terça-feira, março 31

Ciclo Cidade no Cinema

"Belarmino, nome real de um boxeur em decadência que interpreta o seu próprio papel, é sobretudo um belo filme confessional, perseguição de uma voz sempre off (voz do entrevistador) ao rosto quase sempre presente do protagonista. Implacável campo-sem-contra-campo, o filme é uma habilíssima articulação entre o flash-back e o frente-a-frente.

Se Belarmino tivesse vivido noutro país, talvez fosse um grande campeão. Esta afirmação, feita no filme, faz passar Belarmino do fait-divers para a tragédia. (...) É um filme construído sobre o combate de um personagem com um décor, essa portentosa Lisboa do filme que só pode levá-lo ao K.O. em qualquer round."


João Bénard da Costa

segunda-feira, março 30

Aviso à navegação

A terra acabou de tremer na Horta. E não, não estou a ser irónico quanto ao decorrer dos trabalhos parlamentares...

Weekend Postcards

Ser artista em Portugal é um acto de fé! *
* Performance que simboliza o estado da criação artística contemporânea em Portugal realizada pela artista Carla Cruz (referenciada na exposição Café Portugal) em 30 de Agosto'03 num mergulho realizado no Douro a partir da Ponte D. Luís.

domingo, março 29

Café Portugal

Oportunidade última para visitar, este domingo, entre as 14h00 e as 17h30, a excelente exposição patente no Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado (Igreja do Colégio).

sábado, março 28

Djs de serviço

Em Bruxelas o Mr. Wolf dá-lhe no groove e no Pdl a noite promete um acentuado multiculturalismo. Enjoy!!!

quinta-feira, março 26

Inauguração

«(...) O seu trabalho em desenho e gravura pode ser entendido, por vezes, como complementar à escultura, uma espécie de exercício prévio ou de ensaio. Mas tem uma autonomia. Nele sobressai a constância das composições binárias, nas quais uma coisa combina com outra, bem como das variações em torno de figuras geométricas elementares, como o círculo e o rectângulo».

pilherias

Noutros tempos a resposta a determinados "artigos de opinião" era dada à bengalada, agora a indiferença é o melhor remédio. Não posso é deixar de comentar que os ppdocas do costume, que me acusam a mim de manipulação são os que mais têm cavalgado esta história da Quercus para daí tirarem dividendos político-partidários. Quem manipula quem ou o quê é que eu gostava de saber?

Eles vivem

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GOYA : Saturno devorando a uno de sus hijos. Museu do Prado.
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Sócrates teimou em rever o Código do Trabalho e aumentaram substancialmente os números do desemprego em Portugal ! A relação de causa e efeito não é porventura linear mas, "por linhas tortas", o facto é que a precariedade das relações laborais é uma tendência que tem merecido o patrocínio de Sócrates e dos seus pares. Paradoxalmente o primeiro-ministro, que se arroga Socialista, revela uma profunda arrogância e indiferença para com os direitos sociais. Já não nos convence o ar condoído e as promessas de tudo fazer pelo emprego sempre que uma mega corporação "suspende" a laboração. Em época de crise este Governo tem sido a muleta da Banca e do Capitalismo especulativo sem que o faça para assegurar, no mínimo, o emprego de quem presta trabalho à conta dos grupos económicos que têm tido o salvífico amparo de Sócrates. Os apoios do Governo remedeiam as dificuldades de quem perdeu milhões no jogo real do capitalismo, mas não cuidam de exigir em retorno as indispensáveis garantias de manutenção do ganha-pão dos trabalhadores. Em suma: é um Governo que optou pelos cifrões em vez de dignificar as pessoas. No seu curriculum está já inscrito um caminho de retrocesso social no catálogo de direitos adquiridos. Nesse palmarés ocupa lugar de destaque a revisão do Código de Trabalho sob duas grandes linhas orientadoras: precariedade e flexibilidade. Nesse sentido seguiu também a reforma da função pública com o novo regime de vinculação, de carreiras e remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas. Nestes domínios a lógica do Governo parece ter sido a de dividir para reinar! Com efeito, o clima de instabilidade e a crispação nas relações laborais têm vindo a aumentar exponencialmente e, enquanto os respectivos actores estiverem em guerra civil, o Governo aproveita para estender os domínios da sua política de extermínio dos direitos sociais. Essa gula vampiresca pelos direitos dos trabalhadores parece não ter fim, nem há fastio que demova o Governo de seleccionar novas vítimas. Agora, no alvo dos Socialistas, está a possibilidade de extirpar o subsídio de férias dos pensionistas para equilibrar o Orçamento de Estado! É seguramente uma experiência piloto antes de se avançar ainda mais e acabar de vez com "privilégios" laborais como o subsídio de férias e de natal! Não posso deixar de recordar neste contexto o poema de Maiakovski : "Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada." Dito de outro modo, como bem notou recentemente o provedor dos cidadãos, eles comem tudo e não deixam nada. Eles vivem enquanto o resto definha.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

quarta-feira, março 25

Agente Provocador



O triunvirato da agência local da Antena 1 volta a reunir-se. Sobre a mesa do estúdio, os temas mais aguardados da semana. David Nascimento é convidado a dar o mote sobre o Festival Internacional do Chá do Atlântico. O destaque sonoro desta semana recai sobre os Telepathe.

ambientalismos

Não querendo vir para aqui chover no molhado, parece-me importante, agora que os principais esclarecimentos já estão feitos, (por carta aos sócios da Quercus e em breve na comunicação social), discutir duas matérias de fundo sobre participação cívica e ambiente.

Comecemos pelo problema da participação dos cidadãos na vida pública e a dicotomia sociedade civil e partidos políticos. A voz corrente é de que os partidos políticos são uma entidade nefasta e obscura que controla os destinos das pessoas e que, por outro lado, as organizações da dita sociedade civil são formas de contra poder, impolutas, isentas e sempre do lado da verdade. No meu entender estes dois juízos estão profundamente errados. Os partidos políticos são antes de mais uma manifestação da sociedade civil, fazem parte integrante dela, são feitos de pessoas e regem-se por regras e princípios como qualquer outra organização. É claro que estão sujeitos a manipulações por parte de interesses, sejam eles individuais ou colectivos, tal como está qualquer outra organização. Pressupor, numa visão maniqueísta, que de um lado está a razão e do outro a raiz de todos os males é minar a sustentabilidade do próprio sistema democrático. A lógica dos pesos e contra-pesos só pode funcionar se for em movimentos pendulares e sem preconceitos moralistas sobre a actuação de cada uma das partes. Umas vezes são os partidos que tem razão, outras serão os organismos da sociedade civil e vice-versa.

Aqui entra a questão da participação individual dos cidadãos. A militância em todas as suas vertentes, seja ela num partido politico, numa organização corporativa ou numa associação ambientalista. Creio que todos estamos de acordo que não deve haver limites à participação dos cidadãos, ou se calhar não, alguns há que têm uma visão da sociedade em que deve haver compartimentos estanques com barreiras à actuação de cada um. Se na esfera estrita da militância político-partidária, por imperativos ideológicos, isso pode ser assim. Já no campo da participação cívica tal parece-me absolutamente absurdo. Os únicos limites à participação dos cidadãos devem estar no âmbito do bom senso e do bom gosto, para citar o bom Antero. Ou, posto de outra maneira, na capacidade individual de perceber quando determinados interesses são ou não conflituantes e a capacidade para justificar o contrário. A única exigência aceitável é a frontalidade e a transparência de cada um em afirmar ao que vem em cada situação, seja num partido, numa organização ambientalista, ou numa Câmara do Comercio.

