, julho 30

Bergman

Em tempos fui cinéfilo. Cumpri todos os rituais. As idas à Cinemateca, as colecções de VHS, os números da Cahiers du Cinema. As leituras de Eisenstein, Wenders. Inclusive a candidatura falhada ao Conservatório para o Curso de Cinema. Nesse tempo vi muito Bergman, li Bergman, e, mais importante, gostei muito de Bergman. O velho director morreu hoje aos 89 anos, com ele morre, certamente, uma maneira única de fazer cinema. Mas para mim, acima de tudo, com Bergman morre uma certa maneira de ver cinema.



Antonius Block: Who are you?
Death: I am Death.
Antonius Block: Have you come for me?
Death: I have long walked by your side.
Antonius Block: So I have noticed.
Death: Are you ready?
Antonius Block: My body is ready, but I am not.

CineClube


Morreu o realizador Ingmar Bergman.

domingo, julho 29

VER BD



Para ver e gravar o 1º episódio de VER BD, hoje às 00h30 (hora Açores) na RPT2.
Série de 5 episódios, da autoria de Pedro Moura, autor do blogue LER BD, dedicada à história, presente e futuro da banda desenhada portuguesa e em Portugal.
Dos autores iniciais à banda desenhada contemporânea. As revistas e as iniciativas que ficaram na memória. O desenho, as narrativas e os novos artistas. O estado da arte no país.

"A série propõe-se apresentar um panorama geral da BD portuguesa desde os primórdios, que é o núcleo temático central dos dois primeiros episódios. Nos três restantes, as atenções estão directamente viradas para 11 autores que têm em comum a circunstância de serem contemporâneos e estarem no activo - uns já consagrados, outros a darem os primeiros passos - e serem responsáveis por obras muito diversificadas mas de qualidade superlativa: Filipe Abranches, Isabel Carvalho, Diniz Conefrey, José Carlos Fernandes, António Jorge Gonçalves, Luís Henriques, André Lemos, Susa Monteiro, Pedro Nora, Miguel Rocha e David Soares."

LINKS:
VER BD (blog do programa)
André Lemos (blog)
Filipe Abranches (blog)

República das Bananas

Marques Mendes ao lado de Jardim na festa do Chão da Lagoa
A Doença quando chega é para todos!

sábado, julho 28

TEMA DA SEMANA

Reporter X


Férias, a quanto obrigam!

Com Agosto chegam as férias, os amigos e alguma nostalgia.

Quem aqui vive todo o ano ambiciona sair e procurar o destino de Sol e Praia que reside no nosso imaginário. São muitos os destinos, os mais apetecíveis são inviáveis (monetariamente falando, é claro!) e os mais ao preço do bolso são, na sua grande maioria, massificados e incaracterísticos - coisa que a mim não me seduz mas que para muitos fará todo o sentido.

Os amigos que estão longe voltam de férias à ilha. A ilha é a mesma - a fruição de muitos dos locais de veraneio é que já não é a mesma. As conversas que temos intensificam-se muitas das vezes e a discussão paira quase sempre sobre o modelo que cada qual defende ser o mais “adequado” para as ilhas. Raramente há consensos. Mas uma ideia perdura: estaremos no caminho certo? O turismo que afirmamos ser de qualidade, é-o na prática? O destino sim, o modelo de turismo é que, definitivamente, talvez... Isto para já não falar da dita e redita Natureza Intacta, na medida em que - e apesar de significativas medidas introduzidas - não me parece ser ainda uma prioridade para as nossas gentes. Pior: verifico que poucos ou quase ninguém se comove com o lixo ou com os eventuais atentados ambientais. O governo que resolva! É o que mais ouço. Muito há a trilhar na efectivação de uma plena consciencialização ambiental nos Açores.

As férias trazem também muita nostalgia. Umas são relembradas ciclicamente, outras tendem a cair no esquecimento. Lembras-te!? A resposta irá depender do interlocutor circunstancial.

Por estes dias almejo um 'Beam me up, Scotty' (frase famosa da série Star Trek) e ser teletransportado para outro tempo e local de modo a olvidar algum do tempo presente.

* publicado na edição de 24/07/07 do AO
** Email Reporter X
*** Som X JP Simões

sexta-feira, julho 27

always listen to good music



BALAOU
documentário Auto-Biografico de Gonçalo Tocha filmado em S.Miguel estreia-se nos Açores.

Depois da Ante-Estreia a 21 de Fevereiro na Cinemateca de Lisboa, da Estreia no Festival IndieLisboa em Abril, onde foi premiado como Melhor Filme Português e Melhor Fotografia em Filme Português, dois anos depois das filmagens, Balaou volta de novo aos Açores para ser mostrado junto de quem dele faz parte.
Balaou vai ser exibido pela primeira vez em S.Miguel, ilha onde toda a historia começou:

"Faz agora sete meses que a Blé, minha mãe, morreu. Estou em frente do mar de São Miguel nos Açores, a terra da família distante. Encontro a tia-avó Maria do Rosário, 91 anos, à procura do seu momento para partir. Fala-me de Deus. À sua volta, os bebés nascem.Todos passam pelo mar da ilha, negro, vulcânico.
É aqui que encontro a Florence e o Beru, um casal francês que todos os anos cruza o Atlântico no Balaou, um barco à vela. Convidam-me a continuar a viagem com eles. Mando fora o bilhete de avião e faço-me ao mar alto.
Dividido em três momentos e oito lições, BALAOU é uma viagem para aceitar o esquecimento das coisas."

