segunda-feira, fevereiro 28
Seria D. Quixote um velho de quatro anos de idade?!?
Neste fim-de-semana, o meu sobrinho Clemente de oito anos e a minha sobrinha Maria Teresa de quatro, olhavam pela janela o temporal que nos assolou. O Clemente, medroso que é, e mais consciente dos perigos que o rodeiam, olhava preocupado aquele vendaval e aquela trovoada. Tudo a esvoaçar, tudo a baloiçar.
- Ih! O vento está tão forte! Vai partir tudo e deitar as árvores abaixo! - preocupou-se o Clemente.
- Não é assim! As árvores estão cheias de sorte, e devem estar contentes. Hoje, para elas, é noite de discoteca! - disse-lhe a Maria Teresa, com aquele ar de quem tem pena pelo facto de todos os maiores do que cinco anos não perceberem nada deste mundo.
Ri-me sozinho. Adorei a imagem aplicada aquelas árvores frenéticas. Olhei para o mau tempo e pensei - Espero que as árvores que se aguentarem de pé não conduzam, hoje, para casa.
FANTÁSTICO
Dia..28 FEV - Amor e Vacas de Harry Sinclair
Dia...2 MAR - Tuvalu de Veit Helmer
Dia...7 MAR - Feebles - Os Terríveis de Peter Jackson
Dia...9 MAR - Anjo ou Demónio de Takashi Miike
Dia 14 MAR - Demónios - Toda a Verdade de Glenn Standring
Dia 16 MAR - Teknolust - Desejos Virtuais de Lynn Hershman Leeson
Dia 20 MAR - Fausto 5.0 de Álex Olle
Dia 23 MAR - Serenata da Morte de Vicente J. Martin e Pedro L. Barbero
Dia 28 MAR - Motown - Uma História de Amor de Paul Justman
Dia 30 MAR - Sex Pistols - O Filme de Julien Temple
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Os Óscars
«UM POETA MODERNO»
A 25 de Fevereiro de 1855 nasceu José Joaquim Cesário Verde. Poeta Moderno e de breves anos já que se extinguiu tuberculoso aos 31 anos. Volvidos 150 anos sobre a data do seu nascimento fica-nos, desde logo, a paradoxal circunstância de um dos maiores e mais originais poetas do seu tempo nunca ter publicado um livro que fosse... apenas tinha deixado uns folhetins de versos em obscuras revistas e, também, pela imprensa Nacional com destaque para o Diário de Notícias. Este Jornal, à data da morte do poeta em 19 de Julho de 1886,lavra o respectivo necrológio num tom que passa do «malogrado poeta e comerciante» para o queixume funéreo de que Cesário Verde «deixara-se desde algum tempo de cultivar as musas e entregara-se à vida comercial». Como diria o próprio defunto: «Literariamente parece que Cesário Verde não existe».
Na verdade Cesário Verde é apenas poeta em part-time, já que para assegurar a existência é comerciante de profissão, impelido desde cedo a aceitar que primeiro importa ganhar a vida e só depois se deve buscar o recreio do espírito.
Nessa esquizofrenia existencial naturalmente que, por um lado, entre os literatos não se sente entre iguais e, por outro, no meio comercial vê-se desenquadrado e isolado. O resultado é a misantropia e a solidão que perpassa nos seus poemas.
Mas, Cesário Verde, ficará para a história das nossas Letras como um Poeta Moderno, cuja obra prima é indubitavelmente «Sentimento de um Ocidental». Tão moderno que, nas palavras de Maria Ema Tarracha Ferreira, as suas «varinas reaparecem nos murais de Almada Negreiros e inspiram a arte neo-realista, embora, pelo contrário, os surrealistas admirem nele o poeta da visão interior e transfiguradora, aquele que primeiramente recriou o real».
Cesário Verde é, efectivamente, o poeta que vive literariamente a revolução industrial e a reforma da expansão capitalista introduzida por Fontes Pereira de Melo. No «spleen» do Chiado e do Café Martinho temos também um Cesário Verde que busca e anseia por evadir-se de Lisboa e diluir-se num Portugal rural e genuíno. Mas, o traço de modernidade de Cesário Verde está numa personalidade que sistematizou em forma de verso um sentimento de mal de vivre, que bem expresso ficou neste desabafo: «Não me sinto bem em parte nenhuma e ando cheio de ansiedades de coisa que não posso nem sei realizar.»
Sem soturnidades ocidentais, após 150 anos do seu nascimento, prefiro evocar um Cesário, mais Verde e campestre, com esta primaveril «Tarde»:
«Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!»
domingo, fevereiro 27
You know I've been here before
You know it's true
But what can I do
You know I've felt this before
And I don't need it anymore
You know it's true
I love
You, I love
You, I love
You *
Esta é uma das minhas bandas sonoras predilectas (* Spiritualized - Lazer Guided Melodies/1992), concebida na perfeição para um fim-de-semana invernoso com um não sei quê de Tinhoso...
após: 7 dias;
O HOMEM da VELA
Foi com 33 anos, a idade de Cristo quando morreu, que Peter Benenson leu nas páginas do jornal uma notícia sobre a prisão de dois estudantes portugueses que, imagine-se o topete, tinham brindado à liberdade num bar de Lisboa. Estávamos em 1961, no início do crepúsculo do salazarismo, quando rebentava a guerra em Angola e se iniciava uma década marcada pelas lutas académicas de oposição ao regime. Nessa época os portugueses pagavam caro o delito de opinião e os estudantes blasfemos foram condenados a 7 anos de prisão.
Benenson, embora educado em Eton, não descurava a leitura dos filósofos franceses e uma frase de Voltaire (não concordo nada com as vossas ideias, mas estou disposto a morrer para que as possam expressar) viria a configurar a sua futura cruzada em prol dos direitos humanos. Todos os dias eles eram, e são, atropelados no mundo inteiro, mas aquela notícia, tão singela quanto aberrante, sobre a criminalização de um delito de consciência cometido pelos estudantes, foi a mola que fez Peter Benenson levantar-se da cadeira.
Dias depois, a edição de Domingo do Observer de 28 de Maio de 1961 publicava um extenso artigo da sua autoria, intitulado The Forgotten Prisoners, em que denunciava esse e outros casos de intolerável violação dos direitos humanos que, embora já consagrados numa Carta das Nações Unidas, eram pouco mais do que letra morta. A reacção da opinião pública inglesa foi surpreendente, ou talvez não, e milhares de pessoas escreveram cartas ao Editor a manifestarem a sua disponibilidade para ajudar. As instituições políticas e diplomáticas portuguesas foram bombardeadas com uma corrente epistolar de protesto que levou o regime a recuar na sentença. Graças ao bafio do Doutor Oliveira Salazar tinha nascido a Amnistia Internacional. Na pessoa de Peter Benenson, a Academia Sueca distinguiu-a com o Prémio Nobel da Paz em 1977. Ontem o distinto laureado morreu em Inglaterra. Segundo parece, aquilo que lhe inspirou o símbolo da Amnistia Internacional (uma vela envolvida por arame farpado), foi um provérbio chinês que diz o seguinte: antes acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão.
Não sei se os tais estudantes ainda estarão vivos. Espero que sim, por todas as razões e mais esta: porque decerto já acenderam a vela que Portugal deve à memória de Peter Benenson, um homem bom e decente.
sábado, fevereiro 26
Mau tempo?!
OANI.02 [in a rainy weekend]
ESPAÇO AÉREO AÇORIANO
É a altura indicada, aliás, para delirar com estas coisas. O filme The Aviator está prestes a ser consagrado com os Óscares da Academia e, cá para mim, faz imensa falta um Howard Hughes aos Açores.
Não haverá por aí nenhum doido que esteja disposto a montar nas ilhas uma companhia low cost? Alguém tem o número do telemóvel do Richard Branson? Se calhar ele nunca aqui veio e ia achar piada à ideia.
