"You've got to ask yourself a question: do I feel lucky? Well, do ya, punk?"
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"Go ahead, make my day."
Dirty Clint Eastwood Harry é indubitavelmente uma superstar. Como se nota nutro particular estima por esta cínica e desapiedada personagem de Dirty Harry. Harry é uma consciência implacável que, sem quaisquer dúvidas existenciais, apenas confia na sua 44 Magnum. Nada mais nada menos do que um revólver básico que, no dizer do seu dono, é "the most powerful handgun in the world.".
Dirty Harry é um "lone ranger" dos tempos modernos, solitário conforme manda o respectivo arquétipo, pelo que é também um descrente do "sistema" contra o qual reedita o estilo do velho Oeste nas ruas de São Francisco. Claro está que este género de ficção não faz o gosto dos gurus da esquerda intelectualoide que à data, por certo, andava entretida com os delírios cinéfilos da Nouvelle Vague e quejandos. Daí até apelidarem a dita personagem de "reaccionária" foi um passo. O que, convenhamos, só abona em favor do heróico Dirty Harry. Ademais, se para Dirty Harry "um bom criminoso era um criminoso morto", logo se percebe que a provocação subliminar só poderia ter como ricochete o epíteto de "fascista" ou, na língua dos gringos, um ícone da "right-wing propaganda".
Dirty Harry é por certo a mais emblemática personagem desse grande Mister do cinema que é Clint Eastwood. Curiosamente o papel esteve para ser entregue a Frank Sinatra, John Wayne e até Paul Newman ! Contudo, hoje o inesquecível olhar sardónico, rematado com um esgar de prazer quando Dirty Harry dispara a sua justiceira Magnum 44, tem a marca registada de Clint Eastwood. A série de filmes de Dirty Harry tem ainda o bónus de uma realização vivaz e sem rodeios de Don Siegel. Como se tal não bastasse para incluir a série na memória dos anos 70 recorde-se ainda que Don Siegel teve o luxo de montar os filmes da série ao ritmo de uma banda sonora produzida pelo mestre Lalo Schifrin.
Em suma: "Dirty" Harry Callahan, como personagem de ficção, é maravilhosamente cativante com as suas constantes punch-lines contra criminosos sem emenda, advogados corruptos, e políticos ineptos. Um género que, como se sabe, fez escola no cinema norte americano.
Claro está que Clint Eastwood é muito mais do que Dirty Harry mas também não deixa de ser verdade que muito lhe deve. Presumo que celebrem juntos o aniversário do Mister Clint Eastwood que nasceu a 31 de Maio de 1930 em São Francisco.
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quarta-feira, maio 31
terça-feira, maio 30
Alta Fidelidade *
Josh Rouse - Subtitulo (Bedroom Classics)
Subtitulo é o 6º registo de originais de Josh Rouse e marca o início da sua editora a Bedroom Classics.
Josh Rouse largou a cidade de Nashville, a editora com quem tinha contrato e transferiu-se de armas e bagagens para Espanha. Subtitulo reflecte a transferência para o mundo ibérico e a transposição para as letras e melodias dos usos e costumes do local geográfico onde se encontra. Em Espanha encontramos um Rouse nostálgico, romântico e descontraído que intercala as referências 80's, do início de carreira dos Prefab Sprout e Aztec Camera, com bossa nova e arranjos de cordas.
A personificação de um caminhante errante que simboliza os tempos deste mundo que se diz globalizado, não pelo seu carácter diferenciado (e/ou diferenciador), mas por intermédio de um universo cultural cada vez mais homogeneizado.
Os fãs mais acérrimos acusam-no de ter apanhado uma insolação (!!!). Daí o delírio deste Subtitulo... A provar que talvez, também, necessitem de uma estada terapêutica ao Sul!
33 minutos de puro prazer Cool.
* Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
** Crónica + ou - semanal publicada no Suplemento SARL/JdA de 20/05/06
Subtitulo é o 6º registo de originais de Josh Rouse e marca o início da sua editora a Bedroom Classics.
Josh Rouse largou a cidade de Nashville, a editora com quem tinha contrato e transferiu-se de armas e bagagens para Espanha. Subtitulo reflecte a transferência para o mundo ibérico e a transposição para as letras e melodias dos usos e costumes do local geográfico onde se encontra. Em Espanha encontramos um Rouse nostálgico, romântico e descontraído que intercala as referências 80's, do início de carreira dos Prefab Sprout e Aztec Camera, com bossa nova e arranjos de cordas.
A personificação de um caminhante errante que simboliza os tempos deste mundo que se diz globalizado, não pelo seu carácter diferenciado (e/ou diferenciador), mas por intermédio de um universo cultural cada vez mais homogeneizado.
Os fãs mais acérrimos acusam-no de ter apanhado uma insolação (!!!). Daí o delírio deste Subtitulo... A provar que talvez, também, necessitem de uma estada terapêutica ao Sul!
33 minutos de puro prazer Cool.
* Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
** Crónica + ou - semanal publicada no Suplemento SARL/JdA de 20/05/06
segunda-feira, maio 29
«A tradição já não é o que era» !
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Entre ciganas apregoando soutiens a 5 Euros e um desvario de cervejas a 5O cêntimos pouco faltou ao arraial das nossas veneráveis Festas do Senhor Santo Cristo para incluir no lote pagão das mesmas uma actuação ao vivo do inenarrável de Sandro G e suas galinhas. Consequentemente, a lesta língua afiada do costume veio a terreiro lançar justiceiras farpas contra os excessos das festas do Senhor Santo Cristo. Citando o Grande Eça de Queiroz : "Como se diria na Bíblia : o escândalo veio pelos fariseus !". No rol dos suspeitos do costume, entre a prosódia farisaica recorrente nestes casos, lá estava a difusa nomeação das "autoridades" como autores morais responsáveis pela causa das coisas. Todavia, se por um lado é aceitável questionar, por exemplo, o absentismo de certas "autoridades" sempre alertas, designadamente, para a fiscalização das regras de higiene e segurança alimentar, por outro lado, numa sociedade livre e democrática em matéria de costumes pouco espaço há para a tutela autoritária.
Apesar de juntar a minha voz à indignação emergente pela vulgar degradação pagã das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres acredito, contudo, que parte substancial do problema reside na desresponsabilização individual e colectiva na qual pouca importância tem a intervenção reguladora das "autoridades". Exemplificando: com efeito parece-me fácil apontar o dedo às "autoridades", inclusivamente escarnecendo das mesmas, imputando-lhes a culpa pela descontrolada marcha alcoólatra do lado pagão das festividades, omitindo-se assim confortavelmente a concreta responsabilidade individual, parental e familiar pelos desmandos seculares das grandiosas Festas do Senhor ou de outras similares !
A cada um o que é seu, pelo que, em matéria de costumes e de gosto dir-se-á que qualquer ingerência reguladora das "autoridades" seria um exercício de mau gosto e um embotamento excessivo das liberdades individuais. Para o efeito de padronização das praxes, religiosas e festivaleiras, bastaria a tradição e a consciência do respeito devido a certas solenidades. Infelizmente, longe vão os tempos de pudor individual e de adequação aos pergaminhos dessa insigne instituição portuguesa que carinhosamente convencionamos apelidar de "respeitinho". Com efeito, parte da solução está no problema, aparentemente insolúvel, de que hoje ninguém tem "respeitinho" seja por quem for. Note-se que essa lassidão de costumes tende a diluir-se transversalmente não se quedando pelo lado secular e mundano da vida quotidiana. Por exemplo : de ano para ano a própria procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres abre brechas na solenidade devida que há breves décadas atrás seriam socialmente inaceitáveis. Hoje, infelizmente, entre o mar de mulheres que vão de promessa na procissão já não é invulgar o uso e abuso de jeans, a ostentação de decotes generosos, a que se juntam orgulhosos piercings em barriguinhas desnudas, e demais enfeites e caprichos no mínimo em assintonia com a nossa tradição.
