sexta-feira, fevereiro 8

crescendo veloce

Muito mais animado depois de ler isto.

O Pedro considera que os republicanos (conservadores sociais e progressistas) acabarão por se unir em torno de McCain. Hoje vi e ouvi alguns discursos de McCain na CNN. O homem foi vaiado pela ala conservadora (social) enquanto apelava à unidade do partido. Mal falou da sua política de imigração a dita ala vociferou asneirada da grossa. Vaiou um herói de guerra, um verdadeiro conservador (clássico). É muito estranho observar isto, quase constrangedor: Ele, mais do que qualquer outro dos seus congéneres é um verdadeiro republicano! É um pragmático, um homem da realpolitik, como diria o zb. Os conservadores (sociais) de hoje esqueceram-se completamente do conservadorismo clássico do seu partido, um conservadorismo com uma história ilustre. É triste assistir a isto. Ouçam este homem a falar. Até o seu inglês é deliciosamente anacrónico. Cuidado. Claro. Sucinto. To the point, como dizem os Americanos.

Este drama mediático revela o que aconteceu ao PR: a direita religiosa (fundamentalista) que, se bem me lembro, controla menos do que 33% (*) do eleitorado republicano, conseguiu apoderar-se de grande parte do partido. McCain apelou à unidade. Foi vaiado, impunemente. Todavia, e é aqui que reside a força do argumento do Pedro, será que os republicanos, em virtude dos imperativos estratégicos (fazer com que o partido chegue à Casa Branca), terão a sagacidade de se unirem e optarem por um ticket com McCain & Huckabee? Ainda faltam muitas curvas e atalhos nesta corrida. É possível que isto aconteça.

1-Se acontecer, uma boa parte dos conservadores sociais abandonarão as Presidenciais. Há aqui uma curiosidade psicopolítica que não deve ser negligenciada. Os conservadores sociais são dogmáticos. O compromisso político, para estes senhores e senhoras, não é visto com bons olhos. Muitos vêem McCain como um traidor. Gostaria de saber o que é que os conservadores sociais exigiriam em troco do seu apoio. A situação é delicada. Tudo indica que as exigências seriam substantivas. O que nos leva ao seguinte: se tal coisa acontecer (uma "reconciliação estratégica"), McCain terá que modificar a sua agenda. Esta mudança poderá alienar os progressistas que o apoiam. Se presumirmos que os conservadores sociais não são burros (são dogmáticos mas não são burros) o senso comum diz-nos que exigirão que McCain explicite publicamente a mudança de rumo durante as eleições de forma a comprometê-lo com o eleitorado. Devemos reparar no seguinte: o principal objectivo destes senhores é o de assegurar e consolidar a hegemonia (precária) do conservadorismo social dentro do partido. McCain não se cansa de apelar aos "Reagan Democrats." (os democratas conservadores que elevaram Reagan até ao poder presidencial) McCain sabe que estes apelos à sua esquerda não são bem vistos pelos conservadores sociais que não desejam ver os progressistas republicanos aliados aos democratas conservadores. Isto poderia significar, simplesmente, o fim da hegemonia do conservadorismo social dentro do PR. Seria suicídio político. Perderiam o controle da plataforma que lhes permite projectar o seu nefasto poder no mais poderoso país do mundo. Isto é, perderiam quase tudo. McCain apela aos democratas porque sabe que a situação doméstica não é famosa. Nada famosa. Ele tem insistido neste pedido de ajuda, sabendo que isto pode alienar os conservadores sociais. Porquê? A minha resposta, tentativa, especulativa, é muito simples: McCain está desesperado!

2-Se não acontecer, o PD teria a vitória quase garantida, com Hillary ou Obama ou ambos. Tudo depende da evolução desta fissura e do que se faz para a fechar. McCain é capaz de a transcender. Se alguém é capaz de o fazer este alguém é McCain. Mas temo que este objectivo seja demasiadamente ambicioso, mesmo para alguém como McCain. O futuro dirá.

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