quarta-feira, janeiro 28

A Coligação

Antes de ser influenciado por qualquer tipo de comentário vou aqui expressar uma opinião sobre a reunião que terá decorrido esta manhã num hotel de Ponta Delgada. As estruturas directivas dos partidos Popular e Social Democrata dos Açores encontraram-se então para discutir os traços de um acordo pré eleitoral com vista a disputarem e, possivelmente, dizem eles, ganharem as eleições de Outubro próximo. Imagino, não sem alguma angustia pessoal, o ambiente da sala, os apertos de mão entre Alvarino e Vitor, entre Gusmão e Bolieiro, a desconfiança disfarçada de parte a parte, o enorme sapo que ambos engoliram, deslizando pelas gargantas estreitas para ir coaxar no fundo dos estômagos indispostos. Conseguirá o PSD conviver saudavelmente com personagens como Andre Marques Paz ou Frederico Sampaio, já para não falar de Paulo Gusmão? Que lugares irá o PP exigir na estrutura da coligação? Será a perspectiva de poder argamassa suficiente para suster esta inverosímil coligação? Terão os eleitorados destes dois partidos deslembrança suficiente para esquecer anos de menosprezo e ódio lançados de parte a parte? Todos sabemos, os que olhamos para estas coisas com distanciamento, que a única razão desta coligação é o poder, a conquista despudorada e alarve do poder, não se vê um projecto ou uma ideia de governação, trata-se de uma contagem de espingardas, de um casamento de conveniência, com o único propósito de destituir Cesar e coroar Cruz. O que esta coligação não vê, ofuscada como está pela sede de governança, é que num arquipélago pequeno e geograficamente disperso como o nosso as eleições são ganhas não por partidos mas por personalidades políticas e isso determinará o resultado das eleições. Ganhará as eleições o líder com quem os açorianos se sentirem mais confortáveis. Mas isso é matéria para outro post.

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