quarta-feira, abril 30

Carlos Paz Ferreira



Despertei hoje com a notícia da sua morte. Inesperada, como qualquer morte, apesar de prometida por uma doença implacável que teima em levar os melhores. O Carlos Paz Ferreira era um dos nossos melhores. Perdeu hoje a derradeira batalha mas ficará para sempre na nossa memória. Médico emérito podia ter feito carreira nos Hospitais da Universidade de Coimbra mas optou por viver e trabalhar na sua terra. Exerceu a sua profissão como se fosse um sacerdócio e, num tempo pontuado por mercenários, nunca se desviou do juramento de Hipócrates. Com denodo foi um Psiquiatra cuja personalidade ponderada e espírito científico sempre procurou elevar esta especialidade da Medicina. Foi um Açoriano de alma e coração, sempre disposto a dignificar e a servir a sua terra. Mais do que tudo isso quem teve o privilégio da sua amizade sabe quanto significa a sua perda. Em Coimbra, onde iniciou a sua actividade profissional, fez da sua casa de família o recolhimento de muitos amigos e de incontáveis Açorianos que iniciavam os seus "verdes anos" na hostilidade da vida Universitária. Deu-lhes sempre uma palavra amiga, um estímulo para não desistirem e, para muitos, uma referência paternal ou a compreensiva cumplicidade de um irmão mais velho. Comigo foi assim. Devo-lhe em parte quem sou. O Carlos Paz Ferreira foi além de tudo isso um exemplar pai de família. Tem pois assegurada a sua "imortalidade" naqueles a quem deu tanta vida e tanto amou. Até sempre.

1 comentário:

luisa disse...

Médico extraordinário, devotado de corpo e alma aos doentes e à sua profissão. Deixou muita saudade e um lugar vazio.