Não digo que os Açores tornem a ser um hub no corredor aéreo do Atlântico Norte (como já o foram as ilhas do Faial e de Santa Maria), mas causa-me alguma inquietação não ver sequer muito discutido, agora que o choque tecnológico é o l?air du temps, a possibilidade de se desenvolver nos Açores um cluster ligado ao sector aeronáutico, aeroespacial e das telecomunicações, isto para não falar da meteorologia (que já teve entre nós o seu visionário na pessoa do Coronel Francisco Afonso Chaves).
Nestes últimos anos, e em grande parte devido ao estupendo trabalho de investigação desenvolvido pelo DOP na Horta, os açorianos em geral tomaram uma consciência bastante mais abrangente da riqueza patrimonial que possuem os seus mares. O mesmo não se pode dizer, infelizmente, das potencialidades que existem acima das nossas cabeças. É difícil de perceber aqui em baixo, eu sei, mas há muitos problemas de trânsito onde a vista não alcança. O espaço começa a estar coalhado de satélites e, tal como aconteceu durante a 2ª Grande Guerra, o Azores Gap (o buraco correspondente à zona onde o raio de acção dos aviões ingleses e aliados não chegava) apresenta-se com um asseio e limpeza que não demorará a atrair a cobiça dos entendidos.
Uma triste metáfora de como nós não estamos preparados para os receber, é a de que quando a Agência Espacial Europeia instalar em Santa Maria uma das suas estações, os únicos postos de trabalho aí criados para a população local serão, receio eu, para as senhoras da limpeza.
sexta-feira, fevereiro 25
Viva o Papa
Aproximei-me e perguntei - Por quem rezas meu filho?
Ele respondeu como que a murmurar para as veias daquele mármore - Por mim Senhor! Por mim!
- É muita e fervorosa a tua fé meu Príncipe. - sussurrei-lhe - E porque rezas tu?
- Meu divino Senhor! Peço-vos que a morte do nosso adorado Papa seja marcada para as vésperas da celebração da liturgia da Páscoa.
Como que surpreendido, escapou-me um - Ó meu Deus!?!
Afastando a testa, marcada de vermelho, daquele mármore frio e olhando-me por debaixo das sobrancelhas para o altar, o cardeal perguntou - Porque usais o vosso nome em vão Senhor?!?
Respondi-lhe - Neste preciso momento mais quatro dos meus príncipes me fazem o mesmo pedido e mais dezassete o farão nas próximas horas. Tendo sido, até agora, João Paulo, o príncipe dos príncipes, uma boa Pedra do meu templo, dizei-me, pois preciso de o ouvir da voz de um pecador, porque o quereis morto em vésperas da Páscoa da Ressurreição?!?
- Meu Senhor! Sabeis bem o peso da agenda de um cardeal durante as liturgias da Páscoa. A libertação do espírito eterno de João Paulo da sua carcaça humana, que o aprisiona, é piedosamente inevitável. Tal facto provocará, quando assim o quiserdes, o chamamento dos Vossos príncipes às cortes do Vaticano, aonde nos isolaremos do mundo, e, em Vosso nome, e por Vós iluminados, escolheremos a nova Pedra. Que assim seja! E assim sendo que seja na dita data pois salvar-nos-á do sacrifício das nossas obrigações mundanas.
-Salvo seja! - Exclamei. - É só isso??? Farei chover nas vossas procissões!
Incapaz de abandonar qualquer sítio, ignorei-o, aos outros, e a suas preces.
quinta-feira, fevereiro 24
Açoriano Oriental a preço de saldo
PDA ?!?!?
Porque falhou a implementação do PDA?
Deverá o PDA planear um futuro, ou sair de cena, com a pouca dignidade que lhe resta?
Fantasporto
Entretanto sugiro, por apenas 5 euros numa discoteca perto de si, o filme "Intacto" do espanhol Juan Carlos Fresnadillo, vencedor dos prémios melhor filme e melhor realização do Fantas 2003.
"Intacto" com base num argumento circular e perturbador explora o tema da sorte e do azar num ambiente de grande terror psicológico, que lhe confere o estatuto de filme de culto bem ao jeito a que o Fantas nos habitou.
COSMIC GAME
Fiquei adito dos Thievery Corporation logo no primeiro encontro, não programado e acidental, que se deu quando tropecei no álbum Abductions and Reconstructions.
De lá para cá basta-me o nome desta dupla de salteadores de sons alheios, composta por Rob Garza e Eric Hilton, para uma trip garantida a um universo musical inter-galáctico onde se cruza o passado com o futuro.
Os Thievery Corporation aí estão de novo! Desta feita com o 4º álbum de originais e a anos luz do álbum de estreia
«Sounds From The Thievery Hi-Fi»,porventura a matriz de onde derivou o génio das obras subsequentes.
Depois de um homogéneo «Mirror Conspiracy» e de «The Richest Man In Babylon» álbum de originais que descamba numa defesa postiça e travestida da world music, o regresso desta dupla de piratas da música faz-se com uma prestidigitação de sons que leva o nome caleidoscópico de «Cosmic Game». Ouvi e pasmei! Conseguiriam burilar um álbum que é um cristal precioso onde se volve ao passado dos ritmos psicadélicos e rock sem, contudo, se estamparem num pastiche incongruente.
Esta síntese laboratorial de um psicadelismo lounge, que vai surfando pelos sons latinos a caminho do Oriente, onde os Thievery Corporation vão «pilhar» os ritmos transcendentais da Índia, deixa-nos agarrados da primeira à última faixa. Logo a abrir temos a colaboração dos Flaming Lips, num tema cujas influências são óbvias, mas cujo nome por aqui ser tão inverosímil custa a identificar de início... nada mais nada menos do que os Pink Floyd! Daí em diante é um desfile de world wide music dancável q.b em qualquer lugar e a qualquer hora.
Um disco obrigatório e transgeracional... a 17.45 na FNAC
Cosmic Game - Thievery Corporation
1. Marching the Hate Machines (Into the Sun) featuring the Flaming Lips
2. Warning Shots featuring Sleepy Wonder and Gunjan
3. The Revolution Solution featuring Perry Farrell
4. The Cosmic Gate
5. Satyam Shivam Sundaram featuring Gunjan
6. Amerimacka featuring Notch
7. Ambicion Eterna (Eternal Ambition) featuring Verny Varela
8. Pela Janela (Through the Window) featuring Gigi Rezende
9. Sol Tapado featuring Patrick de Santos
10. The Heart's a Lonely Hunter featuring David Byrne
11. Holographic Universe
12. Doors of Perception featuring Gunjan
13. Wires and Watchtowers featuring Sista Pat
14. The Supreme Illusion featuring Gunjan
15. The Time We Lost Out Way featuring Loulou
16. A Gentle Dissolve
INVERNO
Há três ou quatro dias que o tempo está assim
mau.
A chuva tomou conta de tudo
até aos ossos
mar e céu são uma única tela
plúmbea.
Deixou de haver horizonte
a lareira acesa é a única linha de fuga
possível.
Mesmo dentro de casa
dentro das camisolas de lã que a minha mãe ainda costuma fazer
tenho frio.
A partir das pontas
dos dedos
ele invade-me
da esquerda para a direita
no sentido dos ponteiros do relógio
com uma inexorabilidade mecânica.
Sinto falta de um cão
com quem falar.
Viro-me para a telefonia
procuro mudar
de estação.
Na Antena 1
Paul Simon aconselha
Fifty ways to leave your lover.
Lá fora venta de sul-sudoeste
enfunando as gaivotas para terra.
Está um dia perfeito para a Ana Esquível
tirar fotografias
a preto e branco.
O Inverno escorre para o mar.
Vagarosamente
levanto os olhos e espreito pela janela.
