sexta-feira, outubro 31

HOJE | 1 NOV | 21h30 | CINE SOLMAR



RENASCIMENTO | RENAISSANCE
CHRISTIAN VOLCKMAN

VOZES: DANIEL CRAIG, PATRICK FLOERSHEIM, CATHERINE MCCORMACK, ROMOLA GARAI, JONATHAN PRYCE, IAN HOLM
ANIMAÇÃO / FICÇÃO CIENTÍFICA / POLICIAL | FRANÇA/GRÃ-BRETANHA/LUXEMBURGO | 2006 |COR - 105 MINUTOS

M/12Q

Toda a programação em: http://semanafantastica.blogspot.com/

Malgré Nous, Nous Étions Lá



Baseado em textos de Gonçalo M. Tavares, com música de Bernardo Sasseti, Gilbert Becaud e Barbara Travadinha este é, nas palavras do próprio Paulo Ribeiro, um “objecto inexplicável”: existe porque os bailarinos existem, é o seu dueto a falar por eles. Apesar deles. Hoje no Teatro.

HOJE | 31 | 21h30 | CINE-SOLMAR



DARK CITY - CIDADE MISTERIOSA | DARK CITY
ALEX PROYAS

COM: RUFUS SEWELL, KIEFER SUTHERLAND, JENNIFER CONNELLY, RICHARD O’BRIEN, IAN RICHARDSON, WILLIAM HURT, BRUCE SPENCE, COLIN FRIELS, JOHN BLUTHAL, MITCHELL BUTEL
MISTÉRIO / FICÇÃO CIENTÍFICA / THRRILER | EUA/AUSTRÁLIA | 1997 | COR - 100 MIN.

M/12

Toda a programação em: http://semanafantastica.blogspot.com/

O Nosso Homem na América - Flórida


A história em relação à Flórida, este ano, é relativamente simples e bastante diferente do melodrama de 2000: Obama não precisa de ganhar na Flórida para ser Presidente, mas McCain nunca será Presidente se não ganhar na Flórida. As sondagens dizem, neste momento, que a diferença é de 3%, o que, atendendo à margem de erro, é o mesmo que um empate técnico.
Por isso, tanto McCain como Obama têm obrigatoriamente de incluir a Florida no mapa das 72 últimas horas de campanha. Ontem, Bill Clinton juntou-se pela primeira vez à campanha democrata em Kissimi, amanhã, e com enorme simbolismo, Al Gore estará, também pela primeira vez num comício de Obama, na Flórida.
Para ganhar o estado, os comentadores dizem que há dois temas fundamentais aos quais é essencial atender: reformas e a inserção das comunidades latinas.
A Flórida é simultaneamente o estado americano cuja população mais tem aumentado nos últimos anos, em termos relativos, e aquele onde a população mais tem envelhecido. Isto porque se tornou no estado de residência de muitos dos reformados da Costa Leste, especializando a sua economia e as suas infra-estruturas no apoio à terceira idade.
Por outro lado, a Flórida é quase bilingue, registando uma significativa comunidade de origem cubana, em particular, e latina em geral, em relação à qual é necessário ter uma particular atenção. E, enquanto a comunidade cubana é tradicionalmente conservadora e republicana, os imigrantes latinos mais recentes tendem a votar no Partido Democrata.
Como tal, é entre estas duas significativas faixas da população que o resultado da Flórida se irá definir, decidindo o destino de 37 votos no colégio eleitoral (a Flórida é o quarto estado com mais votos, depois da Califórnia, do Texas e de Nova Iorque) e, possivelmente, o destino da Casa Branca para os próximos quatro anos.
Na noite eleitoral, a Florida é dos primeiros estados a fechar as urnas. Possivelmente, quanto isso acontecer, estará encontrado o novo Presidente dos EUA.

quinta-feira, outubro 30

Festivais

Um Outono pródigo em Música nas ilhas (da velha e da nova).

Cine-Solmar

O hoje anunciado fim da exibição regular de cinema no Cine-Solmar é uma notícia que não pode deixar de preocupar um público amante do bom cinema.
Contudo, acredito na fórmula encontrada para continuar a exibir cinema de qualidade através de uma programação periódica de ciclos.
A toda a equipa e principalmente ao Carlos Miranda deixo aqui uma nota de incentivo e um muito obrigado por estes anos de bom cinema.

O Nosso Homem na América - Milagre Eleitoral


Na próxima terça-feira, não haverá uma eleição nacional para Presidente dos Estados Unidos. Serão sim 51 actos eleitorais relativamente simultâneos que, para além do mais, nem serão apenas presidenciais e que não serão iguais em todos os 50 estados americanos e no distrito federal de Columbia. Parecendo que não, isso pode vir a fazer muita diferença.
O processo eleitoral é gerido e regulado a nível estadual e mesmo local. Se é verdade que no dia 4 teremos eleições presidenciais por todo o território, não é menos verdade que as regras para essas mesmas eleições - do tipo de boletim de voto à escolha dos locais de voto, do sistema de recenseamento às regras de contagem - são completamente diferentes (e até contraditórias) de estado para estado e mesmo de condado para condado dentro do mesmo estado, além de que são, na sua generalidade, pensadas para facilitar a participação eleitoral muitas vezes em detrimento da própria integridade da votação.
Por exemplo, há 7 estados que permitem o recenseamento no acto da votação, há estados que permitem que se vote muito antes do dia das eleições (early voting), há estados que contam boletins de voto que não estão preenchidos na totalidade, há estados que não requerem nenhum documento de identificação para validar o voto, e todo um vasto rol de outras regras que nos parecem incompreensíveis do ponto de vista da validade do processo eleitoral, mas que na América são consideradas prerrogativas estaduais.
Daí que, por exemplo, este ano, o estado do Oregon não preveja a necessidade de disponibilizar qualquer mesa de voto, já que quem desejar votar o fará pelo correio. Daí que, em 2000, o estado do Alaska tenha 19% de votantes a mais em relação à população recenseada.
Por outro lado, ao mesmo tempo que escolhem o seu próximo Presidente, os americanos estarão a escolher todos os seus representantes federais, um terço dos membros do Senado, governadores, senadores e representantes estaduais, governos municipais, delegados escolares, presidentes de câmara e xerifes, num universo de 551.000 postos elegíveis em toda a América. Nalguns casos, terão também de responder sim ou não a uma série de perguntas de âmbito municipal ou estadual, como acontecerá, por exemplo, na Califórnia, com a hipótese de abolição dos casamentos homossexuais, ou em Massachusetts, com a possibilidade de o estado deixar de receber impostos sobre o rendimento.
Preencher um boletim de voto, óptico, electrónico ou tradicional, continua, pois, a ser uma enorme confusão e um enorme risco (sim, ainda há quem use os famosos punch cards que decidiram a eleição de 2000, na Florida), o que não pode deixar de constituir uma enorme surpresa tratando-se da maior democracia do mundo.
E ainda há mais um problema que deriva do próprio balanceamento do sistema político. Para evitar que os estados maiores se impusessem aos mais pequenos, os pais do sistema americano resolveram criar um sistema de escolha indirecta do Presidente. Assim sendo, os eleitores norte-americanos não votam em Obama ou em McCain, mas sim em membros de um Colégio Eleitoral, em que cada estado está representado pela soma dos seus delegados (senadores e representantes) no Congresso Federal. No total, o Colégio Eleitoral é composto por 538 membros (pelo que a maioria é atingida aos 270) e só reúne para escolher o Presidente a meados de Dezembro, sendo a sua declaração final tornada oficial em Janeiro.
Daqui resultam dois potenciais problemas: um, que já aconteceu algumas vezes na história dos EUA (sendo a mais recente em 2000), resulta do facto de ser possível que o Presidente dos Estados Unidos não seja o candidato que recebeu um maior número de votos do povo americano; o outro, tem a ver com a possibilidade de um ou mais membros desse colégio eleitoral mudarem o sentido de voto que lhes foi confiado pelos eleitores do respectivo estado (o que também já aconteceu, ainda que sem efeitos práticos).
Quanto a eleição não é muito renhida, o sistema é tão bom como qualquer outro, desde que as partes o aceitem. Mas quando, como em 2000, se verifica um grande equilíbrio, os americanos tendem a lembrar-se de que deviam mudar o sistema, uniformizar procedimentos e tornar as regras mais rigorosas. Sim, porque o actual sistema é um verdadeiro milagre eleitoral.

