sábado, abril 19
um dia inteiro de discursos
Cesar, o líder, surge hoje como o único político açoriano com a capacidade real de conquistar os Açores. Obliterada que está a oposição, Carlos Cesar controla em absoluto o PS. E com toda a justiça. Podemos gostar ou não da forma, ou do conteúdo, até talvez do estilo de Carlos César, mas a verdade é que ele é hoje o mais sagaz dos políticos açorianos. A estratégia eleitoral, da qual a moção apresentada a este congresso é um valioso indicador, passa essencialmente por instituir a ideia de que o PS é uno com a sociedade açoriana e vice-versa. Uma espécie de hegemonia que não se pretende de partido único, ao estilo madeirense, em que o Partido se impõe aos cidadãos, mas ao invés uma cedência do Partido à sociedade, ou como César lhe chamou – um contrato – por forma a que o partido seja acima de tudo Açores e só depois socialista. Verdade seja dita que Carlos César fez hoje um dos melhores discursos políticos dos últimos anos, exaltando os ideais autonomistas e forçando o seu Partido a interiorizar um compromisso eleitoral e governativo que ultrapassa os limites da consciência ideológica e se consubstancia na perenidade da sua acção governativa. A questão da abertura à sociedade e do namoro aos independentes não é mais do que uma forma de abafar o único estandarte eleitoral da oposição. Chamando a si o conjunto da sociedade César destrói o argumento falacioso da falta de “oxigénio” na região. Esse foi, no entanto, o único momento de vaga contestação neste congresso. De uma forma mais ou menos veemente, alguns militantes questionaram essa abertura, principalmente pelo que ela pode significar de menorização da verdadeira militância e, numa altura em que a actividade partidária é vista de uma forma tão desfavorável, essa não é uma preocupação despicienda. No resto este segundo dia viu confirmado, e ainda bem, o imenso potencial deste PS, com algumas importantes intervenções de um grupo alargado de quadros, que se bem que alinhando em absoluto com a moção de Carlos César, deixaram a indicação que o Partido estando com Carlos César enquanto este assim o quiser, terá no futuro formas de se renovar. Mas o objectivo agora são as eleições, as listas, os resultados, a formação do Governo. Depois se verá, fica-me no entanto a sensação de que as surpresas entretanto serão tantas que o depois será imprevisível. Amanhã, José Sócrates.
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