Realmente nesta nossa terra passam-se coisas do arco-da-velha. Porém, neste momento, o meu maior problema nem são as coisas que vão passando, mas antes aquilo que os media escolhem para fazer passar. Bem sei que neste nosso tempo acelerado política e comunicação social andam cada vez mais de braço dado, parecem quase gémeos siameses que ainda não conheceram o cirurgião Gentil Martins. Nos últimos dois dias, então, a coisa assumiu laivos de novela. Desde as polémicas esdrúxulas sobre se é mais séria a Euronews ou os repórteres locais, passando pelas obsessões terceirenses com bases e FLADes e outros que tais, até chegar-mos ao caso de hoje, em que a RTP-A anuncia com pompa, faltou a circunstância, um "informação especial" sobre uma vigarice de esquina a propósito de um DJ popularucho que já se sabia que não vinha. O meu maior problema com esta palhaçada toda é o critério e a importância. Perdoem-me os especialistas, ou os cabalistas, mas ao mesmo tempo que o Governo Regional destrói zonas costeiras protegidas para deixar passar os Jeep’s de meia dúzia de protegidos, ao mesmo tempo que em Ponta Delgada o património edificado desmorona em directo nas televisões, por culpa de Câmara e empreiteiros, enquanto a dita Câmara anuncia 6 milhões para cavernas de automóveis, enquanto tudo isto se vai passando, a Televisão pública dos Açores escolhe fazer passar uma burla em que os únicos lesados são o seu autor e os que por ele foram levados, e não me refiro aos miúdos que lá passaram a noite, porque esses como já sabemos nem se aperceberam… Desculpem, mas até o ridículo tem limites.
Act: Depois de ter visto o programa acho, ainda mais, que tinha mesmo razão. Este era assunto que não merecia tanto barulho. Mas, deixo aqui um apelo, esperemos que isto seja uma amostra do que será a "nova" RTP-Açores; mais atenta, mais interventiva, mais acutilante. Espero sinceramente que outros temas, temas mais importantes para os açorianos sejam discutidos em tempo real na televisão dos Açores. Por exemplo um debate sério e prolongado sobre a preservação do património e as políticas de urbanismo nos Açores, por que se não isto não passou de uma tentativa de linchamento público de um empresário, independentemente dos erros que ele tenha, ou não, cometido.
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