HOJE | 30 | 21h30 | CINE SOLMAR




3... EXTREMOS | THREE EXTREMES
MIIKE TAKASHI, FRUIT CHAN KWOH, PARK CHAN-UK

COM: HASEGAWA KYOKO, WATABE ATSURO (BOX), MIRIAM YEUNG CHIN-WAH, BAI LING, TONY LEUNG KA-FAI (DUMPLINGS), LEE BYEONG-HEON, IM WON-HI, KANG HYE-JEONG (CUT)
TERROR | HONG KONG / COREIA DO SUL/JAPÃO | 2004 | COR – 122 MIN.

M/18

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Box (Miike Takashi, Japão, 40 min.): Uma escritora tem sonhos recorrentes em que é envolta em plástico e enterrada viva dentro de uma caixa. Invoca memórias do seu passado — de criança contorcionista num pequeno circo —, enquanto tenta entender aquilo que a assombra no presente.
Dumplings (Chan Kwoh, Hong Kong, 37 min.): Uma actriz que já passou o ponto alto da sua carreira procura a fonte da juventude. Uma emigrante do continente chinês parece ter um tratamento eficaz, na forma de “dumplings” (pastéis de carne). Os ingredientes são, inicialmente, um mistério. Mas será que ela se importa com a dieta?
Cut (Park Chan-uk, Coreia do Sul, 45 min.): Um realizador de cinema vê-se aprisionado, com a mulher, num cenário de um dos seus filmes, por alguém que o acusa de ser demasiado bonzinho. Ele tem de conseguir convencer o raptor que é um homem mau e vicioso, mas para o fazer terá de cometer infanticídio. Cada hesitação pode custar um dedo da mulher.

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http://en.wikipedia.org/wiki/Three..._Extremes


...TRAILER


Toda a programação em: http://semanafantastica.blogspot.com/

Made in U.S.A.

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Em 1964, Irving Wallace, um dos mais populares criadores de best-sellers americanos, publicava o controverso "The Man". A novela de Wallace partia do cenário "what might have happened" se um "afro-americano" chegasse a Presidente dos Estados Unidos. Publicado numa era de forte activismo pelos ditos "direitos cívicos" o livro era mais uma provocação de Wallace e a personagem Douglass Filmam (the black president) era uma mera ficção. Hoje, quase cinquenta anos depois, a realidade poderá superar a ficção. A avaliar pela via de beatificação de Barack Obama este poderá ser na realidade o próximo Presidente dos Estados Unidos, e o primeiro negro a assumir o comando da Casa Branca. Obama, que representa com fervor evangélico o milagre da "mudança", promete ser um poço de virtudes e uma mão cheia de mezinhas para as maleitas da América e do Mundo. Com tal aura Obama poderia ter por cognome "o Salvador". Na verdade, qualquer que seja o ângulo, há sempre uma salvífica imagem deste santo homem que irá expurgar todas as iniquidades terrenas. Obama é a personificação da honestidade de Lincoln, possui a elegância carismática de um John Kennedy, a retórica de um Martin Luther King e mais um rol de qualidades que parece ter tomado de empréstimo. Em suma: correndo o risco de ser considerado um herege pelas elites do burgo afirmo que pressinto que Obama não é genuíno. Parece-me mais um produto plastificado de marketing. Tem sido este marketing que tem passado, urbi et orbi, a ideia motriz de que Barack Obama é uma espécie de sabão que irá escanhoar todos os males do mundo, um "ebony soap" que lavará bem fundo as crostas de corrupção da face da terra. Enfim, é mais uma personagem da "soap opera" destas Presidenciais Americanas hipermediatizadas que "tem um elenco de personagens que se sentiriam em casa numa sitcom – o orador que pode mudar o mundo, a autarca de uma pequena cidade e de mentalidade tacanha e o avôzinho" (isto na caracterização do colunista Ivor Tossel do jornal Canadiano Globe and Mail). Ora, para quem não gosta de novelas, mas é coagido às mesmas pela televisão, o fim da 1ª temporada das Presidenciais Americanas é um verdadeiro alívio. Para a 2ª temporada fica em suspenso saber se nas rédeas da Nação mais poderosa do mundo está o "orador que pode mudar o mundo" ou o "avôzinho". Faço fé de que seja o "avô" McCain que, pode não ter as virtudes do "pregador" Obama, mas não é, seguramente, de plástico. Creio ainda que essa genuidade do artigo verdadeiramente "made in USA" poderá fazer a diferença.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com



Jukebox


Buraka Som Sistema - Kalemba (Hot Chip remix)
Ne-Yo - Closer
Thievery Corporation - Sound the Alarm
Oasis - Falling Down
Kings of Leon - Sex on Fire
Loudon Wainwright III - Motel Blues



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quarta-feira, outubro 29

Agente Provocador

Reporter X

Pragas *

1. Foram introduzidas plantas invasoras nos jardins das Portas do Mar (Título e capa deste jornal na sua edição de 14.10.08). Percebo que este seja um problema e que o mesmo seja de fácil resolução (no jardim das Portas do Mar, entenda-se!). Não compreendo a repercussão e a amplificação mediática que obteve. Ainda bem que existem associações ambientais atentas para este tipo de aspectos e com um forte carácter interventivo. Se existem problemas de plantas infestantes em vários pontos da ilha o mesmo não se verifica num espaço contido e delimitado e que tendo sido identificado será rapidamente erradicado como foi prontamente anunciado. Gostaria de ver amplificado este tipo de discurso quanto a outro tipo de pragas que copulam na cidade de Ponta Delgada e restante ilha e que de pouco têm de autóctones e cujo nível de poluição (visual, sonora e atmosférica) estão muito para além do recomendado. Falo de inusitados desportos automobilizados que durante o fim-de-semana invadem o espaço público da cidade e da ilha, sem que as mais comuns regras de civilidade sejam cumpridas. É óbvio que existem excepções, mas por uns menos capazes pagam os outros. Sinto que o desprezo pelo que de melhor temos na ilha seja um capricho garantido à partida e que a contínua degradação ambiental não seja devidamente tida em consideração e é ostensivamente desvalorizada em prol de um egoísmo fortuito e passageiro. Uma pequena curiosidade: assistimos diariamente às reclamações da população quanto à subida ou descida dos preços dos combustíveis, mas relativamente a estes desportos parece não existir qualquer tipo de “contestação”. Prioridades?! Pode ser que dê um motivo de reportagem à Teresa Nóbrega. Mais civismo e menos ruído, precisa-se!

2. O Presidente da República acaba de vetar a revisão do Estatuto Político-Administrativo dos Açores. Nada de verdadeiramente surpreendente. Gostaria apenas de imaginar a condução deste dossier caso o mesmo tivesse tido outros protagonistas insulares. A discussão jurídica continua intrincada aos gabinetes, à porta fechada, distante da maioria e processada através de um complexo linguajar constitucional. Haverá outra forma?!


