terça-feira, fevereiro 26

1968-1974

1968, um dos anos mais marcantes da segunda metade do século XX, cumpre agora o seu quadragésimo aniversário. Para a maioria dos soixante-huitards, 1968 é o Maio de 1968. Não faço coro com eles. Já lá vai o tempo em que a França definia o tempo meridiano das revoluções. Houve outros meses em 1968. Em Abril, por exemplo, mataram o Martin Luther King e em Junho, com dois dias de intervalo, alvejaram o Andy Wharol e depois o Bobby Kennedy. Não houve qualquer relação entre estes crimes, claro, mas até parecia, porque em Novembro o Richard Nixon (cof, cof) foi eleito Presidente. Isto para não falar dos tanques soviéticos a rolar nas ruas de Praga, ou do Papa Paulo VI a condenar oficialmente o uso de métodos contraceptivos, sinal de que as antenas do Vaticano sabiam bem da revolução sexual que vinha por aí abaixo. Nesse ano o black power fez a sua aparição no Jogos Olímpicos e o Jimi Hendrix lançou o Electric Ladyland. Tariq Ali, um anglo-paquistanês que em tempos militou nas fileiras trotskistas, afirma no seu livro 1968 and After que o 25 de Abril em Portugal foi a última manifestação da dinâmica revolucionária iniciada em 1968. Percebo bem o que ele diz, porque para mim o 1974 português foi uma espécie de 1968 lost in translation. Não o vivi segundo a cartilha francesa, mas em homenagem a essa cidade tão charmant, aqui fica o Lou Reed em Paris, no ano da graça de 1974.

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