segunda-feira, junho 14

abstenção

Esta história da abstenção é uma piada. Usar a abstenção para minimizar uma derrota eleitoral é uma falácia, um despautério, uma vergonha. Se a mim me incomoda que haja tamanhas taxas de abstenção é claro que sim, mas isso não deslegitima uma eleição, votar vota quem quer e em democracia quem não vota sujeita-se à vontade de quem votou, é tão simples quanto isso. Veja-se o caso dos EUA, a maior democracia do mundo depois da Inglaterra, onde uma elevada taxa de abstenção é a norma em cada acto eleitoral e nem por isso deixam os eleitos de exercer o poder com legitimidade nem os eleitores deixam de se sentir representados nos seus eleitos. Utilizar a abstenção para desculpar a derrota é uma mesquinhez própria de quem não sabe aceitar a vontade democrática, aceitar o voto popular, aceitar perder. A abstenção é de facto um problema grave porque perverte o ideal democrático, que é o da participação popular, mas há que aceitar sempre a vontade do povo e se a vontade da maioria é não participar, pois que seja, por mais que isso desgoste, como me desgosta a mim. Agora o que não é legítimo é que os perdedores não saibam respeitar a vontade dos que em liberdade quiseram nas urnas expressar o seu voto.

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