terça-feira, abril 25

Geração de 70 # 9



CLASS of 74

Tinha 15 aninhos espigaditos quando aconteceu o 25 de Abril. Não serei um filho biológico da Revolução porque, enfim, já fumava Português Suave na altura, mas andei no Liceu com ela e essas coisas não se esquecem. Tive uma relação adolescente com a política enquanto a maioria dos meus contemporâneos se armava em homenzinho filiando-se em partidos, alianças e movimentos. Alguns reconstruídos, outros M-L. Fiz as coisas próprias de um miúdo irresponsável numa época em que era proibido proibir. Muito conveniente, posso-vos garantir. Como não tinha de andar em piquetes de colagem, aturar comissários jacobinos, ou dinamizar células do MAEESL (Movimento Associativo dos Estudantes do Ensino Secundário de Lisboa), dei muito bom uso à liberdade supletiva dos desalinhados, entregando-me a lascívias pequeno burguesas liminarmente proibidas pela vulgata das cinco efígies vermelhas: Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao. A liberdade, como depressa descobri, era muito maior do que qualquer um daqueles senhores. Mas também não tenho qualquer dúvida de que se não fosse o 25 de Abril nunca teria tido a liberdade de o descobrir. Por isso é que ele me está tatuado na pele. Nunca fui à guerra, nem sequer à tropa, mas tenho essa chapa mecanográfica pendurada ao peito: Class of 74.

25 de ABRIL, SEMPRE.

Bom feriado, blogosfera.

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