Numa mão o bolso
na outra
nada.
quarta-feira, fevereiro 23
muu:news
O BLUES DE CABO VERDE
O Jazz pode ser servido puro ou blended! A sugestão que aqui fica é um soberbo blended num cocktail de mestria e estilos.
Este Blues de Cabo Verde não sendo uma novidade é do melhor que a Blue Note tem reeditado.
Horace Silver (n. em 2 Set de 1928) é um dos artistas da Blue Note que merece incondicional veneração. Na sua discografia está a autoria de «Song for My Father» (uma das minha melodias favoritas), que é hoje um dos «standards» de maior êxito «comercial» sem, contudo, perca da inegável qualidade lírica e melódica que sempre foi uma imagem de marca da sua obra. Aliás, o tema que dá nome ao citado álbum, editado em 1964, integra a luxuosa lista dos 25 melhores de sempre da Blue Note.
Antes de formar o seu quinteto, este virtuoso do piano acompanhou Stan Getz, trabalhou com Art Blakey e finalmente liderou o seu próprio projecto. Nele foi impulsionador e fundador do movimento hard bop cujo estilo, como se sabe, revolucionou o Jazz. Todavia, o encanto de Horace Silver está em pérolas como este «Cape Verdean Blues» que aqui se sugere, no qual o compositor consegue embrulhar sem remoque um verdadeiro mix de géneros de Jazz, oferecendo-nos no final um compendium que, seguramente, guardamos na lista dos nossos favoritos.
Na edição original de «Cape Verdean Blues», hoje recuperada por via das magníficas Edições de Rudy Van Gelder, Horace Silver dizia que esta obra tinha três fontes de inspiração. A primeira remontava à música popular das ilhas de Cabo Verde de onde era natural o seu pai. A segunda passava pelas coordenadas do Samba do Rio de Janeiro. A terceira, e para usar as palavras do mestre: «my love for the good old American funky blues».
Em suma, Jazz blended e servido por um artista incontornável. Um must em qualquer discoteca melómana... e apenas por 11 Euros!!! (num próximo post mais música... desta feita de 2005... por hoje: Fim de Emissão)
«Cape Verdean Blues»
Reedição de 2004
Personnel:
Horace Silver: piano
Woody Shaw: trumpet
J.J. Johnson: trombone
Joe Henderson: tenor sax
Bob Cranshaw: bass
Roger Humphries: drums
VOX POPULI
«Ainda não comecei a falar e já há dúvidas metafísicas sobre o que é que acontecerá quando eu começar a falar... é talvez a altura mais arriscada de todas as alturas para fazer uma experiência destas [o comentário político no canal público de televisão]. O gosto do risco atingiu a sua expressão suprema, vou fazer o teste da barata.»
Marcelo Rebelo de Sousa, sexta-feira 18 de Fevereiro na Universidade do Porto.
«É melhor respeitarmos a lei. Mesmo que a lei defenda os maus.»
José Sócrates em entrevista a Miguel Esteves Cardoso e a propósito da Guerra do Iraque, sexta-feira 18 de Fevereiro na Sábado.
«Vote-se à vontade no PSD - é um grande partido, cheio de gente boa que está farta de mostrar que é eficaz e patriótica. A actual crise é uma crise pessoal de Santana Lopes - por se ter contrariado - que rapidamente será superada, quando a «compensação» (como dizem os psicólogos desprezíveis) tiver sido satisfeita.»
Miguel Esteves Cardoso, sexta-feira 18 de Fevereiro na Sábado.
«Formar um programa que permita colocar mil jovens licenciados em economia e gestão a estagiar em empresas.»
José Sócrates anunciando a 1ª medida do seu Governo... algures na noite eleitoral de Domingo, 20 de Fevereiro.
«O centro-direita perdeu as eleições. A soma dos resultados do CDS e PSD não excede os 36% o que significa o resultado mais fraco desde que há eleições legislativas em Portugal.»
Paulo Portas, nas Torres de Lisboa na noite eleitoral de Domingo, 20 de Fevereiro.
«Hoje é um dia de celebração. Adeus a Santana Lopes!»
Ana Drago, na Caixa Económica Operária, idem.
«Penso que o grande ganhador desta noite é o Presidente da República.»
Constança Cunha e Sá algures na emissão da TVI de Domingo, 20 de Fevereiro.
«O novo Primeiro-Ministro contra a opinião de tantos conseguiu ocupar o território que era pertença do PSD.»
Editorial de A Capital , segunda-feira 21 de Fevereiro.
«...sob a batuta de Santana Lopes as coisas foram sempre de mal a pior. O PSD tem que mudar de líder e de direcção política, esta é a tarefa mais urgente e inadiável. Não há alternativa.»
Miguel Veiga, segunda-feira 21 de Fevereiro na Capital.
«...sem a maioria absoluta, o Governo teria a influência do PCP ou do BE, o que seria negativo para a governação.»
António Capucho, segunda-feira 21 de Fevereiro na Capital.
«Parabéns Pedro! Há mais de vinte anos que lutavas por isto. Finalmente conseguiste, pá! Realizaste o sonho de Sá Carneiro de dar ao país UMA MAIORIA, UM GOVERNO e UM PRESIDENTE! Com uma pequena nuance: conseguiste-o para o partido errado!»
The Bird, segunda-feira 21 de Fevereiro no Frangos para Fora.
«O líder do PS também não provou nada: as eleições antecipadas caíram-lhe do céu e ele limitou-se a apanhar o comboio eleitoral.»
Pedro Gomes, terça-feira 22 de Fevereiro no Anjo Mudo.
«Não guardo qualquer mágoa. Não fui obrigado. Fui por vontade.»
Nuno Barata, comentando a derrota da sua candidatura à AR, terça-feira 22 de Fevereiro no Choque de Gerações.
terça-feira, fevereiro 22
Parabéns AO
Parabéns às coordenadores Mariana Matos e Catarina Furtado.
Uma única crítica.
Uma vez por mês parece-me insuficiente para tanto assunto que urge divulgar, criticar, debater e esclarecer sobre cultura nos Açores.
Mas, quando a fome é muita uma migalha pode tornar-se o maior dos banquetes.
segunda-feira, fevereiro 21
curiosos números *
Alguns dados recolhidos aleatoriamente para um post no dia posterior à eleição, ei-los:
2005
CDS-PP | 3,98% | 3642
B.E. | 2,91% | 2661
2002
CDS-PP | 8,37% | 7521
B.E. | 1,41% | 1269
Resultados obtidos pelo PDA em 2005:
PDA | 0,35% | 321 (total Açores)
PDA | 0,03% | 1604 (total do País)
Alguém é capaz de explicar o voto saudosista - além ilhéus!?
* fonte STAPE
Um sexto dos votos foi inútil
BOM !!! Conclusão! Não vale a pena votar no BE!
BOM!!! HABITUEM-SE!!!
Paulo Portas teve ao seu dispor tudo o que um dirigente de um partido radical de Direita poderia ter, num país não civilizado, para novamente alcançar e aumentar o poder dos radicais de direita. Não conseguiu. Quem o mandou nascer tão civilizado num país tão selvagem. Numa próxima oportunidade mandará construir campos de civilização e fará uma limpeza civilizacional.
Bom!!!
Jerónimo, comunista mesmo, não percebeu que a coisa lhes correu bem. Os comunistas são os João Pinto da política portuguesa. A cena está tão ensaiada, tão regravada que se atiram para o chão a pedir penalti e nem reparam que marcaram golo.
BOM!!!
Louçã, coerente, como diriam outros, cão de fila, não quer festinhas, quer atacar. Os outros, os outros não tem direito de atacar pois nunca viram os dentes afiados de um cachorro cão de fila. Não deixes para amanhã os ataques que podes fazer hoje.
BOM!!!
