quarta-feira, janeiro 26

A AUTONOMIA ESTAFADA

O Presidente da República assentou praça na nossa esgotada Autonomia. Veio cá com ares de visita régia proclamar aos seus súbditos que bem podiam debater mais e melhor Cidadania, escusando, por outro lado, de cogitar mais e melhor Autonomia. Esta era matéria dada que, em substância, estaria fora da agenda política Presidencial. Quem está de fora até parece que a Autonomia foi assim graciosamente outorgada por decreto Presidencial! Não fossem as restantes intervenções, e ainda o que se seguiu, a imagem inaugural do Congresso de Cidadania extinguir-se-ia numa nova fórmula autonómica: A Autonomia Esgotada!

Depois da sessão inaugural do Congresso da Cidadania, adornado com lídimos cidadãos de 1ª Classe na qualidade de representantes dos restantes, teve lugar a ronda do micro da RTP-A pelos dirigentes políticos, para indispensável comentário à nova doutrina Sampaio sobre a Autonomia.

Como seria de esperar, por razões de afinidade e solidariedade ideológica, Carlos César foi comedido no seu comentário. Contudo não deixou de divergir quanto à tese do «exauriamento» da autonomia. Como também seria de esperar, nesta fase do campeonato, Victor Cruz teve mais «genica» na defesa do acervo da Autonomia, pontuando assim no prime-time do Jornal da Noite da RTP-A. Do CDS/PP, porventura combalido com a putativa desfiliação de Gusmão, saiu uma declaração em low-profile que nada acrescentou ao que havia sido dito por César e Cruz.

Espanto, ou talvez nem tanto, foi a concordância adestrada dos Comunistas cá do burgo e do Bloco de Esquerda. Os Açorianos ficam a saber que também para estes a Autonomia esgotou-se.

Deplorável foi a forma pouco corajosa e a reserva mental como o PDA ladeou a questão dizendo, por um lado, que advogam uma Autonomia sem fim e por outro, que o que importava era levar a Autonomia até onde os Açorianos quisessem! Mero usus loquendi! O que o PDA quis dizer, mas não disse e não teve audácia para o fazer, é que, in fine, defende a Independência dos Açores! Não se compreende tal acabrunhamento, afinal não é nossa divisa oficial «Antes Morrer Livres que em Paz Sujeitos», ou será que a mesma máxima é hoje pura iconografia oficial de uma Autonomia Estafada?

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