Arquipélago *
1. Foi apresentado na Ribeira Grande, no passado dia 15 de Abril, o novo Centro de Arte Contemporânea dos Açores – Arquipélago. Projecto dos arquitectos Cristina Guedes e João Mendes Ribeiro (o último, vencedor do Prémio AICA - Associação Internacional de Críticos de Arte 2007), este é um pólo cultural ambicioso e que, na sua essência, pretende contribuir para a requalificação da zona urbana onde se insere e constituir-se como um espaço catalisador, agregador, promotor e, fundamentalmente, formador de públicos para a cultura. A categorização da localização como periférica, na acepção de alguns, é, a meu ver, irrelevante. Isto, porque estamos perante a construção de um novo Centro. O edifício per si apresenta-se como um interessante núcleo arquitectónico e a sua recuperação mais não é do que um duplo contributo para o desenvolvimento da Cultura nas ilhas. Devemos regozijar-nos com esta concretização.
2. Um factor de não concretização do arquipélago como um todo homogéneo reside nos elevados preços das passagens aéreas que todos temos de pagar para circular interilhas e para alcançar o continente (o europeu e o americano). Sendo certo que esses valores não são elevados para uma elite, são-no, sem dúvida, para a grande maioria dos açorianos. Este é um ponto fundamental no chamado “desenvolvimento harmónico” das ilhas, uma concepção algo ingénua e que persiste erroneamente, colocando sérios entraves na captação de investimentos externos e na circulação de bens e serviços. Com o crescente aumento do preço do petróleo nos mercados mundiais é demagógico exigirmos JÁ que se façam as correcções devidas aos preços praticados, até porque os valores são talhados aquando da formalização dos contratos da prestação do serviço público. O meandro das ligações aéreas é denso, sendo certo que a resolução desta complexa operação estará na reconfiguração dos contratos de serviço público, de modo a que este passe, efectivamente, a praticar preços justos a quem reside nas ilhas e que, por via desse constrangimento, incorre em múltiplas desvantagens, as quais apenas ultrapassa pagando uma pesada factura - débito esse que não está disponível a todas as bolsas.
3. Diz que foi espécie de protesto: as comemorações do Dia dos Açores decorreram ontem, em São Jorge. Provavelmente sem sobressaltos, a não ser a Não presença do PDA. Embora não concorde com a génese da recusa, percebo a posição. Não obstante, perderam uma excelente oportunidade de experimentar umas espécies fresquíssimas e feitas para a ocasião.
* edição de 13/05/08 do AO
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