Stereolab - Fab Four Suture (Too Pure/Beggars)
O retro como forma de afirmação pop
Após 15 anos de carreira, 10 discos de originais e um conjunto de compilações e edições raras e limitadas em vinil - onde é que podemos "encaixar" - Fab Four Suture?
Este disco conjuga vários temas lançados durante o ano passado e apenas disponíveis em Ep's e lados B de edições limitadas - uma peça de coleccionador para os fãs e a síntese para o consumidor que não compra vinil (e/ou singles em CD).
Os Stereolab têm tido uma carreira e uma produção discográfica profícua, basta para isso recordar títulos como: Mars Audiac Quintet (1994), Emperor Tomato Catchup (1996), Dots And Loops (1997), Cobra Phases (1999) ou, o último, Margerine Eclipse (2004).
Laetitia Sadier, francesa e ícone pop-alternativo, dá voz a uma das mais importantes bandas indie dos últimos 20 anos e que se movimenta num universo longínquo e cool.
O percurso dos Stereolab tem sido construído de forma ascendente mas, no final de 2002, a morte do teclista/vocalista Mary Hansen crivou marcas profundas na banda que equacionou a separação. Mas, ao fim deste tempo, o ânimo parece ter regressado à dinâmica do grupo que aparenta estar recomposto e disposto a divertir-se.
Os discos dos Stereolab podiam, perfeitamente, pertencer a um sub-género novelístico repartido por vários capítulos eternizados, sobretudo, pelos temas melódicos de pop açucarada, doces harmonias e a referência, decalcada e permanente, ao krautrock (= electrónica psicadélica = um género musical desenvolvido na Alemanha Ocidental no final dos anos 60 e durante os 70?s que conjugava electrónica, guitarras e sons pré-gravados = A tónica posta na experimentação e inovação, abarcando todos os géneros, retorcendo-os, misturando-os, recriando-os, duma forma criativa e pioneira...).
Pop retro-futurista, música lounge para a futura estação espacial internacional? Por aqui há confiança e a pop tem razões para sorrir. Apesar de haver alguma cansaço, evidente, o grupo manifesta uma qualidade superior pela produção cuidada. No entanto, podemos questionar - já ouvimos isto antes? Sim. Soava melhor? Talvez. Decepcionante? Pelo contrário!
Os Stereolab são uma banda em que podemos sempre confiar mesmo que o resultado final não seja radiante. Para muitos a audição de um novo disco dos Stereolab pode revelar-se aborrecida e tediosa mas o facto é que a honestidade das suas melodias são um dístico que os identifica, em que a o característica loop funciona como algo inebriante e soporífero - não produz efeitos secundários e alivia.
* crónica semanal publicada no suplemento SARL/Jornal dos Açores de 31.03.06
** Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
*** Esta semana o MALANDRO trocou-me as voltas...daí que amanhã não haja crónica no SARL/in Jornal dos Açores. Não obstante - a malandragem - as novidades musicais continuam actualizadas à direita (aqui + abaixo).
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