* edição de 28/10/08 do AO
** Email Reporter X
*** Imagem X Reporter X

terça-feira, outubro 28

O Nosso Homem na América - Washington

Monumento de tributo aos soldados que combateram na Guerra da Coreia, Washington DC

Estou em DC, como os locais (cerca de 570 mil) gostam que chamem à sua cidade, ou melhor dito, ao seu distrito federal, estabelecido em 1790 como capital dos EUA. O maior negócio de Washington é a política, quer em sentido literal - com todas as instituições federais, os respectivos staffs e as diversas agências governamentais - como em sentido mais amplo - incluindo lobistas profissionais, empresas de consultoria, embaixadas, visitantes estrangeiros, think tanks e por aí fora.
A cidade é governada por um Mayor e por 13 vereadores, e elege um membro da Câmara dos Representantes, embora sem direito de voto, uma vez que não se trata de um representante estadual no verdadeiro sentido do termo - é por isso que em muitas das matrículas dos carros registados em DC pode ler-se "taxation without representation". Aliás, os habitantes de Washington só votam para as Eleições Presidenciais desde 1964 e só a partir de 1975 passaram a ter direito a uma forma limitada de auto-governo.
Mesmo assim, com todos estes condicionalismos, Washington continua a ser sinónimo de Governo Federal e Governo Federal é algo que os americanos, em geral, não vêem com bons olhos, para dizer o mínimo. Todo o sistema político e eleitoral americano foi erigido com o preciso objectivo de proteger o indivíduo, a liberdade individual, do Governo, que nunca pode ser deixado à solta e que só pode ser concebido se limitado e controlado.
Washington é também sinónimo de impostos e impostos são um dos maiores ódios de qualquer americano. Apesar dos Estados Unidos serem um dos países do mundo com menor carga fiscal - 32,8% do PIB contra, por exemplo, 54% no caso da Suécia - os americanos acham sempre que pagam demasiado impostos e fazem da questão ponto de honra essencial em toda e qualquer campanha. Acresce que o peso do Estado Federal no financiamento das políticas estaduais e nos respectivos orçamentos é muito reduzido -em cada 100 dólares dispendidos por um qualquer estado apenas 9 provêm do Orçamento Federal - e, correspondemente, também a influência de Washington na Educação, nas Polícias ou até mesmo na Economia.
A única excepção que os americanos concedem a Washington é no domínio dos Negócios Estrangeiros, área que está integralmente acometida ao poder federal e em relação à qual, exceptuando contextos de crise internacional, o americano médio se está positivamente nas tintas.
As sondagens dizem que o Distrito de Columbia já há muito se decidiu maioritariamente por Obama, mas não dizem que Obama representa "a mudança" porque, mesmo sendo, ele próprio, um Senador Federal, promete lutar contra o sistema de Washington, fazer as coisas de outra forma que não à maneira de Washington, a mesma que terá transformado um patusco Governador do Texas numa ridícula figura de tragicomédia.
Há outra coisa que as sondagens não dizem sobre Washington e que é um mito urbano comprovado pela história: 94% das vezes nos últimos 76 anos, a vitória dos Washington Redskins a( equipa de futebol americano da cidade, tida como das mais fracas do país) no jogo imediatamente anterior às eleições presidenciais coincidiu com uma vitória republicana. Os Redskins jogam na segunda-feira, dia 3, à noite.

segunda-feira, outubro 27

WASSUP 2008



Nos idos de 2000, durante os intervalos do Super Bowl (que são os minutos mais caros da publicidade televisiva americana), a Anheuser-Busch Co. pôs no ar um anúncio à cerveja Budweiser que entrou nos anais do imaginário colectivo yankee. Ficou conhecido pela designação abreviada de wassup: o que é que se passa? Oito anos depois, os protagonistas desse spot publicitário resolveram fazer um remake de conteúdo político que, para variar, critica impiedosamente a administração e o partido Republicano. Os endorsements a Barack Obama - desde Colin Powell até Scott McClellan - não param de me surpreender.

sic transit gloria mundi

Mensagem do Presidente da República à Assembleia da República a propósito da devolução do diploma relativo à revisão do Estatuto Político-Administrativo dos Açores

O Nosso Homem na América - Primeiras Imagens


Vote for the Environment


Uncle Sam Wants You to Vote for Obama



Inauguration Construction




domingo, outubro 26

O Nosso Homem na América - Primeiras Impressões


Não é propriamente uma sondagem Gallup, mas as t-shirts de apoio a Obama custam mais 2 dólares do que as de McCain. O rádio do táxi apanhado à saída do Reagan National dá uma ajuda: thirteen points ahead, quem é como quem diz, Obama está a ganhar cerca de 3% por cento por semana desde que o tema principal da campanha passou a ser a crise económica.
Depois de quase 10 horas de aviões, fico à espera de uma manifestação inequívoca de crise. Sei lá, uma pequena manif, um tumulto por causa do preço dos donughts, um executivo financeiro a pedir emprego, que sei eu, um pequeno investidor a tentar vender a sua carteira de acções à porta do Starbucks. Mas nada. Assim de repente, a América em crise terminal parece a mesma de sempre. Mesmo a um sábado ao fim da tarde.
Na empreitada literária dos últimos dias, li algures que há quem pense que Obama ainda sofrerá o chamado efeito Tom Bradley, um negro que esteve à beira de se tornar Governador da Califórnia em 1982, que ia na liderança de todas as sondagens, mas acabou por perder nas urnas, por ser negro. Mas, mesmo que isso aconteça, já são muitos pontos de vantagem para que a vitória possa estar em risco. E ainda por cima com a crise.
Ligo a televisão. Na televisão sim, não há mais nada a não ser a crise. Minto, no ESPN há basebol e no The Weather Channel há uma frente oclusa na costa Leste, que tive de resto oportunidade de conhecer em pleno ar, de forma até um pouco desagradável. De resto, CRISE. Crise nos supermercados, crise nas bombas de gasolina, crise nas lojas de conveniência, até à porta de uma biblioteca uma repórter demasiado entusiasmada pergunta a um leitor já com a sua idade pela crise. A televisão gosta de crises, convive bem com elas. Não as larga. Na América, como por todo o mundo.
[o oficial da emigração ouvia o último dos Coldplay, via ipod; será um sinal de crise?]
Leio já meio ensonado que o dueto de Michael Bublé com os Bee Gees é "way better" que o dueto que os australianos fizeram com Diana Ross há décadas atrás. Vou ter de me deitar. O jetlag é pior que a crise.

FOTOS DO DIA




Todas as fotos © Callie Shell / Aurora for Time

sexta-feira, outubro 24

prazos

A próxima segunda-feira é o prazo limite para que Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa Professor Aníbal Cavaco Silva promulgue ou vete a proposta de Estatuto da Região Autónoma dos Açores. Bom fim-de-semana blogoarquipélago.

O Nosso Homem na América - Na Bagagem


Comprei-o no Aeroporto de San Francisco, há cerca de três meses, por mero impulso, mas convencido de que estaria a embarcar em mais uma aquisição para a secção de pendentes eternos da minha modesta biblioteca.
O título, "The Political Brain", bem como o subtítulo, "The role of emotion in deciding the fate of the nation", eram sugestivos, mas o autor, Drew Westen, não me dizia absolutamente nada (ouço alguém dizer, e com razão, "se lesses o The Huffington Post com mais atenção!") e as habituais recomendações da contra-capa, embora incluissem nomes tão distintos como os de Bill Clinton e de Howard Dean, pareceram-me tratar-se de fretes editoriais de encomenda.
Enganei-me a 200%. Tive na estante um livro fundamental para quem gosta de política, de estratégia partidária e de campanhas eleitorais, e quase que o tomava por um qualquer exercício presunçoso de aridez académica. Já se revelou de grande utilidade e faz parte - juntamente com 17 maços de SG Gigante - da bagagem essencial da minha aventura eleitoral nos States.
O autor, Westen, é afinal doutorado em Psicologia e Psiquiatria, com especialização em Psicologia Política, e habitual comentador do programa de actualidade política de Dan Rather, "Dan Rather Reports", além de ser colaborador residente do fundamental blog democrata "The Huffington Post".
Drew Westen argumenta que os sucessos do Partido Republicano nos últimos 40 anos se devem sobretudo ao facto de considerar primordialmente a mensagem política como emocional, ao passo que os Democratas permanecem agarrados a um discurso demasiado racional, demasiado explicativo e argumentativo, e completamente afastado dos mecanismos de formação do sentido de voto.
Para o autor, o cérebro político não é, ao contrário do que pensavam os positivistas, desapaixonado e racional, formando a sua decisão com base na ponderação equilibrada dos dados e dos números. É antes um cérebro emocional, que decide com base em histórias, narrativas e percepções. Como tal, o sentido de voto é sobretudo resultado de um processo de identificação e de associação, e não o produto aritmético de uma determinada soma de factos, números e estatísticas.
Daí o exemplo de Bill Clinton como a excepção que confirma a regra. Os Republicanos dominaram a política americana nos últimos 40 anos porque estabeleceram laços emocionais muito fortes com o eleitorado, porque deram aos americanos uma ideia muito clara da América que queriam, do projecto de futuro que tinham para o país. Por oposição, os Democratas gastaram quatro décadas a estudar o sistema de Saúde e o Estado Social e esqueceram-se que era imprescindível dizer aos americanos, de forma clara e apaixonada, o que os diferenciava do inimigo. Quando o conseguiram fazer - com Clinton principalmente - ganharam; sempre que o evitaram, perderam
Eu diria que é também por isso que se arriscam a ganhar no próximo dia 4 de Novembro. Obama é a política-emoção por excelência. Como dotado orador que é, transforma qualquer discurso em imagens apelativas e coerentes de esperança, de mudança e de futuro, e isso, para a mente política é tudo o que há de mais poderoso na hora de decidir. Até a raça deixou de ser importante, porque as associações e a percepção colectiva sobre a figura e a mensagem de Obama se tornaram mais fortes do que os dados físicos. A duas semanas das eleições, ele deixou de ser o primeiro afro-americano a concorrer à Presidência dos Estados Unidos. Ele é o rosto da mudança, a cara da esperança (ao passo que McCain é a reencarnação de Bush). Tão só.