Santana Lopes ganhou a noite, apesar de ter perdido as eleições. Santana Lopes é como aquele jogador de futebol que não existe, consegue, a jogar nas Antas, marcar golo em Alvalade. Depois do seu discurso já não tinha importância quem tinha ganho ou perdido, ou quem tinha pedido demissão, mas sim em que colo se sentará a seguir.
BOM!!!
Sócrates? Sócrates falou depois de Santana Lopes. Não havia mais nada para ouvir. Limitou-se a falar para os colos dos seus amigos e camaradas e nem reparou que não foram eles que conseguiram ganhar, foram os outros que conseguiram perder.
HABITUEM-SE!!!
esperar para ver
A NOITE dos CANIVETES
Aquela que deveria ser, no PSD, a noite das facas longas, transformou-se por obra e graça deste aprendiz de Péron na noite dos canivetes.
VIRANÇA
..........
Esta maioria absoluta, sob o mote da «Confiança», é também um voto de responsabilidade absoluta. Factos são factos. O PS venceu. Exorbitou do seu eleitorado e foi ainda mais longe ocupando o centro e até mesmo o centro Direita! Em suma, teremos por quatro anos a hegemonia da Esquerda no Poder. Como bem disse o novel Primeiro-Ministro, nas suas primeiras palavras à Nação, «Amigos e Camaradas conseguimos!». Agora, os Portugueses esperam que consiga, com a ajuda de todos os «camaradas», a derrota do dito fantasma do pessimismo e a transformação do «sound byte» da «Esperança» em factos concretos. Os Açorianos, que votaram no PS, esperam ainda que esta vitória tenha o retorno de mais vantagens para os Açores. A seu tempo veremos!
Mas, para análise dos factos, nada melhor do que as «explicações» do ressuscitado Professor Marcelo Rebelo de Sousa, agora no Canal 1 da RTP, que, do alto da sua nova «tele-cátedra», afirmou que o sentimento que impeliu ao voto no PS derivou da insatisfação emergente de uma crise económica e social, cuja génese maligna recua aos tempos do pântano. O resto que disse, não sendo acessório, é talvez, para a maioria, irrelevante, ou seja, o empurrão que foi dado ao PS com a descontinuidade da legislatura, o facto da base de apoio de Pedro Santana Lopes ser diferente da de Durão Barroso, o erro de este não ter sido sucedido por Manuela Ferreira Leite(!) e, finalmente, mas não menos relevante, o cartão «rosa» de Jorge Sampaio pois, de acordo com a doutrina do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, «quando o Presidente dissolve a Assembleia da República o Povo dá-lhe sempre razão.».
Seja qual for a leitura que se faça é um facto indesmentível que esta votação não se quedou por um voto de protesto. Foi ainda um acto de fé já que até hoje, com debates e tempos de antena de entremeio, estamos para saber quais as políticas concretas de Sócrates e quem serão os «ministeriáveis» para a aplicação das mesmas. O certo é que esta prudente estratégia Socrática mereceu a confiança de um cheque em branco para quatro anos. A lição foi bem recapitulada, porquanto, Sócrates porventura recordou o axioma do sapiente Aristóteles que bem disse: «O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz.». E Sócrates foi um homem prudente, não se comprometendo com «promessas» e fazendo destas «objectivos». O primeiro objectivo já o alcançou pessoalmente com esta vitória absoluta que lhe confere carta branca para aplicar tudo quanto pensa fazer para densificar os chavões da «Confiança», das «Novas Fronteiras» e do «Rumo para Portugal».
Porém, este novo rumo não foi apenas uma viragem à esquerda! Foi, para usar o léxico revolucionário da Ana Drago do BE, uma inequívoca «virança»! Com esta «virança» a Esquerda ganhou um Governo com maioria absoluta, que teve, como se sabe, o dote e a benção da paternal tutela Presidencial, levando ainda de bónus dois terços da Assembleia da República a servir de coro para o habitual cançonetismo à la gauche.
No rescaldo final desta hecatombe estou confiante que o PPD/PSD fará justiça aos seus pergaminhos de partido fundador e matricial da Democracia em Portugal. Para o meu partido em particular, e para a Direita em geral, será tempo de fazer «restart» e, ainda, marcação cerrada na oposição credibilizando esta com um governo sombra que se afirme pela positiva. Tarefa titânica para a qual se parte sem quaisquer cumplicidades mediáticas, e ainda, sob os holofotes dos costumeiros algozes do reaccionarismo cultural de Esquerda, sempre lestos a desfraldar o estandarte da superioridade moral e cultural cujo monopólio julgam deter.
Por exemplo, serão estes que por certo nos próximos dias rejubilarão com as «exéquias» de Paulo Portas, sugerindo até para epitáfio do mesmo as suas «famous last words»: «Não há nenhum País civilizado do mundo em que a diferença entre Trotskistas e Democratas- Cristãos seja de 1 ponto.». Cá por mim vos digo. Até amanhã Camaradas!
..........
Post-scriptum... ao contrário das apostas que por aí correram (4-1 ou até mesmo 3-1-1)no círculo Regional dos Açores a distribuição ficou em 3 deputados para o PS e 2 para o PSD. Todavia aqui vai um público abraço ao Nuno Barata do PP, pela campanha corajosa e dinâmica que soube fazer em circunstâncias que se imaginam incomparavelmente difíceis.... é de Homem!
domingo, fevereiro 20
Burmester vs Rio
A sua noção de cultura prende-se com a de entretenimento paroquial - faz uma exposição de dinossauros, uma corrida de calhambeques e hostiliza tudo o que não esteja neste registo.Palavras duras mas assustadoramente concretas de Pedro Burmester acerca de Rui Rio e a Casa da Música. Esta entrevista (publicada na edição desta semana da Actual/Expresso/Luciana Leiderfarb) é especificamente sobre o Porto mas é possível, infelizmente, transcrever muito do que é descrito, por PB, à realidade cultural do país...
sábado, fevereiro 19
capela do sol
TIDE
A campanha eleitoral foi entediante. Toda a gente antecipava que ela seria dramática e, afinal, a montanha pariu um rato. Quando o discurso "coisa e tal" dos nossos procuradores da res publica começa a soar ao Ricardo Araújo Pereira, mas sem metade da graça, um gajo fica chateado, claro que fica chateado.
É por isso que eu vou votar no Tide, "branco mais branco não há!"
sexta-feira, fevereiro 18
CATS
As Miauu Girls, cuja Santinha que as patrocina é, como se imagina a Cat Woman, já viraram, em menos de uma semana, as 1000 visitas... é obra!
(arte final do João Nuno, num post de fim-de-semana, numa produção conjunta tácitamente subscrita pelos restantes colegas do :Ilhas.).
Origem
«The next day he persuaded Liutenant Wickham, who hated all cities to accompany him and Sulivan for a walk through Bahia. They were undaunted by the fact that it was Carnival Day. The moment they entered the mobbed and celebrating town they were unmercifully pelted by wax balls full of water and were wetted through by large squirts out of tin cans. It took them an hour to reach the safety of the countryside; they decided to wait until dark before returning through the carnival crowds. To complete what Charles called their "ludricous miseries" a heavy shower again drenched them to the skin.»
(Tradução não académica)
No dia seguinte ele persuadiu o Liutenant Wickham, que detestava todas as cidades a acompanhá-lo e a Sulivan para um passeio por Baía. Foram surpreendidos pelo facto de ser Dia de Carnaval. No momento que entraram na cidade pilhada de gente que celebrava foram impiedosamente apedrejados com bolas de cera cheias de água e foram molhados por grandes esguichos feitos de latão. Levaram uma hora para alcançar a segurança do campo; decidiram esperar até ao anoitecer antes de retornar através da multidão carnavalesca.
SONDAGEM INDEPENDENTE
Carlos Ferreira Madeira no Independente.
