segunda-feira, janeiro 19
A eternidade dos elementos
Lembro-me de há uns anos uma fotografia que foi capa do Público mostrava uma onda enorme que parecia engolir uma rua inteira de Rabo de Peixe. O enquadramento tinha uma rua estreita com o casario dos lados e aquela contorção de água e força feita onda ao fundo. Tenho pena de não ter guardado esse jornal, mas nunca mais me esqueci dessa imagem. Hoje de manhã quando sai de casa e passei pela praia do Pópulo em direcção à cidade ia na esperança de poder ver algo idêntico. O que mais me apetecia hoje era olhar para o mar e ver uma imensidão de água em fúria largando espuma pela ilha dentro. Há dias em que apetece que o mundo estremeça para que algo acorde. A mim, uma das coisas que me prende na ilha é a bravura dos elementos. São os extremos, entre o espelho infinito das calmarias e o caldeirão assombroso das tempestades. Sentir em absoluto o abatimento do corpo perante o magnânimo do mundo. Mas o temporal de hoje quase que não o foi. O prenuncio de tempestade foi apenas frente que passa, o evoluir das estações. Deixo-me conduzir o carro pelas estradas da ilha olhando os horizontes de inverno, pensando na idade das ilhas tão distante da idade dos homens, tão breves os homens perante o colossal dos elementos. Aqui na ilha observo com admiração o poder regenerador da natureza e tento confiar no homem. É também por isso que vivo, aqui, na ilha. Só a natureza pode enquadrar o destino do homem.
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