Ou de como a ditadura do pimba vai arruinar este país.
Esta sexta-feira o funcionalismo público esfrega as mãos de contentamento pelos quatro dias de doce fazer nenhum que se avizinham e, como este é ano de muitas eleições, parece que podem mesmo ser 5 dias pois na quarta-feira também há tolerância de ponto. Se eu fosse trabalhador dependente do estado metia-me num avião e fugia de São Miguel, principalmente para fugir do 1º Carnaval Brasileiro de Ponta Delgada. A pimbalhização crescente dos eventos patrocinados pela Câmara de Berta Cabral está a atingir patamares extraordinários. Começou com os Scorpions, no verão, teve ponto alto no final de ano e no espectáculo de Samantha Fox, Lili Caneças e companhia limitada, para chegar agora a bundas, batucadas, sambices e outras brasileiradas. Para que conste eu não tenho nada contra a cultura brasileira e as suas manifestações populares, pelo contrário. Mas sou frontalmente crítico de que esse modelo seja importado por nós. Ter sambistas na Avenida Marginal de Ponta Delgada é uma palhaçada que nem no carnaval se engole. É a globalização no seu pior. Temos que seguir as tradições dos outros apenas porque não queremos criar ou defender as nossas. Eu chamo a isto um impingir criminoso à população de um festival desbocado e estúpido que não faz, nem nunca fez, parte da sua forma de estar. É a desfaçatez total dos governantes que se arrogam do direito de ditar o gosto da população, ainda pra mais regidos pela ditadura do mínimo dominador comum. Quem é que disse á Drª Berta que a maioria dos habitantes de Ponta Delgada gosta de samba, ou de trios eléctricos, ou de batucadas? E, já agora, porque é que é a Câmara Municipal a pagar e promover estes eventos? Que se incentive e dê condições para a Batalha das Limas, acho óptimo. Que se apoiem os Bailes e os Corsos e todas as outras manifestações populares próprias da época, acho ainda melhor. Agora esta ditadura do samba é “o fim da picada”. Diz o povo que é carnaval, ninguém leva a mal. Eu levo e espero que a piada acabe. Se queriam importar um carnaval qualquer para animar a tristeza perene dos micaelenses por que não o de Veneza, ou o de New Orleans, sempre eram mais estéticos e mais agradáveis de ver e ouvir, apesar da bunda brasileira também ter o seu quê de estética e de agradável...
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