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O guru da Geração X está de regresso! «Eleanor Rigby» é o último livro de Douglas Coupland editado entre nós pela Teorema. Já disponível na Bertrand por 17,68. Enquanto degusto mais uma receita de Douglas Coupland aqui deixo os ingredientes do último livro do mesmo com que me deleitei.
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"GOD IS NOWHERE | GOD IS NOW HERE | GOD IS NOWHERE | GOD IS NOW HERE"
E Deus disse: «faça-se luz»! Para os criacionistas o Génesis nada tem de lírico e o «fiat lux» é efectivamente o ponto originário do Mundo e nunca o Big Bang.
Atormentado com outras questões metafísicas temos de regresso Douglas Coupland com um magnífico livro de seu nome «Ei Nostradamus!». Douglas Coupland é incontornável na literatura de fim de século e um autor seminal da Geração X. Não será assim exagero tabelar a mais recente criação literária como A.C. e D.C., ou seja, antes de Coupland e depois de Coupland.
O autor da trilogia de obras primas que o são «Geração X», «A Vida depois de Deus», e «Coma Profundo», está de volta após ter feito a travessia do deserto com obras menores. Cumprida a penitência «Ei Nostradamus!» é a profecia cumprida que os seus acólitos esperavam. Nela o autor em quatro «evangelhos» expõe uma geração globalizada que, apesar de tudo, não foi salva pelo bem estar e demanda assim o sentido da espiritualidade. Neste mundo dessacralizado e consumista faz sentido que «(...)Deus nunca te envia uma tentação que não sejas suficiente forte para combateres.(...) No fim , somos julgados pelos nossos actos, e não pelos nossos desejos». Afinal não é verdade que a mefistofélica máxima sempre aconselhou que a melhor forma de ablação de uma tentação está em não lhe oferecer resistência?
É assim num cenário de humor negro, assombrado pela memória do massacre dos columbine shootings, que vão passando os cromos da Geração X. Uma delas, no limiar do último estertor ferida de morte na sua espiritualidade, escreve a azul claro: «Deus não está em lado nenhum / Deus está aqui agora».
Se nas obras anteriores o escritor talhou os contornos de uma geração à deriva agora no seu regresso as suas personagens continuam na demanda de um sentido para as suas vidas. Se Deus é ou não companheiro nesta peregrinação existencial cabe a cada um de nós a revelação.
Um dogma pelo menos partilhámos com Douglas Coupland que tem a humildade de aceitar que o que quer esteja «out there» é mais vasto do que a nossa simples e irrepetível humanidade. God Speed DC....
texto publicado no #13 da Revista :Ilhas.
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