D. Sebastião, rei de Portugal
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Fernando Pessoa, Mensagem
Imaginaria Pessoa que quando incitava a sua, e as próximas gerações, a serem o "que houve e não o que há", que a nossa, como a dele, desiludida, despojada de "impérios", subjugada aos "imperialismos" da Europa e dos Estados Unidos (então Inglaterra), sofrendo de hipocrisia, movida pela ganância, viciada em governos caídos em descrédito, vencida e sangrando humilhação, escolheria como campo de batalha não um deserto, mas um relvado, riscado nos quatro lados e que quando o nevoeiro se levantasse, não seria D. Sebastião que nos apareceria, carregando o nosso estandarte, a caminho de renovadas glórias, mas sim os novos cavaleiros de Portugal, heróis da bola, e que, naquele campo de batalha, os portugueses, crentes de mitos e carregadores da fé que Deus nos cede, acreditariam que o futuro de Portugal se salvará ...?
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