Não sei se será uma sondagem indesmentível e absolutamente free mas é mais uma a juntar às restantes.
PS - 46 %
PSD - 30 %
CDS/PP - 8 %
BE - 7 %
CDU - 6 %
...falta apurar o sentido real dos indecisos que segundo a sondagem Indy podem determinar a vitória de Sócrates por «Ippon»... quer saber mais? Clique aqui para a 1ª Página do Independente ou navegue pelo portal de apresentação em www.oindependente.pt
atenção, muita atenção
quinta-feira, fevereiro 17
quarta-feira, fevereiro 16
série OANI.00
o que é que falta para isto bater no fundo?
"Caro(a) Amigo(a),
Não pare de ler esta carta.
Se o fizer, fará o mesmo que o Presidente da República fez a Portugal, ao interromper um conjunto de medidas que beneficiavam os portugueses e as portuguesas.
Portugal precisa do seu voto para fazer justiça. Só com o seu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem.
Você não costuma votar, e não é por acaso.
Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar.
E quem são eles?
Alguns poderosos a quem interessa que tudo fique na mesma.
Incluindo a velha maneira de fazer política.
Eles acham que eu sou de fora do sistema que eles querem manter. Já pensou bem nisso?
Provavelmente nós temos algo em comum: não nos damos bem com este sistema. Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles Tratem tão mal como a mim?
Também o tratam mal a si. Já somos vários. Ajude-me a fazer-lhes frente.
Desta vez, venha votar. É um favor que lhe peço!
Por todos nós,
Pedro Santana Lopes"
e agora, reacções?! Pois é, pois é, falta muito pouco para a política em Portugal se espatifar no fundo.
All Together Now: Merecíamos Políticos (e "marketeiros") Melhores!
obrigado ao País Relativo que fez o favor de postar na integra este "infomail" do Dr. Santana Lopes.
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Antigripine; dois comprimidos de 6h em 6h
Mebocaina; não mais de oito pastilhas por dia
Vitamina C; um comprimido efervescente todas as manhãs durante duas semanas
Euphon; à descrição
Canjinha
E muito chá de limão.
Força camarada.
E DEPOIS DO DEBATE...
Atentamente ouvi e vi o debate. Cedo fiquei profundamente desiludido com o putativo Primeiro Ministro de Portugal. Sócrates é apenas um sub produto do Guterrismo.
Com honestidade poderá dizer-se que a sua prestação foi, no mínimo, sensaborona, despojada de qualquer «paixão» e rendilhada em banalidades. Como se tal não bastasse Sócrates colocou-se num pedestal de tiques e maneirismos que, «pelo amor de Deus», são vincadamente ridículos. O debate também serviu para redobrar a minha convicção que este PS de Sócrates anda a reboque do BE de Louçã!
Depois de remoído o debate também fiquei a perceber porque razão as baterias anti aéreas da esquerda, em geral, e do Bloco, em particular, estão apontadas aos passarões do PP. Embora com pesar e custo, tenho que admitir que a prestação de Paulo Portas bem poderia ter terminado com uma épica legenda: «veni , vidi, vici». De facto, Paulo Portas, com muitos pontos de vantagem, ganhou o debate, credibilizou-se como alternativa e imprimiu seriedade ao slogan: «voto útil». Fê-lo com uma argumentação sólida, com garra e excelente oportunidade de intervenção. Quanto a Santana Lopes, apesar de muitos o terem por ferido de morte, acredito que ainda não chegou a hora da sua «extrema-unção» política. Desenganem-se as carpideiras do costume, pois, por exemplo, basta ver o embaraço em que deixou Sócrates e Louçã a propósito de um suposto acordo secreto. Santana Lopes apresentou-se a debate de modo contido, mas preparado. Todavia, mesmo quando apanhado em falso, aproveitou o intervalo para ir ao armeiro buscar munições para arrumar Louçã e Sócrates quanto à tese cabotina de que o PSD tinha favorecido a Banca em Portugal(!).
Quanto a coligações ou convenções ante-nupciais, ao contrário da clareza das palavras de Paulo Portas, que mereceram o agrément silencioso de Santana, Sócrates e Louçã quiseram escapulir-se a uma resposta concreta sobre um cenário de possível coligação entre o PS e o Bloco de Esquerda. Sobre esta matéria e tantas outras os Portugueses ficaram na mesma... Sócrates foi aqui e uma vez mais um flop.
Quanto a Jerónimo não sei o que lhe deu, mas aquela voz embargada arrepiou-me todo! Pareceu-me até algo de sobrenatural em dia de encomendar a nosso Senhor a alma da nossa irmã Lúcia... Apre, tinha ares de castigo divino! Fiquei deveras chocado.
De tal forma que não atinei com o resto do serão e, choque por choque, lá passei para o «Choque de Gerações»... quando me levantei para ir fazer o meu Chá, enquanto a água ia bulindo, - apenas para fugir à regra -, mandei um SMS ao Pedro Arruda literalmente nestes termos: «até q enfim um CG decente e interessante»! Não há dúvidas que este Mundo está cada vez mais up-side down!
terça-feira, fevereiro 15
* qq semelhança com a realidade é mera coincidência (a cor natural dos candidatos foi filtrada por lapso no Photoshop - pelo sucedido as minhas sinceras desculpas. De qq modo o Nuno sai favorecido - quem disse que ele não tem sangue azul!?)
ROMA ANTIGA
Por essa altura Roma assistia a um desfile de jovens mancebos, de corpos esculpidos nos rigores espartanos do que restava do exército Imperial, correndo desnudos e besuntados com o sangue de cabras sacrificadas... (em alternativa também marchavam outros animais, especialmente, os cães vadios!).
Nessa louca correria iam os rapazes barafustando as línguas extirpadas dos animais sacrificados. Se alguma moçoila romana levasse um bife da dita língua era um presságio de que tinha sido «tocada» pela fertilidade.
Uma análise histórica menos radical sustenta que no Festival de Lupercalia os «enamorados» deixavam o nome de uma donzela numa tômbola para depois ser aleatoriamente sorteada por qualquer outro cidadão. Foi desse desinteressado gesto de prodigalidade romana que mais tarde, mais coisa menos coisa por volta do Sec. XVIII, terão surgido os postalecos de São Valentim.
Seja como for o Papa Gelasius I, (O Africano!), resolveu por «bula» Papal dizer: Basta! Declarou que o feriado Romano era ofensivo dos bons costumes Católicos e em 496, Anno Domini, decretou o dia 14 de Fevereiro como consagrado ao dia de São Valentim, cuja veneração não se compadecia com desvarios pagãos.
Para outros delírios Romanos há até, verbi gratia, um blog exclusivamente dedicado a Roma Antiga!
...é caso para dizer que a tradição já não é o que era!
segunda-feira, fevereiro 14
MIAUU GIRLS
Miauu Girls não é seguramente o nome de uma qualquer «girls band». É o nome que este gang feminino de «bloggers» escolheu para a nova «loja» da nossa blogoesfera.
Entre nós presumo que seja o primeiro blog colectivo exclusivamente feminino. Já vimos pelas «postas» de hoje que não pretende ser uma espécie de «sic-mulher» da blogoesfera (falta-lhe um sucedâneo da Oprah Winfrey); nem derrapa para o género trivial do «in loco» (apesar de lá estar uma Solange)!
Maria Graça da Silveira, Cândida Neves, Maria Pia Imperatori e Solange Sieuve de Menezes constituem esta nova tropa de elite que irá conquistar, num registo flamboyant, com glamour e blush, um merecido lugar na nossa blogoesfera. Neste momento e no dia da emissão inaugural já contam com 421 visitas(!!!). Amanhã terão por certo a minha e a de muitos mais.