Dia 01 Agosto (quarta-feira) pelas 21h30 no Auditorio da Biblioteca Pública de Ponta Delgada, com a presença do realizador.

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A Muu-Produções apoia a exibição de Balaou em Ponta Delgada

quarta-feira, julho 25

O mausoléu das letras.


Philip Guston , Head and Bottle 1975
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Tempo de férias é também tempo de arregimentarmos as leituras que se guardam para o remanso dos dias estivais. Antes de ordenar a minha lista de leituras não resisti a um prévio tirocínio com um autor Açoriano. Daniel de Sá editara recentemente uma novela que traça a biografia pastoril de Manuel Cordovão, personagem que "vigiava as ovelhas com um livro na mão", e que merecera o título "O Pastor das Casas Mortas". Finda a leitura fica a certeza de que nem autor nem editora quiseram acomodar a obra na estante da dita "literatura Açoriana". Esta, como se sabe, tem como marca originária recorrentes referências às "brumas", a narração das desventuras da "diáspora" da emigração, e a evocação pós-traumática da experiência da guerra colonial. Logo, qualquer "literatura Açoriana" que vá por esse caminho é inevitavelmente dejá-vu. Seja como for a glorificação da denominada "literatura Açoriana" serviu durante longas décadas para proveito não dos leitores mas sim dos autores. É que um autor Açoriano não é um vulgar escritor, é um "artífice das palavras" ou algo superior. Assim, com predicados de semideuses os escritores Açorianos, mesmo que escassamente lidos, são usualmente subsidiados. Tratando-se de uma congregação de "autores" que frequente a mesma tertúlia, ou círculo de amizades, em vez de se subsidiarem individualmente as luminárias das nossas letras, há sempre quem trate de subsidiar as editoras que lhes servem de ninho e dão à estampa as suas obras imorredouras. Aqui a vulgata das regras da economia de mercado não tem lugar, pois tão ilustres criadores não são "mercenários das letras" mas sim "Artistas". Logo, os autores Açorianos gratificam-se mutuamente pois, além de se lerem uns aos outros, pouco mais podem ambicionar do que uma edição subsidiada com tranche destinada a depósito de biblioteca pública. Além desta realidade fará sentido o debate da "literatura Açoriana" ? Creio que não, pois a denominação de origem não basta para sustentar uma imagem de marca que não passa pela prova das regras do mercado livre. Efectivamente, se aquilo a que podemos chamar "literatura Açoriana" é uma realidade, então não duvido que essa literatura vai ter que provar o seu real valor no contexto do mercado aberto e livre, tanto quanto possível no espaço nacional e internacional. Esse é pelo menos o mérito do desafio da obra citada de Daniel de Sá cuja editora já projecta a sua tradução para o Inglês, ambicionando apresentar o autor a outros mercados. Finalmente, mas não menos relevante, numa sociedade em galopante mutação causa assombro que não surjam novos valores, na dita "literatura Açoriana", com uma nova paleta de temas menos bucólicos e mais urbanos. Até lá a estante de "literatura Açoriana" será um amplo mausoléu de leituras fúnebres e canhestras.
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João Nuno Almeida e Sousa in crónicas digitais do jornaldiario.

terça-feira, julho 24

piada para o momento "cultural"

burla, burla mesmo, é a musica do Bob Sinclar, mas isso ninguem discute

piada para o momento político

o PS está a ficar especialista em contratar figurantes.

Agora os filmes do GRANDE ÉCRAN são legendados em português.

Mais logo, o filme choque TAXIDERMIA, segunda longa metragem do húngaro György Pálfi (apresentada na secção Un Certain Regard em Cannes 2007).
Segundo o crítico João Lopes ao DN Artes Taxidermia é "uma espécie de ópera delirante, ao mesmo tempo barroca e hiper-realista, através da qual se seguem três gerações para traçar as memórias traumáticas do comunismo na Hungria. Dizer que se trata de uma descida aos infernos de uma sociedade de estúpida competição (dominada por concursos de devoração de comida...) será adequado, mas francamente insuficiente face ao clima visual e dramático do filme. Estamos, afinal, perante um regime de severa codificação das relações humanas e, sobretudo, dos corpos dos cidadãos. A esse propósito, bastará dizer que a personagem da terceira geração do filme é um taxidermista cujo projecto final consiste em embalsamar... o seu próprio corpo!

Eventualmente, este filme chegará aos mercados (incluindo o português, esperemos) com a chancela automática do género de terror. Mas será um pouco como tentar vender os Irmãos Inseparáveis, de Cronenberg, como um filme de vampiros. Na verdade, György Palfi revela-se detentor de um genuíno universo figurativo que contém um desafio radical: como reconverter as convenções do realismo social e também, claro, do realismo socialista? A sua resposta, de tão extrema e elaborada, possui a velha e respeitável virtude de não deixar ninguém indiferente."

