Ele há dias assim! Pontua-se na mouche e depois no resto não se acerta uma! Será que é isto a que os orientais apelidam de yin e yang?
Voltando atrás; web log do dia de hoje: Saltei da cama irascível e mal humorado como é o meu timbre. Note-se que o grau de crispação redobrou quando dei conta que estava ligeiramente atrasado para embarcar para Lisboa... Chegado ao Aeroporto uma prestimosa e amiga supervisora deu-me guia de marcha para trás (e a mais 6 ou 7 passageiros) pois, apesar do voo largar às 8 horas e 45 minutos, às 8 horas e 15 minutos (data da minha chegada ao balcão) declarou despoticamente, com um sorriso sardónico afivelado no fácies marcial que o uniforme da Sata lhe conferia, que havia fechado o voo à instantes! Entretanto, a minha boleia tinha partido a caminho de um funeral, pelo que, fiz-me à estrada. Chegado ao local de trabalho a minha secretária não estava ao serviço pois, presumindo eu que estaria tranquilamente embalado nas asas da Sata para lá e para cá, sendo que de premeio tinha um reunião de trabalho, havia de véspera concedido uma merecida folga à Fátima permitindo-lhe que fosse ao já referido funeral!
Regresso ao santificado Aeroporto João Paulo II e em compasso de espera vou traçando as linhas da reclamação escrita contra a excessivamente zelosa supervisora... Entretenimento tão inconsequente quanto traçar as linhas de umas palavras cruzadas mas, seguramente, muito mais divertido. Em jejum, lá embarquei para Lisboa a bordo da TAP onde me serviram um «snack» incomparavelmente inferior à ração que diariamente, cá em casa, sirvo na lamela da nossa fila de São Miguel! Chamei a «assistente de bordo» devolvendo-lhe o tabuleiro retendo do mesmo o que se salvava: Uma «Cola Light»! Intermezzo de 15 minutos a passar pelas brasas e logo o Airbus afunila em direcção a Lisboa... (Luminosa como Sempre)...
Espavorido abandono a correr o Aeroporto de Lisboa, lamentando não ter acordado mais cedo pois escusava de andar nesta lufa-lufa e teria tido tempo para uma refeição decente no «Ghandi-Palace» que havia prometido ao meu irmão e respectiva consorte (neste caso não sei se a Francisca é com sorte ou com azar!). «Amando-me» ao primeiro táxi que agarro e zzzt para o trabalho. Numa alucinante viagem contra relógio, com passagem por Xabregas, lá consigo chegar, in extremis, à reunião de trabalho que tinha agendado. Atento o percurso as expectativas eram modestas mas, surpreendentemente a reunião superou a minha desmoralizada fé. Depois, dei por mim sozinho na Baixa e resolvo comemorar, aquele êxito parcelar e silente, com uma fúria de açúcar. Devidamente instalado no «Haagen Dazs» do Chiado peço um crepe com caramelo, nozes, gelado de leite condensado e outro de «niquinhas» de bolachas «Oreo» que, era tão doce que fiquei nauseado o resto do dia. Degustado o último pedaço do crepe, falta menos de uma hora para o regresso e não dá para ligar ao meu irmão e muito menos à minha escassa lista de amizades que ainda têm a indulgência de me aturar... Decido ir ao Carmo ver se é desta que o alfarrabista está aberto. Azar! Como sempre está fechado, embora sadicamente deixe qualquer bibliófilo a babar-se da vitrine, pois com despudor exibe uma ampla e sedutora torre de babel feita de resmas de ficção, história, filosofia e, para coroar o ramalhete, uns volumezitos de poesia e angelografias acerca do sexo das referida criaturas.
Desço o Carmo e vou à Casa Havaneza em busca de umas mini «MonteCristo» que de momento estavam esgotadas. Última paragem antes do regresso na FNAC! Em vão busco os CD´s que alguns amigos cuidaram de encomendar e aos quais vou aparecer de mãos a abanar. Com presciência leio já os respectivos pensamentos: «Lá vem a desculpa de que estão esgotados!». Com o cronómetro a correr vejo que ainda vou a tempo de dar um pulo à secção de livros da FNAC Chiado. Tal é a pressa que tangencialmente não acerto numa pálete de «Código(s) da Vinci» e restantes apêndices do género: «Da Vinci Ilustrado»; «Da Vinci Descodificado»; «Da Vinci Desmistificado»; «Da Vinci Contraditado»...
Vamos ao que interessa: Da lista dos três romances que buscava encontrar na FNAC apenas disponível o último de Philip Roth, «The Plot Against America», em versão estado-unidense. Claro está que fico a aguardar a tradução! Seja como for lá veio um clássico de George Steiner e um divertissement de Ray Bradbury. À saída ia tropeçando, novamente, nas páletes de «Código(s) da Vinci».
Regresso ao Aeroporto com uma sensaborona certeza de dejá vu ao passar por Xabregas e, entretanto, apercebo-me que tal se deve a estar novamente a ser incensado com os perfumes de uma ETAR que por ali se mistura com outras insalubridades. Finalmente Aeroporto. Ah e desta vez como tinha já feito o check in apenas me restou ficar à espera da acessibilidade à porta de embarque. «Meanwhile» sou fustigado com os odores de suor mesclados com as frituras do «Mcdonald´s». O voo agora está atrasado e se para Lisboa viajava na TAP agora regressava na SATA o que só aumenta o meu desnorte. Como despedida de Lisboa recebo uma comissão de seguranças que me colocam na ridícula situação de, após despojado de casaco, chaves, relógio e porta moedas, demandarem que tire o cinto... como as calças eram da colecção em que eu tinha uns kilos a mais corri o risco de ali ficar em pêlo!
A bordo vou lendo os jornais nacionais o que não é nada recomendável em situações de stress pós traumático. Finalmente, o regresso a casa! Já o disse e repito: Ele há dias assim! Pontua-se na mouche e depois no resto não se acerta uma! Cumprida e missão e tendo pontuado profissionalmente, é caso para nos sentirmos nivelados quando o resto são só vicissitudes. Mas regressar e ter a alegria da minha mulher e o sorriso dos meus filhos é caso para nos sentirmos abençoados.
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