Mas, como disse, já não há "respeitinho" e longe vão os tempos de padronização formal de solenidade que, intrínseca e atavicamente, eram aceites por todos quando assim ditava a tradição. Contra isto não há "autoridades" ou "irmandades" que nos valham, pois são sinais dos tempos da globalização e da vulgarização em que "a tradição já não é o que era.". !
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JNAS na Edição de 30 de Maio do Jornal dos Açores.
Entre ciganas apregoando soutiens a 5 Euros e um desvario de cervejas a 5O cêntimos pouco faltou ao arraial das nossas veneráveis Festas do Senhor Santo Cristo para incluir no lote pagão das mesmas uma actuação ao vivo do inenarrável de Sandro G e suas galinhas. Consequentemente, a lesta língua afiada do costume veio a terreiro lançar justiceiras farpas contra os excessos das festas do Senhor Santo Cristo. Citando o Grande Eça de Queiroz : "Como se diria na Bíblia : o escândalo veio pelos fariseus !". No rol dos suspeitos do costume, entre a prosódia farisaica recorrente nestes casos, lá estava a difusa nomeação das "autoridades" como autores morais responsáveis pela causa das coisas. Todavia, se por um lado é aceitável questionar, por exemplo, o absentismo de certas "autoridades" sempre alertas, designadamente, para a fiscalização das regras de higiene e segurança alimentar, por outro lado, numa sociedade livre e democrática em matéria de costumes pouco espaço há para a tutela autoritária.
Apesar de juntar a minha voz à indignação emergente pela vulgar degradação pagã das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres acredito, contudo, que parte substancial do problema reside na desresponsabilização individual e colectiva na qual pouca importância tem a intervenção reguladora das "autoridades". Exemplificando: com efeito parece-me fácil apontar o dedo às "autoridades", inclusivamente escarnecendo das mesmas, imputando-lhes a culpa pela descontrolada marcha alcoólatra do lado pagão das festividades, omitindo-se assim confortavelmente a concreta responsabilidade individual, parental e familiar pelos desmandos seculares das grandiosas Festas do Senhor ou de outras similares !
A cada um o que é seu, pelo que, em matéria de costumes e de gosto dir-se-á que qualquer ingerência reguladora das "autoridades" seria um exercício de mau gosto e um embotamento excessivo das liberdades individuais. Para o efeito de padronização das praxes, religiosas e festivaleiras, bastaria a tradição e a consciência do respeito devido a certas solenidades. Infelizmente, longe vão os tempos de pudor individual e de adequação aos pergaminhos dessa insigne instituição portuguesa que carinhosamente convencionamos apelidar de "respeitinho". Com efeito, parte da solução está no problema, aparentemente insolúvel, de que hoje ninguém tem "respeitinho" seja por quem for. Note-se que essa lassidão de costumes tende a diluir-se transversalmente não se quedando pelo lado secular e mundano da vida quotidiana. Por exemplo : de ano para ano a própria procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres abre brechas na solenidade devida que há breves décadas atrás seriam socialmente inaceitáveis. Hoje, infelizmente, entre o mar de mulheres que vão de promessa na procissão já não é invulgar o uso e abuso de jeans, a ostentação de decotes generosos, a que se juntam orgulhosos piercings em barriguinhas desnudas, e demais enfeites e caprichos no mínimo em assintonia com a nossa tradição.
Mas, como disse, já não há "respeitinho" e longe vão os tempos de padronização formal de solenidade que, intrínseca e atavicamente, eram aceites por todos quando assim ditava a tradição. Contra isto não há "autoridades" ou "irmandades" que nos valham, pois são sinais dos tempos da globalização e da vulgarização em que "a tradição já não é o que era.". !
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JNAS na Edição de 30 de Maio do Jornal dos Açores.
república das Bananas II
Madeira é exemplo para os AçoresO líder do PSD/Açores, Carlos Costa Neves, deixou a mensagem durante a abertura do XI congresso do PSD/Madeira, mas afirmou que também o continente deve seguir o exemplo da região autónoma presidida por Alberto João Jardim. Título e notícia do AO de 28/05/06.
Alta Fidelidade *
The Kings of Jazz por Gilles Peterson e Jazzanova
(BBE Music/Rapster Records, 2006)
Uma compilação organizada pelo radialista & DJ Gilles Peterson & pelo colectivo alemão Jazzanova.
A maioria dos nomes aqui reunidos é comum a outras discografias jazzísticas. Mas, para um público mais jovem que ouve a Radio One e que segue a onda e as sugestões de Gilles Peterson, esta selecção é, no seu entender, um ponto de partida para usufruir e aprender a ouvir o jazz. Na exacta medida em que estas pistas sonoras são transversais a todos os projectos que ele, semanalmente, divulga no seu espaço do éter.
Daí que em Kings of Jazz faça sentido que seja Gilles Peterson a compilar a old school. E os Jazzanova os recém-chegados, nos quais eles se incluem, e que em grande parte foram influenciados pela divulgação do universo jazz proposto por Peterson.
Ao longo desta dupla proposta podemos assistir à cumplicidade tranquila de nomes consagrados, tais como: Roy Haynes, John Coltrane, Bill Evans, Clifford Brown, Art Blakey e dos novos Matthew Herbert, Nicola Conte, 4 Hero e United Future Organization.
Em Kings of Jazz os novos e os velhos caminhos do jazz sobrepõem-se numa história com muitas páginas, ainda, por revelar. Uma recolha criteriosa e uma introdução para os menos familiarizados com a palavra jazz. No final, It's All About Jazz...
* Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
** Crónica + ou - semanal publicada no Suplemento SARL/JdA
(BBE Music/Rapster Records, 2006)
Uma compilação organizada pelo radialista & DJ Gilles Peterson & pelo colectivo alemão Jazzanova.
A maioria dos nomes aqui reunidos é comum a outras discografias jazzísticas. Mas, para um público mais jovem que ouve a Radio One e que segue a onda e as sugestões de Gilles Peterson, esta selecção é, no seu entender, um ponto de partida para usufruir e aprender a ouvir o jazz. Na exacta medida em que estas pistas sonoras são transversais a todos os projectos que ele, semanalmente, divulga no seu espaço do éter.
Daí que em Kings of Jazz faça sentido que seja Gilles Peterson a compilar a old school. E os Jazzanova os recém-chegados, nos quais eles se incluem, e que em grande parte foram influenciados pela divulgação do universo jazz proposto por Peterson.
Ao longo desta dupla proposta podemos assistir à cumplicidade tranquila de nomes consagrados, tais como: Roy Haynes, John Coltrane, Bill Evans, Clifford Brown, Art Blakey e dos novos Matthew Herbert, Nicola Conte, 4 Hero e United Future Organization.
Em Kings of Jazz os novos e os velhos caminhos do jazz sobrepõem-se numa história com muitas páginas, ainda, por revelar. Uma recolha criteriosa e uma introdução para os menos familiarizados com a palavra jazz. No final, It's All About Jazz...
* Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
** Crónica + ou - semanal publicada no Suplemento SARL/JdA
sábado, maio 27
AVISO
sexta-feira, maio 26
quinta-feira, maio 25
quarta-feira, maio 24
NOVA PUBLICAÇÃO
Sai hoje, quarta-feira, o primeiro número do "RX". O novo jornal, de periodicidade quinzenal, pretende ocupar o espaço deixado vago pelo "Blitz", cujo regresso em formato revista está marcado para 22 de Junho.
Como este primeiro número será distribuído gratuitamente tenho dúvidas de que chegue, pelas vias normais, ao Açores.