Para ver até 31, se os xerifes da net não o removerem no entretanto.

a:termita

Rua do Perú. Rua das Cabaças. Abril 2007. Após uma ligeira pausa o retorno do património edificado abandonado que não existe (!) ou não constitui, em si mesmo, um perigo.

segunda-feira, julho 23

até o ridículo tem limites

Realmente nesta nossa terra passam-se coisas do arco-da-velha. Porém, neste momento, o meu maior problema nem são as coisas que vão passando, mas antes aquilo que os media escolhem para fazer passar. Bem sei que neste nosso tempo acelerado política e comunicação social andam cada vez mais de braço dado, parecem quase gémeos siameses que ainda não conheceram o cirurgião Gentil Martins. Nos últimos dois dias, então, a coisa assumiu laivos de novela. Desde as polémicas esdrúxulas sobre se é mais séria a Euronews ou os repórteres locais, passando pelas obsessões terceirenses com bases e FLADes e outros que tais, até chegar-mos ao caso de hoje, em que a RTP-A anuncia com pompa, faltou a circunstância, um "informação especial" sobre uma vigarice de esquina a propósito de um DJ popularucho que já se sabia que não vinha. O meu maior problema com esta palhaçada toda é o critério e a importância. Perdoem-me os especialistas, ou os cabalistas, mas ao mesmo tempo que o Governo Regional destrói zonas costeiras protegidas para deixar passar os Jeep’s de meia dúzia de protegidos, ao mesmo tempo que em Ponta Delgada o património edificado desmorona em directo nas televisões, por culpa de Câmara e empreiteiros, enquanto a dita Câmara anuncia 6 milhões para cavernas de automóveis, enquanto tudo isto se vai passando, a Televisão pública dos Açores escolhe fazer passar uma burla em que os únicos lesados são o seu autor e os que por ele foram levados, e não me refiro aos miúdos que lá passaram a noite, porque esses como já sabemos nem se aperceberam… Desculpem, mas até o ridículo tem limites.

Act: Depois de ter visto o programa acho, ainda mais, que tinha mesmo razão. Este era assunto que não merecia tanto barulho. Mas, deixo aqui um apelo, esperemos que isto seja uma amostra do que será a "nova" RTP-Açores; mais atenta, mais interventiva, mais acutilante. Espero sinceramente que outros temas, temas mais importantes para os açorianos sejam discutidos em tempo real na televisão dos Açores. Por exemplo um debate sério e prolongado sobre a preservação do património e as políticas de urbanismo nos Açores, por que se não isto não passou de uma tentativa de linchamento público de um empresário, independentemente dos erros que ele tenha, ou não, cometido.

Desculpe, importa-se de repetir!?

Açores com boas condições para o cultivo de liamba *
Será o início de 1 novo ciclo económico alternativo ao turismo!?

* um dos destaque de 1ª página da edição de 22/07/07 do Açoriano Oriental

o estado do vicio vício

84%How Addicted to Blogging Are You?



[via Bloguitica]

Act: obrigado Mariana pela ajuda no vício

;)

sábado, julho 21

:blogues

Um post do irredutível (com direito a conversa de café!). E a revelação de uma notícia (video da Euronews disponível online) ambientalmente menos abonatória para os Açores.

weekend postcards

Água de Pau. Domingo. 15/7/07. [Engarramento na costa Sul de São Miguel desde a saída de Vila Franca até à saída de Água de Pau]. Quem disse que ir à praia em São Miguel era tarefa fácil!?

sexta-feira, julho 20

da política como xadrez em vários tabuleiros

Misteriosos são os caminhos da política. Rui Melo, o flamboyant autarca de Vila Franca do Campo, numa semana particularmente mediática, anunciou num dia o seu desacordo com a liderança de Costa Neves e um eventual apoio a uma candidatura de Natalino Viveiros à liderança do PSD/A, no outro dia mostra-se solidário com Marques Mendes na liderança do PSD nacional, posição também já assumida por Costa Neves. Bem sei que em política a coerência não é uma das virtudes, e também sei que vindo de Rui Melo, cujo gosto em gravatas é excepcional, mas que não me incomoda pessoalmente, e cujos desmandos urbanísticos em Vila Franca do Campo raiam o absurdo, algo que isso sim me incomoda e muito, ora como dizia, vindo de Rui Melo já espero tudo. O que não sei é se em política o surrealismo possa ser entendido como uma qualidade, ou será o cinismo?

quinta-feira, julho 19

Mesa de Cabeceira


"What evil lurks in the hearts of men? The Shadow knows." And with that came a fiendish cackle projecting shivers up my spine every Sunday when as a mesmerised youth I sat curled around our Stromberg Carlsen in the crepuscular winter light of my progenitors' gloomy digs. The truth is, I never had the slightest idea what dark mischief gadded about even in my own pair of ventricles, until weeks back when I received a phone call from the better half at my office at Burke and Hare on Wall Street. The woman's usual steady timbre jiggled like quantum particles, and I could tell she had gone back on smokes.
Citação mordaz a propósito do novo livro de Woody Allen - Mere Anarchy, em português Pura Anarquia. Entretanto, o realizador, começou a rodar o seu novo filme em Barcelona, para variar, sob forte polémica.

Contorcionismo Intelectual (2)

Tipo Assim para verificar a teoria do 1 em cada 10 e o outro lado dos números.

