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O sectarismo é maleita crónica da nossa sociedade. Com a resiliência da mesquinhez e a eficiência do caciquismo mina e armadilha o crescimento saudável do nosso País. Reduz a gramática das nossas relações ao dualismo minimalista de "nós e eles" e à permanente comparação da nossa "coutada" em relação à do vizinho. A lógica sectarista e gregária prevalece sobre o mérito alheio, do qual, aliás, desdenha ou se esforça por boicotar. Se isto é assim no quotidiano da "política de adro de Igreja" seria de esperar que em círculos frequentados por gente letrada e ilustrada o panorama fosse diferente. Infelizmente não é! Paradoxalmente é na "cultura" que o sectarismo grassa com mais vigor à mercê de diligentes "fiéis jardineiros". Com efeito, a partir da geração do Maio de 68, e com a institucionalização do mito da superioridade moral e intelectual da esquerda, funcionalizou-se a cultura a uma determinada ideologia. Ora, não há hoje governo que não queira assumir o mecenato de uma certa cultura nomeando para o sacerdócio da mesma os mais diligentes, e por vezes ignorantes, comissários de serviço. Estes além de seleccionarem os acólitos para os ritos do costume, designadamente "vernissages" e "lançamentos de livros", participam ainda nas prebendas subsidiárias que vão alimentando artificialmente a cultura do regime. Efectivamente, sem esta "subsidiodependência" muitos dos ditos agentes culturais seriam implacavelmente trucidados pelas regras do mercado, pela simples razão de que não teriam "procura" compatível com a "oferta" disponibilizada. Esta mania é de tal ordem atávica a uma determinada esquerda que é já hoje uma imagem de marca de qualquer governo Socialista que se assuma como tal. Logo, com esta política de "cultura subsidiada", e respectiva clientela, contribuem para o sectarismo dominante.
Infelizmente, o "nosso" Governo Socialista da República Democrática de Portugal, tem vindo a aprofundar o conceito de sectarismo e a este adicionou uma política de silenciamento das vozes dissonantes. No País está instalada uma deriva autocrática que, recordando outros tempos, divide os portugueses em situacionistas ou partidários do "reviralho". Os sinais dessa tentação sectarista, na República Portuguesa Socialista, aí estão para quem os quiser ler: primeiro foi a "imolação" do professor Charrua por delito de anedota, de caminho perseguiram o blog "do Portugal Profundo" por razões óbvias, seguidamente foi a exoneração de uma Directora de um Centro de Saúde à conta de uma fotomontagem jocosa do Ministro da Saúde...Caricaturando esta triste realidade sabuja o aforismo "quem não vive para servir/não serve para viver" bem poderia ilustrar, in extremis, o estado da Nação.
Tudo isto está em concordância com uma doutrina sectarista que se resume, nas palavras de uma Secretária de Estado, à seguinte fórmula "vivemos num país em que as pessoas são livres de dizerem aquilo que pensam", mas cada um só pode dizer o que quer "nos locais apropriados", e logo os tipificou pois "pode-se dizer o que se quer em casa, nas esquinas ou nos cafés entre os amigos". Com superiores exemplos deste calibre o sectarismo é apenas uma erupção num quadro clínico de maior gravidade que desengana o Portugal (Livre) que nos prometeram.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiário.
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