FONTE: JornalismoPortoNet
terça-feira, maio 23
o som do carrilho(ão)
Como é fácil não gostar do Carrilho. É fácil. Tudo no homem pede para não gostarmos dele. Quer seja pela inveja que qualquer homem a sério deve ter pela mulher dele, quer seja pela inveja que qualquer homem inteligente deve ter pela formação dele, quer pelo desprezo que qualquer homem decente deve ter pela arrogância dele. Mas ridicularizar o Carrilho é demasiado fácil. Escolher falar mal do Carrilho é fugir à questão, é escolher fugir da bala que ele disparou para o ar, fugir de ver a verdade que está subjacente a muito daquilo que ele diz. O compadrio mafioso entre jornalistas e fontes, a manipulação das noticias, o arranjinho da comunicação, a deturpada relação entre as redacções e os assessores de imprensa, a noticia de que 70% da informação veiculada pelos jornais tem origem nas agencias de informação (que foi noticia do Expresso e por isso toda a gente vai ridicularizar, mas que é assustadora...). Quer queiramos ou não, quer gostemos ou não, as nossas vidas, hoje, são condicionadas pela comunicação social. O dia-a-dia é regulado pelo caudal e conteúdo dos serviços noticiosos. Falar mal do Carrilho é fácil, perceber que ele tem razão em muito do que diz é que já é mais difícil.
Vanitas vanitatum et omnia vanitas
Confesso que apesar de ser espectador frequente da Sic-Comédia depois do burlesco debate de ontem com Carrilho vou passar a estar mais atento às "sitcoms" (ou comédias de situação na língua de Camões) do Canal 1 da RTP. Com efeito, o circo de ontem na arena do prós e contras, "ao vivo e em directo", foi absolutamente hilariante e o estilo "non sense" de Manuel Maria rivaliza com os delírios dos Monthy Pitons no seu melhor.
Quanto ao narcisista Carrilho é caso para dizer que não tem emenda e representou o Partido Socialista no seu pior. Com uma desfaçatez de proporções homéricas Carrilho foi um estereotipo da repelente esquerdazinha caviar, cujo habitat natural oscila entre o "jet set" da cultura postiça e o "passe partout" da "beautifull people" que, de quando em vez, condescende em descer à terra para misturar o seu perfume com os odores subsovaquianos do povo...o que é aliás assaz frequente em época de campanhas eleitoral com as arruadas e as peixeiradas de feira. Apesar de tudo o povo ingrato não elegeu Carrilho - (e por arrasto a sua portentosa mulher e o infante Diniz Maria) - para presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Mal digerida a derrota Manuel Maria Carrilho atirou-se à escrita de um "best-seller" do estilo de Dan Brown. Surge pois a obra "Sob o Signo da Verdade" que dizem as mais línguas não passa de literatura de cordel cor-de-rosa. Em bom rigor o género literário mais próximo será o da literatura fantástica. Com efeito, o enredo desenrola-se a partir de uma teia conspirativa que armou um conluio para derrotar Carrilho. Imagine-se o tamanho do ego deste homem que acredita na existência de uma "associação criminosa" cujo objecto social é a sua derrota nas urnas! O argumento sucinto congrega um cartel de grotescos agentes imobiliários, mancomunados com tenebrosas agências noticiosas, que foram untando as mãos aos medonhos escribas e peçonhentos "opinion makers" da imprensa. Logo, para o imaculado Carrilho a sua derrota resultou de uma conspiração que instrumentalizou a comunicação social contra a sua campanha!
Miguel Sousa Tavares, um dos putativos conspiradores a juntar a uma extensa lista que inclui nomes de "comentadores ventríloquos" (para o usar o léxico de Carrilho) como José Pacheco Pereira ou Marcelo Rebelo de Sousa, escreveu hoje, no Clube de Jornalistas, que "Manuel Maria Carrilho foi derrotado não pelos comentadores mas pelos comentários que ele próprio atraiu sobre a sua pessoa. Um ano depois, continua, pelos vistos, sem ter percebido nada.". Tal conclusão explica e justifica o delírio do "complot" engendrado nas literatas meninges de Carrilho sempre deslumbrado com o espelho que reflecte a sua imagem e encantado com as luzes da ribalta cintilando na sua melena de intelectual de esquerda. Contudo, não imagino que estes ingredientes sejam suficientes para um pastiche Português do "Código Da Vinci" ou algo semelhante, mas seguramente serviriam para uma revista à Portuguesa onde Carrilho seria o cicerone de uma comédia aparvalhada onde todos se riem dos dislates da estrela de cartaz.
Quem não viu ontem o debate em registo de vaudeville por favor não perca hoje a reposição do mais recente descarrilamento de Manuel Maria na RTP-N à 1 hora e 30 minutos (hora de Lisboa).
"Cultura Viva"
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Foi com a bênção diocesana do Bispo de Angra que o actual triunvirato da Cultura Açoriana inaugurou, com pompa e circunstância, o Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado. Atenta a "coreografia" de estilo litúrgico, agregando no altar, em torno dos flancos de Carlos César, o ainda Director Regional da Cultura assistido pelo novel Director do Museu Carlos Machado, os mais incautos por certo comungaram da ideia de que tal feito havia nascido por obra e graça do actual executivo, porventura, coadjuvado pela beatífica intercessão do Padre Duarte Melo.
Ademais, a epístola oficial do Presidente do Governo Regional dos Açores, apostando num profético advento próximo de uma "cultura viva", tendo por objecto uma "política museológica" assente em "planos de abrangência regional", tinha o timbre de uma boa nova que fazia tábua rasa do antigo testemunho cultural do qual deriva o acervo agora "inaugurado".
Apesar de não se tratar das obras da "Igreja de Santa Engrácia" o certo é que a inauguração da renovada "Igreja do Colégio", e do seu espólio, constituem uma obra que decorre há mais de 30 anos. A sua inauguração é por isso um acto de justiça para com o passado. Recorde-se a propósito que no longínquo ano de 1973, mais concretamente a 30 de Abril, foi celebrada a escritura pública de doação ao Município de Ponta Delgada, da "Igreja de Todos os Santos", vulgarmente conhecida por "Igreja do Colégio". No citado documento os proprietários disseram que "de hoje e para sempre fazem doação pura e irrevogável à Câmara Municipal de Ponta Delgada da dita Igreja e, bem assim, dos quadros, imagens e outras alfaias religiosas existentes na dita Igreja e que os ditos doadores desejam que àquela Igreja fiquem vinculados para sempre.". Com argumentos formais e jurídicos tão veementes não causa espanto que o imóvel em causa, que acolhe o Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado, em parte substancial composto pelo lastro da referida doação, esteja nesta data inscrito na Conservatória do Registo Predial de Ponta Delgada a favor do Município! Na verdade, o auto de cedência ao Governo Regional, outorgado em cinco de Setembro de 1977, pelo Professor José Guilherme Reis Leite, à data Secretário Regional da Educação e Cultura, tinha já por afectação funcional constituir um anexo patrimonial do Museu Carlos Machado, pelo que, como não podia deixar de ser, a cedência foi "a título precário". Como se vê, afinal, concorreram para a referida obra não só o Governo Regional, este e o anterior, mas também particulares e o próprio Município de Ponta Delgada enquanto proprietário do imóvel e do acervo que lhe está indissoluvelmente ligado. Não querendo partilhar de iniquidades alheias é justo ainda que se refira o esforço, dedicação e desvelo do anterior Director do Museu Carlos Machado, Dr. António Oliveira, cuja participação neste projecto surge ofuscada pela vaidade de outros neófitos nesta peregrinação a favor da preservação do nosso património. Por outro lado, também é justo que se diga que durante largos anos, com justificações várias, também muitos concorreram para que a "Igreja do Colégio" tivesse sido enxovalhada com um abandono vil, chegando ao ponto de servir de depósito e estaleiro de obras, o que mesmo para o católico mais relapso não deixava de ser uma profanação.
Hoje, com a devolução à cidade de Ponta Delgada desta notável "Igreja do Colégio", parafraseando as palavras do Presidente do Governo Regional "estamos, assim, todos, de parabéns.". Queira a providência Divina iluminar os poderes instituídos com a percepção de que, de facto, estamos todos de parabéns, pois se a cultura não deve ter dono, então o património cultural deve ser comungado por todos, sem sectarismos, bairrismos, partidarismos, e demais "ismos" que só nos diminuem. Que se cumpra a promessa de Carlos César de mais e melhor "cultura viva".