Incontinências

Na Travessa hoje aqui.

O Delfim

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Um dos poucos filmes Portugueses que vi com agrado. Segura realização de Fernando Lopes, argumento de Vasco Pulido Valente e uma Alexandra Lencastre voluptuosa como nunca. O filme esteve na lista de nomeações para melhor filme estrangeiro pela "Academia de Hollywood".
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Director Fernando Lopes’s adaptation of the novel by José Cardoso Pires is an abstract parable set in Portugal of the late 1960s—a dissolute era suspended between the colonial wars and the imminent demise of the dictatorial Salazar rule. A wealthy landowner, "The Dauphin," enjoys a decadent life of hunting, drinking, and womanizing. He oversees his estate, the Laguna, with his barren wife, his one-armed manservant, and his treasured guard dog. When a sportsman (the film’s narrator) comes to the estate for his annual duck-hunting excursion, he discovers the body of the landowner’s wife floating in the lagoon and the manservant dead on his master’s bed. The Dauphin and his dog are nowhere to be found except for the mysterious barking sounds heard over the lagoon. This ambitious melodrama is deeply rooted in the political climate of the period and one of the few contemporary works produced by the Portuguese film industry.(
review da "Academia de Harvard")

...mais logo no Canal 1 da RTP na homenagem a José Cardoso Pires

Publicidade Institucional # 7

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Ezequiel está de regresso à blogosfera. Este Obama Man, o mais genuíno e sentimental apoiante de Barack deste lado do Atlântico, está de novo, e em força, no admirável mundo novo dos blogs. Espera-se que este não seja um comeback intermitente. Sabe-se já que o blog é de excelente qualidade e de soberbo grafismo. Um must para a "pasta" dos "favoritos" e uma sugestão de dynamic blogging, como lhe chama o Zeke, para começar a explorar já este fim-de-semana.

Cherchez la Femme




Sarah Palin, o prodígio que veio do frio, apresentou-se ao eleitorado americano como uma hockey mom no passado mês de Agosto, mas, pouco tempo volvido, os consultores de imagem do partido Republicano subverteram o guião da senhora. Havia que afagar aquele seu ar racé, emulsioná-la em amaciador até iludir as boas cores de rapariga do campo. Em suma, dar-lhe um ar mais Cosmopolitan. As hockey moms, é bom que se diga, distinguem-se pelo seu hábito de socializar no supermercado vestidas com fatos-treino de "marca", coisa bem distinta dos bolerozinhos Valentino que a Governadora Palin exibe ultimamente nos comícios da campanha. Contrariamente aos cálculos dos estrategas de McCain (que devem ser todos gays), Sarah Palin não vingou entre o eleitorado feminino das hillarites tresmalhadas mas, em contrapartida, os football dads adoram-na. Aliás, não são só eles que a adoram. Os liberais sofisticados, também, só que não o admitem. É quase como uma inconfessável atracção pela pornografia, sobretudo quando a Governadora sobe ao estrado para discursar do alto dos seus sapatinhos vermelhos, decerto uns exclusivíssimos Manolo Blahnik, porque a factura do seu guarda-roupa já vai em 150.000$, conforme asseguram os media americanos. A notícia constitui o último tempero desta prodigiosa campanha eleitoral e, abordado pelos jornalistas, John McCain respondeu com desarmante naturalidade: she needed clothes.
Bem sei que para um co-proprietário de sete casas, 150 mil dólares em trapos é uma coisa trivial, mas não basta à mulher de César ser séria, é preciso parecê-lo. E além disso, Senador McCain, os football dads não acham que ela esteja com falta de roupa. Muito pelo contrário. O que também é outro problema. Como se não houvesse já bastantes.

O Nosso Homem na América*


There are many men of principle in both parties in America, but there is no party of principle.
Alexis de Tocqueville

A partir do próximo Sábado, o :ILHAS torna-se num dos poucos e selectos blogues portugueses (não sei se haverá mais algum) que contarão com um homem a tempo inteiro nos Estados Unidos, para cobrir as Eleições mais aguardadas do século. Washington D.C., Miami e Boston serão as escalas até 11 de Novembro, para que seja possível abarcar o antes, o exacto momento e o depois. Nada de falar de cor. A coisa agora é lá mesmo. Por dentro do sistema, mas sempre tão parcial quanto possível, porque Obama rules!
See you from DC!

*O título destas crónicas é uma homenagem sentida ao grande Dexter Gordon e a "Our man in Paris".

quinta-feira, outubro 23

Siga

Vila Franca do Campo, São Miguel, Açores. Out2008

Não é um slogan partidário mas podia sê-lo.

O PSD de Sempre

É o PSD de sempre que necessita de Berta Cabral ou é Berta Cabral que necessita do PSD de sempre? Será ela a última esperança do regresso do PSD de sempre ao poder ou será que o PSD de sempre é a última esperança de Berta Cabral assumir algum dia o poder regional? Poderá o PSD dar-se ao luxo de voltar a apostar as fichas todas numa figura desejada e quase consagrada ou será que, pelo contrário, é a figura desejada e quase consagrada que pressente que corre o risco das fichas começarem a mudar de mãos?
O timing é terrível para o PSD e para Berta Cabral. A vingança suprema (e a única possível) de Costa Neves - consciente ou inconsciente, não me interessa - foi a de fazer avançar o tempo. Não podendo ou não querendo suportar mais dois anos de faz-de-conta, Costa Neves podia, contudo, fazer acontecer, e foi exactamente o que fez. Ou é Berta agora, ou é Berta nunca. Ou é Berta com todo o partido meio moribundo ou é um novo partido que, para se afirmar, não quererá Berta nem qualquer outro resquício do tempo que já lá foi.
O unanimismo que se vislumbra é o PSD de sempre. O outro PSD, o que terá de nascer das cinzas, não se pode fazer nem com Berta Cabral, nem com unanimismos.

quarta-feira, outubro 22

Regresso ao passado

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Não há duas sem três e, por mais uma vez, o PS de Carlos César alcança ainda a maioria absoluta que tanto pedia. Porém, a maioria absoluta no Parlamento não deixa de ser relativa em termos políticos. Este PS tem apenas 3 deputados de vantagem para a oposição, perdeu votos em valores próximos daqueles que se reflectiram no aumento da abstenção, e é eleito com uma percentagem recorde de abstencionistas na "oposição". Ainda é o mesmo PS que há 12 anos celebrava a vitória nas Portas da Cidade de Ponta Delgada. São ainda os mesmos protagonistas como, aliás, se viu no passeio do triunvirato Carlos César, José Contente e Vasco Cordeiro a caminho da repetida festa, já sem o brilho e o entusiasmo de há quatro anos atrás. Foi efectivamente uma vitória relativa pois, também para o PS, melhor era possível.
No PPD/PSD melhor é, ainda, possível. Porém, o PSD/Açores já esgotou as viagens de regresso ao passado. É tempo de construir o futuro dentro do partido permitindo facultar aos Açorianos um capital político de mudança e de confiança. Estes foram valores nos quais o eleitorado não se reviu na actual liderança do PPD/PSD. Com efeito, se na jornada do passado Domingo o eleitorado deu um cartão amarelo ao PS é indiscutível, em termos globais, que mostrou um cartão vermelho ao PSD. Consequentemente, restava ao Dr. Carlos Costa Neves entregar o lugar de capitão do plantel deste PSD. Hoje, no PSD/Açores, não há lugar para mais líderes de transição, para crónicas de uma imolação anunciada e, muito menos, para se fazer da política um sacrifício com prazo de validade. A ser assim não vale a pena. Os Açorianos merecem um PSD que tenha um projecto estruturante e um líder no qual revejam uma permanente alternativa de poder. Por outro lado, os militantes do PSD merecem um líder consensual e fora da mira de putativas facções ao serviço de projectos pessoais de ambição de poder. O PSD é um partido personalista mas não pode ser um partido de personalidades sempre disponíveis na sombra à espera de uma janela de oportunidade para o golpe de misericórdia. O futuro começou já no passado dia 19 de Outubro. Não temos tempo para mais um regresso ao passado.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com
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para uma análise, séria e interessante, dos resultados globais recomenda-se uma colherada de Chá Verde(puro) pela mão do Guilherme Marinho

