domingo, outubro 26

O Nosso Homem na América - Primeiras Impressões


Não é propriamente uma sondagem Gallup, mas as t-shirts de apoio a Obama custam mais 2 dólares do que as de McCain. O rádio do táxi apanhado à saída do Reagan National dá uma ajuda: thirteen points ahead, quem é como quem diz, Obama está a ganhar cerca de 3% por cento por semana desde que o tema principal da campanha passou a ser a crise económica.
Depois de quase 10 horas de aviões, fico à espera de uma manifestação inequívoca de crise. Sei lá, uma pequena manif, um tumulto por causa do preço dos donughts, um executivo financeiro a pedir emprego, que sei eu, um pequeno investidor a tentar vender a sua carteira de acções à porta do Starbucks. Mas nada. Assim de repente, a América em crise terminal parece a mesma de sempre. Mesmo a um sábado ao fim da tarde.
Na empreitada literária dos últimos dias, li algures que há quem pense que Obama ainda sofrerá o chamado efeito Tom Bradley, um negro que esteve à beira de se tornar Governador da Califórnia em 1982, que ia na liderança de todas as sondagens, mas acabou por perder nas urnas, por ser negro. Mas, mesmo que isso aconteça, já são muitos pontos de vantagem para que a vitória possa estar em risco. E ainda por cima com a crise.
Ligo a televisão. Na televisão sim, não há mais nada a não ser a crise. Minto, no ESPN há basebol e no The Weather Channel há uma frente oclusa na costa Leste, que tive de resto oportunidade de conhecer em pleno ar, de forma até um pouco desagradável. De resto, CRISE. Crise nos supermercados, crise nas bombas de gasolina, crise nas lojas de conveniência, até à porta de uma biblioteca uma repórter demasiado entusiasmada pergunta a um leitor já com a sua idade pela crise. A televisão gosta de crises, convive bem com elas. Não as larga. Na América, como por todo o mundo.
[o oficial da emigração ouvia o último dos Coldplay, via ipod; será um sinal de crise?]
Leio já meio ensonado que o dueto de Michael Bublé com os Bee Gees é "way better" que o dueto que os australianos fizeram com Diana Ross há décadas atrás. Vou ter de me deitar. O jetlag é pior que a crise.

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