...
JNAS na Edição de 23 de Maio do Jornal dos Açores.
Foi com a bênção diocesana do Bispo de Angra que o actual triunvirato da Cultura Açoriana inaugurou, com pompa e circunstância, o Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado. Atenta a "coreografia" de estilo litúrgico, agregando no altar, em torno dos flancos de Carlos César, o ainda Director Regional da Cultura assistido pelo novel Director do Museu Carlos Machado, os mais incautos por certo comungaram da ideia de que tal feito havia nascido por obra e graça do actual executivo, porventura, coadjuvado pela beatífica intercessão do Padre Duarte Melo.
Ademais, a epístola oficial do Presidente do Governo Regional dos Açores, apostando num profético advento próximo de uma "cultura viva", tendo por objecto uma "política museológica" assente em "planos de abrangência regional", tinha o timbre de uma boa nova que fazia tábua rasa do antigo testemunho cultural do qual deriva o acervo agora "inaugurado".
Apesar de não se tratar das obras da "Igreja de Santa Engrácia" o certo é que a inauguração da renovada "Igreja do Colégio", e do seu espólio, constituem uma obra que decorre há mais de 30 anos. A sua inauguração é por isso um acto de justiça para com o passado. Recorde-se a propósito que no longínquo ano de 1973, mais concretamente a 30 de Abril, foi celebrada a escritura pública de doação ao Município de Ponta Delgada, da "Igreja de Todos os Santos", vulgarmente conhecida por "Igreja do Colégio". No citado documento os proprietários disseram que "de hoje e para sempre fazem doação pura e irrevogável à Câmara Municipal de Ponta Delgada da dita Igreja e, bem assim, dos quadros, imagens e outras alfaias religiosas existentes na dita Igreja e que os ditos doadores desejam que àquela Igreja fiquem vinculados para sempre.". Com argumentos formais e jurídicos tão veementes não causa espanto que o imóvel em causa, que acolhe o Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado, em parte substancial composto pelo lastro da referida doação, esteja nesta data inscrito na Conservatória do Registo Predial de Ponta Delgada a favor do Município! Na verdade, o auto de cedência ao Governo Regional, outorgado em cinco de Setembro de 1977, pelo Professor José Guilherme Reis Leite, à data Secretário Regional da Educação e Cultura, tinha já por afectação funcional constituir um anexo patrimonial do Museu Carlos Machado, pelo que, como não podia deixar de ser, a cedência foi "a título precário". Como se vê, afinal, concorreram para a referida obra não só o Governo Regional, este e o anterior, mas também particulares e o próprio Município de Ponta Delgada enquanto proprietário do imóvel e do acervo que lhe está indissoluvelmente ligado. Não querendo partilhar de iniquidades alheias é justo ainda que se refira o esforço, dedicação e desvelo do anterior Director do Museu Carlos Machado, Dr. António Oliveira, cuja participação neste projecto surge ofuscada pela vaidade de outros neófitos nesta peregrinação a favor da preservação do nosso património. Por outro lado, também é justo que se diga que durante largos anos, com justificações várias, também muitos concorreram para que a "Igreja do Colégio" tivesse sido enxovalhada com um abandono vil, chegando ao ponto de servir de depósito e estaleiro de obras, o que mesmo para o católico mais relapso não deixava de ser uma profanação.
Hoje, com a devolução à cidade de Ponta Delgada desta notável "Igreja do Colégio", parafraseando as palavras do Presidente do Governo Regional "estamos, assim, todos, de parabéns.". Queira a providência Divina iluminar os poderes instituídos com a percepção de que, de facto, estamos todos de parabéns, pois se a cultura não deve ter dono, então o património cultural deve ser comungado por todos, sem sectarismos, bairrismos, partidarismos, e demais "ismos" que só nos diminuem. Que se cumpra a promessa de Carlos César de mais e melhor "cultura viva".
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JNAS na Edição de 23 de Maio do Jornal dos Açores.
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segunda-feira, maio 22
Conferências do Casino
Uma reflexão sobre Portugal. Um ciclo reabilitado pelo CNC na comemoração dos seus 60 anos e parte integrante da Festa no Chiado. Impõe-se uma extensão (ou versão insular) às ilhas de uma iniciativa impulsionada por Antero.
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"o nosso comboio de capital açoriana da Cultura segue o seu destino sem abrandar a marcha e, felizmente, ainda incentiva a que outras locomotivas culturais proporcionem experiências que já vivemos de há oito anos a esta parte e que, só agora, por arrasto, foram implementadas em Ponta Delgada"...eu opto por seguir de metro...
Este fim-de-semana visitei a recém-inaugurada Igreja do Colégio que de ora em diante albergará o Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado. A DRC e todos os técnicos envolvidos, nesta recuperação, estão de parabéns pela excelência do trabalho realizado, que beneficia e dignifica a cidade, a ilha e os Açores pela fruição de um imóvel Patrimonial admirável.
domingo, maio 21
"Tenho esperança de que a selecção nacional perca o mais rapidamente possível. É horrível ser constantemente bombardeado com notícias do futebol".Saldanha Sanches no Correio da Manhã de 16/05/06
Assusta-me estar de acordo com Saldanha Sanches mas o assédio jornalístico em torno da Selecção Nacional e dos inúmeros diários (directos) do Mundial ultrapassam, em muito, os limites da Razoabilidade. É uma hipnose colectiva vendida como de um profundo sentimento nacionalista se tratasse!!!...
sábado, maio 20
FOODING Suplemento gastronómico francês, desenhado pela Change is Good, que põe à prova e propõe 289 restaurants, terrasses, auberges et bistrots testés dans toute la France. Publicado com a edição de 18 de Maio do Liberation.
sexta-feira, maio 19
"Garanto que não jogarei em Portugal até ao fim da carreira"A humildade de Pauleta em entrevista esta 6ª feira ao DN.
quinta-feira, maio 18
Bons Exemplos
Assinalando a efeméride do Dia Internacional dos Museus recordo que também em matéria museológica Portugal é um País assaz bizarro.
Não! Não vou voltar aos enredos do priorado do Padre Duarte Melo até porque, na senda da prometida reforma do Museu Carlos Machado, o seu Director apresenta-nos hoje uma ousada e inovadora exposição de Arte Sacra! Confesso que apesar da truculência a que se prestam os fait-divers da política de sacristia, e dos correspectivos enredos de adro de Igreja, a minha estupefacção com a política cultural deste país não se queda pelas cercanias da sotaina de um Director de Museu mas, ao invés, é mais vasta e complexa do que a urdidura das santas e eclesiásticas vestes.
Recentemente, como bom Português, adoptei a económica divisa do "faça férias cá dentro" e abalei rumo a Lisboa com a família para as férias da Páscoa. Devidamente acomodados na capital da metrópole senti ser meu dever patriótico e paternal efectuar um tour histórico a bem da educação dos meus infantes. Quis o acaso que depois de um santo almoço de Bacalhau à Brás em Alfama, regado com vinho da Estremadura, desse comigo às portas do Museu Militar com a pretensão de ilustrar à descendência os feitos heróicos dos nossos egrégios avós. Foi com estupefacção que junto à aldabra dos pesados portões do antigo Arsenal Régio li um douto edital, assinado por um major, publicitando que por motivo da época quaresmal o museu estaria encerrado! Julgava eu que tão extravagante postura militar fosse excepção mas cedo me desenganei pois àquele boicote cultural juntava-se uma greve nacional dos funcionários dos Museus. O evento, obviamente, cobriu-nos de ridículo perante os estrangeiros que nos visitavam. Além do Museu Militar ainda tentei nesciamente mostrar aos petizes a glória dos Jerónimos, o que não foi possível devido à greve; Torre de Belém, ibidem; Museu Nacional de Arte Antiga, vulgo das «Janelas Verdes», idem?pelo que acabei por render-me à evidência que, ainda não seria desta, que cumpriria o dever educacional de deixar na memória dos meus filhos alguma estima histórica pela Pátria.