X Festival de Jazz de Ponta Delgada

A partir de hoje no TM.

telefonemas

Já estou a imaginar a cena. Num dos exuberantes salões de Belém o telefone toca. O Aníbal, sentado numa poltrona, mantinha de polyester sobre os joelhos, levanta o sobrolho, por breves instantes interrompe a leitura do Record, e lança um olhar para a Maria. Dona Maria, chateada por ter de parar a novela, levanta-se para ir atender. Alô, tou shim. Do outro lado ouve-se a nossa Bertinha (com sotaque cerrado de Ponta Delgada…). Ai, Senhora Dona Maria, era para lhe pedir se vê se o seu marido promulga de vez essa porcaria do Estatuto. Veja lá, é que sem isso a gente aqui nunca mais se livra do malvado do César. E ainda pra mais eu estou a ser empurrada para o cadafalso e não gosto nada de perder, nem a feijões. Já viu o que era, se eu sou corrida da política o que é que eu ia fazer, ainda para mais com esta crise no imobiliário não dá sequer para viver das rendas. Veja lá isso Senhora Dona Maria, ficava-lhe muito agradecida, depois mando-lhe um servicinho de chá aqui da Louça da Lagoa, que a senhora tanto gosta.

Assim vai a política açoriana, todos à espera do Cavaco, como quem espera pelo Godot…

terça-feira, outubro 21

coisas realmente desimportantes



nada como umas eleições para rebentar com o sitemeter...

Enquanto estive fora

Enquanto estive fora Adam Smith morreu; ficou a saber-se que a "mão invisível" afinal se chama Estado; a Islândia, 13ª economia mais competitiva do mundo, faliu; o petróleo e a Euribor baixaram "perigosamente"; o maior economista vivo, Paul Krugman, ganhou o Nobel da Economia; Wall Street explodiu; a Crise avançou ao largo da Bermuda, deserta por comer a Europa viva.
Eu tenho de ir para fora mais vezes.

coisas realmente importantes

Passado que está o estertor das campanhas e das eleições, permitam-me que regresse a coisas que realmente interessam. Foi lançado este mês o álbum Magnífico Material Inútil, daquela que promete ser a maior banda rock alguma vez nascida neste mísero rectângulo nas nádegas da Europa, Os Pontos Negros. Deixemo-nos de tretas e atentemos senhores naquilo que importa – a ironia, o ritmo, contrair matrimónio, uma vida de classe média e não levantar o dedo mindinho. E mais, numa região conservadora como a nossa, vale a pena dizer que os rapazes são cristãos e ensaiam na Igreja de Queluz…

o Caldas em Rabo de Peixe

Pelo sempre brilhante Nuno Costa Santos

Agente Provocador



Emissão de excepção esta 3ª feira no Agente. Provocação em discurso directo com banda sonora a rigor com Rui Goulart como convidado na primeira parte. Para ouvir + logo a partir das 22h10.

O Meu Super-Herói favorito


Como eu gostava de ter caído no caldeirão da butilescopolamina.

...Eu hoje deitei-me assim !

...

...
"créditos" : H.Blayer ( a.k.a. Zirigunfo )
...até amanhã "camaradas" !

A PROPÓSITO DE...


Segundo Guta Moura Guedes, no prós e contras de hoje, o secular desenrascanço tuga é hoje reconhecido como a promissora flexibilidade lusa.
Gostei, mas por acaso alguém me flexibiliza uns trocos para um café?

segunda-feira, outubro 20

De Volta do Mundo Real

Regressado do mundo real à blogosfera açoriana, fico altamente reconfortado por ler que quase todos tinham (quase sempre) razão, que todos pressentiam o que nunca disseram ou escreveram e que os prognósticos errados se ficaram a dever à abstenção (cujo principal culpado, voilá, é o PS, e não quem tinha por missão principal convencer a mudar).
Isto das campanhas eleitorais é uma constante aprendizagem, não é (por cá, por enquanto) uma actividade profissional. Já a arte de transformar os nosso enganos em prospectivas virtudes é algo que só está ao alcance de um punhado de comentadores, de grande valia narrativa.
Fico satisfeito por, tal como em 2004, se manter a tendência para sermos muito melhores analistas depois de conhecidos os resultados eleitorais do que enquanto eles não surgem. É sinal de que somos humanos e de que, por mais iluminados que sejamos, há sempre uma luz que não fomos nós que acendemos.

comentário político

Ontem, ao final da manhã, à porta da sua assembleia de voto, Carlos Costa Neves, quando confrontado com a pergunta da praxe do jornalista a respeito das expectativas face ao resultado eleitoral, respondeu algo como a perca de toda a esperança de vir a ganhar um dia o Totoloto. Mais do que a superlativa ironia fica para a história a realização, pelo político, da natureza fugaz da política e, ao mesmo tempo, da perene certeza da fortuna que, tal como o significado absoluto de uma tarde de Bowling com um filho de 10 anos, vale bem mais que todas as vitórias momentâneas, tanto na política como no jogo. Para mim, e como a minha metáfora foi o Poker e não a roleta, fica o frágil contentamento de ter acertado em metade da sequência, o que, se a aposta fosse no vermelho ou no preto daria cinquenta por cento de lucro.

Mas indo ao fundo da questão e imbuído em pleno da pressão do comentário começo por dizer que o denominador comum da noite eleitoral de ontem foi a surpresa, sendo que o único e improvável vencedor foi Rui Oliveira e Costa e a sua Eurosondagem. Até às 19:00 horas de domingo presumivelmente ninguém adivinharia o resultado final destas eleições. Nem a abstenção que todos pressagiávamos alta se calcularia tão alta. E vale a pena começar pela abstenção, não só pela negatividade extrema dos números, 53,24%, mais de 100 000 eleitores que declinaram o direito e o dever de votar, mas e principalmente porque é essa mesma abstenção que enquadra os restantes resultados e que obriga a um esforço de contextualização acrescentado. Os resultados são o que são, mas com níveis de abstenção como os que verificamos todas as extrapolações são precipitadas e qualquer análise taxativa fica debilitada pela realidade do número de votantes. Ou seja, estas eleições foram em tudo singulares, não as tomem como exemplo mas antes como um aviso.

Posto isto, vamos então à análise dos resultados e permitam-me que comece pelos vencedores e indo de baixo para cima, como quem sobe uma ladeira. Paulo Estêvão, qual personificação moderna do Cavaleiro do Corvo, é eleito por 75 votos para o Parlamento Regional, e habilita-se assim aos 3500,00 a 4000,00 euros mensais de vencimento, fora ajudas de custo e outras regalias. 75 votos! Mas, Paulo Estêvão não deixa de ser uma benéfica aquisição para o Parlamento Regional, quanto mais não seja pelas suas imprevisibilidade e reconhecida combatividade, o a mim ninguém me cala, que tanto gosta de apregoar, veremos se tal é suficiente para fazer um bom deputado, ou sequer um bom grupo parlamentar. 75 votos! (pequeno parêntesis para chatear: quanto é que o PPM pagou para usar os direitos de Como Uma Força?!?!)

