quinta-feira, maio 1

De que nos serve ?

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A Autonomia, enquanto projecto personalista e de emancipação de um povo a quem se deu a autonomia em troca da independência, deveria servir, sempre e em primeiro lugar, os Açorianos. A nossa Autonomia não se fez para servir os interesses do Continente ou o capital das grandes empresas Nacionais. Nem se fez para servir a plutocracia mancomunada com os poderes regionais e os partidos nacionais. Muito menos se fez para dar lucro a expensas do cidadão comum. Contudo, a nossa Autonomia parece vergada a tais desvios fundacionais. Sinal dessa rota desviante aí está com o monopólio da SATA e da TAP no nosso espaço aéreo fechado à concorrência e à liberalização dos mercados. Tudo isto, como todos nós bem sabemos, à custa dos Açorianos. Nem se diga que a liberalização não é possível! Aqui ao lado, noutra região Autónoma - aquela que as cigarras de luxo do costume cuidaram de colorir no imaginário colectivo como uma república das bananas com um tiranete ao estilo de Bokassa – a liberalização é uma realidade. Nem se diga que o mercado será inundado com companhias low cost de duvidosa operacionalidade. Aqui ao lado, na Madeira de Alberto João Jardim, a nossa SATA e a lusitana TAP, com a anunciada "liberalização" , baixaram os preços para valores que rondam aproximadamente metade dos que são praticados para os Açores. Claro que, para já, a tarifa é promocional e só abrange um lote de 20.000 passes de urbana entre o Funchal e a Metrópole. Porém, é também claro que é um balão de ensaio e uma confissão pública de que afinal é possível praticar tarifários bem abaixo dos valores faustosos que têm vindo a ser tabelados. A liberalização do espaço aéreo entre a Madeira e Cuba…perdão, e o Continente, só foi possível com a bênção do Governo da República mas contou, por certo, com a pressão do Governo Regional. O porta-voz da República aproveitou para a habitual propaganda afirmando que "A decisão governamental de abrir totalmente os céus da Madeira representa o culminar de todo um processo que visa criar melhores condições para a promoção da mobilidade dos madeirenses em todo o território nacional, assegurando simultaneamente que todos os cidadãos nacionais, não residentes na Região tenham mais oportunidades de se deslocar à Madeira.". Como se sabe esta não é a realidade dos Açores e dos Açorianos. Afinal, no mesmo espaço Nacional, há dois pesos e duas medidas. De que nos serve assim uma Autonomia que se serve a si própria e aos seus usuários em prejuízo de cada Açoriano? De que nos serve?
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

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