Em Espanha pude observar o anverso desta política cultural de museus negligenciados, encerrados ou em permanente remodelação. Recordo que em Santiago de Compostela, cidade Museu é certo, deparamo-nos com um feliz exemplo de dinâmica cultural e museológica. Na centralíssima Rua do Vilar estava patente um sortido do melhor que o acervo artístico do Estado Espanhol tinha para oferecer. El retrato español en el Prado. Del Greco a Goya era e é uma exposição itinerante do Museu do Prado, que oferecia ao visitante um friso cronológico dos melhores retratos do Prado que, de quando em vez, abandonavam a inércia dos salões do Prado e exibiam-se pelas províncias Espanholas. Assim, ao alcance de todos estava parte da colecção Nacional Espanhola de esplendorosos quadros de mestres como Velásquez, Goya, Zurbarán, ou de El Greco.
O certo é que para qualquer visitante Português a exposição tinha a grave pecha de ser abundante em reproduções pictóricas do rosto infame da linhagem prognata dos Habsburgos. Como bom Português senti algum despique em ser confrontado com uma ampla galeria de retratos de Filipe II de Espanha e I de Portugal, a quem, aliás, devia, por ascendência materna de D. Isabel, uma costela Lusitana. Esta terrífica criatura, austera e fria, foi o exemplo vivo do monarca absoluto e fervoroso adepto da Inquisição. Para consolo da alma Lusitana a sua prole não vingou e consta que este déspota e suserano imperial, faleceu coberto de vermes e de úlceras, depois dum doloroso e demorado sofrimento, no Mosteiro de San Lorenzo de El Escorial que, como se sabe, tinha mandado erguer para glória futura da sua dinastia. Foi com este parco consolo, bem Portuguesinho por sinal, que sai da exposição lamentando que em Portugal não tivéssemos seguido certos exemplos de Espanha, entre os quais a prática de exposições itinerantes, inteiramente grátis, do nosso património museológico. Convenhamos, que afinal de contas longe vão os tempos dos adágios xenófobos do tipo "De Espanha, nem bom vento, Nem bom casamento." Pelo menos deixe-se que o vento traga bons exemplos ou então que se façam casamentos de conveniência com quem já mostrou saber lidar com o património cultural.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa
quarta-feira, maio 17
um contributo fundamental para o
# CHERCHEZ LA FEMME
Por estes dias podemos encontrá-la neste júri - I love cinema and I could not deprive myself of movies one way or another, afirmou Monica Bellucci no início da 59ª edição de Cannes. Quem, também, não passou incólume foi o tão propalado Código que no final da sua world premiere foi descrito como um fiasco. Um inicio de Festival deveras promissor...
Por estes dias podemos encontrá-la neste júri - I love cinema and I could not deprive myself of movies one way or another, afirmou Monica Bellucci no início da 59ª edição de Cannes. Quem, também, não passou incólume foi o tão propalado Código que no final da sua world premiere foi descrito como um fiasco. Um inicio de Festival deveras promissor...
um Jardim de Incompatibilidades
"Como nós não vamos aplicar, eu não sei se Portugal continental ou o Estado central ainda têm barcos de guerra para ocupar a ilha""Bom senso"!? É algo que não existe mais a sul...
terça-feira, maio 16
teoria(s) da conspiração
Foram hoje divulgados, pelo Departamento da Defesa dos USA, os vídeos com as imagens das câmaras de vigilância do Pentágono. Segundo as autoridades norte-americanas as imagens captam o embate do Boeing 757 numa das faces do edifício (!!!). Após alguns visionamentos não podia ter ficado mais esclarecido. A conspiração mora aqui. Sem, obviamente, esquecer a propaganda inerente. Acredite no que lhe aprouver.
Reporter X
segunda-feira, maio 15
o Mecenas Líbio
The US has ended a three-decade cold war with Libya and announced that it no longer considers the country a state sponsor of terrorism.E ainda há quem veja nesta aproximação um claro interesse de Washington, para diversificar as suas fontes de petróleo, de que a Líbia é um dos maiores produtores mundiais. Afinal, neste ajuste de contas, Kadhafi é amigo, na justa medida em que omite os seus aliados terroristas para patrocinar em exclusivo the american way... A versão oficial higienizada.
Um ano de Jornal
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Há largos anos, mais concretamente há cerca de 20 anos (!), Viriato Soromenho Marques, hoje especialista Catedrático em áreas como a "Filosofia da Política, da Cultura e do Ambiente", veio aos Açores numa campanha promocional da leitura de Jornais. Naqueles verdes anos, pela mão do Prof. Sá Couto, uma vasta trupe de alunos da cadeira de Filosofia da Escola Antero de Quental participou animadamente na conferência que integrava um roteiro de propaganda do slogan "Ler Jornais é Saber Mais.". Era um dever de cidadania dizia-nos, e bem, o Prof. Sá Couto.
No momento em que escrevo mais uma crónica para o Jornal dos Açores que, por estes dias, comemora o seu primeiro ano de existência, recordo o slogan, a campanha, a cidadania, o debate, e sobretudo o fervor, a ambição, e a esperança próprias da juventude daqueles dias e que julgo ter sido também uma imagem de marca deste novo diário micaelense. Decorrido um ano de circulação entre nós do Jornal dos Açores este é também a materialização de que ler jornais é de facto saber mais e, simultaneamente, um combate diário contra a penúria das nossas taxas de leitura e uma insurreição contra a indigência de mentalidades já formatadas numa sociedade pouco dada ao contraditório. Mas, o "quid" editorial de um jornal que não está acomodado será sempre saber mais de quê?
Como leitor diário arrisco-me hoje a dizer que o Jornal dos Açores empenhou-se numa irreverência séria, apostando num jornalismo vivaz que prometia ser uma alternativa e não um complemento à imprensa diária já existente cujos pergaminhos de antiguidade era impossível negar ou sequer disputar. Hoje faço votos para que o Jornal dos Açores não malbarate os seus jovens talentos que, apesar de "serem daqui", nada ficam a dever a algumas estrelas estrangeiradas dos "media" que por cá gostam de se pavonear. Volvido um ano de vida deste Jornal é tempo de felicitar o empenho pessoal de João Paz, Nuno Mendes e do José António Rodrigues. A estes "três mosqueteiros", responsáveis pela defesa do projecto editorial deste Jornal, juntou-se uma jovem equipa de jornalistas cujo mérito principal é acreditar diariamente em mais uma edição do Jornal dos Açores.
Como cronista convidado tenho página reservada à terça-feira desde 17 de Maio de 2005 cujo caderno de encargos tem por obrigação a liberdade de expressão e a participação cívica devidamente temperadas q.b. com ironia e algum humor que alguns, infelizmente, confundem com sarcasmo. O certo é que foi com elevado sentido de responsabilidade que honradamente aceitei o convite da redacção do Jornal dos Açores para assinar uma crónica semanal. É particularmente gratificante possuir inscrito o meu nome no rol de notáveis cronistas deste Jornal como o são, por exemplo, André Bradford, Carmo Rodeia, Emanuel Carreiro, José Borges, Jorge Macedo, Mário Abrantes, Paulo Belo Maciel, Paulo Noval (cito-os por ordem alfabética e não por ordem de preferência pessoal como é óbvio). Com estas palavras não pretendo olvidar o balanço de um ano de escrita, o que farei por imperativo de consciência, até porque, palavras o vento leva e só a escrita fica, mas este é apenas o momento de felicitar o Jornal dos Açores e com estima fazer votos de produtiva longevidade. O futuro reserva-nos outras edições cujas páginas estão ainda em branco mas, parafraseando as palavras do Director, nesta nau «com garra, tenacidade e determinação, vamos navegando na escrita à procura de um porto seguro.».
