Uma visão breve feita a quente por um socialista convicto de que é vital para o país uma maioria absoluta do PS
Foi um debate fraco, débil na forma e em alguns aspectos também no conteúdo. E o pior, na minha emoção pessoal, terminado o debate é a sensação de que terminou num empate. Um empate, que dadas as sondagens, dado o desenrolar da campanha, redunda numa quase vitória de Pedro Santana Lopes, que era claramente quem partia em desvantagem política para este frente-a-frente. O modelo do debate é impróprio para o modelo político português. O excesso de formalismo, se por um lado, permite uma maior definição no discurso, provoca por outro, um vácuo na distinção das diferenças nas propostas de cada um dos líderes partidários. Não sei se me faço entender, mas ao longo do desenrolar da emissão fui ficando com uma desagradável sensação de opacidade dos discursos. Há uma tendência enraizada no discurso político português de dizer o "quê" mas não dizer o "como". O que se esperava neste debate era uma clara expressão dos "comos", como se vão implementar as medidas, como se vão fazer as reformas, como se vão executar as políticas. A inteligibilidade do discurso esgotasse na escuridão dos argumentos vagos sobre intenções e, infelizmente, nunca sobre projectos. Indo à razão do empate, parece-me que o importante na estratégia que deveria ser a de José Sócrates, cativar o maior número possível de eleitores fora do âmbito do PS, não foi conseguido, aliás julgo que nem um nem outro dos candidatos conseguiu cativar eleitores fora do círculo estrito dos seus partidos e este aspecto funciona claramente a favor de Pedro Santana Lopes, o candidato que vem em segundo lugar nas sondagens. Para um barco que se afunda qualquer réstia de flutuação é uma vitória, foi o que sucedeu com Santana Lopes. Quanto a Sócrates tinha que demonstrar que chegou ao topo da montanha sem estar ofegante, pleno de ar, isso não aconteceu. As declarações finais mostraram o desconforto de Sócrates. No fundo este debate foi para mim uma oportunidade perdida, está tudo na mesma, seguem-se menos de vinte dias para o folclore e depois, o povo que decida. E debruçados sobre os boletins de voto são milhares as motivações para por cruzinhas num ou noutro quadrado. O pior é que o país precisa de uma legislatura de quatro anos, de um partido, um partido com a coragem e a motivação para tomar as medidas urgentes que o país pede.
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