A imposição interna de restrições à participação nas organizações é um erro, porque deturpa o princípio das liberdades individuais. Para além de que parte de uma visão distorcida da realidade e de um pressuposto de que os indivíduos não são livres de pensar e agir de acordo com a sua consciência. Cabe ao foro individual de cada um decidir, conforme as circunstâncias de cada caso, o âmbito e alcance da sua intervenção cívica e político-partidária. Mesmo em cargos de liderança ou de cunho executivo. Esta é precisamente a questão. As formas de participação e o cunho ideológico ou mesmo partidário que cada cidadão dá à sua actuação cívica marcam a sua personalidade pública e a visão que os outros terão dele. Tantos e tantos políticos que foram eleitos precisamente pelas convicções, preocupações e participações cívicas que demonstraram. O único requisito será o da transparência das decisões e o velho amigo bom senso e bom gosto.

No caso concreto do ambiente quer-se fazer crer que uma organização ambientalista é uma espécie de polícia da acção executiva e que para fazer parte dessa guerrilha é preciso usar uma t-shirt do Che, um keffieh e ser vegetariano… Ser ambientalista é ser o acusador de tudo o que os esbirros do poder fazem, até quando espirram. Não deixa de me surpreender que até conhecidos monárquicos tenham caído nesta visão passionaria que uma certa esquerda folclórica criou do verdadeiro ambientalista. Também tenho a minha velhinha t-shirt do subcomandante Marcos e posso ir vesti-la para discutirmos este assunto, mas o que eu quero aqui dizer é que as causas ambientalistas não são património de ninguém, nem mesmo dos próprios ambientalistas. E conceber um mundo em que para se ser ambientalista não se pode ser mais nada é ceder a uma visão maniqueísta e deturpada da realidade. E já nem vou outra vez ao argumento de numa comunidade pequena ser impossível ter um polícia para cada causa.

O centro da questão está numa visão da sociedade em que nem o poder está isolado num castelo, nem as organizações da sociedade civil estão acantonadas na floresta, como guerrilheiros rebeldes, à espera de um momento para atacar. A dinâmica democrática deve, ou deveria, ser de permanente diálogo e comunicação entre as partes, sendo que dessa dinâmica deviam surgir as melhores soluções para o avanço da sociedade.

Durante quase uma década fui sócio da Quercus, neste momento deixarei de o ser, não por qualquer tipo de mágoa ou ressentimento, mas apenas porque – e invertendo o aforismo do irmão Groucho Marx – não quero ser sócio de um clube que não me quer a mim como membro.

Por último e porque é de ambiente que se trata, gostava de chamar a vossa atenção para uma incongruência profunda que penso atravessa os movimentos ambientalistas na região. Nos últimos tempos fizeram um enorme alarido com a questão da Fajã do Calhau, utilizando-a isoladamente como símbolo de todos os males. Algo semelhante está a acontecer com uma petição sobre a Sorte de Varas, ou mais recentemente com um movimento mais estético do que ambiental contra um projecto na Praia dos Moinhos. Todos estes movimentos, descoordenados e mais ou menos esotéricos, pecam por uma incapacidade de ver ou atacar a verdadeira raiz dos problemas, que está não nas questões em si, mas no planeamento ou falta dele da acção governativa. Já antes chamei aqui à atenção para a inaceitável intervenção promovida na Fajã do Araújo e na praia do Lombo Gordo, esse crime ambiental, da responsabilidade da autarquia do Nordeste mereceu dos ditos movimentos ambientalistas o absoluto esquecimento. Fico com a sensação que para os puros do ambientalismo açoriano um crime só o é pelo tamanho ou visibilidade da ferida. Já para não falar nas SCUTS ou na brevemente inaugurada "avenida" da Dra. Berta. No caso dos Touros choca-me que se parta para uma guerra entre pontos de vista, mais por preconceitos de classe e de cultura, do que puramente por motivos ambientais ou de defesa dos direitos dos animais, é que não vejo os mesmos activistas a levantarem uma pena que seja contra os crimes denunciados pela RTP-A no tratamento e abate de vitelos nos matadouros regionais. Quanto à Praia dos Moinhos, pelo que vejo querem discutir arquitectura e não ambiente, e mais uma vez seria bom que os intervenientes tivessem tão claras as suas filiações e militâncias partidárias como eu tenho as minhas. Mas tudo isto não passa de ambientalismos.


Faja do Araujo


Faja do Araujo e Lombo Gordo

Ciclo Cidade no Cinema



Rita Cruz Dourado apresenta hoje pelas 21h30 na BPARPD o filme Chungking Express de Wong Kar-Wai. A entrada é livre.

terça-feira, março 24

...Eu hoje deitei-me assim !

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Da mesma estirpe de Eastwood era este Steve Mcqueen. Da mesma geração do criador de "Gran Torino" esta supercool star faria hoje 79 anos de vida. Recordo-o aqui em Bullitt numa das mais iconográficas car chases de Hollywood, num duelo entre um Dodge Charger e um Ford Mustang pontuado apenas pelo diálogo dos motores no circuito urbano de San Francisco. Memorável !

30.07.09



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There's a Revolution coming!



There's a Revolution coming.

Que ela vem, vem!

Importa é saber QUANDO e com QUEM.

segunda-feira, março 23

Design em espaço rural

Ainda no concelho da Ribeira Grande o destaque vai para a edição de Março da Máxima Interiores e para a reportagem Abraço de Pedra sobre a casa/projecto de Carlos Mota. Os parabéns :ILHAS!

Prim’Arte

Até 02 de Abril a Ribeira Grande contribui efectivamente para a descentralização do roteiro cultural da ilha. São necessárias medidas equivalentes ao longo de todo o ano e às quais importa assegurar o ónus da continuidade, por forma a sedimentar públicos e hábitos. O público agradece(rá).

domingo, março 22

Fever Pitch

Algures no meio das páginas de Fever Pitch, um dos mais entusiasmantes livros de Nick Hornby e um dos mais pungentes relatos alguma vez escritos sobre a paixão do futebol, Hornby diz que quando joga a sua equipa, no caso dele o Arsenal, no meu caso o Benfica, não importa se é com penaltys, cartões vermelhos, roubos do árbitro desde que ganhe. Aliás é provavelmente mais maquiavelicamente saborosa uma vitória que tenha esses elementos pérfidos com que só um verdadeiro fã pode simpatizar. O futebol é tanto mais belo quanto melhor for jogado, mas também há beleza no gozo pequenino de dizer - A taça é nossa!

Hooligan dominical

Não roubarás

sábado, março 21

Dia Mundial da Poesia

Linkado via 2010.

Recital de violino e piano



Rodolfo Vieira, Gerardo Ribeiro, Eric Larsen e Marta Vieira tocam esta noite obras de Mozart, Moskowsky, Vivaldi, Tchaikovsky e Ravel. Uma rara oportunidade para acompanhar a mestria dos professores e o progresso dos jovens prodígios.

sexta-feira, março 20

as agruras do "jornalismo"

Com o passar dos anos todos nos habituamos a que falem de nós e que falem, principalmente, mal de nós. Nada de novo aí. O tempo para explicações, ou defesas da honra, tem a sua hora própria. No caso que agora está na berra – Quercus – a nossa primeira responsabilidade é para com os sócios da Quercus, logo depois e por uma questão de transparência para com a sociedade, via obviamente comunicação social. Agora para já, o que não é francamente admissível é a porcaria de pseudo jornalismo que se vai fazendo por aí. Enquanto alguns, poucos, jornalistas se deram à trabalheira de falar com as pessoas visadas no caso, outros há (este e este minuto 5:18 do telejornal de 19 de março) que se acham detentores de toda a verdade e se põem a fazer peças sem nunca falarem com os protagonistas.

Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses

Os jornalistas portugueses regem-se por um Código Deontológico que aprovaram em 4 de Maio de 1993, numa consulta que abrangeu todos os profissionais detentores de Carteira Profissional. O texto do projecto havia sido preliminarmente discutido e aprovado em Assembleia Geral realizada em 22 de Março de 1993.

1.O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.


Faço minhas as palavras do RAP no vídeo em baixo!
E para já é só, a emissão segue dentro de momentos.



Act: Ao menos o jornalista João Soares Ferreira teve a hombridade de à posteriori vir questionar das razões dos visados na notícia do Telejornal de ontem, ao contrário de outros pseudo jornalistas.

Pelo respeito que me merecem dois camaradas da Luta

Por mais que se enalteça ou por mais que se desdenhe, em cada um de nós se encontra um "BRAVEHEART" e se encerra um "GLADIATOR".
PARTIDARITE À PARTE, os dois amigos - as pessoas que são - que muito recentemente protagonizaram um episódio que a cautela dos activistas de sofá não deixaria acontecer, merecem toda a minha consideração.
Pelo contributo para o bem comum, pela dedicação à causa, pela intrepidez que, DESTA VEZ, resultou numa exposição relativamente negativa e pela coragem necessária para RETOMAR o activismo, fica a minha homenagem.
Contudo, e como a nossa vida se pode facilmente comparar com uma viagem a casa nas férias, recomendo vivamente que se conduza com prudência.

VIVA A DEMOCRACIA!
(pelo menos, até encontrarmos um modelo melhor)

quinta-feira, março 19

Grande Eastwood

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Gran Torino é nome de um dos mais emblemáticos carros desportivos produzidos pela Ford. Numa palavra é a América sobre rodas, no melhor estilo do início da década de 70, quando Nixon ainda estava no poder e a grande crise petrolífera de 73/74 era ainda uma miragem. Nesses anos um carro musculado, com um motor V8, era a epítome da virilidade. Também o era Clint Eastwood e a personagem Dirty Harry que nascia, em 1971, com o filme "A Fúria da Razão". "So…do you feel lucky, Punk? Make my day !", era a frase emblemática de Dirty Harry, antecipando o veredicto, que executava por mãos próprias, quando os criminosos ousavam arriscar. Inelutavelmente Clint Eastwood ficou marcado com o rótulo de impenitente reaccionário e, no índex da crítica cinematográfica, representava o "fascismo medieval". O facto de ser de Direita, e apoiante activo do Partido Republicano, ajudou a cimentar essa aura "infame" de reaccionário. Numa época em que estava na moda a ideia de que "era proibido proibir" Clint cometia a heresia de apontar uma magnum 44 em nome da lei e da ordem. Eastwood, numa carreira longa e variada, mergulhou repetidamente na violência fundacional dos USA cujo ferro deixou feridas permanentes na cultura Americana. Regressou em 2008 com duas obras memoráveis e fora do catálogo para a estatueta de melhor filme do ano. Além de "Changeling" (uma obra-prima), assina um dos mais Eastwoodianos filmes da sua carreira: "Gran Torino". É um filme derradeiro com a promessa do próprio de ser o último que conta com Clint Eastwood como actor. Nesta magistral despedida, Eastwood transpõe o western para a selva suburbana, numa América descaracterizada pela guerrilha latente entre diversos grupos étnicos. Acossado num bairro outrora integralmente branco, a personagem de Eastwood vive num melting pot que não é compatível com as mitomanias da fraternidade inter-racial. Em "Gran Torino" Clint é um working class hero de Detroit, tão ultrapassado e arrumado num canto como o Ford GT que tem na sua garagem. É um Eastwood áspero como lixa. Um homem crepuscular e incapaz de se redimir até perante o padre católico da sua congregação a quem, aliás, renega o poder redentor das escrituras. Porém, encontra redenção maior no sacrifício em nome da integridade e da amizade pela qual se deixa crucificar num gran final, que se julga terminal até ao momento em que Clint Eastwood partilha com Jamie Cullum a canção que segue o ritmo da mais comovente ficha técnica de sempre da história do cinema! No lugar do tradicional "lonesome cowboy" desliza em direcção ao horizonte um "Gran Torino" conduzido por uma personagem inverosímil. Dirty Harry é também redimido numa das mais notáveis caricaturas geriátricas de um herói que fez o seu tempo. Clint Eastwood convida-nos mais uma vez para uma experiência cinematográfica que exige uma reflexão emocional, nunca racional, sobre a dimensão humana a cujo género pertencemos. Mais do que actor ou realizador oscarizado, Eastwood é um grande autor.

João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

terça-feira, março 17

as dores da vida pública

Meu Caro Carlos

Deixa que comece por uma homenagem, uma homenagem ao Veríssimo. É que desde o início do ano, quando toda esta história do Núcleo da Quercus começou, o meu principal desígnio em participar, foi uma preocupação íntima com estas questões e a vontade de elogiar o trabalho que o Veríssimo Borges protagonizou ao longo destes anos na defesa do ambiente nos Açores. Sei que isto pode parecer uma lamechice populista, mas a verdade é que nos últimos dias tenho, temos, tentado fazer passar esta mensagem de louvor ao Veríssimo e ela tem ficado soterrada no lamaçal partidário.

Deixa também que te diga que não tenho qualquer motivo obscuro para fazer este discurso panegírico ao Veríssimo Borges, não só não concordei com ele muitas vezes, nomeadamente na questão da proibição da apanha das “leivas” para a cultura do ananás, em que acho que ele foi literalmente levado pelo lobby da lavoura e pela manipulação de uns pequenos políticos de ocasião, como em diversos momentos fui contra a forma ditatorial, dogmática e por vezes "isolacionista" com que o Veríssimo geriu os destinos do Núcleo da Quercus de São Miguel. Mas apesar de tudo, posso te confessar que, é pelo Veríssimo que estou aqui, pelo seu exemplo, pela causa que ele representava e, principalmente, pela defesa do património ambiental do arquipélago dos Açores. Nesse sentido posso te dizer que o Veríssimo Borges foi um extraordinário líder, porque apesar das suas idiossincrasias tinha uma causa e um objectivo para o bem comum.

Depois poderia entrar numa discussão sobre o meu currículo político, intelectual, associativo, etc., etc. Limito-me a constatar o óbvio, que sou militante n.º 60946 da secção de Ponta Delgada do Partido Socialista/Açores e que sou o sócio n.º 13039 da Quercus. Também sou sócio de outras agremiações, sou inclusive dirigente de uma associação sem fins lucrativos que visa defender os interesses dos praticantes de desportos de ondas nos Açores. Ah, e também sou sócio do Benfica! Será que isto é relevante? Julgo que não.

Posto isto, deixa que te conte uma história. Quando assumimos a intenção de desempenhar a direcção do Núcleo da Quercus em São Miguel sabíamos ao que íamos, mas desde o princípio que o nosso propósito foi de quebrar com os preconceitos e com os métodos instituídos. Esta Mesa da Direcção foi apresentada e assume-se como colegial, agregando os esforços e as responsabilidades de todos os seus membros. Ontem e hoje tentei fazer passar essa mensagem, mas o único motivo de interesse parece ter sido a filiação ou os cargos de cariz político-partidário de dois dos 5 membros desta direcção. Não quero parecer cínico, mas ninguém se lembrou de perguntar ao Luís Rodrigues se ele ia defender os interesses dos pescadores ou do ambiente, se da sustentabilidade dos mares açorianos ou da sustentabilidade da industria pesqueira?!?! Ou até se eu defenderia mais os interesses de uma utilização humana das zonas próprias para a prática dos desportos de ondas em detrimento da preservação ambiental desses mesmos locais?!?!... No fim da conferência de imprensa de hoje fui mesmo obrigado, por brincadeira, a questionar se havia alguma pergunta sobre ambiente… (o meu snobismo levou a melhor sobre mim…)

Vamos então ao assunto que todos comentam e que o teu post também levanta. Ubiquidade ou ambiguidade. Nem uma coisa nem outra. Antes de mais há uma distinção de fundo, no que toca às possíveis comparações com o que digo no meu post sobre o Mário Fortuna, que é da maior relevância. É que eu não pertenço a nenhum órgão directivo do PS/A, aliás hoje o Vasco Pernes considerou-me um ilustre membro do Partido Socialista, algo que muito me honra, mas que é manifestamente falso. Limito-me a ser um militante de base, eleito sim, mas em fim de mandato à Assembleia Municipal de Ponta Delgada, cargo que ocupei democrática e civicamente com muito orgulho mas infelizmente com pouco gosto e membro indistinto da Comissão de Ilha de São Miguel do PS, apenas. Nada disso é sequer relevante para o futuro do Partido ou para quaisquer decisões políticas do Governo Regional, que é sustentado pelo partido a que pertenço.