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Como leitor diário arrisco-me hoje a dizer que o Jornal dos Açores empenhou-se numa irreverência séria, apostando num jornalismo vivaz que prometia ser uma alternativa e não um complemento à imprensa diária já existente cujos pergaminhos de antiguidade era impossível negar ou sequer disputar. Hoje faço votos para que o Jornal dos Açores não malbarate os seus jovens talentos que, apesar de "serem daqui", nada ficam a dever a algumas estrelas estrangeiradas dos "media" que por cá gostam de se pavonear. Volvido um ano de vida deste Jornal é tempo de felicitar o empenho pessoal de João Paz, Nuno Mendes e do José António Rodrigues. A estes "três mosqueteiros", responsáveis pela defesa do projecto editorial deste Jornal, juntou-se uma jovem equipa de jornalistas cujo mérito principal é acreditar diariamente em mais uma edição do Jornal dos Açores.
Como cronista convidado tenho página reservada à terça-feira desde 17 de Maio de 2005 cujo caderno de encargos tem por obrigação a liberdade de expressão e a participação cívica devidamente temperadas q.b. com ironia e algum humor que alguns, infelizmente, confundem com sarcasmo. O certo é que foi com elevado sentido de responsabilidade que honradamente aceitei o convite da redacção do Jornal dos Açores para assinar uma crónica semanal. É particularmente gratificante possuir inscrito o meu nome no rol de notáveis cronistas deste Jornal como o são, por exemplo, André Bradford, Carmo Rodeia, Emanuel Carreiro, José Borges, Jorge Macedo, Mário Abrantes, Paulo Belo Maciel, Paulo Noval (cito-os por ordem alfabética e não por ordem de preferência pessoal como é óbvio). Com estas palavras não pretendo olvidar o balanço de um ano de escrita, o que farei por imperativo de consciência, até porque, palavras o vento leva e só a escrita fica, mas este é apenas o momento de felicitar o Jornal dos Açores e com estima fazer votos de produtiva longevidade. O futuro reserva-nos outras edições cujas páginas estão ainda em branco mas, parafraseando as palavras do Director, nesta nau «com garra, tenacidade e determinação, vamos navegando na escrita à procura de um porto seguro.».
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JNAS na Edição Especial de 16 de Maio do Jornal dos Açores.
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domingo, maio 14
Abril antes de Abril
General Humberto Delgado durante a campanha presidencial de 1958
Lembrar é, também, uma forma de homenagem e nestes tempos em que a memória se torna selectiva é imperioso lembrar ainda mais. "Obviamente demito-o" disse Humberto Delgado a propósito de Salazar, viria a morrer por isso e essa morte horrível corporiza o que de mais abjecto tinha o regime que durante mais de quarenta anos dominou Portugal. Humberto Delgado, o General sem medo, foi Abril antes de Abril.
sábado, maio 13
Costumo vaguear online pelas múltiplas páginas da Greenpeace e foi com agrado que registei a presença, nos Açores, do Esperanza. A equipa de cientistas residente, que percorre o globo exaltando a necessidade da preservação dos Mares, destacou o trabalho que tem sido realizado nas ilhas. Mas, se no Mar tem existido um esforço para a salvaguarda das cotas de pesca e da não intrusão das grandes frotas pesqueiras europeias, persiste em terra um desafio - o de preservar e de coexistir em harmonia com o Frágil ecossistema que nos rodeia. Actualmente, e para o futuro que se avizinha, está amplamente instituída uma lógica de ganância económica sustentada nos benefícios assentes na Natureza dita intacta, cuja posição se revela cada vez mais fragilizada e encurralada pelos planos que lhe têm sido propostos. Sem, no entanto, ter sido auscultada em todo este processo. E nesta oferta desmesurada (= betão + construção civil + crescimento urbano desenfreado não planificado + novos percursos rodoviários desenquadrados) e ambiciosa estará porventura o fim de uma coexistência pacífica (e o esgotar de um recurso diferenciado). O futuro ambiental dos Açores requere medidas bem mais penalizadoras do que as instituídas e uma população atenta e sensível (+ educada civilizacionalmente pró-ambiente). Não sei se podemos exigir Respeito pela Natureza àqueles que nos visitam se as populações das ilhas pouco respeito cedem à Natureza (!!?/uma generalização abusiva, concerteza). O equilíbrio depende das medidas instituídas pelo Governo/Municípios e pela atitude responsável de cada um de Nós. Aqui apetece-me gritar (numa fuga ao cliché instituído) - Merecíamos Melhores Cidadãos !...
Muitas páginas se vão escrever...
While in Paris on business, Harvard symbologist Robert Langdon receives an urgent late-night phone call: the elderly curator of the Louvre has been murdered inside the museum. Near the body, police have found a baffling cipher. While working to solve the enigmatic riddle, Langdon is stunned to discover it leads to a trail of clues hidden in the works of Da Vinci -- clues visible for all to see -- yet ingeniously disguised by the painter. Langdon joins forces with a gifted French cryptologist, Sophie Neveu, and learns the late curator was involved in the Priory of Sion -- an actual secret society whose members included Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo, and Da Vinci, among others. In a breathless race through Paris, London, and beyond, Langdon and Neveu match wits with a faceless powerbroker who seems to anticipate their every move. Unless Langdon and Neveu can decipher the labyrinthine puzzle in time, the Priory's ancient secret -- and an explosive historical truth -- will be lost forever.
sexta-feira, maio 12
quinta-feira, maio 11
#9 no Top 10!
Top Net
São estes os dez sites açorianos mais visitados na net, segundo o apuramento feito a 8 de Maio passado (o número abaixo de cada site indica o lugar que o mesmo ocupa no ranking mundial do "www.alexa.com":
01. www.acores.com
89.606
02. www.jornaldiario.com
160.296
03. www.azores.gov.pt
174.620
04. www.viaoceanica.com
230.535
05. www.acores.net
282.960
06. www.auniao.com
381.128
07. www.expressodasnove.com
541.626
08. www.diarioinsular.com
609.836
09. www.ilhas.blogspot.com
737.041
10. www.jornalacores.com
885.540
...
via Expresso das Nove
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São estes os dez sites açorianos mais visitados na net, segundo o apuramento feito a 8 de Maio passado (o número abaixo de cada site indica o lugar que o mesmo ocupa no ranking mundial do "www.alexa.com":
01. www.acores.com
89.606
02. www.jornaldiario.com
160.296
03. www.azores.gov.pt
174.620
04. www.viaoceanica.com
230.535
05. www.acores.net
282.960
06. www.auniao.com
381.128
07. www.expressodasnove.com
541.626
08. www.diarioinsular.com
609.836
09. www.ilhas.blogspot.com
737.041
10. www.jornalacores.com
885.540
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via Expresso das Nove
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Azores Fashion Week - 2006 -
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Isabel Figueira, Nayma, Soraia Chaves, e um largo et cetera de fashion-teasers são algumas das... "supermodelos" (à falta de adjectivação conforme com o código de boas maneiras deste blog) que por estes dias, à conta do Azores Fashion Week 2006, vão incensar as paisagens cá do burgo.
Porventura, não foi fácil aliciar estas soberbas criaturas para desfilarem nas nossas passerelles, cujo cartaz habitual não passa do habitual monsters ball (o.s. a vulgar parada de monstros) que semanalmente exibe as suas silhuetas de torresmo regional nas páginas da revista Açores e demais concorrência. Mas, «Felizmente conseguimos chegar aqui» cfr. disse um satisfeito e impante Hermano Cabral, director executivo da K Açores que organiza o evento. Apre, imagino o esforço titânico e extenuante que terá sido trabalhar para esta nobre causa! Mas, mutatis mutandis, parafraseando o poeta: «Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena.»
Queira a providência que todo este esforço não seja em vão. Aliás, a bem da raça queira nosso Senhor que algumas das beldades se deixem embevecer pelo pulsar das nossas ilhas e aqui fiquem cativas de corpo e alma. Imagino os frutos da miscigenação com estas gazelas da passerelle e o bem que fariam ao aperfeiçoamento da raça autóctone. Enfim, lá diz o povo que a Esperança é a última a morrer. Mas também consta da crendice popular que a Esperança é Verde o que no caso de uma Isabel Figueira à la Sporting é bem capaz de ser verdade.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa
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Isabel Figueira, Nayma, Soraia Chaves, e um largo et cetera de fashion-teasers são algumas das... "supermodelos" (à falta de adjectivação conforme com o código de boas maneiras deste blog) que por estes dias, à conta do Azores Fashion Week 2006, vão incensar as paisagens cá do burgo.
