Estive a pensar numa coisa que me surpreendeu. Ultimamente tenho escrito aqui sobre as eleições americanas e não escondo a minha propensão por Kerry, ao mesmo tempo que escrevo também sobre as eleições regionais e a minha desconfiança da coligação PSD/PP. Pois cai em mim e dei-me conta de uma pequena contradição (ou talvez não) pessoal. Aquilo que está a levar John Kerry até uma vitória na convenção democrata é o mesmo tipo de sentimento que dá vida à coligação, ambos se alimentam de um objectivo de destituir um poder instalado. A maneira simplificada de observar estes dois fenómenos políticos é esta. Tirar Bush da Casa Branca, tirar Cesar do Palácio de Santana.
Mas há uma diferença primordial entre eles, John Kerry é
um homem empenhado em derrotar George W. Bush pelo que isso representa para o bem da América e do mundo. Há um interesse numa substancial inversão de políticas e de atitudes na governação, é por isso que Kerry luta e é isso que uma grande parte dos americanos vê nele. Em Vitor Cruz e em Alvarino Pinheiro não vejo outro empenho que não seja tirar de lá, do poleiro do poder, Carlos Cesar pela espúria razão de se quererem instalar lá eles, se sentisse ou visse nesta falsa irmandade um objectivo de mudança para o bem dos Açores e dos açorianos, talvez acredita-se. A verdade é que desde que há uns meses atrás li um artigo na The Atlantic Monthly sobre a comissão de Kerry no Vietnam e a sua posterior luta pelo fim da guerra que passei a acreditar nele, mas na coligação da direita açoriana não ponho nenhuma fé.
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