Ao contrário e pelo que ainda hoje estava escrito no site oficial do PSD/A, Mário Fortuna é membro da Comissão Política Regional do PSD/Açores, que é tão-somente o mais importante órgão directivo do partido. E é também candidato a dirigente (não quero dizer líder) da CCIPDL e do Concelho de Gestão da UA. Querer sequer comparar uma situação com a outra é mais do que desonestidade, ou que prostituição intelectual (gosto desta expressão…), é manifesta chicana política.

Não me cabe a mim falar pelo Alexandre mas, só uma profunda desonestidade política e moral pode permitir que se agite o libelo de ingerência ou de instrumentalização, ou mesmo de esbirro de uma vontade partidária a alguém que antes e depois de ser eleito sempre defendeu, em sua consciência, aquilo que crê serem os melhores interesses dos Açores e dos açorianos.

No meu caso pessoal, que como é do conhecimento de todos não sou uma pessoa próxima da actual direcção do PS/A, sempre defendi publicamente as posições que achei serem as melhores para o bem comum de todos os açorianos e dos Açores, mesmo quando contra o meu partido. Acredito ainda hoje que isso é o melhor que posso fazer como militante e como pessoa que acredita nos partidos e no meu partido em particular, creio que tu, caro Carlos, também o farás. Não sei se outros poderão dizer o mesmo.

Voltando ao caso concreto de uma candidatura a um lugar de eleição. Todos os que se candidatam estão sujeitos ao escrutínio dos cidadãos e dos media, mesmo da blogoesfera e do blogoarquipélago, nem vale a pena sequer lembrar o caso do actual Primeiro-ministro. Esse escrutínio visa definir a integridade e o perfil desse candidato para que assim os eleitores possam tomar uma decisão. Eu, que neste momento não sou candidato a nada, tive no meu passado adolescente, embora expurgado por delito menor e prazo, um cadastro. Isto obviamente não interessa para nada, mas eu sou apenas membro da Mesa da Direcção do Núcleo da Quercus de São Miguel, não sou nenhum candidato a Presidente de uma Câmara de Comércio e Indústria de lugar nenhum.

Por último, meu querido amigo, nisto há muito pouco de partidário, há sim uma visão particular daquilo que deve ser o desempenho de cargos públicos e sobre o que deve ser a luta por esse fito intangível do bem comum.

Um grande abraço

P.S para desanuviar recomendo esta grande banda The Pains of Being Pure at Heart

Ubiquidade VS Ambiguidade

Apesar de ser um dom vedado a alguns, descobri hoje que Deus não é o único que se pode regozijar por possuí-lo.

O meu amigo Pedro, que tão bem tem discursado sobre os problemas da liderança ou da falta dela e que culpa todos nós pelos erros aventados, está hoje de parabéns: Faz parte da recentemente eleita direcção do Núcleo dos Açores da “maior organização ambiental Portuguesa - Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza”.
Ele, tal como eu, deve ter percebido como foi precipitado o postal sobre as candidaturas de Mário Fortuna à presidência da Câmara de Comércio e Industria de Ponta Delgada e ao Conselho Geral da Universidade dos Açores.

Acreditar no que o Pedro gostaria de fazer crer relativamente ao PSD e a Berta Cabral, é acreditar que o mesmo se passa com o partido com a responsabilidade governativa, salientando (agora eu) os problemas de escala que, facilmente, todos nós (aqueles que têm culpa) podemos ver.

Longe vá o atrevimento mas, neste capítulo da W.W.W. (Wacko Wide Web) as possibilidades podem ir ao ponto de partidos e seus líderes terem as habilidades necessárias para se imiscuírem, directa ou indirectamente, nos “internal affairs” dos seus concorrentes mais directos, na tentativa (às vezes bem sucedidas) de esfrangalharem os seus opositores. Se olharmos em redor, veremos facilmente alguns exemplos nos quais constatamos que “misplaced childhood” só faz sentido na cabeça de Fish – Homem forte dos Marillion.

Desejo as maiores felicidades ao Pedro, e à colegial direcção da qual faz parte, na luta com e/ou contra (?) o Governo dos Açores, contra os atentados (terroristas até, nunca se sabe), pois, depois do lamentável episódio da Fajã do Calhau (palavra talvez ligeira demais para classificar o que teima em suceder por aquelas paragens), a Quercus bem precisa.

Felicito-o ainda pela sua ambiguidade já que, a acreditar nas suas próprias palavras, ninguém tem o dom da ubiquidade, apelando para que ele possa ter a grandeza d’alma necessária para dar uma palavrinha a Mário Fortuna sobre como estas coisas se fazem.

Força Pedro. O povo está contigo!

blogues amigos

Para além dos laços e de uma história que nos liga numa amizade antiga, há também o facto de o Pedro ser a pessoa responsável pela minha entrada na blogoesfera. Agora é ele que regressa à parte melhor dos blogues, um Léxico Familiar que não é mais do que uma mistura equilibrada entre pensamento, afectos e ociosidade...

domingo, março 15

o dom da ubiquidade

Já toda a gente percebeu que a principal estratégia política deste novo PSD-A é armadilhar o xadrez. Mais do que discutir ideias ou programas a nova comissão Politica Regional dos sociais-democratas açorianos pretende duas coisas: agit prop e colocar os seus peões em lugares chave. Utilizando os gastos modelos de outros tempos os lugar-tenentes da Dra. Berta têm vindo a tratar de preencher o xadrez político e social da região colocando a sua guarda avançada em tudo quanto é associação, agremiação, cooperativa, confraria e clube. Ele é desporto, ele é filarmónicas, ele é comércio, ele é ananás, ele é até, Deus nos acuda, misericórdias. O mais recente e talvez mais paradigmático exemplo desta estratégia é a candidatura de Mário Fortuna à presidência de não um, mas dois, órgãos sociais – na Câmara do Comercio e Industria de Ponta Delgada e na Universidade dos Açores. Ou Fortuna, tal como Deus, tem o dom da ubiquidade ou a suposição de que pode ou consegue ocupar estes dois lugares de elevada responsabilidade executiva e importância política ao mesmo tempo tresanda a arrogância intelectual. Há um lugar-comum muito querido ao sexo feminino que dita que elas são capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo, ao que os homens respondem que sim, elas fazem várias coisas ao mesmo tempo mas fazem todas essas coisas mal. Mas pior do que esta voracidade de estar em todo o lado e de controlar tudo é a tremenda falta de seriedade da estratégia e dos peões da Dra. Berta. Por razões familiares recordo-me bem da fugaz passagem de Mário Fortuna pelos governos do Dr. Mota Amaral onde nem conseguiu completar um ano de mandato porque uma comissão de inquérito parlamentar provou que havia estranhos hábitos de falsificação de Actas. Ficam no ar duas perguntas. Será que é pela manipulação dos procedimentos que se consegue gerir duas instituições ao mesmo tempo? E o que é que leva o PPD/PSD-A a querer estar em todo o lado como o "polvo" que tanto se fartou de criticar?

