quinta-feira, março 12

Fajã do Calhau

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Recentemente a blogosfera açoriana foi caixa de ressonância para uma campanha de luto pela Fajã do Calhau. Mais uma obra do actual regime que se diz eco-friendly mas na realidade é capaz de apadrinhar um dano ambiental permanente e irreversível. Longe vão os tempos do movimento "S.O.S. Lagoas" e das passeatas pelos trilhos das Sete Cidades sensibilizando os poderes para a causa ecológica. Hoje, as personagens são outras e a causa ecológica está ao serviço dos compagnon de route de outros tempos. No terreno está já a Comissão Parlamentar de Ambiente e Trabalho, não por vontade própria, mas em consequência das sucessivas vozes que têm denunciado o crime ambiental da Fajã do Calhau. Nesse coro de protestos sempre esteve presente, desde o início, a blogosfera que, no passado dia 5 de Março , assinalou um dia de luto "virtual" pela profanação da nossa terra. Estranhou-se uma vez mais o silêncio cúmplice da generalidade dos órgãos de comunicação social da Região que, no esteio do tratamento que têm dado a este atentado ambiental, nenhuma referência fizeram à referida plataforma de protesto. Ela existe e está arquivada na net para memória futura. Foi uma lição de participação cívica e cremos que foi a primeira vez que, de modo espontâneo e por uma causa transversal, se agregaram na blogosfera açoriana várias vozes a favor de um bem comum: o ambiente. Numa região em que o "quarto poder" parece ter alienado o jornalismo de investigação e trespassado a denúncia pública de aberrações políticas, como é o caso da obra da Fajã do Calhau, resta-nos a rudimentar liberdade cibernética que tem já um respeitável arquivo de participação cívica. Apesar de todas as peças de propaganda, e mesmo com a passividade da comunicação social regional, a obra da Fajã do Calhau é incontornavelmente um crime ambiental. As vítimas somos todos nós e a nossa terra. Os beneficiários da infracção são uns quantos veraneantes de luxo a quem se fez o frete de abrir um "corredor" de acesso às respectivas casas, edificadas em pleno domínio público marítimo e em zona demarcada da região vitivinícola do "vinho de cheiro", como se a Fajã do Calhau fosse uma coutada privada dos "amigos do calhau" e respectivos usufrutuários! Assim se vê o estado da Região: esbulhada à conta de interesses particulares cuja factura será paga por todos nós.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com

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