segunda-feira, novembro 8

Governo

Será normal que passado quase um mês do dia das eleições ainda não haja governo? Nem sequer um rascunho, uma hipótese de trabalho, um esqueleto de um governo com que se possa ir pensando no futuro? Compreendo que seja necessária cautela e extrema ponderação na elaboração de um elenco governativo, mas porquê todo este enorme espaço de silêncio desde o dia 17 até agora. Se a campanha durou quase um ano, como é possível que os dois principais partidos e os seus líderes não tivessem uma ideia, se não definitiva pelo menos preparatória, para a formação de um governo depois de ganhas as eleições? Em que estado não estará a região se há, pelo menos, mais de três meses que ninguém governa? Estamos à espera do dia doze como uma criança à espera de abrir as prendas de natal para saber quais serão os brinquedos que vai acarinhar e quais os que vão ficar esquecidos no fundo da arca. Não haverá gente interessada? Será falta de competência? Haverá indisponibilidades? Será que abundam as invejas? O que vai pela cabeça de César neste longos e solitários dias? Meu Caro Carlos Cesar permita-me este abuso e intromissão, mas aceite estas humildes sugestões:

Presidente: Carlos César (obviamente, não é, pois. Mas desta vez seja mais aberto, delegue, dê orientações, mantenha-se informado, mas não queira saber tudo, mandar tudo, dê-lhes, aos seus secretários, alguma margem de manobra. Dedique-se à projecção do arquipélago no exterior, faça viagens, lute com Lisboa, pense no futuro.)

Vice-Presidente: Ricardo Rodrigues (não se preocupe com as más línguas, arrisque. Dê-lhe competências nas áreas políticas da alçada presidencial como a cultura e os projectos transversais a várias secretarias.)

Finanças: Roberto Amaral (não o deixe ir embora, prometa-lhe contenção nos investimentos públicos. Se for impossível de o manter recorra à banca, procure um profissional da poupança e não da despesa.)

Educação, Ciência e Tecnologia: Henrique Schanderl (promova-o, criem pontes tecnológicas entre as ilhas e eduquem as novas gerações com visão de arquipélago e não limite de ilha.)

Habitação e Equipamento: José Contente (infelizmente, mas dê instruções à vice-presidência para manter esta secretaria debaixo de olho.)

Assuntos Sociais: Rui San-Bento (tente convencê-lo, sempre é um especialista em doenças difíceis. Se não, Francisco Coelho.)

Economia: Duarte Ponte (obrigue-o a mudar todo o gabinete, inclusive a mobília, mesmo os móveis mais pesados. Que tal António Gomes de Menezes para Director Regional do Turismo?)

Agricultura: Vasco Cordeiro (é inevitável e será bom para ele)

Sub-secretária das Pescas: Rui Coutinho

Ambiente: Sérgio Ávila (cuidem do ambiente desta terra com o mesmo cuidado e rigor com que se cuida do mais pequenino varandim do centro histórico de Angra.)

Secretário Adjunto: André Bradford (dê responsabilidades a pessoas inteligentes.)

Siga este último critério em todas as escolhas daqui para baixo, mas lembre-se que os secretários podem ser políticos, os directores convêm, quando possível, que sejam especialistas.

Desculpe-me a soberba, mas os governos também interessam aos cidadãos.

P.S. Ainda bem que eu não sou o Carlos Cesar e podem ficar descansados que de certeza que ele não lê o :ILHAS.

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