quarta-feira, março 4

Questões [+ ou -] sensíveis

Aquando da campanha para as eleições regionais critiquei duramente o Partido Socialista pela sua colagem a uma ideia vaga de Açores e por ter resumido o seu discurso político a essa ideia. Continuo a ser crítico dessa escolha, embora já tenha reconhecido que uma campanha que consegue colocar ilustres e empedernidos reaccionários da nossa praça a tecerem loas ao PS e a Carlos Cesar é, efectivamente, uma campanha bem sucedida. Mas para um militante como eu, um militante que ainda acredita, contra todas probabilidades, na importância da ideologia e do peso do ideário programático na vida dos partidos e na vida política do país em geral, assistir impotente à ditadura do marketing e da comunicação mediatizada é uma situação dolorosa. Esta semana com o lançamento deste site não só o PS dá mais uma terrível machadada no seu passado e nas suas hipóteses de futuro, como o país político assiste mais ou menos impávido ao consumar da personalização na política. Não só esta estratégia mente ao país, como vai contra o nosso enquadramento constitucional, como transforma o debate político, que se deveria centrar na discussão de ideias alternativas para o bem comum, numa espécie de versão deturpada de um American Idol de Curral de Moinas. Portugal sempre foi pródigo em importações baratas de modelos estrangeiros, chegou agora a vez da obamização de Sócrates. Eu pela minha parte tenho pena.

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