terça-feira, maio 31

...VOLTA QUE ESTÁS PERDOADA !!!

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O «nosso» Primeiro-ministro concedeu esta semana a graça de quebrar o seu sapiente e régio silêncio, e esse desjejum foi marcado com um estridente libelo acusatório à função pública Portuguesa. Aparentemente, para o Socialista Eng.º Sócrates, o rosto do «monstro» dá pelo nome de função pública!

Assim, e apesar do extenso rol de promessas eleitorais, o Partido Socialista vira-se aos trabalhadores da função pública numa fervorosa missão de salvar o futuro à custa dos «direitos sociais» que eram tão caros à esquerda quando andava em campanha. Por um lado, para estancar a hemorragia da despesa pública - (peçonhento veneno destilado pelo «monstro») - a filosofia de Sócrates segue a cartilha do congelamento das progressões automáticas e das actualizações dos suplementos remuneratórios e, por outro lado, para prolongar a agonia dos sobreviventes estica a idade de reforma «ad mortem» !

Embalado no coro de carpideiras do costume e com a banda sonora encomendada à Comissão Constâncio, o Primeiro-ministro anunciou ainda o aumento do I.V.A., o que é já a crónica de mais uma promessa eleitoral traída pois, factos são factos, o Eng. Sócrates recorrentemente havia dito que não estava de acordo com a subida dos impostos e que esta era até evitável. Afinal, deu o dito por não dito e defraudou o eleitorado que nele votou!

Lamentavelmente, numa época em que tanto se propala o enobrecimento da classe política e da verdade do discurso de Estado, não deixa de ser irónico que o Primeiro-ministro faça tábua rasa das suas próprias promessas eleitorais.

Apesar do Eng. José Sócrates repudiar a imagem do discurso da tanga, recusando-se assim a baixar ao nível inferior que só poderia ser a retórica do fio dental ou as misérias do nu integral, o certo é que a promessa de que não haverá discurso da tanga, mas sim da «confiança e crescimento»(sic!), seria uma boa «deixa» para um número de «stand-up comedy» se fosse novidade e tivesse graça. Mas, no cenário das vidas reais teremos o aumento do I.V.A. para os 21 % com a justificação de que o previsível aumento de receita será «alocado»(!) à segurança social.

Tudo isto é servido numa cuidada «mise en scène» em tom de «film noir», - produzido por Constâncio e realizado por Sócrates - em que o País é um actor à beira do precipício que os Portugueses teimam em não enxergar. Mas, como se sabe, neste País há uma Região em «superávit» cujo líder também já prometeu que não vai pagar a factura da crise. Efectivamente, o Presidente do Governo Regional dos Açores, afirmou publicamente que tinha garantias de Sócrates de que não vão ser os Açores a pagar a crise. Veremos como vai ser possível esse golpe de prestidigitação sem desmancho de uma doutrina unilateral da solidariedade, sem perda do poder de compra dos açorianos, e sem perda de competitividade empresarial. Num cenário de «filme catástrofe» só ficou por explicar porque razão neste enredo se salva a Banca que continuará a pagar menos IRC do que as pequenas e médias empresas, e se nas cenas dos próximos capítulos, neste frenesim de austeridade, sobram algumas vitualhas para alimentar a máquina da «economia de solidariedade» pouco interessada na virtualidade do trabalho mas, seguramente empenhada na capitação dos votos que tem garantido ao Partido Socialista.

No meio do espavento destas medidas para salvar o futuro fica ainda o silêncio contido da «entourage» do costume e o odor do arrependimento dos que foram no canto desta sereia que prometeu que tudo seriam rosas! Esses desenganados por certo já fazem em segredo o seu acto de contrição murmurando: «Volta Manuela Ferreira Leite que estás perdoada»! Agora, esse acto de fé é extemporâneo. Habituem-se! Habituem-se e acautelem-se, pois num cenário em que as taxas de juro de longo prazo, associadas às Obrigações do Tesouro, atingiram valores preocupantes em Março de 2005, não são precisos grandes dotes de premonição para antever a subida do custo do dinheiro que, até agora, tem merecido a benção da taxa de 2% outorgada pelo Banco Central Europeu. Se essa taxa se altera teremos por certo uma sequela deste filme de terror embora nessa remake o «monstro» venha a ter um fácies padronizado pela União Europeia.

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JNAS na edição de hoje do Jornal dos Açores

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