Porventura, não foi fácil aliciar estas soberbas criaturas para desfilarem nas nossas passerelles, cujo cartaz habitual não passa do habitual monsters ball (o.s. a vulgar parada de monstros) que semanalmente exibe as suas silhuetas de torresmo regional nas páginas da revista Açores e demais concorrência. Mas, «Felizmente conseguimos chegar aqui» cfr. disse um satisfeito e impante Hermano Cabral, director executivo da K Açores que organiza o evento. Apre, imagino o esforço titânico e extenuante que terá sido trabalhar para esta nobre causa! Mas, mutatis mutandis, parafraseando o poeta: «Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena.»
Queira a providência que todo este esforço não seja em vão. Aliás, a bem da raça queira nosso Senhor que algumas das beldades se deixem embevecer pelo pulsar das nossas ilhas e aqui fiquem cativas de corpo e alma. Imagino os frutos da miscigenação com estas gazelas da passerelle e o bem que fariam ao aperfeiçoamento da raça autóctone. Enfim, lá diz o povo que a Esperança é a última a morrer. Mas também consta da crendice popular que a Esperança é Verde o que no caso de uma Isabel Figueira à la Sporting é bem capaz de ser verdade.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa
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Portugal não é a Sicília
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Portugal não é a Sicília, mas o certo é que este post, que abaixo transcrevo com a devida vénia, deixou-me circunspecto a pensar nas analogias. Em suma: excelente e pertinente prosa do Dr. José Francisco Moreira das Neves no Joeiro.
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Portugal não é a Sicília, mas o certo é que este post, que abaixo transcrevo com a devida vénia, deixou-me circunspecto a pensar nas analogias. Em suma: excelente e pertinente prosa do Dr. José Francisco Moreira das Neves no Joeiro.
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«A propósito do crime organizado Baltazar Garzón, em "Um Mundo Sem Medo" narra uma estória que era contada pelo juiz Falcone e que corre mais ou menos assim: para atingir os seus objectivos políticos, numa capital de distrito siciliana, a cerca de dois meses das eleições locais, a máfia cortou radicalmente o fornecimento de heroína na região. Como consequência imediata aumentaram os preços dessa substância no mercado, o que por sua vez fez disparar o número de assaltos a casas e pessoas. Estas começaram a queixar-se do aumento da insegurança. E a máfia, puxando uns cordelinhos, cobrando uns favores, amplificou essas queixas na comunicação social. Certo é que no dia das eleições o partido dessa "malta", que havia inscrito no seu programa o fim da insegurança, ganhou. Logo que a vitória foi alcançada abriu-se de novo a torneira da heroína, o que fez baixar os preços e sequentemente o número de assaltos. Aparentemente a delinquência diminuiu. Mas a de colarinho branco, aquela que por ser invisível ninguém dela se queixa, aumentou sub-repticiamente. Chegou a hora de cobrar as sinecuras pactuadas: contratos, concessões, obras públicas, etc.
Parando para reflectir sobre a narrativa fica o burro a pensar: mas onde é que eu já vi isto?
Portugal não é a Sicília. Certo. Nem nunca aqui algum dia se falou de máfias. Certo. Falham as premissas!
É verdade que se vão ouvindo uns quantos (poucos) subversivos referirem, por exemplo, que esta converseta dos privilégios, da falta de produtividade dos trabalhadores e da falência do sistema de previdência, assacada a quem trabalha, a quem paga impostos e a quem toda a vida descontou para a segurança social, desvia as atenções das verdadeiras mordomias a que, evidentemente, só se acede por cartão (nas empresas públicas e participadas, nos institutos públicos e nas empresas privadas dos amigos, para onde se vai depois da "vida pública"). Também não se compreende bem, dizem, porque é que a maré de sacrifícios e de verdade "nas contas públicas" ignora as reformas (verdadeiramente) milionárias ao fim de meia dúzia de anos (ou menos), os lucros fabulosos da banca e não acaba com a lavandaria (off-shore) da Madeira. Lembram ainda a ameaça que uma vez um alto dirigente fez em público, dizendo que quem se metia «com eles» levava? Parece que alguns "deles" se terão portado mal e foram mesmo incomodados. Verdade verdadinha é que mal "eles" chegaram ao poder e logo, talvez por acaso, os primeiros «privilegiados» visados foram os juízes. Também referem que esta coisa de qualquer bicho careta, jornalista, comentarista, economista ou qualquer outro "ista" pouco mais que analfabeto passar, num repente, a especialista em questões de justiça, lhes parece um pouco estranho.
Mas nem Portugal é a Sicília. Nem nunca aqui algum dia alguém falou de máfias. Falham as premissas.»
José Francisco Moreira das Neves.
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quarta-feira, maio 10
Alta Fidelidade *
Gotan Project - Lunático (Ya Basta!, 2006)
Com datas marcadas para Julho nos Coliseus de Lisboa e Porto o projecto Gotan Project regressa a Portugal para promover o 2º disco de "originais" - Lunático.
5 anos após o sucesso mundial do álbum de estreia La Revancha del Tango, de inúmeros concertos pelo globo e com cerca de 1 milhão de discos vendidos, os Gotan Project (o trio internacional, composto pelo guitarrista argentino Eduardo Makaroff e pelos produtores parisienses Philippe Cohen Solal e Christoph H. Müller, com sede sonora em Buenos Aires), marcam presença com uma aproximação às raízes do Tango.
Os Gotan Project partiram de uma ideia genialmente simples e inventiva - a fusão entre as novas tendências da electrónica e a sua mistura com as componentes orgânicas do tango tradicional. Este novo registo repete a dose e inspira-se numa lenda de Buenos Aires - Carlos Gardel, cantor e actor celebrizado pela sua divulgação do tango. Atribuíram ao título do disco o nome do seu cavalo de corrida - Lunático (justamente!!!).
Mas, como os tempos associados à indústria musical não estão de feição, a acutilância estética é menor do que em La Revancha del Tango. Pelo que, neste regresso, os Gotan Project elegeram solidificar a sua base de apoio, numa clara aproximação com o seu público. Em Lunático o risco é calculado mas não devemos abandonar a esperanza aos argumentos lançados por este trio que se propôs regenerar o som do tango. Um disco seguro e conceptualmente melancólico.
* crónica semanal publicada no suplemento SARL/Jornal dos Açores de 05.05.06
** Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
Com datas marcadas para Julho nos Coliseus de Lisboa e Porto o projecto Gotan Project regressa a Portugal para promover o 2º disco de "originais" - Lunático.
5 anos após o sucesso mundial do álbum de estreia La Revancha del Tango, de inúmeros concertos pelo globo e com cerca de 1 milhão de discos vendidos, os Gotan Project (o trio internacional, composto pelo guitarrista argentino Eduardo Makaroff e pelos produtores parisienses Philippe Cohen Solal e Christoph H. Müller, com sede sonora em Buenos Aires), marcam presença com uma aproximação às raízes do Tango.
Os Gotan Project partiram de uma ideia genialmente simples e inventiva - a fusão entre as novas tendências da electrónica e a sua mistura com as componentes orgânicas do tango tradicional. Este novo registo repete a dose e inspira-se numa lenda de Buenos Aires - Carlos Gardel, cantor e actor celebrizado pela sua divulgação do tango. Atribuíram ao título do disco o nome do seu cavalo de corrida - Lunático (justamente!!!).
Mas, como os tempos associados à indústria musical não estão de feição, a acutilância estética é menor do que em La Revancha del Tango. Pelo que, neste regresso, os Gotan Project elegeram solidificar a sua base de apoio, numa clara aproximação com o seu público. Em Lunático o risco é calculado mas não devemos abandonar a esperanza aos argumentos lançados por este trio que se propôs regenerar o som do tango. Um disco seguro e conceptualmente melancólico.