A encruzilhada

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Portugal é um País bizarro e a capital é a projecção máxima dessa condição. Apesar da Pátria estar dominada por um PS prepotente e soberbo, autocrático e controleiro, - feito à imagem e semelhança do Sr. Pinto de Sousa - , na primeira oportunidade que tem de exibir um "cartão amarelo" à governação retribui com a eleição do nº 2 do Governo para a mais emblemática e importante Câmara Municipal do País. Manifestamente parece que o eleitorado de Lisboa – aquele que se prestou ao "frete" de ir votar nas intercalares da capital - ainda não aprendeu a lição da escola do PS. Mas também quem ainda não aprendeu qualquer lição de ciência política foi Marques Mendes que arrastou o PSD para um vexame eleitoral gratuito e humilhante. Com efeito, não ocorreu a Marques Mendes a lição imposta por Isaltino Morais ou sequer as aulas práticas do inefável Major Valentim Loureiro. Ainda assim, repetiu o "chumbo" com Carmona Rodrigues. Insistiu ingenuamente na paladina defesa dos "princípios" contra a "realpolitik" e, numa palavra, tramou-se! Ora, depois de galgar três vezes o mesmo opróbrio não lhe resta outra alternativa que não seja desistir da sua carreira actual antes que renove o desastre reprovando novamente na próxima prova eleitoral fora do aparelho do partido. Marques Mendes conseguiu reduzir o PSD na capital à baixa expressão eleitoral de uns meros 15 %, por contraponto aos cerca de 42,5 % que o PSD havia alcançado há dois anos. Marques Mendes foi um dos responsáveis que precipitou a queda do executivo de Carmona Rodrigues e perdeu para este na corrida eleitoral. Agora resta-lhe olhar para os resultados e perceber que a cisão do partido custou-lhe a Câmara de Lisboa. Com efeito, a soma dos votos de Carmona Rodrigues (16,70 %) com os do candidato oficial do PSD (15,74 %) ultrapassa o resultado da maioria relativa do PS. Marques Mendes deve retirar de tais factos politicamente relevantes as devidas consequências.

Seja como for, na capital, a esquerda fez o pleno com um amplo Bloco que passa não só pelo "justiceiro" Sá Fernandes mas também pela romântica Helena Roseta e até pelo histórico comunista Ruben de Carvalho. É com este naipe que se fará a governação de Lisboa? Na aritmética política o Dr. António Costa carece de mais 3 Vereadores que poderá recrutar no amplo mercado da esquerda vencedora e disponível para arquitectar uma espécie de mega Bloco de Esquerda por Lisboa. No lado oposto a direita fez o pleno da derrota numa hecatombe da qual não há memória. Se o resultado do PSD foi vexatório a ablação do CDS-PP foi um rude golpe para o messianismo de Paulo Portas. No geral, o vazio eleitoral à direita do PS, e a inexistência de uma direita moderna e liberal em Portugal, é motivo de séria preocupação.Inevitavelmente chegará o tempo de restaurar e reconstruir um Bloco de Direita capaz de mais dinâmica e aggiornamento das ideias e de menos retórica inane e de suicidárias tricas intestinas. Para tal procuram-se líderes fortes e de elevada estatura política. Será esta a encruzilhada da direita Portuguesa acaso queira sobreviver.
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João Nuno Almeida e Sousa in crónicas digitais do jornaldiario.

terça-feira, julho 17

Incontinências


Para descobrir as diferenças aqui.

:jornais

Edição da Única, do passado sábado, com uma reportagem sobre a mundaneidade luxuosa vivida pela classe dirigente Angolana em Luanda. E que mais não é do que a dicotomia + crua do Mundo que habitamos. As fotos são da fotógrafa terceirense Sandra Rocha. Os parabéns dos :ILHAS.

Aviso à navegação

Durante a época estival os headers do :ILHAS serão, na sua grande maioria, dedicados à Estação. A base fotográfica será servida, pelo menos, por 1 dos chefes desta humilde Casa e em parte suportada através do arquivo Getty Images.

segunda-feira, julho 16

o poker partidário

divagação sobre os resultados em Lisboa

As eleições para a Câmara de Lisboa são perfeitamente fáceis de analisar. O grande dado a tirar delas é que metade dos eleitores, se excluirmos a dita abstenção técnica, está-se literalmente nas tintas para participar no ritual democrático. A outra metade está totalmente embrenhada nos avanços e recuos do poker partidário. Estes dois dados não têm nada de mal, nem sequer de particularmente preocupante, é assim mesmo, é um facto da vida em democracia. As pessoas, o povo, quer ser governado, alguém que tome conta das coisas, e quanto menos o povo tiver que se chatear com isso melhor. O que é preocupante, pelo menos para mim, é a desonestidade dos poucos que estão dentro do dito poker partidário. Os vários spins a que assistimos ontem deixam uma péssima imagem da maturidade, ou falta dela, da opinião pública portuguesa. Desde os directórios partidários, aos comentadores encartados, todos se lamentavam da gravíssima abstenção e, muitos deles, desejavam ver nisso um sinal da falência da democracia. Este discurso é que é verdadeiramente preocupante, porque é este discurso e não a abstenção em si que abre a porta aos inimigos da democracia. Já nem vale a pena lembrar Churchill, ou será que vale? A democracia é o melhor dos sistemas e a abstenção, tal como os partidos, ou os grupos de cidadãos, são um elemento fundamental de qualquer democracia. Mas para não fugir muito à questão, voltemos aos resultados de Lisboa. Quanto à abstenção, nada a dizer, podia ter sido umas décimas menor, ou maior, mas foi acima de tudo normal. No resto é que está o tutano do poker partidário. O que os resultados demonstram é que PS e PSD estão profundamente divididos internamente, o primeiro menos, o segundo mais. A esquerda à esquerda do PS estabilizou o seu eleitorado. E a direita já percebeu que tipo de político é Paulo Portas e penalizou-o por isso. Eu explico: na minha modesta opinião é um erro pensar que Carmona ou Roseta, são grandes vencedores nestas eleições ou que representam uma penalização do eleitorado aos partidos, é um erro porque o grosso dos eleitores destes dois candidatos vem dos partidos, PSD e PS respectivamente. Se estas candidaturas fossem tão salvadoras como pretendem tinham ido buscar muitos mais votos à abstenção, e não foram. O eleitorado de Roseta é feito da mesma matéria que a própria candidata, socialistas românticos, que quer por inocência, quer por desilusão, ou em alguns casos por vingança, estão hoje em antagonismo com o PS de Sócrates. O eleitorado e a campanha de Carmona foi feita por várias alas de apoiantes de barões do PSD, com o único objectivo de fragilizar ainda mais Marques Mendes. Não há aqui nada de sistémico anti partidos, antes pelo contrário, isto não passa de um fenómeno de disputa de peso, influência e liderança dentro dos dois principais partidos da democracia portuguesa. Os abstencionistas perceberam-no à légua. Que pessoas inteligentes venham fazer o discurso catastrófico do fim do sistema democrático e partidário é que é preocupante e lamentável. Os partidos são ainda a melhor maneira de sustentar o sistema democrático e não há democracia sem eles, quantos mais houver melhor. Cada um de nós pode escolher o seu lugar na democracia: abstencionista ou participante, conspiratório ou desiludido, militante ou independente; mas não devemos nunca esquecer que tanto os partidos como o próprio sistema democrático é feito de pessoas, indivíduos como nós, por isso se há alguma culpa a encontrar essa culpa não é da democracia, nem dos partidos, mas de todos nós.

