Não fui ao XV Congresso Regional do PSD Açores para fazer a catarse do passado. Muito menos alinhar no crescente coro de carpideiras incapaz de sair do torpor do luto em que ficaram após as eleições de Outubro. Fui com vontade de participar e, sendo o PSD um partido personalista, dar o meu contributo sem quaisquer peias e também ouvir o que tantos tinham para dizer.
Como os holofotes da blogoesfera Regional não estiveram virados para o Teatro da Ribeira Grande, aqui ficam algumas notas pessoais motivadas por dever de militância. Também o faço para exercer internamente no blog o contraditório ao Pedro Arruda que, não só lançou o despique para este post, como ainda sempre que pode também faz uso do seu cartão de militante Socialista (embora presuma que nunca tenha postos os pés num Congresso cor-de-rosa, o que em termos de exercício democrático da militância é sempre de lamentar, a não ser que parta do pressuposto, errado e diletante, de que não está para se misturar com a plebe socialista na entronização do César).
Para o que importa, defendi e defendo que a conquista do Poder Regional não se prepara apenas em 4 semanas de campanha em sprint, mas sim numa extenuante campanha maratona de 4 anos. Mas, do passado importa também reter o que é essencial e, do passado recente, fica o retrocesso de Victor Cruz na sua promessa demissionária! Digam o que disserem os seus detractores uma coisa é certa: é preciso ter coragem para assumir tal atitude. Não nos esqueçamos que o Victor Cruz, no dia 18 de Outubro do ano passado, abriu espaço para a tomada do poder dentro do PSD Açores e, mesmo assim, ninguém o tomou, apesar de para o fazer nem sequer carecer de disputar a liderança! Ora, o próprio Victor Cruz disse ao «Expresso das Nove» da semana passada (o tal que, no seu sucedâneo diário, eliminou o link ao :Ilhas): «Eu não brinco com coisas sérias. Fiquei calado para ver se havia quem avançasse»... como se viu, nem sequer os mais críticos tiveram a coragem de o fazer!
Como linhas de força estratégicas para que seja possível recolocar o PSD-Açores na conquista do Poder Regional, defendi e defendo, 4 ideias-força para 4 anos de oposição: 1ª Credibilização da oposição com um «Governo Sombra» que surja aos olhos dos Açorianos com uma imagem de equipa, atenuando assim a excessiva exposição pública do líder, que escusa de estar presente a comentar todas as valências da vida pública; 2ª Aposta no reforço do Poder Autárquico disputando sériamente as 6 Câmaras Municipais Socialistas da R.A.A.. Esta aposta é ainda mais importante do que as eleições de Fevereiro pois, como se sabe, o Poder Local é hoje um balão de oxigénio para o PSD-Açores. Logo, nesta matéria: reforçar resultados e partir à conquista de Angra do Heroísmo (temos um excelente candidato) Horta (idem) e Lagoa (também!); 3ª Mais poder às bases com a assunção do risco da eleição directa do líder, sendo certo que um líder votado directamente pelas bases é sempre um líder renovado; 4ª Valorização do património histórico do partido retomando o título de campeões da autonomia, nunca esquecendo que mais importante do que os ditos «históricos» do partido é a obra por eles legada que importa prosseguir.
Assim, ao contrário do que alguns arautos da desgraça vociferavam, este Congresso não foi um requiem e muito menos, conforme uma ideia peregrina na qual nunca acreditei, um congresso à porta fechada. Ao contrário de alguns abutres que por aí pairam, adestrados pela esquerda-caviar, não sobraram restos mortais para depenicarem, pois afinal o PSD-Açores soube renascer! Sinal dessa vitalidade foram as intervenções de Vasco Garcia, Berta Cabral, João Bosco Mota Amaral, Reis Leite, Madruga da Costa, Carlos Costa Neves... e isto só para falar nos ditos «históricos».
Sinal de vitalidade foi também o debate interno de duas propostas de alteração dos estatutos com consequências importantes e desafiadoras no futuro do partido. A este debate acrescente-se o repto de um referendo interno, tendo por objecto escrutinar o partido quanto à proposta de alteração da actual Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa Regional. Assim, já no próximo dia 29 vamos a votos, tendo por quesitos saber se para melhorar a proporcionalidade na ALR devemos propor aumentar ou diminuir o número de deputados e se além dos 9 círculos eleitorais será desejável que crie mais um círculo de compensação ou círculos concelhios. Sinal de surpreendente vitalidade foi o anúncio de uma vasta Comissão de Independentes dispostos a ladearem o PSD-Açores e o seu Gabinete de Estudos, contribuindo com o seu know-how em sectores chave do pulsar da autonomia Açoriana. Vital foi ainda a renovação em 50% da actual direcção política do Partido e a eleição de um novo Secretário-Geral!
Tudo isto são sinais de vitalidade mas, a cereja no topo do bolo da unidade plural, foi o desafio a Mota Amaral para que desagrave a birra de Cavaco Silva e que a todos nos honre com a sua candidatura a Belém.
Cá por mim a luta ainda não acabou e será no PSD-Açores que continuarei a ambicionar por um partido mais reformista e menos neo-liberal, porquanto, o desenvolvimento só é económico para ser Social. No resto, para nós, ainda não acabou o aprofundamento da Autonomia e, para mim, a libertação política do povo Açoriano é ainda um sonho realizável... enquanto for esse o sonho do PSD-Açores lá estarei.
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