quinta-feira, julho 19

A encruzilhada

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Portugal é um País bizarro e a capital é a projecção máxima dessa condição. Apesar da Pátria estar dominada por um PS prepotente e soberbo, autocrático e controleiro, - feito à imagem e semelhança do Sr. Pinto de Sousa - , na primeira oportunidade que tem de exibir um "cartão amarelo" à governação retribui com a eleição do nº 2 do Governo para a mais emblemática e importante Câmara Municipal do País. Manifestamente parece que o eleitorado de Lisboa – aquele que se prestou ao "frete" de ir votar nas intercalares da capital - ainda não aprendeu a lição da escola do PS. Mas também quem ainda não aprendeu qualquer lição de ciência política foi Marques Mendes que arrastou o PSD para um vexame eleitoral gratuito e humilhante. Com efeito, não ocorreu a Marques Mendes a lição imposta por Isaltino Morais ou sequer as aulas práticas do inefável Major Valentim Loureiro. Ainda assim, repetiu o "chumbo" com Carmona Rodrigues. Insistiu ingenuamente na paladina defesa dos "princípios" contra a "realpolitik" e, numa palavra, tramou-se! Ora, depois de galgar três vezes o mesmo opróbrio não lhe resta outra alternativa que não seja desistir da sua carreira actual antes que renove o desastre reprovando novamente na próxima prova eleitoral fora do aparelho do partido. Marques Mendes conseguiu reduzir o PSD na capital à baixa expressão eleitoral de uns meros 15 %, por contraponto aos cerca de 42,5 % que o PSD havia alcançado há dois anos. Marques Mendes foi um dos responsáveis que precipitou a queda do executivo de Carmona Rodrigues e perdeu para este na corrida eleitoral. Agora resta-lhe olhar para os resultados e perceber que a cisão do partido custou-lhe a Câmara de Lisboa. Com efeito, a soma dos votos de Carmona Rodrigues (16,70 %) com os do candidato oficial do PSD (15,74 %) ultrapassa o resultado da maioria relativa do PS. Marques Mendes deve retirar de tais factos politicamente relevantes as devidas consequências.

Seja como for, na capital, a esquerda fez o pleno com um amplo Bloco que passa não só pelo "justiceiro" Sá Fernandes mas também pela romântica Helena Roseta e até pelo histórico comunista Ruben de Carvalho. É com este naipe que se fará a governação de Lisboa? Na aritmética política o Dr. António Costa carece de mais 3 Vereadores que poderá recrutar no amplo mercado da esquerda vencedora e disponível para arquitectar uma espécie de mega Bloco de Esquerda por Lisboa. No lado oposto a direita fez o pleno da derrota numa hecatombe da qual não há memória. Se o resultado do PSD foi vexatório a ablação do CDS-PP foi um rude golpe para o messianismo de Paulo Portas. No geral, o vazio eleitoral à direita do PS, e a inexistência de uma direita moderna e liberal em Portugal, é motivo de séria preocupação.Inevitavelmente chegará o tempo de restaurar e reconstruir um Bloco de Direita capaz de mais dinâmica e aggiornamento das ideias e de menos retórica inane e de suicidárias tricas intestinas. Para tal procuram-se líderes fortes e de elevada estatura política. Será esta a encruzilhada da direita Portuguesa acaso queira sobreviver.
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João Nuno Almeida e Sousa in crónicas digitais do jornaldiario.

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