Tudo isto radica no problema que tenho vindo a debater – a má liderança. E a culpa é de todos nós.

quinta-feira, março 12

Fajã do Calhau

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Recentemente a blogosfera açoriana foi caixa de ressonância para uma campanha de luto pela Fajã do Calhau. Mais uma obra do actual regime que se diz eco-friendly mas na realidade é capaz de apadrinhar um dano ambiental permanente e irreversível. Longe vão os tempos do movimento "S.O.S. Lagoas" e das passeatas pelos trilhos das Sete Cidades sensibilizando os poderes para a causa ecológica. Hoje, as personagens são outras e a causa ecológica está ao serviço dos compagnon de route de outros tempos. No terreno está já a Comissão Parlamentar de Ambiente e Trabalho, não por vontade própria, mas em consequência das sucessivas vozes que têm denunciado o crime ambiental da Fajã do Calhau. Nesse coro de protestos sempre esteve presente, desde o início, a blogosfera que, no passado dia 5 de Março , assinalou um dia de luto "virtual" pela profanação da nossa terra. Estranhou-se uma vez mais o silêncio cúmplice da generalidade dos órgãos de comunicação social da Região que, no esteio do tratamento que têm dado a este atentado ambiental, nenhuma referência fizeram à referida plataforma de protesto. Ela existe e está arquivada na net para memória futura. Foi uma lição de participação cívica e cremos que foi a primeira vez que, de modo espontâneo e por uma causa transversal, se agregaram na blogosfera açoriana várias vozes a favor de um bem comum: o ambiente. Numa região em que o "quarto poder" parece ter alienado o jornalismo de investigação e trespassado a denúncia pública de aberrações políticas, como é o caso da obra da Fajã do Calhau, resta-nos a rudimentar liberdade cibernética que tem já um respeitável arquivo de participação cívica. Apesar de todas as peças de propaganda, e mesmo com a passividade da comunicação social regional, a obra da Fajã do Calhau é incontornavelmente um crime ambiental. As vítimas somos todos nós e a nossa terra. Os beneficiários da infracção são uns quantos veraneantes de luxo a quem se fez o frete de abrir um "corredor" de acesso às respectivas casas, edificadas em pleno domínio público marítimo e em zona demarcada da região vitivinícola do "vinho de cheiro", como se a Fajã do Calhau fosse uma coutada privada dos "amigos do calhau" e respectivos usufrutuários! Assim se vê o estado da Região: esbulhada à conta de interesses particulares cuja factura será paga por todos nós.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com

quarta-feira, março 11

Agente Provocador



O Agente no éter a partir das 22h10. O convidado desta 4ª feira é José Serra jornalista da RTP. O destaque para esta entrada vai para os FF que foram hoje confirmados no alinhamento do Festival Paredes de Coura.

feedback

Então se calhar o melhor, é começarmos por definir liderança. O que é a liderança e o que faz um líder? Acordemos que liderança é a capacidade de agregar vontades para um fim, no sentido em que se leva um grupo a agir com um determinado objectivo que pode até não ser comum a todo o grupo e que um bom líder é aquele que o conseguir. Ou seja, a liderança é tanto a capacidade de comando como o desígnio, o fim último e o objectivo dessa liderança. Há aqui conscientemente uma questão valorativa, de moral mesmo, sobre a apreciação desse desígnio. Uma avaliação dos méritos, dos objectivos de uma determinada liderança. Alguém que comanda eficazmente caciques é um bom líder? É. Mas, será que isso é boa liderança? Não. Fazer, como eu fiz, a aclamação de líderes passados pressupõe uma valoração dos méritos das suas conquistas. Um ditador sanguinário que se sustente no poder durante vários anos é um bom líder, mas a sua liderança não. Ao contrário de um líder humanitário cujos objectivos sejam a paz e o progresso social mas incapaz de atingir o poder. O que eu entendo por boa liderança é a permanente preocupação com o bem comum e a capacidade de agregar vontades no sentido de atingir esse fim. Sendo que definiria o bem comum como o progresso da sociedade, o bem-estar social, a igualdade, as liberdades individuais, a constante busca de um futuro, um mundo, melhor. Partindo do princípio que em democracia estes são valores transversais à maioria dos cidadãos, partindo do princípio que hoje em dia estes são os desígnios principais dos diversos agentes políticos, resta-nos então esclarecer, ou perceber, se existem ou não hoje bons ou maus lideres, boa ou má liderança. As grandes questões da liderança no processo político podem, em meu entender, ser colocadas em dois níveis distintos: liderança interna a nível partidário e liderança externa a nível eleitoral. Esta separação é, obviamente, falsa e até de certa maneira perniciosa, mas ajuda na análise do problema que creio existir hoje nas nossas democracias e que tenho, felizmente com feedback, vindo a debater. Estes dois níveis de liderança estão claramente interligados e dependentes um do outro, mas ao fazer esta distinção o que pretendo é realçar dois momentos diferentes no processo de liderança político e na análise do seu sucesso. O primeiro momento é o processo de criação de uma mensagem política, aquilo a que chamaria de ideário ou programa político, que é feito, ou deveria ser feito, internamente a nível das estruturas partidárias. O segundo momento é o da comunicação da mensagem para o eleitorado. A estruturação de um programa político deveria prender-se com o desígnio do bem comum e deveria ser a principal preocupação de qualquer estrutura partidária e dos seus líderes. Defender ideais e ter um projecto para os concretizar seria a principal preocupação de uma boa liderança e da medida do seu sucesso. Porém nos últimos anos o número de votos tornou-se na única medida do sucesso de uma liderança partidária o que faz com que todo o esforço seja despendido com esse fim. A liderança tornou-se numa estratégia de conquista de votos em detrimento dos objectivos do bem comum. Hoje os bons lideres são os que conquistam mais votos e não os que tem melhores projectos. A ditadura dos media e da opinião pública leva a que os lideres partidários se subjuguem aos problemas imediatos e não reflictam o suficiente sobre o médio e o longo prazo. Nos partidos perdeu-se a capacidade de reflectir internamente sobre as melhores soluções para os problemas sociais para apenas se perspectivar as melhores, mais rápidas e fáceis maneiras de atingir o poder. O lema muitas vezes é – quando lá chegarmos pensamos nisso. Mesmo o mecanismo da eleição directa dos lideres, que pretendia ser uma transposição para a vida partidária dos métodos democráticos, revelou-se antes um cerceador do debate e do diálogo interno, porque levou os militantes a concentrarem-se apenas na conquista de votos e não na conquista interna de consensos, de intenções, ideais e programas. Toda a medida dos sucessos está no número de vezes que se ganham eleições e não nas mudanças e nos progressos que se dão à sociedade. Este, para mim, é o maior problema. Nos Açores apenas mudamos de lideres quando estes desistem, ou quando sucumbimos ao peso dos anos ou ao desespero da ausência de mudanças, quando deveríamos de quatro em quatro anos escolhe-los pelo mérito dos seus programas. Quanto a Obama só o tempo dirá se a sua capacidade de conquistar o voto popular é ou não igual à sua capacidade de dar de volta ao povo.

P.S. ainda sobre estas questões vale a pena ler o Pedro Magalhães

2 x Parabéns

Por esta entrada e pela tenra idade.

Em resposta (não solicitada, ao post sobre a liderança) ao Pedro

Percebo o raciocínio mas, discordo em absoluto do fatalismo que a opinião encerra e julgo que o problema é maior e ligeiramente diferente.