Segundo numa escala ascendente de vencedores: o Bloco de Esquerda. Que de acordo com o pregão é Bloco e é Esquerda, sem que se perceba o significado de cada uma das categorias, mas enfim, isso são detalhes… O BE Açores e a sua líder Zuraida Soares, capitalizam no novíssimo círculo de compensação. Dois deputados, 3,30%, e acima de tudo a vitória psicológica de ultrapassar a CDU. O BE é o mandatário de um eleitorado jovem e instruído, principalmente descontente e contestatário, que apesar de disperso por todas as ilhas tem maior presença em São Miguel e Terceira, metade do score eleitoral do Bloco está nestas duas ilhas. Fica-me a sensação que este foi um dos mais genuínos votos de contestação à esquerda, algo que deve preocupar e muito o PS no futuro. Tenho sérias reservas com relação a Zuraida Soares, preferia de longe alguém como a Lúcia Arruda, mas veremos o que o BE vai fazer para merecer esta eleição.

Logo a seguir e quase a chegar ao céu eleitoral está o PP, de Paulo Portas e o CDS de Artur Lima e dos conservadores, em sentido lato, açorianos. Contra a corrente nacional o CDS-PP Açores consegue nestas eleições um resultado não só histórico mas francamente particular. 5 Deputados, sendo que quatro por quatro ilhas, quatro círculos eleitorais. Da mesma maneira que estou convencido que o BE foi buscar votos ao PS, também aposto que muitos destes votos do CDS-PP vêm de descontentes do PSD, principalmente nos casos de Flores, São Jorge e São Miguel. O CDS-PP afirma-se assim com uma grande força de direita na Região, o que, se eu fosse do PSD, me faria perder inúmeras noites de sono, muitas mais do que as do infeliz José Ventura. Um bom ciclo eleitoral do CDS pode, a prazo, significar a destruição definitiva do PSD.

Mas no topo da lista dos vencedores está, obviamente, Carlos Cesar. Vence as eleições, tem a terceira maioria absoluta consecutiva. Vence nas urnas em todas as ilhas, em todos os concelhos, menos um. Mandato para mais quatro anos. Ganhou. Porém, paradoxalmente, Carlos Cesar e o seu PS é também o primeiro dos perdedores da noite de ontem.

Carlos Cesar e o PS-Açores, por serem a actual maioria e Governo, têm a primeira responsabilidade, se bem que não a única, nos números da abstenção, porque não souberam transmitir a importância absoluta do direito e dever de voto. Por outro lado é importante que as estruturas directivas do PS-A percebam a realidade dos números – menos 15000 votos, descida de 56% para 49%, menos um deputado quando havia mais cinco para ganhar. Esta foi certamente a vitória mais ingrata que o PS-Açores alguma vez teve. Para o futuro importa dizer o seguinte – o PS, o PS do qual sou militante, hipotecou-se a uma vitória, a uma maioria e a uma liderança. Talvez pior do que isso fez depender isso tudo da bandeira autonomista, algo tão vago que qualquer partido ou candidato pode agitar. Num mundo em crise, num momento particularmente difícil da economia e estabilidade governativa internacional, com a perspectiva cada dia mais real de um bom par de anos ainda mais catastróficos pela frente, o PS-A abdicou de se apresentar ao eleitorado como uma força política com um desígnio ideológico firme, estruturado, genuíno. O modelo capitalista selvagem, que ninguém recusa reconhecer que caducou, e que foi durante muito tempo a desculpa para a primazia do privado na economia está em colapso, e ao longo destes anos essa foi uma das bandeiras do PS-A de Carlos Cesar, o ser liberal na economia, mas socialista nos direitos sociais. Os avisos estão aí para quem os quiser ver, dos 15000 votos que o PS perdeu, nem todos foram para a abstenção, ou para o centrão, ou até para o CDS-PP, que alguns certamente foram, mas a maioria deles foi para a esquerda eleitoral, nomeadamente para o BE e para a CDU.

Quanto ao PSD permanece num estado de limbo quase dantesco. Sem liderança, sem rumo, refém do seu passado, órfão do seu futuro. Este resultado foi talvez o pior de todos, porque não é sequer uma derrota humilhante. Pelo estado das coisas antevê-se uma hipótese remota de redenção, mas existe também, bem real, a possibilidade de este ser o princípio do fim do PSD-Açores enquanto força política de relevo. A indefinição pode levar a que o eleitorado conservador e de centro-direita se mude em definitivo para uma força política que mostra mais vitalidade, mais liderança, em boa verdade, mais vida. Uma novela que vai valer a pena acompanhar.

Quanto à CDU tem, para mim, um resultado neutro. Consegue eleger um deputado, mas fica atrás do BE e vai ter que gritar muito para que a sua voz se faça ouvir no meio do burburinho próprio de um parlamento com Paulo Estêvão, Zuraida Soares, José Cascalho, Artur Lima e mais 4, e todos os outros que PS e PSD lá vão colocar. Daqui a dois anos Aníbal Pires vai suspirar pelos tempos de oposição, mas sem responsabilidades de plenário…

Feitas as eleições resta-nos esperar que Cesar anuncie o resultado da dança das cadeiras governamentais, isso é que vai definir os próximos quatro anos e quanto a isso não arrisco palpites, nem bluffs

Por último uma nota para o Círculo de Compensação – se a intenção era fazer reflectir em mandatos os votos expressos em urna, então quem criou este sistema não sabia o que estava a fazer. A democracia Açoriana já tinha 7 excentricidades eleitorais, não precisava de mais uma.

DÚVIDA SOBRE OS SILÊNCIOS...

Quando é que são as eleições americanas?
E as regionais já foram?

Reforma antecipada



Inenarrável!

....e acordei assim !

...
"Levanto-me, acordo cedo
vou para um trabalho que

para mim não tem segredos
a minha vida não é para atirar ao lixo
não sou coisa nem sou bicho
nem sou carne para canhão, não!

Quem me usa não me merece
só merece o meu desprezo quem abusa
da minha força e da minha competência
e até mesmo da impaciência
de dar de comer aos meus filhos.

É a trabalhar
que a gente paga o jantar
mais foi a trabalhar
que a gente fez a faca para o cortar.

Se hoje ainda vivo afaimado
quem me domina tem os seus dias contados
a minha luta não é sozinho que a faço
tem tantos no mesmo passo
braço a braço somos muitos.

E à noite, quando adormeço
É como fazer a viagem de regresso
para um outro dia,

um amanhã mais libertado
com as correntes do passado
e a certeza no futuro.

É a trabalhar
que a gente paga o jantar
mais foi a trabalhar
que a gente fez a faca para o cortar."
...

(Sérgio Godinho - Foi a Trabalhar)

sábado, outubro 18

Diários de Campanha

Lagoa, São Miguel, Açores. Out 2008

Os azulejos que povoam as fachadas das moradias da ilha são uma óptima oportunidade para apreciar algo que é cada vez mais raro. Ou melhor, são cada vez mais raros os bons exemplos de azulejaria na construção do presente.

O homem que compra votos nos Açores



É com este titulo que o Expresso dedica parte da sua atenção, na edição de hoje, às regionais nas ilhas. Ainda não o li, devido à sua indisponibilidade nas bancas em Ponta Delgada (sábado à tarde), mas podemos assistir a este excerto vídeo extraído da página multimédia do semanário português.


Cinema. Cerebral ou Visceral? Tire as dúvidas aqui

sexta-feira, outubro 17

"Hoje é sábado, amanhã é domingo" *

A campanha eleitoral cuida, finalmente, de chegar ao fim.