Desejo apenas muita saúde a este «cat-blog», já que a longevidade está assegurada com as 7 vidas que qualquer felino leva de vantagem. Se tivermos a mesma dose de sanidade esperamos por vós na próxima Grande Gala do :Ilhas, para a qual estão já nomeadas na categoria bloggie de «melhor blog colectivo feminino»... a Direcção deste Blog só ainda não chegou a consenso quanto ao local da Gala: Coliseu ou Teatro Micaelense?
recicla:mente
Amores
Canção da partida
Ao meu coração um peso de ferro
Eu hei-de prender na volta do mar.
Ao meu coração um peso de ferro...
Lançá-lo ao mar.
Quem vai embarcar, que vai degredado,
As penas do amor não queira levar...
Marujos, erguei o cofre pesado,
Lançai-o ao mar.
E hei-de mercar um fecho de prata.
O meu coração é o cofre selado.
A sete chaves: tem dentro um carta...
--- A última, de antes do teu noivado.
A sete chaves --- a carta encantada!
E um lenço bordado... Esse hei-de o levar,
Que é para o molhar na água salgada
No dia em que enfim deixar de chorar.
Camilo Pessanha
AOS AMORES PRESENTES
Interrogação
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
Camilo Pessanha
QUADRATURA DO CÍRCULO
Dito isto, que é dito com simpatia, inteirei-me do que por lá se tinha tratado na edição de Domingo do Açoriano Oriental. As propostas de Jorge de Miranda no sentido de colocar um ponto final na promiscuidade dos cargos políticos certamente colhem o aplauso geral de todos aqueles que não serão ameaçados por esse princípio e, quanto ao resto, penso que o projecto das duas Câmaras defendido pelo Carlos Amaral deveria, se o mundo fosse perfeito, ser compatível com a dieta de emagrecimento preconizada, e bem, pelo Pedro Gomes.
Depois da leitura da imprensa, ao folhear os blogues, dou com uma posta no Resistir cujo simples título (República Federal dos Açores) também é um outro princípio estimulante de discussão para o debate agora em curso. Lembrei-me logo da Corografia Açórica, escrita pelo jorgense João Soares de Albergaria e Sousa em 1822 e de como aí expressava então o seu wishful thinking a respeito do sistema político-administrativo açoriano:
Se esta autoridade (a do Capitão-General dos Açores enquanto delegado do poder régio) se conferisse a um Senado composto de Cidadãos de todas as ilhas, ele (Marquês de Pombal, em 1766) teria feito a felicidade geral dos seus habitantes.
Bem vistas as coisas, parte da utopia política de João Soares de Albergaria e Sousa acabou por se realizar. Mais de dois séculos passados, os Açores têm o seu Parlamento onde tomam assento cidadãos de todas as ilhas. Discute-se agora a forma mais acertada do princípio da representação política e territorial nessa mesma Assembleia. A proposta de Carlos Amaral, inspirada na arquitectura política americana, radica (segundo me parece) no modelo da "República Federal dos Açores", criando uma Câmara alta onde todas as ilhas estão representadas por igual número de Senadores e outra Câmara Baixa onde as mesmas entram com um número de deputados proporcional à sua dimensão demográfica. Compreendo a bondade do princípio e saúdo a introdução da matriz americana no debate político açoriano (que já estava, aliás, subliminarmente presente no texto da Corografia Açórica), mas receio que esta proposta determine a indesejável multiplicação de agentes políticos num sistema já de si pesado e, dessa forma, colida frontalmente com a diminuição do número de deputados defendida por Pedro Gomes que, se bem entendi, vai no sentido de estreitar a responsabilização política do eleito perante o eleitor.
Se os avanços da Engenharia genética conseguissem enxertar estes dois princípios, sem deixar de fora os preceitos éticos recomendados por Jorge Miranda e a dignidade senatorial da diáspora açoriana reclamada por Carlos Amaral, arriscávamo-nos a ter descoberto a quadratura do círculo.
domingo, fevereiro 13
coisas que se fazem na net num domingo
What breed of cat are you?
You are a Maine Coon! You are larger than life, a gentle giant. You are independent, but very affectionate with your friends and family.
brought to you by Quizilla, via Dohodas
O meu comentário?!: ronronron
Os políticos e a Cultura
Na triste e presumivelmente longa guerra que opõe o Coliseu Micaelense ao Teatro Micaelense, que ninguém assume mas que é não só plausível como inevitável, o Coliseu, apesar de mais novo, ganhou já a primeira batalha - a batalha da projecção mediática. Passados poucos dias da sua reabertura o Coliseu viu o seu nome repercutido em tudo o que é órgão de comunicação social, indo mesmo ao pico da exposição mediática contemporânea que é a TVI e as revistas do "socialight", suplemento de cultura do Expresso incluído. A pompa e circunstância posta pelos responsáveis do Coliseu na gala e bailes de carnaval deu os frutos que estes esperavam: valiosos segundos de exposição televisiva. Declaro desde já que não tenho nada contra este tipo de mediatização de um espaço cultural. O meu grande medo está antes na evolução futura destas duas salas de espectáculos. Que os Bailes de Carnaval sejam uma importante tradição micaelense e que a edilidade ponta-delgadense os queira preservar não me choca nada, tenho é um verdadeiro receio de que o Coliseu não venha a ser mais do que um enorme salão de bombeiros armado ao chique. Do que já se conhece da programação cultural prevista para os próximos meses, confesso que o Ballet Russo ou o Folclore Brasileiro não me entusiasmam por aí além enquanto propostas culturais. Chamem-me elitista, vanguardista, erudito, convencido, ou o que quiserem, mas para mim cultura é bastante mais do que isto. Em abono da equidade devo dizer que sou também frontalmente crítico dos ditos "Concertos Íntimos", um pincel sensaborão que o Teatro Micaelense engoliu sem pestanejar e que nos tenta impingir sem apelo nem agravo. Se queriam importar alguma coisa da Terceira que fosse o AngraJazz e não essa patranha comercialóide chamada "Concertos Íntimos". Estou à espera, comodamente sentado na minha poltrona, de mantinha que faz frio, rodeado dos meus livros e dos meus discos, que me sugiram alguma coisa vagamente cultural que me obrigue a sair de casa e a comprar um bilhete para a plateia de uma destas duas salas. Ao Coliseu ainda não fui e pelo programa não devo ir tão cedo, ao Teatro já fui uma mão cheia de vezes, mas confesso que para seis meses é pouco, muito pouco. A cultura não dá lucros financeiros, dá lucros sociais em educação e formação das pessoas. É por isso que estas duas salas não podem nem devem ser vistas como auto sustentáveis, quiseram recuperá-las agora dêem-lhes a utilidade que merecem e preparem-se para gastar dinheiro, mas por favor gastem dinheiro em CULTURA.
sábado, fevereiro 12
«INFORMATION - REFORMATION»
«Blog Understanding the Information-Reformation That's changing your world» é o título deste livro de Hugh Hewitt.
Mereceu uma página de Fernando Sobral na última edição da revista Sábado, onde se lê que, segundo o autor «os blogues são a nova vaga da revolução mediática e que é tão importante para a massificação da informação como foi a criação da imprensa». Quanto a este dogma tenho algum cepticismo, embora acredite que ele seja subscrito por muitos e entre nós recorrentemente sustentado pelo Nuno Barata, decano da nossa blogoesfera e um contagiante adepto da mesma.
Seguindo o artigo da Sábado lê-se ainda que «o autor analisa a forma como a tecnologia dos blogues está a alterar as formas de se informar o público, dando inclusivamente exemplos de como eles alteram o comportamento da sociedade relativamente a acontecimentos políticos ou jornalísticos. Hewitt refere também que os blogues põem em causa o controlo de informação por conglomerados que se reforçou tendencialmente nos últimos anos. Para ele, em suma, os blogues abrem janelas de comunicação rápidas e eficazes e são capazes de vir a modificar de forma revolucionária toda a nossa noção de informação e de liberdade de opinião. Ao mesmo tempo que colocam nas mãos de cada utilizador as ferramentas tecnológicas que permitem cumprir os seus objectivos».
