sábado, fevereiro 26

ESPAÇO AÉREO AÇORIANO

Não me tenho na conta de especialista em aeronáutica. Muito menos visto a pele de tradutor/intérprete do conceito de serviço público e, quanto a regras de mercado, é melhor nem falar nisso. Não irei, portanto, falar sobre o diferendo que opõe a Air Luxor ao INAC. Prefiro delirar.

É a altura indicada, aliás, para delirar com estas coisas. O filme The Aviator está prestes a ser consagrado com os Óscares da Academia e, cá para mim, faz imensa falta um Howard Hughes aos Açores.

Não haverá por aí nenhum doido que esteja disposto a montar nas ilhas uma companhia low cost? Alguém tem o número do telemóvel do Richard Branson? Se calhar ele nunca aqui veio e ia achar piada à ideia.

Não digo que os Açores tornem a ser um hub no corredor aéreo do Atlântico Norte (como já o foram as ilhas do Faial e de Santa Maria), mas causa-me alguma inquietação não ver sequer muito discutido, agora que o choque tecnológico é o l?air du temps, a possibilidade de se desenvolver nos Açores um cluster ligado ao sector aeronáutico, aeroespacial e das telecomunicações, isto para não falar da meteorologia (que já teve entre nós o seu visionário na pessoa do Coronel Francisco Afonso Chaves).

Nestes últimos anos, e em grande parte devido ao estupendo trabalho de investigação desenvolvido pelo DOP na Horta, os açorianos em geral tomaram uma consciência bastante mais abrangente da riqueza patrimonial que possuem os seus mares. O mesmo não se pode dizer, infelizmente, das potencialidades que existem acima das nossas cabeças. É difícil de perceber aqui em baixo, eu sei, mas há muitos problemas de trânsito onde a vista não alcança. O espaço começa a estar coalhado de satélites e, tal como aconteceu durante a 2ª Grande Guerra, o Azores Gap (o buraco correspondente à zona onde o raio de acção dos aviões ingleses e aliados não chegava) apresenta-se com um asseio e limpeza que não demorará a atrair a cobiça dos entendidos.

Uma triste metáfora de como nós não estamos preparados para os receber, é a de que quando a Agência Espacial Europeia instalar em Santa Maria uma das suas estações, os únicos postos de trabalho aí criados para a população local serão, receio eu, para as senhoras da limpeza.

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