Percebo o raciocínio mas, discordo em absoluto do fatalismo que a opinião encerra e julgo que o problema é maior e ligeiramente diferente.
Na escolha dos seus líderes, a dinâmica dos partidos é muitas vezes semelhante à dinâmica da escolha do líder de um país, de uma região, de um concelho, de uma freguesia ou, até mesmo, de uma ONG.
(diferente)
Se, por um lado, o indivíduo está sensibilizado para a necessidade de escolher uma pessoa capaz e interessada pela causa pública, a grande massa fica facilmente inflamada pela chama corrosiva de meia dúzia de pessoas, que se consideram iluminados. Há outros exemplos mas, ocorre-me agora um que se prende com a condução de D. João – Mestre de Avis – ao trono de Portugal. A quem não conhece o episódio, recomendo a leitura das crónicas de Fernão Lopes (a culpa não é de nós todos. A culpa é só de alguns de nós).
(maior)
No que toca a suposta manifesta incapacidade dos partidos em arranjarem bons líderes, ante o contentamento generalizado da populaça, gostaria de dizer que, mais que muitas, há vezes em que pessoas, dentro e fora das suas fileiras há, que apresentam indícios de poderem vir a ser bons líderes mas, nunca o serão, pois, o problema da liderança está directamente relacionado com o caminho que o líder está determinado a trilhar e a compatibilidade ou incompatibilidade que tal caminho apresenta face aos interesses «superiores» da estrutura do partido. Tentando transpor este raciocínio para a nossa realidade (em jeito de cantigas de escárnio e maldizer), quanto melhor o líder para o seu partido, pior o líder para os Açores e aqui é que reside a principal diferença entre os dois maiores (em termos de filiações) partidos do nosso sistema político: Carlos César antes de governar os eleitores governa os caciques e Berta Cabral antes de governar os caciques governa os eleitores. Será por isto que apregoa ser a próxima presidente do Governo dos Açores? Quanto tempo há de isto durar?
Por outro lado, muitas das vezes, os partidos até gostariam que determinadas pessoas se decidissem abraçar a luta política com maior intensidade mas, em virtude do bom senso intelectual ou da intransponibilidade de alguns obstáculos itinerantes as mesmas não o fazem, correndo o risco de serem apelidadas de egoístas ou, até mesmo, cobardes.
Não procurando ser moralista, gostaria de deixar uma pequena nota final que, julgo eu, ilustra bem o carácter aleatório que caracteriza muitas vezes «a luta»: A eleição de Barack Obama para uns foi motivo de regozijo: Houve quem afirmasse que “era uma boa época para se estar vivo”. Outros, cautelosos, disseram que “as grandes desilusões vêm das grandes expectativas”. Como é que ficamos?
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