quarta-feira, outubro 22

telefonemas

Já estou a imaginar a cena. Num dos exuberantes salões de Belém o telefone toca. O Aníbal, sentado numa poltrona, mantinha de polyester sobre os joelhos, levanta o sobrolho, por breves instantes interrompe a leitura do Record, e lança um olhar para a Maria. Dona Maria, chateada por ter de parar a novela, levanta-se para ir atender. Alô, tou shim. Do outro lado ouve-se a nossa Bertinha (com sotaque cerrado de Ponta Delgada…). Ai, Senhora Dona Maria, era para lhe pedir se vê se o seu marido promulga de vez essa porcaria do Estatuto. Veja lá, é que sem isso a gente aqui nunca mais se livra do malvado do César. E ainda pra mais eu estou a ser empurrada para o cadafalso e não gosto nada de perder, nem a feijões. Já viu o que era, se eu sou corrida da política o que é que eu ia fazer, ainda para mais com esta crise no imobiliário não dá sequer para viver das rendas. Veja lá isso Senhora Dona Maria, ficava-lhe muito agradecida, depois mando-lhe um servicinho de chá aqui da Louça da Lagoa, que a senhora tanto gosta.

Assim vai a política açoriana, todos à espera do Cavaco, como quem espera pelo Godot…

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