Na escolha dos seus líderes, a dinâmica dos partidos é muitas vezes semelhante à dinâmica da escolha do líder de um país, de uma região, de um concelho, de uma freguesia ou, até mesmo, de uma ONG.

(diferente)
Se, por um lado, o indivíduo está sensibilizado para a necessidade de escolher uma pessoa capaz e interessada pela causa pública, a grande massa fica facilmente inflamada pela chama corrosiva de meia dúzia de pessoas, que se consideram iluminados. Há outros exemplos mas, ocorre-me agora um que se prende com a condução de D. João – Mestre de Avis – ao trono de Portugal. A quem não conhece o episódio, recomendo a leitura das crónicas de Fernão Lopes (a culpa não é de nós todos. A culpa é só de alguns de nós).

(maior)
No que toca a suposta manifesta incapacidade dos partidos em arranjarem bons líderes, ante o contentamento generalizado da populaça, gostaria de dizer que, mais que muitas, há vezes em que pessoas, dentro e fora das suas fileiras há, que apresentam indícios de poderem vir a ser bons líderes mas, nunca o serão, pois, o problema da liderança está directamente relacionado com o caminho que o líder está determinado a trilhar e a compatibilidade ou incompatibilidade que tal caminho apresenta face aos interesses «superiores» da estrutura do partido. Tentando transpor este raciocínio para a nossa realidade (em jeito de cantigas de escárnio e maldizer), quanto melhor o líder para o seu partido, pior o líder para os Açores e aqui é que reside a principal diferença entre os dois maiores (em termos de filiações) partidos do nosso sistema político: Carlos César antes de governar os eleitores governa os caciques e Berta Cabral antes de governar os caciques governa os eleitores. Será por isto que apregoa ser a próxima presidente do Governo dos Açores? Quanto tempo há de isto durar?
Por outro lado, muitas das vezes, os partidos até gostariam que determinadas pessoas se decidissem abraçar a luta política com maior intensidade mas, em virtude do bom senso intelectual ou da intransponibilidade de alguns obstáculos itinerantes as mesmas não o fazem, correndo o risco de serem apelidadas de egoístas ou, até mesmo, cobardes.

Não procurando ser moralista, gostaria de deixar uma pequena nota final que, julgo eu, ilustra bem o carácter aleatório que caracteriza muitas vezes «a luta»: A eleição de Barack Obama para uns foi motivo de regozijo: Houve quem afirmasse que “era uma boa época para se estar vivo”. Outros, cautelosos, disseram que “as grandes desilusões vêm das grandes expectativas”. Como é que ficamos?

terça-feira, março 10

1ª colheita de 2009

Empire of the Sun - Walking on a Dream


Franz Ferdinand - Tonight:


Antony and the Johnsons - The Crying Light


Andrew Bird - Noble Beast


of Montreal - Skeletal Lamping


The Airborne Toxic Event


Dark Was the Night


doismileoito


a certain ratio - mind made up


Beirut - March of the Zapotec and realpeople holland

domingo, março 8

Dias não são dias

O Repórter está em mudanças.

uma obra real fora da vulgaridade



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Este é o relato de um dia de trabalho da Comissão Parlamentar do Ambiente em tour de branqueamento pela Fajã do Calhau. Esta peça jornalística é legendada tecnicamente para esclarecimento das vozes de escárnio e maldizer de tão excelsa empreitada. Na verdade, é uma obra, "como é que eu hei-de dizer" "fora da vulgaridade"…pelos "volumes" (de terra profanada e de €uros ; sendo que de ambos não se faz ainda a mínima ideia quanto ao volume já gasto), pela "complexidade que exibe" (nunca se viu engenho e arte na exibição da destruição, excepto para os discípulos de Nero e outros megalómanos) e até pela forma como se processou abrindo o "corredor" e "depois executando o projecto" (que é como quem diz: avançaram as bulldozers à frente do projecto).
Enfim: é uma "obra real". Só faltava dizer que é uma obra ecológica mas isso fica por conta da benemérita acção de reflorestação, com repovoamento de endémicas, pois, como se sabe, antes de lá entrarem as caterpillars do Governo aquilo era um viveiro de infestantes.
Até o repórter X lá esteve mas não publicou qualquer instantâneo de indignação e denúncia a bem da Região.
Como peça lúdica esta reportagem não está mal, seria entretenimento perfeito não fosse o cenário de horror e abismo que nem uma catástrofe natural seria capaz de produzir. Resta-nos esperar o relatório final da Comissão Parlamentar para rematar o epílogo laudatório de tão magnânima obra "real" cuja amplitude está à vista de todos…mesmo dos mais cegos que são aqueles que não a querem ver.

outro Dia F

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8 de Março é Dia Internacional da Mulher e foi Deus quem as criou...
pour cherchez autres femmes click ici

sábado, março 7

Luis Roque

Hoje em exposição na Arco8 e amanhã Teresa Gentil semeia gent'ilesa no Teatro Ribeiragrandense.

Desafiado pelo candilhes

Amado por muitos e odiado por alguns, Anthony Bourdain é uma figura controversa que, para felicidade dos açorianos com responsabilidades no turismo, se interessou pelos Açores e isto podia muito bem ser o “bottom-line” deste postal.
Acreditem-me que, apesar das consideráveis comunidades de açorianos espalhadas pela América – sobretudo do norte -, não são muitos os indígenas que conhecem os Açores, facto, aliás, tristemente constatado por mim, numa visita de cariz profissional efectuada ao Canadá, em Agosto de 2003.
Ali, poucos eram os que já tinham ouvido falar dos Açores e menos ainda eram os que sabiam onde ficava tal sítio. Se vos disser que tal se passou em Halifax, num jantar com cerca de 200 agentes de viagens, todos me dirão que é aceitável. Afinal e apesar da base naval, Halifax é um sítio relativamente recôndito no Canadá. Mas, se vos disser que o mesmo se repetiu num jantar em Toronto, com cerca de 1200 outros agentes, muitos terão dificuldade em acreditar e outros dificuldade em aceitar.
É verdade que nós açorianos assistimos de boca aberta e incrédulos ao “No reservations” sobre os Açores, perguntando quem teria permitido semelhante figura fazer tal divulgação das nossas lindas ilhas e respectiva gastronomia mas, também é verdade que a nossa abordagem ao mercado canadiano – muito formatada ao nosso estilo conservador e formal – não surtiu o desejado efeito e a operação, pura e simplesmente, fracassou.
Apesar de me ter custado engolir alguns dos desabafos de Anthony Bourdain sobre as Furnas e as suas caldeiras (razões óbvias), julgo que o resultado final da sua visita aos Açores está longe de se resumir à reportagem “itself”.
A forma descomprometida e a fórmula encontrada para dar a conhecer à América que ilhas são estas e em que padrões gastronómicos assenta a cultura daqueles que, com uma saudade latejante, se orgulham tanto da sua terra, corresponde a uma abordagem completamente diferente daquelas às quais estamos habituados e decorre da ânsia de se arranjar novas motivações para as mesmas viagens.
“One can say: its all about Food Destinations, for food minded people”. E recomendo a leitura da entrevista feita ao chef Ray McCue para que possamos perceber um pouco melhor que fenómeno é este.
Outros programas de Anthony Bourdain há sobre outros destinos, nos quais, mantida a temática, o formato varia. No nosso caso, um carinho especial foi dedicado a uma das nossas características mais apreciadas – a nossa hospitalidade -, “seasoned” com fortes elogios à nossa têmpera.
Tudo me pareceu orientado para o absolutamente genuíno e fora das rotas do circuito comercial e com muito por apresentar, num estilo duvidoso mas, seguramente apreciado pelos fãs do desarmante e desbocado Anthony Bourdain.

