A semanada de excitações e reflexões, acondicionada entre aspas, para guardar e, de vez em quando, revisitar na persistência da memória.
«Sócrates vai sentir a pressão contínua dos interesses (alguns pouco legítimos). Vão-lhe prodigalizar conselhos, vindos de quem não tem autoridade para lhos dar. Resista.»
Mário Soares, quinta-feira 24 de Fevereiro na Visão.
«Foi vê-los sentados nas primeiras filas do Altis: alguns apenas felizes, outros expectantes, outros claramente já postulantes. Os socialistas alinhados para escutar o discurso de vitória de José Sócrates começaram por tudo aplaudir, sem critério. Depois, foram rareando as palmas, à medida que se foi tornando nítido que dali não sairia nada que a rua não dissesse melhor e mais sentidamente. E, no fim, foi já perante um embaraço constrangente que José Sócrates terminou um discurso onde, afinal, se percebeu a mais inacreditável das coisas: que ele não tinha nada para dizer. O homem tivera dias, semanas, meses, para pensar no discurso de vitória; acabara de saber que vai ser o próximo primeiro-ministro de Portugal, no que isso representa de honra e de responsabilidade; acabara de conduzir o PS a uma vitória histórica e o país acabara de lhe dar a tão almejada maioria absoluta: e ele não tinha nada para dizer, para além de lugares-comuns tão absurdos como «o meu desejo é formar um governo de gente competente «Foi puro gelo.»
Miguel Sousa Tavares, sexta-feira 25 de Fevereiro no Público.
«A Câmara Municipal de Lisboa admitiu ontem pela primeira vez que a cidade pode perder em definitivo a sua Feira Popular, depois de o espaço que existia em Entrecampos ter sido desactivado para viabilizar o negócio da reabilitação do Parque Mayer.»
Nuno Ferreira, sexta-feira, 25 de Fevereiro no Público.
«José Sócrates tem a ambição de ser o Tony Blair Português.»
José Júdice, sexta-feira, 25 de Fevereiro no Independente.
«As exéquias que o PSD celebra não são apenas do fenómeno santanista, o barrosismo também expirou o último sopro no dia 20 de Fevereiro e tem uma factura para pagar: 61.547 votos. A pergunta é: e agora?»
Adelino Cunha, sexta-feira 25 de Fevereiro no Independente.
«É a mentalidade mesquinha que continua a afectar o poder judicial. Se bem que tenha encontrado colegas com muito nível, há muita maledicência. Um julgador não pode emprenhar pelos ouvidos nem ser preconcebido.»
entrevista a Maria Ruth Garcez... a primeira Juíza Portuguesa agora jubilada, sexta-feira 25 de Fevereiro no Independente.
«No dia da «virança» o que se passou foi um plebiscito a Santana Lopes.»
José Pacheco Pereira, sexta-feira 25 de Fevereiro na Sábado.
«Tal como em 1975 uma onda de direita se levantou contra o colectivismo, 30 anos depois uma onda de esquerda levantou-se contra o fim do Estado protector que suave, suavemente, foi estendendo o seu manto sobre nós nas últimas décadas. Os filhos e os netos daqueles que rejeitaram Portugal como a Cuba da Europa e que anos depois deram a maioria a Cavaco Silva são os professores, advogados e empregados de escritório de hoje. Trabalham nas autarquias e nos institutos. No sector privado, dependem do Estado para os subsídios disto e daquilo. Para o financiamento dos programas. Para o pagamento das oficiosas e as horas extraordinárias. Com a mesma veemência com que rejeitaram o Estado totalitário do colectivismo, os portugueses defendem agora o Estado «baby sitter» que lhe sucedeu.»
Helena Matos, Sábado 26 de Fevereiro no Público.
«Marques Mendes foi a única voz que decidiu enfrentar as contrariedades num terreno adverso. Tem agora maior legitimidade para se apresentar na corrida à presidência do partido, porque, ao contrário de personalidades de referência como José Pacheco Pereira, não se limitou à tarefa de animar um blogue quando o horizonte se apresentava sombrio.»
João Cândido Silva, Sábado 26 de Fevereiro no Público.
«O PSD que concorreu às eleições no domingo passado e sofreu uma derrota pesada foi um PSD-B.»
José António Saraiva, Sábado 27 de Fevereiro no Expresso.
«O Presidente acabou por sair reforçado das eleições. Uma muito larga percentagem de portugueses concordou com os motivos que levaram Sampaio a dissolver o Parlamento e a marcar eleições. Mas, no seu íntimo, quantas dúvidas não teria Sampaio sobre a sua arriscada jogada? Mas as coisas são como são, nem mais nem menos. O Presidente legitimou a hipótese de um projecto político populista triunfar em Portugal e fê-lo, estou certo, por achar que Ferro Rodrigues não estava ainda totalmente livre do processo Casa Pia nem tinha o Partido Socialista unido em torno da sua liderança política.»
Luís Osório, segunda-feira 28 de Fevereiro na Capital.
«Não pertenço a nenhum partido. O que não é bom nem mau... Uma nota: se fosse solteiro e frequentasse todas as sextas o Lux, diria às moçoilas: «Sou do Bloco de Esquerda» - segundo vários relatos, costuma funcionar.»
Nuno Costa Santos, segunda-feira 28 de Fevereiro na Capital.
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post-scriptum... infelizmente esta semana o Vox Populi não tem sotaque das Ilhas... com excepção do Nuno Costa Santos «exilado» em Lisboa!
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