A cáfila do futebol em Portugal tem rédea solta e não tem outro préstimo que não seja a deformação cívica. O desporto pode e deve servir nobilíssimos objectivos de formação humanista que se condensam na fórmula de Juvenal : « anima sana in corpore sano » . Projecção maior da dimensão humanista do desporto podia e devia ser o desporto Rei . Só que nestas, como noutras coisas, a tradição já não é o que era e o predicado nobiliárquico não é garantia coisa nenhuma.
Os lamentáveis « acontecimentos » Vimaranenses, em arena que ostenta o nome do fundador da Pátria, constituem um mau agoiro para o Euro 2004. É que neste país de brandos costumes é frequente contemporizar-se com estas hordas selvagens que pululam aos fins de semana pelos estádios e depois, no resto da semana, estão entre nós ! Consequentemente, é sempre impopular à classe política tomar medidas securitárias e repressivas, indispensáveis a corrigir desmandos à autoridade e ao civismo. Na verdade, ao invés de termos polícia de choque a carregar sobre as hostes das duas tribos tivemos a polícia de intervenção que depois de, timidamente, usar o bastão para dispersar os « populares » acabou recorrendo ao « diálogo » para os convencer a abandonar o perímetro do estádio !
Infelizmente o futebol tem tribalizado a sociedade Portuguesa em vez de a elevar. Para jogos deste jaez eu não estou convocado ! Só espero que o Euro 2004 não envergonhe - ainda mais - Portugal cuja imagem exterior é a de um país embrutecido...culturalmente !
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