P.S. Por altura da tal visita ao Canadá, o operador que se preparava para montar a operação para os Açores, achou que, nos já referidos jantares, se havia de servir a comida açoriana (porque seria?). Não sei bem porquê (talvez para se poupar uns cobres), não levamos os nossos cozinheiros na comitiva e... Bem, por esta altura, já devem ter, todos sem excepção, adivinhado o resultado da tal repasto: “PLASTIC”

sexta-feira, março 6

liderança

post em duas partes

Só para que não fiquem dúvidas e para tirar o assunto do caminho, deixem-me que diga que na minha modestíssima opinião (e a título individual…) a questão da Fajã do Calhau é, obviamente, um crime ambiental de grande gravidade. Mas, parece-me também que apesar da sua força simbólica a Fajã do Calhau não deve ser privilegiada em detrimento de outros crimes ambientais que foram e vão sendo cometidos na Região. A manifestação promovida pelo FiatLux é meritória, mas no meu entender é redutora porque o problema de fundo nos Açores é a falta de planeamento das obras promovidas pelas entidades governativas, Câmaras e Governo Regional, e o constante desrespeito com que os governantes olham para o património e os interesses ambientais na balança de ponderação com o suposto interesse económico ou essa coisa indefinida chamada Progresso. Para mim uma manifestação pública do blogoarquipélago deveria incluir muitos outros pontos, começando nas SCUTS, passando no Terreiro de São Mateus e acabando em todos os nefastos milhões de euros de betão e pedraço que foram plantados por essas ilhas fora em Marinas, Portos, Passeios Atlânticos, Avenidas Marginais e Piscinas Oceânicas, entre outros, debatendo-se de forma sustentada toda a política de obras públicas e de desenvolvimento da Região e os seus custos ambientais no futuro. Última nota para a vergonha que é a diminuta ou inexistente repercussão que esta campanha promovida pelo FiatLux teve na comunicação social dita séria.

Posto isto vamos para aquilo que realmente me interessa discutir e que vêm, mais uma vez, na sequencia dos posts dos últimos dias. E o que me interessa discutir é: Liderança. Pensar o problema da crise do sistema político nas democracias liberais começa na tentativa de encontrar um culpado dessa crise. Estará o agente da decadência no we the people, ou será antes um problema de decadência das lideranças. Quando me queixo da excessiva personalização do poder e da cada vez maior fulanização das campanhas políticas e dos processos eleitorais faço-o com a consciência de que não é só aí que reside o problema. A verdade é que sempre houve líderes, toda a história das democracias ocidentais é feita de líderes carismáticos e agregadores. Portanto a crítica à personalização não é uma crítica há existência de líderes per si, mas antes uma critica à falta de carisma, de visão e de substância política dos líderes actuais. A grande diferença da política hoje quando comparada com a política de há 40 ou 50 anos atrás é a força e o peso político dos lideres actuais. Hoje contentamo-nos com escolher líderes menos maus. Tanto os partidos nas suas estruturas internas, como todo o povo em eleições, reduz-se deprimentemente a uma espécie de frete de eleger o menos mau do que lhe põem à frente. E o segundo problema é que esses líderes fracos 90% dos casos rodeiam-se de parceiros, ou assessores, ainda mais fracos numa infindável corrente de incompetência, falta de visão e de liderança… De quem é a culpa? De nós todos.

quinta-feira, março 5

dia F

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O óbito da Fajã do Calhau ocorreu há muito, mas a inumação do seu cadáver não se faz, ficando o seu corpo exposto num ataúde obsceno cujo leito regista, para memória futura, a vergonha do vil crime ambiental ali cometido. No lugar outrora vivificado por um santuário ecológico, inscrito numa Zona de Protecção Especial, na rota do Parque Natural da Ilha de São Miguel e nas cercanias da magnifica Serra da Tronqueira, agora jazem insepultos os restos mortais da Fajã do Calhau. A profanação da terra fez-se à conta da vaidade humana e para a contingente satisfação de uns quantos usufrutuários da Fajã, porventura, a troco de meia dúzia de votos caucionados pelos caciques locais. Não há interesse público que justifique a cicatriz que ali se cravou na encosta da Fajã, e no leito marítimo da mesma, agora mortificado pelos detritos escorrentes da obra em curso. O comissário da obra é, como se sabe, a Direcção Regional dos Recursos Florestais mas, o seu autor moral, e verdadeiro comitente, permanece na sombra. A mesma sombra que enegrece todo o procedimento.
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Tem projecto a obra?
- Alegadamente não.
Cumpre com os parâmetros mínimos de segurança e estabilidade?
- Não se sabe, até porque não foram feitos estudos, bastando para a sua execução a fé no "know how" dos serviços.
Foi aberto concurso público para a sua execução ?
- Presume-se que não!
Qual o custo de tal malfeitoria?
- Não se faz a "mínima ideia" para citar o dono da obra, mas apesar do Director Regional ter confessado não ter sequer um vislumbre do cômputo geral, estima-se que a "parte bruta" da empreitada, em meados de 2008, rondava os 800.000 euros!
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Com tantos pontos de interrogação estranha-se também a passividade da comunicação social que, salvo honrosas excepções, deixou-se vender corporativa e pessoalmente ao manto de silêncio que caiu sobre a Fajã. Não se compreende a inexistência de qualquer sindicância das entidades oficiais, designadamente do Ministério Público e do Tribunal de Contas, às alegadas irregularidades noticiadas em 2008.
Resta-nos a certeza de que no meio de tanto lixo ainda há na blogosfera espaço para fazer a necrologia da nossa terra, na esperança de que o presente não se repita no futuro. Hoje, em nome individual, estou solidário com a campanha promovida pelo Fiat Lux*Carpe Diem. Estou pois de luto pela Fajã do Calhau mas consola-me a certeza de não estar sozinho no nojo.
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Posted by : João Nuno Almeida e Sousa

"prostituzione intellettuale"

Nos dias de hoje estar na, ou gostar de, política é uma condição ingrata. Não porque haja algo de particularmente penoso na actividade política que a torne mais ou menos difícil ou complexa do que por exemplo a estiva, ou o carregar de pianos, mas porque a política exige, ou deveria exigir, de quem a pratica, uma verticalidade e um sentido de justiça no limiar da ortodoxia. A política enquanto interesse pelo bem público não é uma amante fácil. Já a versão adultera da política que preza a prostituição dos valores em prol do bem individual ou privado, essa esta aberta a todos os dislates. Importa dizer que há sempre excepções para confirmar a regra e que nesta guerra em que se transformou o debate político nem tudo é pessoal ou personalizável.

Vem isto a propósito do meu post de ontem e também da crónica de hoje do colega JNAS. Por uma vez estou de acordo com ele, mas mesmo de acordo eu vou um pouco mais longe e imputo esse autismo a todo o espectro político-partidário. O que pode haver de mais autista do que acusar um partido sem olhar primeiro para o seu próprio? Pergunto eu ao João Nuno. È que agitar o libelo ao outro lado da barricada é fácil, mas perceber as suas próprias debilidades internas exige outro tipo de pega. Ver no PS um partido autista sem preceber que esse é um mal que atravessa todos os partidos do espectro político nacional é mais do que autista é desonesto e ridículo.

Este é o momento dos militantes dos partidos reflectirem sobre as suas próprias estruturas e metodologias internas de uma forma isenta e ponderada. Todos os partidos cederam a personalização da actividade partidária, até o BE. E a brilhante ideia das eleições directas, que foi apresentada como a salvação dos partidos da perversa intriga interna, rapidamente se revelou uma armadilha populista que reduz o debate à aclamação quase maoista do Líder. Foi assim com o PS, com o PSD, com o PP, etc.