Mas é claro que os partidos não são entidades impolutas, estas eleições demonstraram-no bem. O tristíssimo espectáculo do secretário geral do PS a discursar para lisboetas sexagenários de Cabeceiras-de-basto; as declarações cabalísticas de Paulo Portas sobre "a maneira de fazer política em Portugal"; ou o silêncio ensurdecedor dos adversários de Marques Mendes. Estes dados demonstram que ainda há, (haverá sempre?) dentro e em torno dos partidos muito jogo sujo, escondido, muito marketing e teatro. Mas só se pode desmascarar e impedir esses jogos estando dentro do jogo. A grande pergunta que a mim me fica destas eleições é o que foi que levou António Costa a ser candidato nestas eleições e o que é que o PS pretende para a capital do País nos próximos seis anos?

Desculpe, importa-se de repetir!?...

CDS relegado para «II Divisão»
OooHhh!..

sábado, julho 14

Reporter X

Ponta Delgada. Rua Machado dos Santos. Sábado. 11h30. 14/07/07. Indagar o condutor sobre o correcto procedimento desta manobra de estacionamento contemporâneo poderá contemplar um curto insulto e uma verborreia de ameaças físicas. Onde está 1 polícia nestas alturas!?

Coisas Realmente Importantes

Dumping ambiental

Metas ambientais conseguidas à custa da miséria alheia. Assim, nós - Europa, não vamos lá!..

quinta-feira, julho 12

:inauguração

A World Press Photo inaugura hoje em Ponta Delgada e pode ser visitada até 04 de Agosto. Diferentes olhares - uma realidade Global.

Sectarismos

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O sectarismo é maleita crónica da nossa sociedade. Com a resiliência da mesquinhez e a eficiência do caciquismo mina e armadilha o crescimento saudável do nosso País. Reduz a gramática das nossas relações ao dualismo minimalista de "nós e eles" e à permanente comparação da nossa "coutada" em relação à do vizinho. A lógica sectarista e gregária prevalece sobre o mérito alheio, do qual, aliás, desdenha ou se esforça por boicotar. Se isto é assim no quotidiano da "política de adro de Igreja" seria de esperar que em círculos frequentados por gente letrada e ilustrada o panorama fosse diferente. Infelizmente não é! Paradoxalmente é na "cultura" que o sectarismo grassa com mais vigor à mercê de diligentes "fiéis jardineiros". Com efeito, a partir da geração do Maio de 68, e com a institucionalização do mito da superioridade moral e intelectual da esquerda, funcionalizou-se a cultura a uma determinada ideologia. Ora, não há hoje governo que não queira assumir o mecenato de uma certa cultura nomeando para o sacerdócio da mesma os mais diligentes, e por vezes ignorantes, comissários de serviço. Estes além de seleccionarem os acólitos para os ritos do costume, designadamente "vernissages" e "lançamentos de livros", participam ainda nas prebendas subsidiárias que vão alimentando artificialmente a cultura do regime. Efectivamente, sem esta "subsidiodependência" muitos dos ditos agentes culturais seriam implacavelmente trucidados pelas regras do mercado, pela simples razão de que não teriam "procura" compatível com a "oferta" disponibilizada. Esta mania é de tal ordem atávica a uma determinada esquerda que é já hoje uma imagem de marca de qualquer governo Socialista que se assuma como tal. Logo, com esta política de "cultura subsidiada", e respectiva clientela, contribuem para o sectarismo dominante.

Infelizmente, o "nosso" Governo Socialista da República Democrática de Portugal, tem vindo a aprofundar o conceito de sectarismo e a este adicionou uma política de silenciamento das vozes dissonantes. No País está instalada uma deriva autocrática que, recordando outros tempos, divide os portugueses em situacionistas ou partidários do "reviralho". Os sinais dessa tentação sectarista, na República Portuguesa Socialista, aí estão para quem os quiser ler: primeiro foi a "imolação" do professor Charrua por delito de anedota, de caminho perseguiram o blog "do Portugal Profundo" por razões óbvias, seguidamente foi a exoneração de uma Directora de um Centro de Saúde à conta de uma fotomontagem jocosa do Ministro da Saúde...Caricaturando esta triste realidade sabuja o aforismo "quem não vive para servir/não serve para viver" bem poderia ilustrar, in extremis, o estado da Nação.

