sexta-feira, junho 4
SIC TRANSIT GLORIA MUNDI
Volvido o período de defeso, que o decoro impõe após as festividades religiosas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, confesso que não resisti a publicitar este postal que é um sinal dos tempos em que a tradição socialista já não é o que era !
Efectivamente, um dos pilares do fácies do moderno Estado de Direito Democrático é o principio da intangibilidade do poder político pelo poder eclesiástico, numa clara consagração da dicotomia entre a mundanidade secular e a Glória sempiterna. Talhando caminho a um longo calvário pelos cânones da ciência política, tudo se resume ao dogma de que os Governos querem-se «agnósticos». Esta ladainha não surge revelada «por obra e graça do Espírito Santo», porquanto, é certo e sabido que a separação entre o Estado e a Igreja sempre foi uma bandeira e um pergaminho da esquerda republicana, laica, socialista e, frequentemente, anti-clerical...
Factos são Factos e a História do Sec. XX Português é pródiga em exemplos do esforço da dita esquerda ? republicana, laica e socialista ? em proscrever, e bem, os rituais religiosos e monásticos da praxis de Estado.
Mas a tradição já não é o que era e por vezes ocorrem alguns infelizes retrocessos. Exemplo dessa desdita é a imagem do Ecce Homo tendo por contracapa a fotografia do Presidente do Governo Regional dos Açores. Este «registo» profano é obra da «Açores Mundo Publicidade & Marketing, L.da.» mas, conta com o patrocínio do Presidente do Governo Regional dos Açores que, inclusivamente, lavrou na indulgente iluminura pós moderna fraterna mensagem de Boas Vindas à Festa da Fé !
Este marketing institucional instrumentaliza a fé de um modo repudiável, até porque obscurece o sentido de Estado que deve iluminar os nossos Governantes. No resto as convicções religiosas são e devem ser sempre respeitadas, na medida em que, são matéria do foro intimo de cada um quer seja governante ou governado.
De boa-fé creio que esta imagem foi um equívoco...porventura até involuntário. Por isso mesmo, constitui um singular e bizarro objecto de culto da imagem e da personalidade de Estado que, seguramente, não se repetirá no próximo ano.
Até lá : «o tempora ! o mores !» ... assim passa a glória do mundo
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