terça-feira, maio 31
Pormenores ou nem tanto.
Bem sei que este é um assunto bizarro e de pouco interesse para o comum dos mortais nestes dias de défice, de non, de publicidade estática e outros grandes temas para o futuro da humanidade. Este post é sobre política, pior, é sobre política partidária, portanto quem quiser pode ir já mudando de blogue. Posto isto, cá vai. Quero partilhar convosco algumas perplexidades sobre a estratégia autárquica do PS, que foi agora revelada em todos os seus pormenores após uma, acredito que muito bucólica, reunião do secretariado regional do partido na brava ilha Terceira. Tal como já vinha sendo comentado em boatos de café os piores cenários foram confirmados, o PS vai para estas eleições autárquicas como se estas fossem eleições de segunda, abdicando da ideologia, das ideias, do confronto aberto e corajoso com os adversários e passando ao eleitorado a mensagem de que está satisfeito com o que tem e que mais não quer, obrigado. Aqui convém deixar bem clara uma nota de elogio e de apreço pelo homem e pelo político José San-Bento, nada do que vou aqui dizer é dirigido a essa figura nem ao seu percurso político. Não posso é deixar de expressar a minha tristeza pelo caminho escolhido pelo partido para estas eleições e principalmente para a principal cidade do arquipélago, a capital, Ponta Delgada. Um partido que após ter conquistado a sua maior vitória em eleições, que após ter reafirmado uma maioria sem precedentes, um terceiro mandato na Presidência do Governo Regional, um partido que não quer discutir taco-a-taco a câmara da maior cidade do arquipélago, não pode deixar de ser criticado. O problema não está na figura escolhida ou nas capacidades desta quer para uma campanha forte quer mesmo para o desempenho do cargo, a questão é a mensagem que o PS faz passar ao não apresentar como candidato à câmara de Ponta Delgada uma figura de proa do Partido, uma personalidade forte e marcante no panorama político regional, uma candidatura que ganhasse Ponta Delgada para o PS. Por mais imbatível que possa parecer à priori a Dra. Berta, a verdade é que a gestão autárquica do PSD na câmara não está isenta de erros, não foi impoluta e merece ser contestada em muitos e importantes pontos, mais, Ponta Delgada merece que os dois principais partidos da região apresentem como candidatos à câmara os seus melhores quadros e as suas melhores estratégias. Pensar que não vale a pena concorrer com a Dra. Berta é jogar a política mais baixa de todas - a política do calculismo eleitoralista. Quando abdicamos da luta abdicamos da ideologia e isso é o fim da causa e da utopia. Um partido que não se bate pela ideologia em todos os momentos, é um partido que merece perder eleições. E já nem vou falar na insistência mórbida deste PS pelas candidaturas de Ricardo Silva à Ribeira Grande e de Carlos Ávila à Povoação, exemplos paradigmáticos do tipo de política autárquica deste partido. Lamento é que o partido de Carlos César não queira ser nestas autárquicas o grande partido que foi nas regionais. Já o disse publicamente e reafirmo, Vasco Cordeiro era a personalidade ideal da área socialista para derrotar Berta Cabral, tal como creio que Catarina Furtado seria uma excelente candidata à câmara da Ribeira Grande, por exemplo. Por último um voto de apoio a José San-Bento, que pode a muitos parecer hipócrita depois do que aqui deixei expresso, mas que é verdadeiro e legítimo, o verdadeiro apoio é aquele que sabe ser crítico com justiça e fraterno com camaradagem. Aliás, e como já disse, quanto mais não seja porque Ponta Delgada merece e a Dra. Berta Cabral precisa de uma campanha autárquica onde os dois lados se confrontem de uma forma forte, aguerrida, inteligente e capaz, ou como dizem os ingleses a Fair Fight.
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