Talvez fosse importante pensarmos um pouco nisto e perceber que a progressiva e cada vez mais profunda subserviência dos partidos políticos portugueses à força implacável dos seus lideres esta a dar cabo da nossa democracia. Dá muito jeito ao João Nuno vir acusar de autismo o partido da maioria, mas verdadeiro autismo é fingir que não se vê dentro de portas os mesmos tiques e façanhas de que se acusa sibilinamente o adversário. Não está o PSD/Açores rendido ao culto da sua Grande Líder? Não andou a Dra. Berta a pedir um voto de fé em nome de um putativo desgaste e fim de ciclo do PS? Não foi o último congresso do PSD/A um ritual de adoração, um baile laranja, manipulado para consumo dos crentes, sem ideias e mais nada?

Dois males não fazem um bem, meu caro João Nuno, mas ficava-te bem reconhecer que os defeitos que apontas ao teus adversários políticos são no fundo o espelho dos males que afectam também o teu próprio partido. Não o reconhecer, meu amigo, é na expressão do special oneprostituzione intellettuale.

Um congresso autista

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Decorreu sem história o congresso autista do PS. A reunião magna dos Socialistas foi uma liturgia de fiéis rendidos ao culto de Sócrates. Sem dissonâncias ou divergências dos cânticos de glorificação ao "Grande Líder" este congresso, até na sua encenação, evocou os unanimismos populares de esquerda cujo paradigma o Sr. Pinto de Sousa parece ter tomado de empréstimo ao seu amigo Chávez. Na procissão dos devotos não se viram históricos do PS -(excepto Almeida Santos)- mas em lugar de honra lá estavam os pares ministeriais para a inevitável genuflexão. Aquilo não foi um "congresso" foi uma verdadeira "missa" cor-de-rosa, incluindo a inevitável epístola laudatória dos milagres do sumo-sacerdote da congregação!
Em circuito fechado para os crentes lá foram desfilando os ministros da fé sempre repudiando os hereges como, por exemplo, o fez ostensivamente a Ministra da Educação ao recusar qualquer declaração para a comunicação social. Para quê prestar contas a esses infiéis da comunicação social a soldo de uma "campanha negra" contra o "Senhor Engenheiro" ? Assim, os discípulos de Sócrates reduziram o "congresso" a um acto de veneração sem ideias para o País! Medidas concretas e "pró-activas" para contrariar o abismo para o qual caminhamos ? Um rol de generalidades sem concretização foi o mínimo que se ouviu na ladainha do costume. Mas, no embrulho da recorrente propaganda, em suporte digital "simplex", não houve uma luz neste conciliábulo do PS que indicasse o caminho para a paz social, para a prosperidade e, sobretudo, para a libertação da crise que emergiu ao longo deste Governo de maioria absoluta Socialista.
Mesmo assim o líder do PS toma o congresso apenas para pedir um voto de fé em mais uma maioria absoluta em "nome da decência da democracia Portuguesa". Dito de outro modo: quaisquer outras maiorias, relativas ou não, seriam indecentes? Indecente é o grau de pauperização a que chegou Portugal e o nível de indigência ideológica a que desceu o PS. Sinal dessa realidade é a aclamação de uma única moção aprovada por todos os militantes com apenas uma única excepção, cujo voto contra terá sido, porventura, um lapso remível desde que o prevaricador passe pelo refrigério da disciplina férrea de adoração ao líder. Afinal, o "congresso" ficou reduzido às costumeiras diatribes de Sócrates contra uma suposta conspiração e ainda ao episódio do cabeça de cartaz para as eleições Europeias. Até neste capítulo o casting de Vital Moreira não tem outra justificação que não seja a de gratificação da bajulação do socialismo free-lancer. Com efeito, o Professor Vital Moreira, nado e criado na escola do marxismo-leninismo, é agora o candidato independente no topo da lista do PS para as eleições Europeias. Estranha opção para uma personagem que nunca foi um paladino da causa Europeia…pelo menos daquela que ficava do lado de cá da "cortina de ferro". Ora, tal como nunca foi um europeísta empedernido é certo e seguro que também nunca foi solidário com as Autonomias as quais, aliás, recorrentemente acusou de serem sorvedouros da República. Será uma aquisição de luxo para o centralismo de Lisboa mas não será seguramente um aliado dos Açores e da Madeira.
Entre o show off e as manobras de contorcionismo ideológico, como a do avanço de Vital Moreira, o "congresso" do PS foi um ritual de adoração. Um hapenning manipulado para consumo dos crentes, sem ideias ou projectos para o país real. Nada mais.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

quarta-feira, março 4

Agente Provocador



Hoje o agente dá música...

Questões [+ ou -] sensíveis

Aquando da campanha para as eleições regionais critiquei duramente o Partido Socialista pela sua colagem a uma ideia vaga de Açores e por ter resumido o seu discurso político a essa ideia. Continuo a ser crítico dessa escolha, embora já tenha reconhecido que uma campanha que consegue colocar ilustres e empedernidos reaccionários da nossa praça a tecerem loas ao PS e a Carlos Cesar é, efectivamente, uma campanha bem sucedida. Mas para um militante como eu, um militante que ainda acredita, contra todas probabilidades, na importância da ideologia e do peso do ideário programático na vida dos partidos e na vida política do país em geral, assistir impotente à ditadura do marketing e da comunicação mediatizada é uma situação dolorosa. Esta semana com o lançamento deste site não só o PS dá mais uma terrível machadada no seu passado e nas suas hipóteses de futuro, como o país político assiste mais ou menos impávido ao consumar da personalização na política. Não só esta estratégia mente ao país, como vai contra o nosso enquadramento constitucional, como transforma o debate político, que se deveria centrar na discussão de ideias alternativas para o bem comum, numa espécie de versão deturpada de um American Idol de Curral de Moinas. Portugal sempre foi pródigo em importações baratas de modelos estrangeiros, chegou agora a vez da obamização de Sócrates. Eu pela minha parte tenho pena.

terça-feira, março 3

Maturação ou infantilismo

Será que a blogosfera tem meios e condições para anular as suas próprias monstruosidades?
Uma questão magistralmente colocada por João Lopes. Para acompanhar aqui.

segunda-feira, março 2

Europeana


Bellin, Jacques-Nicolas, 1764, Carte des iles Açores ou Terceres. Partie occidentale

Uma excelente notícia e uma magnífica ferramenta. Está desde hoje disponível, ainda que em fase experimental, a biblioteca multimédia online da Europa, "Europeana", englobando mais de dois milhões de documentos e obras dos 27 Estados Membros da União Europeia.
Esta biblioteca virtual conta com livros, mapas, gravações, fotografias, documentos de arquivo, pinturas e filmes do acervo de mais de 1000 bibliotecas nacionais e instituições culturais de toda a União Europeia.
A utilidade da União Europeia e a riqueza da sua diversidade também se vêem nestas iniciativas.

02.03.1885

Chá sem açúcar?!

domingo, março 1

Flower of evil



Descoberta via a mais que conveniente newsletter da Flur. Susanna é escandinava mas isso não a inibiu de trazer consigo algum do calor que preencheu o fim-de-semana que agora termina.

Domingo à tarde

«A ideia é que se fala abundantemente de sexo – isso acontece, diz a minha sobrinha, porque se fala demais do que não se tem e porque as mulheres ‘andam malucas’. Ignoro.»
Fragmento da crónica dominical de António Sousa Homem no Correio da Manhã naquele que é para mim, muito provavelmente, o dia mais reaccionário da semana.

CineClube



A Dúvida do autor John Patrick Shanley foi primeiro peça de teatro e arrecadou o Prémio Pulitzer em 2005, em Portugal teve em palco Eunice Muñoz e Diogo Infante como protagonistas. Estreia esta semana na tela da Sala 4 da Castello Lopes com Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman nos principais papéis.