Como definiria eu os Açores a alguém que me pedisse para os descrever? Com que palavras poderia eu fazer um retrato dos Açores que fosse verdadeiro? Ponho-me a pensar sobre o assunto e apercebo-me que nunca ninguém me pediu que descrevesse os Açores, que contasse as ilhas em palavras absolutas. Mesmo no sítio mais longe onde estive, na costa do oceano pacífico, os Açores foram apenas um ponto no mapa, uma localização geográfica. Nunca uma entidade, uma ideia, um conceito. O que são os Açores? Uma preposição indefinida. Um sonho. Uma imensa variedade, ou um tom de verde. Uma onda desfazendo-se no basalto. O voo de um pássaro. Uma pétala de uma flor. O oceano que envolve as ilhas. Água, terra, ar, um fogo interior e invisível apenas sentido pelo coração das coisas. Qual é a história dos Açores e como eram as ilhas antes de alguém as encontrar? Seriam desejo? Hipótese? Com que palavras resumir o ser Açores? Que filosofia? Que síntese? Que puro conceito para que o imenso seja único? Que outra denominação para lá do nome, apenas rótulo e marca, poderia representar Açores? Qual a essência? O que são os Açores?
Nota: Este é o primeiro do que pretendo seja uma série de posts sobre o que são os Açores e o que é a açorianidade. É uma, direi, inquietação que começa com a formulação de questões e que seguirá, espero, para o apontar de caminhos. A minha visão pessoal sobre este lugar e este tempo.
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