* crónica semanal publicada no suplemento SARL/Jornal dos Açores de 05.05.06
** Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
terça-feira, maio 9
...Por enquanto tudo na mesma.
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«É preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma» disse-o sabiamente Lampedusa num axioma que serve à justa na recente afinação operada no Governo Regional, cuja expectativa de remodelação foi, afinal, um verdadeiro flop. Mas, nem poderia ser de outra forma, pois a calibragem efectuada na distribuição de poderes no Governo Regional é feita com os mesmos ingredientes existentes há cerca de dez anos. Resta à propaganda do costume apostar na aparência de mudança e dinâmica quando, afinal de contas, tudo fica na mesma, porquanto, no elenco do Governo Regional permanecem as mesmas personagens dos episódios antecedentes e o script é apenas mais do mesmo.
Assim, com o mesmo casting e o mesmo enredo, as cenas dos próximos episódios da Governação Socialista não prometem quaisquer novidades. Claro que de vez enquanto há uma estrela da companhia que improvisa um registo diferente, sem que, contudo, cause qualquer abalo na estrutura da narrativa que soma e segue. O caso de Manuel António Martins, agora apelidado de tresloucado, mas outrora homem de confiança do PS, é um bom exemplo de que mesmo dentro do PS nada muda. Com efeito, ao invés de se aprofundar o debate do caso político de Manuel António Martins, o PS prefere o silêncio e o adiamento do contraditório para as calendas gregas de um julgamento sine die ! Fica assim à superfície a suspeita de que o caso de Manuel António Martins indicia uma estratégia de hegemonia da sociedade Açoriana pelo Governo do PS que aposta em estar presente em todas as instâncias de poder da sociedade civil. Como não houve qualquer debate ou inquérito parlamentar fica por esclarecer se as acusações de Manuel António Martins se reportavam a um caso isolado ou, ao invés, eram moeda corrente de gestão pela mão do anterior homem forte do PS junto da lavoura Micaelense. Cá por mim o pior deste estado de coisas, mesmo se dermos de barato que as acusações do ex-deputado Socialista têm pouco para debater, é que vivemos mergulhados num marasmo em que nada de substancial se debate! Nem "Portas do Mar", nem SCUT´s ou sequer as vicissitudes da gestão pública da rede de transportes aéreos além-mar ou marítimos inter ilhas.
Quem beneficia deste status quo é claramente o poder instituído que, numa cultura de silêncios, vive sem sobressaltos, programando na sua agenda as cenas dos próximos capítulos com absoluta indiferença pela crítica. Contudo, o pior que pode acontecer a qualquer poder é o desprezo pela crítica, quer de quem faz parte do elenco, de quem saiu da "entourage", ou de quem é mero espectador do palco da política. Por vezes o deslumbre narcisista dos poderes instituídos é de tal ordem que a companhia sobe à cena ainda extasiada com os níveis de audiência e popularidade que tinham no início do cartaz, sem que contudo perceba o desinteresse do público e o desalento dos dissidentes. Porém, no mundo das vidas reais, designadamente, da "realpolitik", nada fica na mesma para sempre.
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JNAS na Edição de 9 de Maio do Jornal dos Açores.
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«É preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma» disse-o sabiamente Lampedusa num axioma que serve à justa na recente afinação operada no Governo Regional, cuja expectativa de remodelação foi, afinal, um verdadeiro flop. Mas, nem poderia ser de outra forma, pois a calibragem efectuada na distribuição de poderes no Governo Regional é feita com os mesmos ingredientes existentes há cerca de dez anos. Resta à propaganda do costume apostar na aparência de mudança e dinâmica quando, afinal de contas, tudo fica na mesma, porquanto, no elenco do Governo Regional permanecem as mesmas personagens dos episódios antecedentes e o script é apenas mais do mesmo.
Assim, com o mesmo casting e o mesmo enredo, as cenas dos próximos episódios da Governação Socialista não prometem quaisquer novidades. Claro que de vez enquanto há uma estrela da companhia que improvisa um registo diferente, sem que, contudo, cause qualquer abalo na estrutura da narrativa que soma e segue. O caso de Manuel António Martins, agora apelidado de tresloucado, mas outrora homem de confiança do PS, é um bom exemplo de que mesmo dentro do PS nada muda. Com efeito, ao invés de se aprofundar o debate do caso político de Manuel António Martins, o PS prefere o silêncio e o adiamento do contraditório para as calendas gregas de um julgamento sine die ! Fica assim à superfície a suspeita de que o caso de Manuel António Martins indicia uma estratégia de hegemonia da sociedade Açoriana pelo Governo do PS que aposta em estar presente em todas as instâncias de poder da sociedade civil. Como não houve qualquer debate ou inquérito parlamentar fica por esclarecer se as acusações de Manuel António Martins se reportavam a um caso isolado ou, ao invés, eram moeda corrente de gestão pela mão do anterior homem forte do PS junto da lavoura Micaelense. Cá por mim o pior deste estado de coisas, mesmo se dermos de barato que as acusações do ex-deputado Socialista têm pouco para debater, é que vivemos mergulhados num marasmo em que nada de substancial se debate! Nem "Portas do Mar", nem SCUT´s ou sequer as vicissitudes da gestão pública da rede de transportes aéreos além-mar ou marítimos inter ilhas.
Quem beneficia deste status quo é claramente o poder instituído que, numa cultura de silêncios, vive sem sobressaltos, programando na sua agenda as cenas dos próximos capítulos com absoluta indiferença pela crítica. Contudo, o pior que pode acontecer a qualquer poder é o desprezo pela crítica, quer de quem faz parte do elenco, de quem saiu da "entourage", ou de quem é mero espectador do palco da política. Por vezes o deslumbre narcisista dos poderes instituídos é de tal ordem que a companhia sobe à cena ainda extasiada com os níveis de audiência e popularidade que tinham no início do cartaz, sem que contudo perceba o desinteresse do público e o desalento dos dissidentes. Porém, no mundo das vidas reais, designadamente, da "realpolitik", nada fica na mesma para sempre.
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JNAS na Edição de 9 de Maio do Jornal dos Açores.
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segunda-feira, maio 8
Terminado o campeonato de matraquilhos, deixo-vos a ementa a ser servida com todos os ingredientes, no próximo domingo pelas 17h.**
Dobrada à moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos
** No Jamor
Uma dobradinha QUENTE era o que eu agora precisava para atacar esta gripe.
Dobrada à moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos
** No Jamor
Uma dobradinha QUENTE era o que eu agora precisava para atacar esta gripe.
enviado:especial
Segundos é melhor do que terceiros (e assim sucessivamente). Uma entrada do Enviado Especial:Alexandre Correia.
domingo, maio 7
HIM de Maurizio Cattelan é uma das obras expostas no Palazzo Grassi (antigo centro de exposição internacional de Giani Agnelli, o fundador e presidente de Fiat), em Veneza. Este espaço irá albergar a colecção de arte do bilionário françês François Pinault (proprietário da Fnac, Printemps, La Redoute, Christie's e +++). A obra de reconversão/renovação foi projectada pelo arquitecto japonês Tadao Ando. Em França a polémica. Por via Actual.
e o futuro também passa por aqui.
Depois de "Sonho de Uma Noite de S. João", co-produzido por uma produtora nacional, neste caso a espinhense Appia Films, Portugal faz mais uma incursão na longa metragem de animação.
Com estreia marcada para Outubro, "De Profundis" com argumento e realização de Miguelanxo Prado, conta com a participação da lisboeta Zeppelin Films produtora de "A Suspeita" de José Miguel Ribeiro.
Com estreia marcada para Outubro, "De Profundis" com argumento e realização de Miguelanxo Prado, conta com a participação da lisboeta Zeppelin Films produtora de "A Suspeita" de José Miguel Ribeiro.
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Todo o passado está aqui...
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