Comemorou-se no passado dia 21 de Março o dia mundial da Poesia. Na maior parte das vezes estas celebrações servem apenas para marcar estes dias na monotonia do calendário, com colóquios, com conferências, com vários tipos de eventos mais ou menos mediáticos. No dia seguinte muda-se de dia. A propósito desta efeméride interessa-me falar de literatura. Recentemente o Governo Regional anunciou a recuperação de um imóvel em Ponta Delgada para aí criar a Casa Armando Cortes-Rodrigues que funcionará como memória dos escritores açorianos. É uma importante e justa iniciativa que talvez peque por ser tardia. Porém e mesmo não se sabendo ainda qual o programa, o orçamento e os objectivos concretos da actividade desta instituição importa fazer uma ressalva, a Literatura tem que ser entendida como algo vivo, excitante e actual. Não pode ser apenas memória, ou continuaremos a correr o risco de cair mais uma vez naquilo a que alguém já chamou da "Teoria do Pó". A Literatura é o registo metafórico da nossa vivência e por isso dever ser, também, contemporânea. Já mereceu amplo destaque, aqui no Artes & Noticias, a revista Magma, revista de literatura editada pela Câmara Municipal das Lajes do Pico. Em boa verdade este é um projecto que merece o nosso elogio, tanto pelas suas qualidades formais, o cuidado gráfico, como pelos seus conteúdos, a abrangência e talento dos seus colaboradores onde pontuam, entre outros, nomes como Alberto Pimenta, Fernando Pinto do Amaral, Carlos Bessa, Urbano Bettencourt ou Mário Cabral. Mas merece elogio também, por um outro aspecto, talvez não tão visível mas de igual importância. A Magma é uma revista que projecta o nome das Lajes do Pico no mundo da língua portuguesa, e por arrasto projecta o nome dos Açores. Tomemos como exemplo a cidade da Póvoa do Varzim onde se realiza um evento denominado Correntes De Escritas, um encontro de escritores de expressão ibérica, um evento que ao longo dos anos tem projectado o nome dessa cidade pelo mundo. Talvez este possa ser um bom programa para a casa dos escritores açorianos. Ou, porque não, a criação de um prémio literário anual, que tome o nome de um dos grandes vultos açorianos da língua portuguesa, Antero, Nemésio, Natália, e que projecte a literatura feita no arquipélago para lá das fronteiras do mar. A literatura mais do que uma forma de conhecimento pode e deve ser uma forma de aproximação.
crónica para o Artes & Noticias da RTP-A, para o SARL do Jornal dos Açores e, também, aqui no :ILHAS
1 comentário:
Muitas pessoas querem saber a importancia de se estudar a literatura,o que ela pode nos fornecer e as principais condutas que pode nos oferecer
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