Acredito que quem andou no terreno agradeça ao calendário mais do que eu que apenas me limitei a pacientemente apagar os SMS’s com o roteiro das arruadas. Mas acredito que numa coisa estamos, certamente, todos de acordo, nem que seja silenciosamente – já não faz sentido fazer campanhas eleitorais desta maneira. Mais valia gastar o dinheiro em carrinhas de nove lugares do que andarem todos neste demagógico corrupio de freguesia em freguesia a oferecer brindes dos chineses. Quantas pessoas realmente decidem os seus votos pelo passar das carrinhas com megafones no tejadilho gritando músicas e slogans e hinos? Quantos votos vale uma t-shirt e um boné e um isqueiro? Quantos Depois De Ti vale uma maioria? Felizmente chegou ao fim. Ontem, o “Grupo Balsemão” anunciou uma sondagem e a acreditar nos dados propagandeados Carlos Cesar vai ter a sua maioria, o PSD não vai ter nenhum dos resultados que os seus dirigentes esperavam (desde os que torciam pela humilhação, aos que ansiavam por um milagre, passando por aqueles poucos que apenas pediam uma benesse…). Diz a mesma sondagem que o PP elege (eu ainda não acredito) e que CDU e BE podem eleger, também aí tenho dúvidas e, em boa verdade espero que não, nenhum dos líderes regionais destes partidos demonstrou ter relevância para ser deputado. Melhor seria se o BE, já que não teve a originalidade de apresentar uma cara nova, tivesse ao menos assumido o compromisso eleitoral de fazer rodar os seus candidatos, como na Assembleia da República. Ou que a CDU fizesse cabeça de lista pelo círculo de compensação um jovem, de preferência do sexo feminino, que fosse apoiado por um programa fracturante e um grupo autónomo de consultores independentes que prestassem assessoria nas diversas matérias legislativas.

Se isto fosse um jogo de Poker, o que em alguns aspectos até é, eu apostaria as minhas fichas na seguinte sequência: o PS tem uma maioria se bem que não aquela que anseia, o PSD aguenta o dano, (se bem que os resultados em São Miguel, em São Jorge e na Terceira podem vir a ser importantíssimos nas contas que se farão na segunda-feira, dia 20, logo pela fresca.) dos pequenos, PP incluído, continuo a dizer que não vão a deputado, principalmente porque num clima de apatia e descrença, são os pequenos quem primeiro sofre a sina de ser… pequeno. Domingo cá estaremos todos para ver e para crer.

Em jeito de nota de rodapé e para contrariar o Manuel Moniz que bem que tenta apregoar o voto secreto deixo aqui a minha afirmação de militância, para o bem e para o mal voto sempre no PS, por mais que isso possa espantar os cínicos que pululam tanto dentro como fora do meu próprio partido. Para parafrasear um notável membro do blogoarquipélago voto calma e friamente no Partido Socialista…

*Vinicius de Moraes

Reporter X

Democracia nos Açores *

Nos Açores, a Democracia tem sido o mote para um barómetro existencialista, por parte do maior partido da oposição nas ilhas, constituindo-se como um amplo território panfletário em plena campanha eleitoral. As declarações proferidas têm sido dirigidas, primordialmente, à conduta do governo regional e, por arrastamento, ao partido que o suporta. Infelizmente, este tem sido o lado mais sombrio desta campanha eleitoral com acusações a roçar a calúnia, com um elevado cariz persecutório, agregado a um moralismo saloio e perpetrado por intermédio de uma argumentação simplista: se ganho, a democracia funciona; não ganho, a democracia não existe. É absurdo, demagógico e, pior, tentar apelar a sentimentos primários, como que a fazer crer que o povo não é sábio e não está atento ao que se passa na vida pública das ilhas.

Daí que a atitude dos vários intervenientes da cena política regional seja preponderante na construção da maturidade democrática que se pretende solidificar nos Açores. Denegrir as instituições regionais não me parece condizente com o nível que pretendemos para a nossa democracia. Infectar a população com a difusão de receios e de medos associados à governação das ilhas, para além de descabido, transparece a medida desesperada, de modo a justificar o vazio e o desnorte de um partido desgovernado e que por esta via em nada contribui para o elevar do discurso político. Atacar o adversário com base em calúnias, de sustentabilidade mais do que duvidosa, e com elevado teor especulativo é descredibilizante, o que, invariavelmente, não abona em prol da democracia e dos políticos que a sustentam. Tricas e intrigas não dignificam a luta partidária. Têm, isso sim, um efeito desmobilizador. E é isso que importa não promover.

A Democracia existe nos Açores. E se dúvidas existissem o próximo dia 19 de Outubro está aí para o comprovar através da participação livre e cívica do direito ao voto de cada um dos açorianos. Vote em quem quiser mas não se esqueça de Votar, pela saúde da democracia que nos assiste.

* edição de 15/10/08 do AO
** Email Reporter X
*** Imagem X Reporter X - Diários de Campanha

R.I.P

PS/A cancela toda a campanha por morte de Carlos Corvelo
Peace!
Boa noite. {via}

quinta-feira, outubro 16

...coisas, TAMBÉM, realmente, MUITO, importantes.

...

(*)
...
Deo Gratias ! Ele está de volta após misterioso jejum. Nuno Barata Almeida e Sousa, o maior especialista em generalidades da blogosfera Açoriana está de regresso...sem contentor de comentários disponível. Seja como for o seu regresso é motivo de júbilo.
...
(*) "peitorais" do fôguetabraze via Rosa Maria

coisas realmente importantes

Sim, falemos de arte e de cultura já que tudo o resto, por esse mundo fora, anda, como dizia o outro, perigoso para não dizer outra coisa. Tempo para recomendar o trabalho de um grande fotógrafo, que não é meu irmão, mas é como se fosse, e de um grande pintor que tem aqui um irmão, mas que é meu brother...


Pedro Sá da Bandeira




André Almeida e Sousa

100%

Estou em pulgas para conhecer, já amanhã, "o primeiro jornal cultural dos Açores".
Em 173 anos de imprensa regional nunca ninguém teve ideia igual...

PUBLICIDADE INSTITUCIONAL

Sobre a importância da iniciativa da Sociedade Civil

Ao contrário de muitos e por estranho que pareça eu sou, ainda, daqueles que acredita nos partidos. Num regime que se quer democrático os partidos são, pela sua estrutura e mecanismos de regulação interna, as instituições dentro da sociedade que melhor podem garantir o equilíbrio do exercício do Poder. Não quero com isto dizer que a política se esgota nos partidos, nada disso. Mas a dita "Sociedade Civil", permanentemente espartilhada pela sua própria inoperância, ou submissão, têm que, para obter resultados, ser muito mais inventiva e original. Mais do que criar espúrias associações ou movimentos mais ou menos colados às circunstâncias partidárias, é na criação de iniciativas ousadas e na apresentação de propostas e soluções que a Sociedade Civil pode e deve pautar a sua actuação. O trabalho que têm vindo a ser desenvolvido por um grupo, heterogéneo diga-se, de cidadãos terceirenses em defesa da sua orla marítima merece ser aplaudido, elogiado e incentivado. Oxalá houvesse mais grupos de cidadãos empenhados, como este, nas restantes ilhas do arquipélago, estaríamos de certeza muito melhor.




Post-scriptum:
Circulou também por aí uma versão irónica de um certo cartaz partidário que, creio, veio também deste grupo. Prova de que a política também se faz com humor e o humor pode valer mais do que mil t-shirts e bonés, ou que cem tentativas de "debates".
















Bem, como está casa hoje está cheia de críticos, analistas e desorientados políticos e como também não me apetece falar de futebol vou aprender um pouco da historia secreta da civilização.
Boa noite.

