terça-feira, janeiro 27
A vontade de ser.
O profundo desejo de imortalidade que se oculta no mais íntimo de cada um de nós é o que nos faz estremecer perante a morte. Mais do que a incompreensão, mais do que a incapacidade de racionalizar o desconhecido, é a vontade de eternidade que naufraga quando choca com a inevitabilidade da morte. É nessa fronteira, nesse limite que o humano soçobra. A morte, fim último da passagem do tempo, é a única constante da vida. É a única certeza da existência. É por isso que tem um efeito tão devastador no espírito humano, presenciar a morte é como tocar Deus, é experimentar em absoluto a imensidão do que está para lá de nós e, ao mesmo tempo, a intransponível fínitude do que somos. A morte que subitamente e sem contemplações nos visita é como um terramoto que esmaga e nivela e torna em pó as frágeis construções da existência humana. Assim, com a frieza dos segundos que nunca param, a morte aniquila, não deixando nada impassível ao seu toque. A morte, que é a antítese do sonho, que não dá lugar ao desejo, que impede a esperança e que, na sua forma mais pura, circunscreve o corpo ao limite dos elementos, faz cair por terra e na terra a vontade de céu do que é o humano. Nada mais há que possa estar além da morte e a nós resta-nos a fronteira da vida para ser.
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