quinta-feira, março 23

In nobis peccatum

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Afinal o enredo da Novela do Padre Melo não era apenas ficção mas sim uma ante-estreia de um filme baseado numa história verídica e em factos reais. Como em tempos se dizia, uma estória da vida real.

Com efeito o cura da Fajã de Cima foi provido no cargo de director do Museu Carlos Machado para dar «corpo a um desígnio eclesial»(Duarte Melo dixit!).Em suma: com espírito de Missão, para não dizer de sacrifício e abnegação, o Padre Duarte Melo aceitou o desafio de liderar o secular Museu de Ponta Delgada. A fazer fé na notícia do Açoriano Oriental, assinada hoje pela Paula Gouveia, o noviciado do Padre Melo está contudo ensombrado com o «burburinho» (sic) que se gerou com a profecia da sua nomeação. Diz o indigitado que tudo foi um «alarido desnecessário», e que no rebanho de nosso Senhor ainda há umas ovelhas tresmalhadas, enfermas de «uma certa miopia de olhar e pouca informação em relação ao papel que a Igreja sempre teve na cultura.». Com efeito para os descrentes nas virtudes do novo Director resta a esperança da redenção, pois um dia deixarão a mácula e as trevas da exclusão. Quem o promete é o próprio vigário que, num lapidar dogma panegírico, anunciou a boa nova: «a cultura é plataforma fundamental para combater a exclusão.». Ámen ! Rogo ao Altíssimo para que juntamente com os seus discípulos faça bom proveito do cargo. Para começar poderia do alto do seu púlpito suplicar ardentemente, algo do género : Vinde a mim Vós que sois os filhos da exclusão cultural. Fazei ouvidos de mercador às vozes dos infiéis, pois esses vivem no pecado do abrenúncio dos novos evangelhos da cultura. Contudo, estou certo que muitos de nós estão já perdidos para essa missão de conversão e permanecerão orgulhosamente pecadores.Cá por mim, nesta matéria, prefiro com galhardia ficar in nobis peccatum...

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