segunda-feira, maio 26
Life on Mars?
Chegaram-nos ontem as primeiras fotografias de Marte. Aparentemente, não há marcianos à vista, mas a NASA equipou a estação espacial Phoenix com brocas e micro-ondas para tirar a prova dos nove. A broca é para furar a crosta do planeta até encontrar gelo. O micro-ondas é para derreter as calotes de gelo e depois analisar quimicamente o que de lá sair. Se o líquido amniótico passar no teste de gravidez, temos vida, temos marcianos, temos – sei lá – segurança social.
Isto da fronteira espacial não é coisa que me ponha com pele de galinha. Procurar vida em sítios remotos quando aqui em baixo há tanto morto-vivo para resgatar, cheira-me a gastar na farinha para poupar no farelo, aforismo muito à la page em tempos de choque cerealífero. Estas reservas não são só de ordem moral. Os astronautas sempre me pareceram escafandristas ao contrário, as naves espaciais deixam-me indiferente. Em matéria de ficção científica, passo.
Se me querem falar de UFO’s e coisas inter galácticas, então falem-me do David Bowie. Se há alguém que faça jus ao título “O homem que veio do Espaço”, esse alguém é o David Bowie. Pupilas assimétricas e ares de manequim pré-rafaelita. Há vida em Marte? perguntava ele em 1971, no final de uma faixa do álbum Hunky Dory.
Mas a melhor canção do Bowie sobre a “nova fronteira” é, sem dúvida, Space Oddity, escrita e publicada em 1969, pouco depois do Neil Amstrong ter posto o pé na Lua. Não me venham cá com 2001 Odisseia no Espaço, o cult movie de Stanley Kubrick, que muitos confundem com uma boite no autódromo do Estoril. O Space Oddity, para mim, é de longe o símbolo mais representativo dessa Idade Média da era espacial.
Ground control to major Tom,
take your protein pills and put your helmet on.
Não se esqueçam do capacete, blogosfera. Eu cá fico a ler o Jules Verne.
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