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O que são os Açores?
Comecemos então pela geografia. Um arquipélago de nove ilhas dispersas pelo centro do Atlântico Norte no sentido leste-oeste entre os paralelos 36º 55' e 39º 43' de Latitude Norte e os meridianos 24º 45' e 35º 17' de Longitude Oeste. O arquipélago ocupa uma extensão de cerca de 3º de latitude e quase 6º de longitude, um total de aproximadamente 200.000 Km2 de mar de onde sobressaem apenas 2.323 km2 de ilhas. Compreender o arquipélago é compreender as distâncias. Do Cabo da Roca, a mais ocidental parte do continente europeu, até à Ponta da Madrugada no Nordeste da ilha de São Miguel vai uma distância de cerca de 1.380 km. Do Ilhéu de Monchique na Ilha das Flores até ao Cabo Race, na Terra Nova, a distância é de 1.800 km. De Santa Maria a oriente ao Corvo a ocidente vão sensivelmente 700 km de distância. Divididas em três grupos, sendo que o mais ocidental se encontra já para lá da crista média atlântica na placa continental americana, as ilhas que constituem o arquipélago são: Santa Maria e São Miguel (Grupo Oriental), Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial (Grupo Central) e Flores e Corvo (Grupo Ocidental). A ilha maior é São Miguel com 745 km2 e 213 km de perímetro costeiro, a mais pequena é o Corvo com 17 km2 e 19 km de perímetro costeiro. No seu todo as ilhas dos Açores têm 844 km de costa. Sendo todas as ilhas de origem vulcânica, formadas pela sedimentação de materiais de sucessivas erupções, apresentam no entanto diferenças morfológicas derivadas dos tipos de erupção que lhes deram origem e do grau de erosão em que se encontram. Os traços mais significativos e, em certa medida, comuns ao todo das ilhas são os cones vulcânicos dos quais, obviamente, o Pico é o mais mágico e marcante, na sua altiva imponência de 2.351 metros de altura que emergem do mar em direcção ao céu como que a querer ligar essas duas existências. Por todas as ilhas se podem observar outros cones vulcânicos, de maior e menor dimensão, mais ou menos erodidos, consoante a época em que terminou a actividade vulcânica. No geral são também comuns a todas as ilhas as caldeiras, arribas mais ou menos desniveladas, fajãs, aluviões, grotas mais ou menos vincadas e escarpas. Outro traço marcante são os milhares de cursos de água, ribeiras e ribeirinhas, que marcam a superfície das ilhas numa espécie de bordado caótico de água correndo para a água. A vegetação endémica é em geral pouco variada e rasteira - urzes, fetos, faias, loureiros. Foi o homem que marcou a vegetação das ilhas com a importação de espécies do Mediterrâneo, de Africa, das Américas e do Oriente. Situado na zona do anticiclone subtropical dos Açores o clima das ilhas é condicionado primordialmente pelo oceano. Os traços mais marcantes do clima açoriano são: a amenidade térmica, que sofre poucas oscilações (22º graus é a temperatura média do mês mais quente) sendo que a temperatura media anual é de 17º; a elevada humidade do ar, normalmente numa media anual que oscila entre os 80 e 100%; taxas de insolação reduzidas, consequência da nebulosidade muito elevada; chuvas regulares e abundantes, um regime de ventos bastante vigoroso, de onde predominam os de quadrante Oeste. São comuns as tempestades, por vezes extremamente violentas, com ventos de mais de 150 km por hora e ondas que atingem facilmente os 6 metros de altura. Os Açores são, então, uma enorme extensão de mar pontuado por pequenas ilhas de solo fértil, um clima ameno mas propenso a fortes tempestades. É aqui que no século XV se vão fixar os primeiros povoadores.
Nota: Este é obviamente um retrato geral e, em certa medida, quase impressionista. É fruto de uma leitura rápida, por isso sujeita a erros, de alguns livros dos quais destaco o Atlas Básico dos Açores, organizado por Victor Hugo Forjaz, e São Miguel a Ilha Verde - Estudo Geográfico, de Raquel Soeiro de Brito. (Ambos estes livros se encontram facilmente no mercado se bem que, e aqui é mesmo um parêntesis, a preços exorbitantes.) Daqui parto para o povoamento e a história das ilhas, a acção do homem em conjugação com a natureza que aqui ficou descrita. Como vêem esta é uma empreitada megalómana. Registo também os contributos do André, do Guilherme, da Mariana, do António José, em havendo interesse posso transformar isto num blogue próprio aberto a todos, é uma ideia.
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