Tudo isto está em concordância com uma doutrina sectarista que se resume, nas palavras de uma Secretária de Estado, à seguinte fórmula "vivemos num país em que as pessoas são livres de dizerem aquilo que pensam", mas cada um só pode dizer o que quer "nos locais apropriados", e logo os tipificou pois "pode-se dizer o que se quer em casa, nas esquinas ou nos cafés entre os amigos". Com superiores exemplos deste calibre o sectarismo é apenas uma erupção num quadro clínico de maior gravidade que desengana o Portugal (Livre) que nos prometeram.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiário.

Top of the Pops







O Canadá é um país simpático. Tem espaço que nunca mais acaba e pouca gente a povoá-lo. Os seus habitantes são correctos demais para o meu gosto, mas com todos aqueles lagos, florestas e maple syrup, uma pessoa até se esquece dessa faceta moralmente mountain guard. Além disso, deram ao mundo o Neil Young, a Joni Mitchell e, last but not the least, os Steppenwolf. Originalmente baptizados de Sparrows, tocaram os seus primeiros acordes em blues joints de Toronto e Yorkville, antes de rumarem para São Francisco em 1967, quando os quarteirões de Haight Ashbury se tornaram a Meca de uma geração. Ao contrário do que dizia a letra do hit de Scott Mackenzie – if you are going to San Francisco, be sure to wear flowers in your hair – os canadianos endureceram na Califórnia, mudaram o nome para Steppenwolf – título de uma obra de Herman Hesse – e estrearam-se em 1968 com um álbum que muitos dizem ter aberto caminho ao hard e ao heavy rock. A faixa mais famosa desse LP, Born to be wild, foi imortalizada pelo filme Easy Rider, de cuja banda sonora fazia também parte a cover version de um tema de Hoyt Axton, The Pusher, a que os Steppenwolf deram fama e que eu considero uma das canções mais honestas até hoje escritas sobre a droga. A melhor forma de ouvir estes dois temas no seu nicho ecológico próprio é arranjar um DVD do Easy Rider, filme fetiche dos motoqueiros, mas para os objectores de consciência aqui ficam os ditos tracks, courtesy of YouTube, sem Harleys Davidsons ao fundo.

quarta-feira, julho 11

Reporter X

Ruido *

O ruído omnipresente que nos envolve passa, na grande parte dos dias, sem nos apercebermos do grau de interferência que produz.

No espaço público, em particular, na cidade, o ruído manifesta-se pelo constante burburinho automóvel: do pára-arranca, do buzinar, do rosnar dos motores, da agressividade dos condutores e da ocupação de espaço anteriormente pertença do peão. Mas não só do motor automóvel vive a cidade, que, não contente com esse facto, se alimenta de uma cada vez maior multiplicidade de veículos de 2 e mais rodas, todos motorizados e quanto mais ruidosos e potentes melhor.

A música está igualmente presente em todos os locais, sem que nada a faça calar. De carácter ostensivo, supostamente a fazer sentido em termos comerciais, padece na maioria dos casos de uma abjecta e degradante selecção musical, à qual se acrescenta o mais elevado volume. Não há tempo para o silêncio. Eu, que consumo música em doses pouco recomendáveis, dou por mim a desejar silêncios, tal é a profusão de sons que abundam no espaço público, em muitos casos num verdadeiro atropelo de gosto, sensibilidade ou mesmo oportunidade. Estamos de tal modo absorvidos pela corrida quotidiana, que nem sequer damos conta da quantidade de ruído que produzimos e com a qual somos indubitavelmente massacrados.

Nas últimas semanas, estive um pouco absorvido pela preparação e efectivação do Festival MusicAtlântico 2007. Daí que a música e os músicos tenham sido, e são-nos, felizmente, uma constante. Mas, quando uma Soprano pede para mudar de quarto mais do que uma vez, num 7º ou 8º andar com quartos com vidros duplos, porque não consegue dormir devido ao ruído automóvel; quando um concerto na Academia das Artes é prejudicado pelo ruído exterior, provocado pelos cada vez mais populares “tunnings” e motas dos mais variados tamanhos e feitios - há que questionar-nos sobre se a propalada qualidade de vida que apregoamos ter nestas ilhas é efectivamente uma realidade ou passou a ser uma ficção televisiva, onde nem sequer os cenários condizem com a realidade que existe ou que se pretende retratar!?


* publicado na edição de 10/07/07 do AO
** Email Reporter X
*** Foto X LOMOGRAPHY

segunda-feira, julho 9

CineClube

As Vidas dos Outros Cinema histórico sem ser a colagem simplista de "reconstituições" e "adereços" favorecida pelas séries de televisão (ditas) histórias, cinema de estudo psicológico sem nunca ceder a maniqueísmos emocionais ou morais — enfim, um grande acontecimento no cinema alemão (e europeu), desmontando por dentro os mecanismos de repressão e coacção na Alemanha de Leste, em meados dos anos 80. Dimensão fundamental: o espantoso e subtil trabalho de todos os actores (in Cinema 2000). Em exibição no Solmar.

Zodiac o melhor filme de David Dincher, e um dos grandes filmes do ano, centra-se nos três homens que obsessivamente dedicaram anos das suas vidas a tentar descobrir a identidade do assassino em série que aterrorizou a Califórnia nos anos 60 e 70, e a capturá-lo: um jornalista de um grande diário de S. Francisco, o seu colega cartoonista do mesmo jornal e um inspector da polícia. A certa altura de «Zodiac», o assassino psicopata diz esperarque algum dia alguém faça um bom filme sobre ele. Ei-lo: David Fincher. (in Cinema 2000). Em exibição no Solmar e Castello Lopes.