O autor de «Blog - Understanding the Information-Reformation» é catalogado na net como United States conservative radio talk show host (espero que não seja do género «tele-evangelista») e é ainda Professor de Direito Constitucional na Chapman University em Orange-Califórnia.
Como não podia deixar de ser Hugh Hewitt é também um Blogger cujo sítio www.hughhewitt.com pode ser consultado aqui.
Quanto ao livro, por enquanto, está apenas disponível on-line na www.amazon.com e por 13,99 US Dólares... dou-lhe o benefício da dúvida apesar das parangonas da capa nestes termos: «why you must know how the blogosphere is smashing the old media monopoly and giving individuals power in the marketplace of ideas».
Não admira pois que, lá e cá, os tradicionais barões da imprensa escrita cada vez mais fazem vista grossa aos blogues.
cinemas solmar
Desencontros "Desencontros", baseado em dois contos do norte-americano Andre Dubus ("We Don''t Live Here Anymore" e "Adultery"), ganhou o Prémio de Melhor Argumento no Festival de Sundance em 2004. É um drama sobre a vida de dois casais, o casamento e as suas insatisfações. Jack Linden (Mark Ruffalo) e Hank Evans (Peter Krause) são os melhores amigos e são professores universitários numa pequena cidade. Jack ensina literatura e Hank escrita. Nos tempos livres, correm juntos e bebem copos no bar local, no final do dia. São casados e têm filhos. Terry (Laura Dern) é mulher de Jack. Edith (Naomi Watts) é mulher de Hank. Mas os dois casais não são tão felizes como aparentam. Jack e Terry vivem desgastados pela rotina do dia-a-dia que não conseguem controlar, a educação dos filhos, uma casa caótica e a habitual falta de dinheiro. +
Um Longo Domingo de Noivado Jean-Pierre Jeunet volta a trabalhar com Audrey Tautou depois de "O Fabuloso Destino de Amélie". Audrey é Mathilde, uma jovem que no final da Primeira Guerra Mundial, recusa aceitar que o seu noivo morreu. Mathilde é informada que Manech morreu no campo de batalha, mas acaba por descobrir que ele fazia parte de um grupo de cinco soldados que foram condenados à morte, por um tribunal marcial, por se terem auto-mutilado para fingir ferimentos de forma a escaparem à guerra. Mas Mathilde não acredita que Manech esteja morto; se assim fosse, ela sentiria essa perda. Resolve então partir numa busca desesperada para descobrir o que realmente aconteceu a Manech. +
(Really) Early morning blog. 5
Resolvi ficar por aqui
à beira de uma Lagoa Kodakchrome
cobalt blue 218
no gineceu da cratera vulcânica
em pleno Atlântico.
É aqui que te espero
deitado sobre a prancha inicial do Mistério da Atlântida
observando as carpas no seu nadar rasteiro
nas suas barbas
na sua idade.
A luz do dia coada pelos braços das araucárias
o som dos passos engolido na alcatifa de musgo
a quietude própria dos bosques
escondendo o viço existente por dentro do sexo das coisas
erecto
imóvel
fiel ao tempo.
Disponho-me aqui a acreditar em duendes
enquanto aguardo a catástrofe do teu amor.
sexta-feira, fevereiro 11
2 EM 1
Hoje ao surfar pelos canais da TV Cabo, num momento Mezzo, fixei-me no final de um soberbo Concerto para Piano de Tchaikovsky. Com emoção resgatei o nome daquele popular Concerto para Piano n.º 1 que, estou certo, era um dos favoritos do meu Pai, até porque em miúdo o ouvia ad nauseam numa versão em vinil que hoje lamento não saber onde pára. Mais tarde, e na senda de recuperar uma fracção do tempo perdido, busquei na FNAC do Chiado uma cópia digital do dito Concerto. Quis o divino acaso que não só deparasse com uma excelsa cópia do mesmo, como ainda levasse de bónus uma das minhas peças favoritas. Nada mais, nada menos, do que o Concerto para Piano n.º 2 de Rachmaninov. Uma preciosidade 2 em 1! Tão valiosa como as memórias que evoca.
Se algum dia tiverem na mão este precioso CD não hesitem em levá-lo para casa. Trata-se de um «legendary record» de um portentoso Sviatoslav Richter ao piano. No Concerto para Piano #1 de Tchaikovsky, editado em 1963, acompanha-o a Orquestra Sinfónica de Viena sob a batuta de Herbert Von Karajan; no caso do Concerto para Piano #2 de Rachmaninov temos uma memorável gravação de 1959 com a Filarmónica de Varsóvia conduzida por Stanislaw Wistocki. Enfim... ars longa, vita brevis...
SHE´S MY FAVE
Acabo de teclar um vigoroso «enter» na conclusão do trabalho que me ocupou parte deste longo dia! Dobraram já 10 minutos das 3 horas da matina e, só agora, suspiro de alívio com a jorna de hoje devidamente acomodada e formatada digitalmente.
Entretanto, dou-me conta que a Cinderella Suite de Prokofiev, pelas quatros mãos de Mikhail Pletnev e Martha Argerich já tinha rodado no carrossel do CD vezes suficientes para causar enfado. Abri a «drive» e saquei a box do CD da Deutsche Grammophon para o devolver ao adequado descanso.
Não sei como, mas por providência divina do acaso, lá estava o 1º CD que comprei: Bossanova dos Pixies! Fico aqui a pensar se será boa ideia a estas horas da madrugada... mas como nestas matérias de afición a razão manda pouco, fico também por aqui a deleitar-me com um pedaço da banda sonora da minha vida. No alinhamento nostálgico, em cadência cinéfila, lá estará por certo a Ana... a quinta-essência dos Pixies: «She´s my fave / Undressing in the sun / Return to sea - bye / Forgetting everyone / Eleven high... Ride a wave».
A Discografia completa da banda de Black Francis, Kim Deal, David Lovering e Joey Santiago está disponível aqui
quinta-feira, fevereiro 10
na linha de água
VOX POPULI
«o dr. Mário Soares afirmou estar convicto da existência de corrupção no poder local e um ou dois dias depois o presidente da Câmara de Braga confirmou ser tal facto perfeitamente plausível.(...) Se por um lado temos um ex-Presidente da República a dizer o que diz e o Presidente de uma das mais importantes Câmaras Municipais a assinar por baixo, por outro lado a que assistimos? (...) Estranho o silêncio do dr. Souto Moura perante o que foi dito na RTP, pelo dr. Mário Soares.»
Manuel Monteiro, quinta-feira 27 de Janeiro no Açoriano Oriental
«A esta esquerda todo o tipo de atitudes é permitida, todo o tipo de agressões é aceite como fazendo parte da forma de ser. Se alguém com responsabilidades no CDS-PP tivesse tido um discurso com metade da agressividade e demagogia do dr.Louçã já tinha sido crucificado por toda a comunicação social.»
André Marques Paz, Sábado, 29 de Janeiro no Açoriano Oriental
«Com milhares de quilómetros de distância, percebe-se (o essencial?) da actual campanha eleitoral portuguesa, dos problemas da pátria:
a) Lopes insinua que o líder da oposição não gosta de mulheres, i.e. que gostará de homens; b) Sócrates cala-se sempre, pois quanto mais fala mais aflito fica o actual PS que já sente o cheiro do poder (algures entre Edite Estrela, o Cacém e Fernando Gomes); c) Portas do PP, que também terá um problema com mulheres, é cada vez mais um Rolão Preto ajustado, meio ignorante; d) O Bloco de Esquerda assume que é uma congregação de monges beneditinos, da moral e bons costumes; e) O PCP, bem, não faço ideia. Ninguém sabe a idade das múmias; f) o povo sente-se satisfeito, livre e moderno. Portugal desenvolvido é o que se vê!