Democracia de rendimento mínimo


Provavelmente a abstenção vencerá estas eleições Legislativas de 2008 nos Açores. A vitória da abstenção, em qualquer circunstância, é sempre uma derrota da Democracia. Mais ainda: é a derrota da cidadania que resulta do cepticismo individual perante o pressuposto fatalismo colectivo dos poderes instituídos. Perante esta rendição do indivíduo não podemos, com seriedade, falar de Democracia livre e esclarecida. "Claro que a influência de um indivíduo sobre as decisões da sociedade será provavelmente ínfima. Mas, potencialmente, todos temos algo a dizer, se não através do voto, então dando a conhecer as nossas opiniões através do debate e da discussão, quer na arena pública quer de forma "subterrânea". Aqueles que preferem não participar verão as decisões políticas serem tomadas por si, quer gostem delas quer não." (1) . Uma sociedade com esta apatia pelo debate, esta tendência para a irresponsabilidade da abstenção, esta anemia de participação cívica, é uma sociedade com uma Democracia de rendimento mínimo. Mas, chegamos a este triste patamar com um partido que tem governado a região infiltrando-se transversalmente na "sociedade civil" Açoriana. Com a sedução do Poder o PS tem recrutado "talentos" desde a extrema-esquerda até ao conservadorismo das "jovens promessas" da direita Açoriana. Pelo caminho ainda arrebata uns despojos do PSD e faz a corte a velhos separatistas agora rendidos aos ímpetos autonomistas do PS, - (outrora renegados quando a Autonomia se fazia sem fundos comunitários ou "discriminações positivas" de Lisboa) -, mas hoje mais ajuramentados do que nunca! Para o Povo fica a imagem impressionista de que afinal todos se congregam sob o mesmo Governo. Logo, votar nestas circunstâncias para o Parlamento é apenas o pretexto formal para justificar o plebiscito do Governo e do respectivo Presidente do Governo Regional dos Açores. Sinais desse "pró-forma" eleitoral estão aí bem estigmatizados numa campanha sem debate de ideias, sem sondagens e, aparentemente, sem diferenças. Contudo, ao contrário do que pretende o partido do Governo e da situação, não somos todos iguais. Poderemos ainda ser apenas indivíduos mas, mesmo nas democracias de rendimento mínimo, os indivíduos terão sempre potencialmente o poder de buscar a alternativa possível.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com
(1) Wolff Jonathan – Introdução à Filosofia Política – Ed. Gradiva
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Post-scriptum : Vi e ouvi o "debate" para as Eleições Regionais de 2008 e registei a absoluta omissão de uma palavra sequer sobre EDUCAÇÃO e sobre AMBIENTE. Fala-se do imediato, e do voto à boca da urna, mas do futuro sustentável ninguém quer falar. Sem os pilares da EDUCAÇÃO e do AMBIENTE, numa Região com as características dos Açores, regredimos e seguimos em contramão ao progresso que tanto gostamos que nos visite, de preferência por um dia e, já agora, em escala de cruzeiro, para que não se vislumbre o deficit ambiental e educacional dos Açores.

terça-feira, outubro 14

Direitos reservados

Um mau exemplo.

Header

Obrigado, Filipe!

Diários de Campanha

Rib. Grande, S. Miguel, Açores. Out 2008

Restaurante Faria, Rib. Grande, S. Miguel, Açores. Out 2008

Lomba do Cavaleiro, Povoação, S. Miguel, Açores. Out 2008

Não é um exagero afirmar que a temática alimentar tem estado presente em muitos dos momentos diários destas últimas semanas de campanha eleitoral.

segunda-feira, outubro 13

Galeria de Vaidades




Depois do Tornado, Bahamas, 1899
Winslow Homer, aguarela sobre papel (Art Institute of Chicago)


O clima está para isto.

Cum On Feel The Noise



"Dig Out Your Soul" é um álbum curto de 11 canções, onde não há grande espaço para as tentações megalómanas do pós-"What’s The Story (Morning Glory)". Aqui, encontramos os Oasis que metade do mundo aprendeu a amar (a outra metade odeia-os para todo o sempre), desta vez em versão psicadélico-shoegaze, Mário Lopes in Y/Público de 10/10/08.

Adição recente aos favoritos.

domingo, outubro 12

Diários de Campanha

Sto. António, São Miguel, Açores. Set/Out 2008

Povoação, São Miguel, Açores. Out 2008

A importância do azulejo como referência simbólica na personalização e na devoção religiosa associada à família e à habitação.

sábado, outubro 11

Lipstick Mask

Sarah Palin cometeu abuso de poder no Alasca
Via Arrastão

RSI: Paulo Portas nos Açores t. 2008, ep. 33

O despropósito destas declarações remete-as para o simplismo desta observação. Um Perigoso Populismo em pleno périplo insular.

RETORNO ÀS BOAS PRÁTICAS DEMOCRÁTICAS

JN já estás em 1º há muito tempo.
Vai uma musiquinha?

Voto de Vencido

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O : Ilhas não é um "albergue" mas sempre foi uma guest house aberta a todos os que queiram cá vir lavar a vista e exercitar os neurónios dando palavra à sua livre expressão.
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Sempre fomos pela tóxico-independência, pelo que, não dependemos de qualquer elemento que não seja o oxigénio...que, por vezes, também rareia no habitat da blogosfera tal como nos Açores em geral.
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Só o Barata sabe as razões que determinaram a suspensão temporária da sua actividade. Logo, só o Barata poderá, querendo, esclarecer as mesmas que não passam, creio eu, por bagatelares comentários provocatórios e anónimos. Aguardamos pois um press release do relações públicas do fôguetabraze com o esclarecimento real e verdadeiro que merecem os admiradores do blog do Nuno Barata. Para que conste sou daqueles que apesar de não estar sempre de acordo com o que o Barata escreve, e sobretudo pelo modo como o faz, admiro a sua devoção pela Pátria Açoriana, a sua coragem em ser a voz que incomoda, e a sua prática e lúcida visão do estado da economia nesta nossa depauperada região que crítica os "Jardins" deste mundo mas quer ser um Oásis para o "tourismo" à custa de tudo e todos.
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A crise por aqui não é de confiança nos valores do mercado blogosférico mas tão só um reflexo do síndrome de apatia que se abateu sobre a sociedade Açoriana. A apatia de estarmos em campanha para mais um acto eleitoral que tem mais de plebiscito do que de eleição para o parlamento Regional. Aqui chegamos pela triste e instalada fé de que as ideologias morreram e que neste novo milénio é até um anacronismo falar-se de Esquerda e Direita. Como todos sabemos ou pressentimos aqui chegamos com um Partido que fez dessa fé um dogma recrutando transversalmente à Esquerda e à Direita aqueles que considerava serem os melhores tecnocratas para gerir a região. Este areópago, com nuances de união regional, que congrega tudo e todos, desde a vanguarda da esquerda bloquista, passando por ex-PSD´s que pularam a cerca a troco de umas lentilhas para a reforma, até aos filhos família que nunca sujaram as mãos nos partidos que são coisa do povo mas para mandar estão sempre prontos a obedecer à voz do dono, afastou as pessoas livres do debate e da participação cívica.
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Nunca fui pela "desbaratização" enquanto forma de censura e estou certo que nestas :Ilhas há lugar para todos os especímenes regidos sob as mais elementares leis da natureza e de Darwin.
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Tenho Dito

Diários de Campanha

Ribeirinha. São Miguel, Açores. Set/Out 2008. Curiosidades das relações linguísticas da ilha.

Aviso à navegação

A crise chegou à blogosfera endémica. O pânico instalou-se e invadiu-nos as caixas de comentários. Neste sentido, o :ILHAS informa que não é albergue para dependentes do pó ao barata e salvaguarda-se ao direito de desbaratização.

sexta-feira, outubro 10

Da disciplina partidária

As normas pelas quais se regem os partidos políticos são tão difusas como os rituais obscuros dos Illuminati. Quem queira perceber a lógica partidária tem que tirar um doutoramento, não em ciência política, mas em cabalística. O que se passou hoje na Assembleia da República, a respeito disto, raia, se é que já não se configura mesmo, o absurdo. Mas para não me acusarem, ilegitimamente, diga-se, de estar do contra por inveja ou rancor, trago aqui as palavras finais de MEC sobre este assunto. Ao cuidado dos Senhores Deputados e dos Senhores Membros das Comissões Políticas Nacionais de todos, repito, todos os partidos.

Público: Concorda com o casamento homossexual?
Miguel Esteves Cardoso: Só se for de livre vontade.
P: Com ou sem limitação do direito de adopção?
MEC: Nunca mais de 15 filhos.
P: E com limitação dos direitos patrimoniais?
MEC: Sem, obviamente. A própria pergunta ofende.
P: Prefere outra fórmula jurídica?
MEC: Prefiro. Quando se há-de perder este vício totalitário de legislar sobre assuntos internos da alma humana? Que tal esquecer a sexualidade dos nubentes e dizer apenas que os seres humanos podem casar uns com os outros? Porque é que o estado tem de saber dos nossos gostos na cama? Serão assim tão simples e fáceis de classificar? E aqueles que não têm paciência para sexo de espécie nenhuma, não se podem casar também? E os que variam? E os que ainda não sabem? Está a dar-se demasiada importância não só à merda da sexualidade como à merda do casamento. Ou casar é só foder? Parece.

THIS IS NOT AMERICA



De regresso de uma semana de férias forçadas com uma enorme vontade de vos dar música e filmes. A música fica já dada, os filmes ficam prometidos.