Transformers Os Transformers são seres gigantes de um planeta distante que se sentem forçados a camuflar a sua verdadeira identidade sob a forma de automóveis, aviões e inúmeros outros aparelhos electrónicos, no planeta Terra. Presos numa batalha por uma fonte de energia escondida no nosso planeta, os pacíficos Autobots lutam contra os cruéis Decepticons, determinados em dominar o Universo apoiando-se na sua superior tecnologia. Fundamentais serão Sam e Mikaela, dois estudantes do secundário, que, inconscientemente, detêm a chave da fonte de energia tão cobiçada por ambas as facções. (in Cinema 2000). Em exibição na Castello Lopes.

:TV

Hoje a estação de serviço é sobre blogues. A gerir a emissão estará a jornalista Berta Tavares. O blogger de serviço tem uma obsessão pelo X.

sábado, julho 7

Reporter X

Largo Francisco Luís Tavares. Ponta Delgada. 7/7/07. Parque subterrâneo, estacionamento à superfície.

7.7.07



LiveEarth.

Top of the Pops




Este clip dos Vinegar Joe a actuarem em Estocolmo, no ano da graça de 1972, retrata, por muito estranho que isso possa parecer, uma certa essência perdida da social-democracia no século passado. Não que eu seja social-democrata, ou social qualquer outra coisa, mas sou fã dos Vinegar Joe desde 1972, quando eles passaram por Lisboa para um concerto no defunto cinema Monumental. Era puto na altura e nem sequer os vi actuar, mas todos os dias a caminho do Liceu, quando o 38 passava pelo Saldanha, a Elkie Brooks sorria-me do cartaz para o segundo andar do autocarro. Era uma Janis Joplin à mão de semear. Apaixonei-me, como é evidente. Todas as raparigas da altura tinham um bocado aquele ar, até a Gal Costa, se repararem bem nas suas fotografias de arquivo, mas nenhuma chegava aos calcanhares da minha mais que tudo. Enfim, passando agora ao outro género, poderão as senhoritas da blogosfera apreciar neste clip uma misógina criatura chamada Robert Palmer, nos seus verdes anos, hélas, procurando distanciar-se dos tiques do Mick Jagger. Bom, antes que comece a dar uma de João Gobern, é melhor ficar por aqui. Greetings da Ala Liberal.

sexta-feira, julho 6

O DES e a Açorianidade

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Recentemente, via internet, confirmei a universalidade do culto do Divino Espírito Santo. Efectivamente, por via da banda larga da net aportei a um lugarejo improvável, nas remotas ilhas do Havai, onde há sinais perenes do culto do DES que é, como se sabe, um traço identificador da Pátria Açoriana. Descobri estes sinais patenteados na Igreja do Espírito Santo, em Kula, na ilha de Maui, em notável prova fotográfica no blog "Resistir" de António João Correia . Ora, apesar de ser já consabida a dispersão deste culto pelo Mundo, designadamente, Brasil, Goa, e Havai, não deixa de causar profunda impressão a sobrevivência do mesmo. Na verdade, a tenacidade da sua sobrevivência é notável num povo que em cinco séculos edificou e soterrou três "impérios"Índia, Brasil e África – mas que soube legar ao Mundo um lastro civilizacional que ainda hoje perdura. O culto do DES é um bom exemplo dessa herança cultural que persistirá para além das contingências das ruínas da história. Como se sabe os Impérios do Espírito Santo emergiram pela mão da Rainha Santa Isabel em demanda da idade do Espírito Santo. Sob o signo divino os homens seriam irmanados na fraternidade e todos seriam comensais da mesma mesa. Esta utopia espiritual é hoje celebrada pelos Açorianos e é sob a bandeira do Divino Espírito Santo que encontramos a matriz da nossa alma. Em São Miguel, como nas restantes ilhas, este culto está profundamente enraizado nas nossas tradições. Foi na evolução dessa tradição que em Ponta Delgada o Município retomou a celebração popular das Grandes Festas do Divino Espírito Santo. Assim, pelo quarto ano consecutivo, a partir do próximo dia 6 de Julho a Câmara Municipal de Ponta Delgada, em parceria com um vasto rol de entidades, honra umas das maiores tradições do nosso Povo. Mais do que um evento folclórico, como alguns depreciativamente sugerem (mas copiam!), o culto do DES, seja no centro da mais importante cidade Açoriana, seja nos arrabaldes de uma modesta freguesia, ou até algures no Mundo onde os Açorianos na roda da emigração acabaram por refazer a sua vida, é um momento de exaltação da nossa alma e de glorificação da nossa Pátria. O resto é o habitual ruído de fundo de quem não se revendo na nossa história lestamente afia o verbo para toda e qualquer iniciativa, popular ou cultural, que assinale a nossa Açorianidade.
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João Nuno Almeida e Sousa nas Crónicas Digitais do jornaldiario.

quarta-feira, julho 4

Na Estrada

"Qual foi a coisa mais corajosa que já fizeste? Ele cuspiu para a estrada, um escarro sanguinolento. Foi levantar-me esta manhã."
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Monument Valley by Brian Smith
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"E então puseram-se os dois a caminhar no asfalto sob a luz metálica, cinzento-azulada, a arrastar os pés na cinza, e cada qual era o mundo inteiro do outro."

