sexta-feira, março 6

liderança

post em duas partes

Só para que não fiquem dúvidas e para tirar o assunto do caminho, deixem-me que diga que na minha modestíssima opinião (e a título individual…) a questão da Fajã do Calhau é, obviamente, um crime ambiental de grande gravidade. Mas, parece-me também que apesar da sua força simbólica a Fajã do Calhau não deve ser privilegiada em detrimento de outros crimes ambientais que foram e vão sendo cometidos na Região. A manifestação promovida pelo FiatLux é meritória, mas no meu entender é redutora porque o problema de fundo nos Açores é a falta de planeamento das obras promovidas pelas entidades governativas, Câmaras e Governo Regional, e o constante desrespeito com que os governantes olham para o património e os interesses ambientais na balança de ponderação com o suposto interesse económico ou essa coisa indefinida chamada Progresso. Para mim uma manifestação pública do blogoarquipélago deveria incluir muitos outros pontos, começando nas SCUTS, passando no Terreiro de São Mateus e acabando em todos os nefastos milhões de euros de betão e pedraço que foram plantados por essas ilhas fora em Marinas, Portos, Passeios Atlânticos, Avenidas Marginais e Piscinas Oceânicas, entre outros, debatendo-se de forma sustentada toda a política de obras públicas e de desenvolvimento da Região e os seus custos ambientais no futuro. Última nota para a vergonha que é a diminuta ou inexistente repercussão que esta campanha promovida pelo FiatLux teve na comunicação social dita séria.

Posto isto vamos para aquilo que realmente me interessa discutir e que vêm, mais uma vez, na sequencia dos posts dos últimos dias. E o que me interessa discutir é: Liderança. Pensar o problema da crise do sistema político nas democracias liberais começa na tentativa de encontrar um culpado dessa crise. Estará o agente da decadência no we the people, ou será antes um problema de decadência das lideranças. Quando me queixo da excessiva personalização do poder e da cada vez maior fulanização das campanhas políticas e dos processos eleitorais faço-o com a consciência de que não é só aí que reside o problema. A verdade é que sempre houve líderes, toda a história das democracias ocidentais é feita de líderes carismáticos e agregadores. Portanto a crítica à personalização não é uma crítica há existência de líderes per si, mas antes uma critica à falta de carisma, de visão e de substância política dos líderes actuais. A grande diferença da política hoje quando comparada com a política de há 40 ou 50 anos atrás é a força e o peso político dos lideres actuais. Hoje contentamo-nos com escolher líderes menos maus. Tanto os partidos nas suas estruturas internas, como todo o povo em eleições, reduz-se deprimentemente a uma espécie de frete de eleger o menos mau do que lhe põem à frente. E o segundo problema é que esses líderes fracos 90% dos casos rodeiam-se de parceiros, ou assessores, ainda mais fracos numa infindável corrente de incompetência, falta de visão e de liderança… De quem é a culpa? De nós todos.

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