Eu é que não aguento esta merda, desculpem mas não aguento.»
António João Correia, segunda-feira 31 de Janeiro no Resistir.
«O facto da Assembleia Legislativa Regional dos Açores não realizar sessões plenárias por falta de matéria, é de bradar aos céus e vem reforçar a ideia centralista de que temos coisas a mais, que todas as prerrogativas descentralizadoras já deram o que tinham a dar e abrem caminho ao corte de veleidades insulares com o argumento de termos atingido os limites constitucionais.»
Jorge do Nascimento Cabral, quarta-feira 2 de Fevereiro no Correio dos Açores
«O centrão político Português esgotou-se em 28 anos de governo e de políticas terceiro mundistas.»
Aníbal Pires, sexta-feira 4 Fevereiro no Açoriano Oriental.
«Essa ideia de que uma pessoa que passa pelo jornalismo tem de ficar no jornalismo até morrer é bastante totalitária. Acresce que tu, Miguel, sabes tão bem como eu que quando fizemos um projecto editorial nunca escondemos que tínhamos convicções Políticas.»
Paulo Portas, entrevistado por Miguel Esteves Cardoso, sexta-feira, 4 de Fevereiro na Sábado
«Comecei a ler a entrevista de Miguel Esteves Cardoso a Francisco Louçã e fiquei arrepiado. Um político, republicano convicto, professor no ISCTE, e com a arrogância intelectual que apregoa não saber quem foi almirante Reis é grave... Almirante Reis foi Cândido dos Reis, um dos heróis da Revolução do 5 de Outubro, que cometeu suicídio (ou foi assassinado) precisamente em Arroios. Protagonizou a Revolução de 5 de Outubro de 1910 e suicidou-se por estar convicto do fracasso da revolta.»
Paulo Barreto, sexta-feira, 4 de Fevereiro na Sábado
«José Sócrates transformou a mão fechada do PS em punho de renda.»
Nuno Rogeiro, sexta-feira, 4 de Fevereiro na Sábado
«A pretexto de que não se deve discutir a vida privada de cada um, não se discute a vida pública de ninguém.»
Vasco Pulido Valente, Sábado 5 de Fevereiro no Público
quarta-feira, fevereiro 9
100.000
É obra! Em nosso nome um vasto e reconhecido Obrigado a quem aqui vem com frequência. Fica também o desejo que de futuro continuem a passar o link para este Blog.
CG
sic... no Blog do Joel/Neto.
Quer dizer que para a semana, em vez da Tia Maria do Nordeste e um bailinho da Terceira da estirpe do que passou com o título «A Morcela Milagrosa», o corso continua com a costumeira «euforia carnavalesca terceirense», desta feita formatada no Choque de Gerações... até quando?
Declaração
Obrigado
PSL e os Media
Repitam comigo: Merecíamos Políticos Melhores!
terça-feira, fevereiro 8
[leitura em dia]
(...) não vivemos numa sociedade repressiva, mas sim numa sociedade depressiva. O que se torna essencial na construção dos sujeitos é o modo como o olhar dos outros nos constitui (...)
Com Santana Lopes não é possível ter uma conversa seguida sobre coisa nenhuma.
Nenhum governo, em Portugal ou em qualquer democracia europeia, resistiria um mês que fosse ao escândalo da exposição pública de uma situação política semelhante à da Madeira.
segunda-feira, fevereiro 7
O voto da Igreja
São milhares as razões que levam as pessoas a um determinado voto, a Igreja é apenas mais uma delas.
O CONTRATO
Marcelo Rebelo de Sousa assinou no passado dia 4 um «contrato de colaboração» com a RTP como comentador político.
O Professor fica vinculado em exclusivo à estação pública, pelo menos, pelo prazo de um ano - se nenhuma das partes o denunciar nos termos da lei. O formato da participação televisiva de Rebelo de Sousa é decalcado da liturgia dominical da TVI, com a substancial diferença de que em cada intervenção irá publicitar apenas um livro e farpear uma única personalidade.
O contrato assinado estabelece uma cláusula de incompatibilidade, nos termos da qual Rebelo de Sousa renuncia a exercer funções políticas e cargos de responsabilidade partidária, assim como a candidatura a órgãos de soberania e autárquicos. Esta cláusula, assaz bizarra, presume-se que foi amplamente negociada com o «elo mais fraco» da relação contratual.
Este passe para a Televisão do Estado fez-se sem grande alarde, mas deixa-me boquiaberto de espanto. Afinal não se dizia que o Professor tinha sido silenciado por pressões do Governo? Depois de todo o folhetim o Professor tem agora à sua conta a antena do Canal 1, da Televisão que é tutelada pelo mesmo Governo que se dizia envolvido numa conspiração para o calar?
Afinal onde está a mordaça que se dizia ter sido afivelada na língua afiada do incómodo Professor?
Ou será que o contrato era apenas para o Professor Martelo da «Contra-Informação»?
SOAP OPERA
A nova saison de caça ao voto abriu oficialmente ontem, sendo certo que o período venatório termina a 20 do corrente. Logo a abrir vi e pasmei com um país que parecia ter ensandecido. Ao seguir mais um episódio desta opereta Nacional duvidei se em vez do Telejornal da SIC não estaria a assistir a um novo «reality show» da Endemol.
Dúvida legítima, já que na espuma destes dias que antecederam a abertura oficial da campanha tivemos um verdadeiro festival de la folie, que continuará a sua tournée, neste chapitô da Política à Portuguesa. Nalguns casos o casting roça o género felliniesco, derrapando para um standard «contra natura».
Vejamos: Terá sido ficção ou realidade a imagem de Louçã passeando-se nas feiras usando agora a máscara do seu arqui-inimigo? Terá sido ficção ou realidade ouvir um tonitruante Portas, galvanizando uma plateia de geriátricos militantes do PP no Palácio de Cristal do Porto, vociferando emocionado um revolucionário: «Assim se vê a força do PêPê». É caso para dizer que a realidade ultrapassou a mais rendilhada ficção, mesmo a que alinha no género do fantástico!
Neste corso que será a campanha destas eleições Nacionais o enredo é intrincado e sortido. O espectro é de banda larguíssima e vai do «Homem Total» que, num registo de época Estalinista, surgiu pela boca de Jerónimo de Sousa, até ao «Homem Absoluto», personagem agora encarnada por Sócrates embalado na trombeta épica do Vangelis!
No meio desta «biodiversidade» até temos um subproduto da democracia que dá pelo facho nome de Partido Nacional Renovador que, como já se percebeu, é um franchising do «Front-National» do Jean Marie Le Pen - espero que tenha poucos clientes.
Pela SIC chegaram-me ainda os ecos distantes de Santana Lopes em Celorico da Beira, envergando uma fantasia de pastor, sendo que entre o seu rebanho contavam-se inúmeros populares. No comício inaugural da campanha do PSD foi um destes populares, que vindo de Benfica e bem longe do seu bairro, disse, com chispa e convicção, que seguia Santana até ao fim do Mundo! (literalmente/sic!)
Neste reino de ficção até o cenário mais improvável é verosímil e Santana Lopes arrisca-se a ser o mais votado pelos espectadores desta TeleDemocracia. Se assim for as cabeças pensantes deste País entram em profunda entorse intelectual, imaginando um episódio suplementar desta soap opera na qual Jorge Sampaio será inevitavelmente «dissolvido». Claro está que este cenário apenas será viável numa novela de série Z.
Seja como for vive-se num País ensandecido num registo de soap opera quando todos nós merecíamos um País melhor.
Assim se vê... a força de um slogan
"Assim se vê..."
na senda da Tradição
o hábito não faz o monge
Foste (ou vais) aos Bailes?
Resposta desconcertante:
Não!...