quarta-feira, abril 23

Dependentes

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Passou sem antologia o XIII Congresso Regional do PS/Açores. Aziaga edição esta da reunião magna do PS na qual velhos e novos Socialistas ficaram politicamente reféns de Carlos César. A imagem que perpassou, urbi et orbi, é de que o PS é neste momento Carlos César. Um líder a 100 % sem sucessores ou dissidentes. Estes, a existirem, estariam porventura bem acantonados entre os ditos "independentes". Estes, por sua vez, mais não são do que um terceiro género da política ou, recorrentemente, uma espécie de híbridos com potencialidades mutantes e camaleónicas. Não causa pois espanto que aqueles Socialistas que possuem certificado de autenticidade anterior a 1996 olhem de soslaio para esta porta aberta aos "independentes" que cada vez mais absorvem o PS. Mas, a estratégia não é nova e cada vez mais o PS pretende absorver a sociedade Açoriana. Desde o aliciamento de apóstatas de outros Partidos até ao beija-mão beatífico junto do rebanho da Diocese de Angra, o PS/Açores ambiciona uma sociedade una e indivisível com o PS institucionalizado como partido do poder. Este "deixai vir a mim os independentes" inclui uma ânsia de hegemonia da sociedade civil que, afinal de contas, vai carecendo de oxigénio para viver sem respiração assistida. Contudo, o exército de "independentes" assistidos é cada vez maior, e os exemplos de convertidos à causa do PS sucedem-se até ao cúmulo de incluírem adversários que, no passado, estavam no outro lado da trincheira com o uniforme do PSD. Não faltam "independentes" na política Açoriana; falta é cada vez mais gente com espinha na nossa sociedade. Consequentemente, embora minoritárias, algumas vozes Socialistas de antanho vaticinam a perda da identidade e alma deste PS. Porta-voz desse descontentamento o notável Dionísio de Sousa sentenciou publicamente que "os independentes e os militantes de última hora procuram o poder e servem-se do PS/A que é hoje terra de ninguém." Também no Congresso, e com a galantearia que a ocasião permitia, houve espaço para cautelosos alertas para a intrusão de "independentes" e simpatizantes na coutada que, por direito, deveria ser apenas dos militantes. Apesar deste XIII Congresso do PS não ter sido galvanizante para as alternativas a Carlos César fica sugerida a dúvida de saber se as divergências de pormenor e de circunstância, quanto a independentes e outros adornos de ocasião, não são já o ensaio de futuras candidaturas. Será que quem lhe deu a voz serviu de arauto ou de peão às facções pretendentes à sucessão de César? O tempo dirá! Mas a promessa de um PS transversal e omnipresente na sociedade Açoriana manter-se-á. Nalguns casos essa presença vigilante será até reforçada, como será o caso do ensaiado Observatório da Cooperação entre a Administração Regional e Local nos Açores, sempre com os "independentes" como pontas de lança prontos a servir Carlos César...até que venha a este reino Socialista um outro Senhor do qual ficarão dependentes os especímenes do costume.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

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