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Na recente operação de charme efectuada pelo Governo da Região Autónoma dos Açores à República de Cabo Verde foi perceptível que a ponte entre ambos os arquipélagos será feita a expensas da cooperação. Num discurso de lucidez e bom senso o Presidente da República de Cabo Verde sublinhou que o sucesso da cooperação passaria incontornavelmente por uma política de transportes favorável ao investimento. Contudo, subliminarmente, ficou a sugestão de que o que se pedia eram bilhetes low cost com destino específico para Cabo Verde, e ainda tarifas privilegiadas para as empresas Açorianas que pretendam investir naquele arquipélago. Ficou assim no ar a sugestão de que a rota Açores/Cabo Verde será rentável e assaz procurada por turistas locais e pelos empresários Açorianos. Com tal entusiasmo, e com a rede de uma economia centralizada, não causa espanto que a companhia aérea do regime se apreste a absorver parte do capital social da congénere de Transportes Aéreos de Cabo Verde. De futuro teremos uma nova valência aérea e a SATA, como companhia inter-regional, voando para destinos tão apetecíveis como Cabo Verde. Claro está que o esforço desse meritório investimento não será feito à conta das entidades de Cabo Verde, mas sim dos poderes instituídos na Região Autónoma dos Açores. Em última instância quem vai pagar a factura serão os Açorianos. Com efeito, apesar desta diversificação de oferta para o exterior, - e a favor do exterior - , o certo é que os Açorianos estão condenados a viajar na SATA, ou na TAP, sem que se vislumbre para quando um mercado concorrencial. Com este proteccionismo de Estado, e com um tarifário de luxo para um serviço mediano, os Açorianos continuarão a subsidiar as opções estratégicas da SATA para mercados como o de Cabo Verde. Esse fardo, pago à conta da rota que nos transporta daqui para Lisboa, permite ao monopólio instalado todo e qualquer protocolo de cooperação externa. Assim se justifica e compreende que o poder, e por consequência a SATA, continuem a dizer não à liberalização do espaço aéreo. Argumentam ambos que esta liberalização não beneficia os Açorianos no seu conjunto e que a liberalização só chegará quando entenderem ser "conveniente". Porém, o que a maioria dos Açorianos, particulares e empresários, ambicionam e reputam por "conveniente" é, com ou sem liberalização, tarifas aéreas mais baixas. Mas essa ambição não passa de uma "miragem" conforme literalmente sentenciou o Secretário Regional da Economia. Resta, em alternativa, esperar pelas promoções para Cabo Verde, e outros destinos similares, que se julga serem, pelo menos, mais generosas do que os prometidos "saldos" em 10 % dos lugares em cada rota. Veremos então se o destino Cabo Verde será ou não uma outra "miragem".
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiário.com
Na recente operação de charme efectuada pelo Governo da Região Autónoma dos Açores à República de Cabo Verde foi perceptível que a ponte entre ambos os arquipélagos será feita a expensas da cooperação. Num discurso de lucidez e bom senso o Presidente da República de Cabo Verde sublinhou que o sucesso da cooperação passaria incontornavelmente por uma política de transportes favorável ao investimento. Contudo, subliminarmente, ficou a sugestão de que o que se pedia eram bilhetes low cost com destino específico para Cabo Verde, e ainda tarifas privilegiadas para as empresas Açorianas que pretendam investir naquele arquipélago. Ficou assim no ar a sugestão de que a rota Açores/Cabo Verde será rentável e assaz procurada por turistas locais e pelos empresários Açorianos. Com tal entusiasmo, e com a rede de uma economia centralizada, não causa espanto que a companhia aérea do regime se apreste a absorver parte do capital social da congénere de Transportes Aéreos de Cabo Verde. De futuro teremos uma nova valência aérea e a SATA, como companhia inter-regional, voando para destinos tão apetecíveis como Cabo Verde. Claro está que o esforço desse meritório investimento não será feito à conta das entidades de Cabo Verde, mas sim dos poderes instituídos na Região Autónoma dos Açores. Em última instância quem vai pagar a factura serão os Açorianos. Com efeito, apesar desta diversificação de oferta para o exterior, - e a favor do exterior - , o certo é que os Açorianos estão condenados a viajar na SATA, ou na TAP, sem que se vislumbre para quando um mercado concorrencial. Com este proteccionismo de Estado, e com um tarifário de luxo para um serviço mediano, os Açorianos continuarão a subsidiar as opções estratégicas da SATA para mercados como o de Cabo Verde. Esse fardo, pago à conta da rota que nos transporta daqui para Lisboa, permite ao monopólio instalado todo e qualquer protocolo de cooperação externa. Assim se justifica e compreende que o poder, e por consequência a SATA, continuem a dizer não à liberalização do espaço aéreo. Argumentam ambos que esta liberalização não beneficia os Açorianos no seu conjunto e que a liberalização só chegará quando entenderem ser "conveniente". Porém, o que a maioria dos Açorianos, particulares e empresários, ambicionam e reputam por "conveniente" é, com ou sem liberalização, tarifas aéreas mais baixas. Mas essa ambição não passa de uma "miragem" conforme literalmente sentenciou o Secretário Regional da Economia. Resta, em alternativa, esperar pelas promoções para Cabo Verde, e outros destinos similares, que se julga serem, pelo menos, mais generosas do que os prometidos "saldos" em 10 % dos lugares em cada rota. Veremos então se o destino Cabo Verde será ou não uma outra "miragem".
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiário.com
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