Assim se resume um livro negro. Um road book numa estrada sem saída. Um livro calcinado que é também uma pérola da literatura contemporânea. "A Estrada" de Cormac McCarthy, prémio pulitzer da ficção literária em 2007, é indubitavelmente uma obra-prima e como tal é um livro arrebatador. Tributária do medo instalado após o 11 de Setembro esta novela, de Cormac McCarthy, é uma visão de um American nightmare em ruptura com os mitos do American dream. "A Estrada" é assim o retrato de um mundo cauterizado por um apocalipse cuja natureza nunca nos é revelada. Nesse mundo em ruínas os sobreviventes vegetam numa espécie de Inverno nuclear. São homens condenados a uma existência resumida a revolverem cinzas em busca de água, comida enlatada, cobertores e calçado.

Consequentemente, "o mundo não tardaria a ser povoado, em grande medida, por homens capazes de devorar os filhos diante dos pais e as cidades em si estavam nas mãos de grupos de saqueadores enegrecidos que escavavam túneis e emergiam do entulho a rastejar, de dentes e olhos alvejantes, carregando às costas redes de nylon a abarrotar de latas calcinadas e anónimas, quais clientes às compras nos armazéns do inferno". Neste cenário cruel não há solidariedade entre os homens e estes degradam-se ao ponto do canibalismo.

O que sobra então? O amor e o desespero de um pai na "estrada" tentando resgatar o filho desse mundo cujo bestiário está de permanente atalaia. Esta é a linha de enredo que nos oprime e estilhaça da primeira à última página do livro. "Deus não existe e nós somos os seus profetas" é uma das lições do manual de sobrevivência das personagens sem nome que nesse mundo, estéril e moribundo, se fazem à estrada. Contudo, o que nos agarra também à narrativa destes destroços é a resiliência paterna em legar valores morais ao filho na presunção de que este sobreviverá. Ambos são andarilhos andrajosos numa inominada estrada Americana rumo ao Sul, na busca de Invernos menos rigorosos, nas cercanias de um oceano que não sabem se ainda existe. São verdadeiros sem-abrigo num mundo teluricamente selvagem.

Um grandioso American nightmare percorrido por duas personagens sem nome. Pai e filho arrastando-se nas cinzas Americanas e arrastando consigo um carrinho de supermercado com os víveres indispensáveis à sobrevivência. Num certo sentido "A Estrada" envolve-nos num cenário de uma brutalidade que nos evoca uma versão gore dos westerns em formato de Mad Max. Em suma: o livro é uma epopeia desesperada pela sobrevivência sem concessões ao sentimentalismo delicodoce. "A Estrada" é uma obra de ficção que numa parábola actual, pós 11 de Setembro, soa a sermão messiânico sinalizando o que temos a perder. Essa é que é a moral da história.

A insuspeita review literária do Guardian arrumou Cormac McCarthy numa tradição literária Americana que é "gótica, reaccionária, niilista, abertamente religiosa, sulista e fundamentalmente rural". É impossível não venerar este homem.
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"A Estrada" numa Edição da Relógio de Água está disponível na Bertrand. "O meridiano de sangue", romance do mesmo autor, igualmente publicado pela Relógio de Água, está também disponível na Livraria Bertrand de Ponta Delgada.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa

4th of July

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American flag by Robert Mapplethorpe, 1977

Incontinências

A depressão parece ter atingido a ala liberal do blog. Felizmente, há quem não se possa dar a tais luxos.

segunda-feira, julho 2

Agenda :

...Hoje

CÂMARA E COMANDO OPERACIONAL HOMENAGEIAM BRAVOS DO MINDELO COM CERIMÓNIA NO RELVÃO

"Estão marcadas para 2 de Julho, segunda-feira, no Relvão, as comemorações dos 175 anos da saída dos soldados açorianos, que ficaram conhecidos pelo exército libertador, comandado por D. Pedro IV, que permitiram a consolidação do constitucionalismo em Portugal.

A homenagem aos "Bravos do Mindelo" – a designação dada às tropas liberais que desembarcaram a norte do Porto, no Mindelo, em 1832, com a finalidade de lutar pelos ideais do liberalismo, contra o conservadorismo nas Guerras Liberais Portuguesas – vai ser promovida pela Câmara Municipal de Ponta Delgada e pelo Comando Operacional dos Açores, com a realização de vários actos solenes que terão lugar no Relvão, a partir das 20h00 da próxima segunda-feira.
É no Relvão, de onde saíram os soldados açorianos, que será descerrado um memorial em forma de pirâmide com 1,80 metros de altura, de pedra cerrada, onde ficará reproduzida a Proclamação de D. Pedro IV.

Antes desta cerimónia, às 17h00, será inaugurada a exposição "Os Homens os factos e as armas que permitiram a consolidação do constitucionalismo em Portugal", no Museu Militar, no Forte de São Brás, onde estarão em exposição pública roupas, armas, livros e documentos que foram levados pelos soldados açorianos.

Às 20h00, já no Relvão, terá lugar uma palestra pelo Dr. Carlos Riley, especialista da época do liberalismo, em Portugal, sobre o tema "Espelhos da Memória". No local, às 20h40, intervirá o Comandante Operacional dos Açores, General Carlos Cadavez , e às 20h50 a Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada.

Às 21h00, será realizada a Cerimónia Evocativa dos Expedicionários mortos em combate, com descerramento do memorial e guarda de honra, tendo lugar, depois, um Concerto pela Banda Militar dos Açores."
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Texto de Luísa Silva do Gabinete de Imprensa da Câmara Municipal de Ponta Delgada.